domingo, 5 de agosto de 2018

ATIVIDADES DE PREPOSIÇÃO PARA ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO


Preposição – é a palavra que estabelece uma relação entre dois ou mais termos da oração.
Ex.: Passe por aqui.  Vou com vocês. Gosto de você. Saímos sem destino.

Preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Principais Relações estabelecidas pelas Preposições
  • Autoria - Esta música é de Roberto Carlos.
  • Lugar - Estou em casa.
  • Tempo - Eu viajei durante as férias.
  • Modo ou conformidade - Vamos escolher por sorteio.
  • Causa - Estou tremendo de frio
  • Assunto - Não gosto de falar sobre política.
  • Fim ou finalidade - Eu vim para ficar
  • Instrumento - Paulo feriu- se com a faca.
  • Companhia - Hoje vou sair com meus amigos.
  • Meio - Voltarei a andar a cavalo.
  • Matéria - Devolva-me meu anel de prata.
  • Posse - Este é o carro de João.
  • Oposição - O Flamengo jogou contra Fluminense.
  • Conteúdo - Tomei um copo de (com) vinho.
  • Preço - Vendemos o filhote de nosso cachorro a (por) R$ 300,00.
  • Origem - Você descende de família humilde.
  • Especialidade - João formou-se em Medicina.
  • Destino ou direção - Olhe para frente!
ATIVIDADES
01– Complete as frases com preposições.
a) Esqueci meus óculos sobre a mesa.
b) Teresa se aproximou do pássaro pé a pé.
c) Não fui viajar porque estava sem dinheiro para a passagem.
d) Passei as férias com meus país em São Paulo.
e) Após o almoço, vou tirar uma soneca.
f) Não fique sob o sol sem proteção.
g) Quero falar sobre esse assunto.
h) Desde que Juliana foi embora espero uma carta dela.

 02 – Leia este fragmento com atenção e complete-o com as palavras do quadro.
a – de – de - em – com – para - pela

Era um bolo enorme, todo enfeitado e confeitado que ela carregava pela rua nas mãos espalmadas. Feito de encomenda numa doceria do bairro para o aniversário da filha no dia seguinte, sem enrolado estava: tinha uma inscrição de chocolate e glacê dizendo "Dezoito anos - seja feliz", que deveria chegar em casa intacta. Tomar um táxi era impossível com um bolo daquele tamanho, e sua casa era perto, tinha que ir mesmo de pé.


03 – Com o auxílio da preposição, transforme os substantivos da lista B em determinantes dos substantivos da lista A.
 Exemplo: pão com manteiga.
Lista A
Lista B
Pão
Manteiga
Café
Batata-doce
Restaurante
Quadrinhos
História
Quilo
Doce
Açúcar
Café com açúcar.               Doce de batata-doce.
Restaurante de quilo.
História em quadrinho.

04 – Relacione de acordo com a ideia que a preposição de pode estabelecer entre as palavras.
1. lugar
2. causa
3. posse
4. assunto
5. meio
6. matéria
(4) Falava de política.
(6) Morava numa casa de madeira.
(5) Veio de ônibus.
(1) Ele chegou de Lisboa.
(3) A casa de Pedro está sendo reformada.
(2) Morreu de pneumonia.
                                       
05 – Complete as frases com as preposições abaixo.
a – de – para – com – por – perante – em – desde – entre.

a) Gosto de frutas bem maduras.
b) Eles estão precisando de você com urgência.
c) Rogue a Deus por nós.
d) Este filme é impróprio para menores.
e) Tudo ficou reduzido a cinzas.
f) Tinha uma disposição incrível para o trabalho.
g) Os holandeses invadiram a Bahia desde 1624,
h) Não aspiro a esse cargo.
i) Não havia nada entre eles dois.
j) Negou tudo perante o juiz.
k) Eles se conhecem desde os tempos de criança.

06 – Circule as preposições:
    a) Filho coloque os pratos sobre a mesa.
    b) Ele tem que passar no restaurante.
    c) O Amaral pegou a encomenda.
    d) Ele está entre amigos.

07 – Utilize estas preposições: (até – perante – sem)
     a) Mauro vai colocar açúcar até que esteja bem adoçado.
    b) Lourenço leu a carta perante todos.
    c) Hoje foi sem dúvida o dia certo.

08 – Completa com preposições simples.
    a) O João gosta de futebol.
    b) Elas entraram em casa.
    c) Ele passou sobre Londres.
    d) Eu vou para Lisboa.
    e) O automóvel chocou com a árvore.
    f) Ele trabalha desde cedo.
    g) O criminoso compareceu perante o juiz.
    h) Preferes o chá com ou sem açúcar?

09 – Reescreva as frases fazendo as contrações indicadas.
   a) Bruno jogará bola (em+o) próximo sábado.
       Bruno jogará bola no próximo sábado.
   b) Comecei a fazer massagens (em+o) início (de+esse) mês.
       Comecei a fazer massagens no início desse mês.
   c) Priscila só sairá (em+ o) fim do dia.
       Priscila só sairá no fim do dia.
   d) O casaco está (em+uma) gaveta do guarda-roupa.
       O casaco está na gaveta do guarda-roupa.

10 – Forme as preposições com as contrações.
    a) em + um: numa.                      c) em + esse: nesse.
    b) em + ele: nele.                        d) per + o: pelo.

11 – Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª:
    (1) PER + artigo os                            (3) aonde
    (2) A + artigo os                                 (4) pelas
    (3) A+ artigo onde                              (5) àquela
    (4) PER + artigo as                            (1) pelos
    (5) A + pronome aquelas                   (2) aos
    (6) A + artigo as                                 (6) às

12 – Identifique o tipo de relação que as preposições sublinhadas estabelecem entre as palavras:
Falta – lugar – destinatário – instrumento
a) Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Instrumento.
b) Quem aos pobres, empresta a Deus. Destinatário.
c) Quem foi para Portugal perdeu o lugar! Lugar.
d) Um dia sem amores é um jardim sem flores. Falta.

sábado, 4 de agosto de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): SOU NORDESTINO - GILDÁRIO DE ASSARÉ &PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

Música(Atividades): Sou Nordestino
     

                            Compositor: Gildário De Assaré & Patativa Do Assaré

Meu Nordeste terra amada
Terra da mulher rendeira
Do coco da embolada
E da velha benzedeira
Nesta terra abençoada
Quero minha vida inteira

Refrão: (2x)
Por ordem celeste eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste de tudo aqui tem
Canta o violeiro, aboia o vaqueiro
E bom sanfoneiro toca o xen-nhém-nhém

Não há nada mais bonito
Do que se ouvir do sertão
O sabiá sonoroso
Cantando sua canção
E se ver o sol brilhante
Cobrindo a face do chão
Refrão: (2x)
Por ordem celeste eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste de tudo aqui tem
Canta o violeiro, aboia o vaqueiro
E bom sanfoneiro toca o xen-nhém-nhém

Sou nordestino e me orgulho
Da terra que Deus me deu
Aqui com a natureza
Foi que o artista aprendeu
Nesta terra abençoada
O rei do baião nasceu

Refrão: (5x)
Por ordem celeste eu sou do nordeste
Sou cabra da Peste de tudo aqui tem
Canta o violeiro, aboia o vaqueiro
E bom sanfoneiro toca o xen-nhém-nhém.

Entendendo a canção:
01 – Para você o que é ser nordestino?
      Resposta pessoal do aluno.   

02 – O autor da canção é de qual região brasileira?
      Do Nordeste.

03 – Você é de qual região brasileira?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Para Patativa do Assaré, o que há de mais bonito no Sertão?
      “Ouvir o sabiá cantando a sua canção, ver o sol brilhante cobrir a face do chão.”

05 – Qual é o sentimento que Patativa do Assaré tem por ter nascido no Nordeste? Por quê?
      Orgulho. Por ser Nordestino.

06 -  Escreva, com suas palavras, o que você gosta mais da região em que nasceu e por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


CRÔNICA: A BOCA, NO PAPEL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE- COM GABARITO

Crônica: A boca, no papel
                                                 Carlos Drummond de Andrade

    O garoto da vizinha me pediu que o ajudasse a fazer (a fazer, não, a completar) um trabalho escolar sobre a boca. Estava preocupado porque só conseguira escrever isto: ‘Pra que serve a boca? A boca serve para falar, gritar e contar. Serve também pra comer, beber, beijar e morder. Eu acho que a boca é um barato’. Queria que eu acrescentasse alguma coisa.
        -- Que coisa?
        -- Qualquer coisa, ué. Escrevi só quatro linhas, a professora vai bronquear.
        -- Mas em quatro linhas você disse o essencial. Para mim, só faltou dizer que a boca serve também para calar. Em boca fechada não entra mosquito.
        -- Isso não dá nem uma linha _ e os olhos do garoto ficaram tristes.
        -- Por favor, me ajude…
        Então resolvi fazer a minha redação, como aluno ausente do Colégio Esperança, e passá-la ao coleguinha, a título de assessor de emergência.
        A boca! Tanta coisa podemos falar sobre a boca, mas é sempre por ela que falamos dela. Até caneta e o lápis são uma espécie de boca para falar sobre a boca. Eles vão riscado e saem as palavras como se saíssem por via oral. (Risquei a expressão “por via oral”. É muito sofisticada, ninguém vai acreditar que fui eu que escrevi. Mas foi sim.)
        A boca é linda quando é de mulher que tem boca linda. Fora disso, nem sempre. A boca é muito rica de expressões, mas não se deve confundi-la com a chamada boca rica. (Mordomia, negociatas, pregão de ações da Vale do Rio Doce aos milhões etc.) A boca de que estou falando, aliás, escrevendo, pode ser alegre, amarga, ameaçadora, sensual, deprimida, fria, sei lá o quê. Uma boca pode variar muito de expressão e mesmo não ter nenhuma. Uma das bocas mais gozadas que eu já vi foi a boca–de-chupar-ovo, uma boquinha de nada, da minha tia Zuleica. Se fosse um pouquinha mais apertada, eu queria ver ela se alimentando – por onde? Mas esta boca está fora da moda, só aparece no jornal nos retratos das melindrosas de 1928, que faziam a boca ainda menor desenhando o contorno com o batom. Os lábios ficavam de fora, de longe.
        Estou lendo escondido as poesias de Gregório de Matos. Dizem que ele tinha o apelido de Boca do Inferno por causa dos negócios que escrevia e que eram infernais. Infernais no tempo dele, pois na rua e em toda parte já escutei coisas muito mais cabeludas, xii! …
        Toquinho canta uma letra que fala em boca da noite, acho que ele queria falar no anoitecer, É bonito, mas não consigo imaginar essa boca na cara da noite. Sou mais a boca do dia, que não sei se alguém já teve ideia de falar nela, mas o amanhecer engolindo a escuridão da noite é mais legal que o anoitecer papando os restos do dia.
        Boca por boca, não ando atrás da boca-livre, que aliás nunca passou perto de mim, e só um grupo consegue, os privilegiados. Se a boca fosse livre para todos, então a vida seria melhor. É a tal história: quanta gente fazendo boquinha pra conseguir o quê? Nada. E com quatro ou cinco bocas em casa pra sustentar.
        Diz-se que o uso do cachimbo faz a boca torta, e eu pergunto: por que não botar o cachimbo ora no outro canto da boca, pro torto endireitar? Se o vatapá põe a gente de água na boca, me expliquem por que, depois de comer, o cara pede um copo d’água.
        Gente que não admite discussão nem leva desaforo para casa manda logo calar a boca. Mas já vi gente dando palmadinha na própria boca e dizendo “Cala-te, boca”. E ela obedece. Às vezes já é tarde, a boca disse uma besteira inconveniente, e o jeito é o cara se lastimar, com cara de missa de sétimo dia: “Ai, boca, que tal disseste”!
        E assim, de boca em boca, vai correndo o dito maldito. Me disseram que um cara bom de discurso, palavreado fácil, como certos deputados e prefeitos por aí, merece o título de boca de ouro. Fala tão bonito que a gente vê barrinhas de ouro saltarem da língua dele. Mas é só de mentirinha. Esse ouro não melhora a sina do povo nem a nossa dívida externa, que é uma boca larga imensa, engolindo todas as reservas da gente. E contra essa história de inflação, custo de vida e tal e coisa, nem adianta mesmo botar a boca no trombone. Os de lá de cima fazem boca-de-siri – ou, senão, boca de defunto, porque, como advertia o saudoso Ponte Preta, siri, mesmo sem boca, já está falando.
        E eu faço igual, além do mais porque já não estou em idade de fazer redação em colégio.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Moça deitada na grama.
Rio de Janeiro: Record, 1987. p.17-9.
Entendendo a crônica:
01 – Você conhece muito bem a situação apresentada na primeira parte do texto. Por que a redação escolar sempre causa dificuldades? O que você acha da situação criada quando o professor pede uma redação?
      O aluno deve ter oportunidade de expor ideias próprias sobre seu trabalho de realizador de redações escolares.

02 – O texto de Drummond parece uma redação escolar? Por quê?
      Sim. O narrador não só procura reproduzir a linguagem infantil, como também desfia ideias e mais ideias numa tentativa de falar muito sobre um assunto que requer pouco.

03 – Há, no primeiro parágrafo da segunda parte do texto, um trecho entre parênteses. A situação colocada por esse trecho faz parte da sua realidade escolar? O que ela demostra?
      Essa situação costuma fazer parte da realidade escolar. Demonstra que a redação é normalmente vista como uma disputa entre professor e aluno em função da nota – o que é profundamente lamentável.

04 – Qual a expressão usada para indicar que o texto se encaminha para uma conclusão?
      “E assim ...”

05 – A redação feita por Drummond é um texto coeso? Comente-a, utilizando os conceitos de repetição, progressão, não-contradição e relação.
      Sim, é coeso; no entanto, sua coesão é muito mais externa do que interna, ou seja, trata-se de uma tentativa planejada de produzir um texto semelhante às redações escolares. Nesse aspecto, é brilhante. Se desconsiderarmos esse dado, evidencia-se que o texto em si é mais um desfilar de várias bocas tenuemente relacionadas do que um trabalho em que se nota a presença equilibrada dos quatro elementos que vimos estudando.

06 – Você sabia que escrever textos numa situação como a que o poeta e seu coleguinha enfrentaram é um bom exercício? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


FÁBULA: SÁBIAS DIVERGÊNCIAS - COM GABARITO

Fábula: Sábias divergências
       

     À maneira dos... Siberianos

      Dois homens de alta sabedoria se encontraram no meio de uma estrada estreita em Irks-Polustski. Um deles, vendo que o outro não lhe dava passagem, gritou:
        -- Sai do meu caminho, filho de um cão pária e reco-reco!
        Ao que o outro reagiu:                                              
        -- Tu, que jamais tiveste consciência do espírito da consciência, deverias sair do caminho de um homem que está acima das vãs trivialidades do teu pensamento. Sai, afasta-te, verme!
        -- Se conhecesses os princípios e os fins, os mistérios da escatologia, me darias passagem, cão sarnento e teco-teco – replicou o outro.
        -- Se princípios e fins fossem do teu conhecimento, há muito já estarias morto, e a escatologia tinha ido pro brejo – gritou o segundo sábio.
        Um professor de filosofia, que ia passando com seus alunos, ordenou:
        -- Parem! Parem e prestem atenção às belezas infinitas das altas discussões culturais!
        Os alunos pararam e ouviram, até que um deles disse:
        -- Mas me parece que esses dois aí estão apenas se esculhambando.
        -- Quando sábios tratam de princípios e especulações filosóficas, tudo que dizem é filosofia – explicou o professor.
        -- Mas, então – aventurou o discípulo –, quando é que a coisa se torna ofensa e agressão?
        -- Quando é dita por qualquer pessoa comum, sem interesse cultural. A cultura – aprenda – está sempre acima e além da prosaica busca de convivência e harmonia social.

        Moral: Só na guerra se aprende a beleza da paz.

Entendendo a fábula:
01 – O que aconteceu em uma estrada estreita?
      O encontro de dois homens da alta sabedoria.

02 – O que um homem falou para o outro?
      “Sai do meu caminho, filho de um cão pária e reco-reco.”

03 – De acordo com o texto, qual foi a resposta dada?
      “-- Tu, que jamais tiveste consciência do espírito da consciência, deverias sair do caminho de um homem que está acima das vãs trivialidades do teu pensamento. Sai, afasta-te, verme!”

04 – Enquanto os dois iam discutindo, quem chegou para passar pela estrada estreita?
      Um professor de filosofia e seus alunos.

05 – Qual foi a primeira impressão que os alunos tiveram, após ouvirem a discussão dos dois? Copie do texto.
      “-- Mas me parece que esses dois aí estão apenas se esculhambando.”

06 – Para o professor, qual é a sua visão da discussão?
      “-- Quando sábios tratam de princípios e especulações filosóficas, tudo que dizem é filosofia” – explicou o professor.

07 – Os alunos continuaram encabulados com aquela discussão e questionaram o professor, quando é que se torna ofensa e agressão?
      “-- Quando é dita por qualquer pessoa comum, sem interesse cultural. A cultura – aprenda – está sempre acima e além da prosaica busca de convivência e harmonia social.”

08 – O que você entendeu da moral da fábula?
      Resposta pessoal do aluno.
     

     


TEXTO: OS REQUINTES DA MISÉRIA - FOLHA DE SÃO PAULO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: OS REQUINTES DA MISÉRIA


       Já se tornou um aborrecido lugar-comum afirmar que o Brasil possui dimensões continentais. Os ufanistas que tanto repisaram essa fórmula para receitar esperança no futuro do país talvez não tenham previsto que a quantidade e a variedade de problemas desse "gigante" infelizmente também teriam grandezas igualmente continentais.
        Recente levantamento feito pelo Centro de Referências, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes do Distrito Federal arrolou nada menos que 13 tipos de exploração sexual de menores em 20 Estados. A lista leva a supor que, desgraçadamente, para muitos brasileiros, a atividade sexual já deixou de ser um meio de prazer e realização, para se transformar em passaporte de entrada no mais dantesco dos infernos possíveis.
        De norte a sul do país, segundo a pesquisa, a iniciação sexual de milhares de menores ocorre por meio de exploração turística, prostituição em garimpos, navios e grandes centros urbanos, escravidão e tráfico, estupro, incesto e abuso sexual domésticos, leilões de virgindade, mutilações, homicídios e encarceramento.
        Só na região metropolitana de Belém (PA) existem pelo menos 7,5 mil prostitutas entre 12 e 18 anos. Nem mesmo os Estados mais ricos do Sudeste e Sul do país estão livres desse odioso mercado do sexo infantil.
        A cada nova amostragem das dimensões que vão assumindo a miséria e todas as perversões que a ela se associam no Brasil, corre-se o risco de que o país alcance notoriedade não por suas enormes potencialidades, mas pela diversidade de aberrações que foi capaz de produzir -algumas delas, infelizmente, com alta cotação no mercado internacional.
        Torna-se inevitável assim constatar que o desafio da modernização do país não pode estar dissociado de um resoluto combate a todas as formas de desigualdade e exclusão social, a começar das que já atingiram os extremos da crueldade. 
                                                     Folha de São Paulo, 15 abr. 1996.
Entendendo o texto:
01 – Qual a importância do primeiro parágrafo para o texto?
      É uma introdução genética ao tema, que não é apresentado nesse parágrafo. Sua função é deixar bastante claro que se trata de um problema de repercussões profundas, capaz de abalar a imagem de si mesmos que alguns setores da sociedade brasileira gostam de atribuir ao país.

02 – Que tipo de informações nos transmite o segundo parágrafo? Qual sua importância para o texto?
      Esse parágrafo nos informa que há “nada menos” do que tipos de exploração sexual de menores em vinte estados brasileiros. É importante ressaltar que esses dados provêm de uma fonte autorizada e responsável, o Centro de Referências, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes do Distrito Federal.

03 – Qual a relação de conteúdo entre o primeiro e o segundo parágrafo?
      O segundo parágrafo consiste numa particularização (a exploração sexual de crianças e adolescentes) do que foi enunciado no primeiro (os problemas continentais do Brasil). Em outras palavras: caminha-se do geral para o particular.

04 – Qual a importância da alusão ao Centro de Referências, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes do Distrito Federal (segundo parágrafo)?
      É a chamada referência a uma autoridade como fonte dos dados utilizados para o encaminhamento da argumentação.

05 – Comente o valor argumentativo das expressões destacadas a seguir. Para fazer isso satisfatoriamente, procure-as no texto a fim de contextualizá-las:
a)   “... arrolou nada menos que 13 tipos...” (2° parágrafo).
A expressão destaca a quantidade como exagerada.

b)   “... existem pelo menos 7,5 mil prostitutas...” (4° parágrafo).
Tem o mesmo papel da anterior, indicando ainda que a cifra pode ser mais elevada.

c)   Nem mesmo os Estados mais ricos...” (4° parágrafo).
A expressão aumenta a força do argumento ao apresenta-lo como pouco esperado.

d)   “Torna-se inevitável assim constatar...” (último parágrafo).
A palavra encaminha uma conclusão.

06 – Ocorrem, no texto, vários advérbios terminados em –mente. Encontre-os e analise seu emprego e seu valor argumentativo.
        O aluno deve perceber que, além de seu papel tradicional – advérbios de modo (igualmente, no primeiro parágrafo) –, esses advérbios são utilizados no texto dissertativo para exprimir avaliações do produtor do texto. É ele quem avalia certos fatos e indica essas avaliações por meio de termos como infelizmente (primeiro e quarto parágrafos), desgraçadamente (2° parágrafo). 
   
07 – Observe o emprego dos adjetivos no texto e responda: que papel exercem essas palavras no desenvolvimento da argumentação? Retire um exemplo do texto para explicar sua resposta.
      O aluno deve perceber que o adjetivo não só pode indicar caracterização – o que é tradicionalmente ensinado pela gramática –, mas também pode exprimir a avaliação do produtor do texto em relação aos fatos apontados. Estão nesse último caso adjetivos como aborrecido, dantesco, odioso, resoluto.

08 – Observe a construção “... não por suas enormes potencialidades, mas pela diversidade de aberrações que foi capaz de produzir...” (5° parágrafo). Em sua opinião, o emprego da estrutura “não... mas...” consegue que efeito sobre o leitor?
      A primeira parte da estrutura apresenta ao leitor posição diferente daquela adotada pelo produtor do texto, que coloca sua opinião na segunda parte da estrutura. Isso faz com que o leitor veja nessa segunda parte um argumento de mais força do que o da primeira.

09 – Comente o valor argumentativo da construção “Torna-se inevitável assim constatar que...” (último parágrafo).
      É uma estrutura aparentemente impessoal que induz a aceitar como inquestionável e absolutamente lógica a conclusão a que se vai chegar.

10 – Você conhece o problema analisado pelo texto? De que forma esse problema se relaciona com você?
      Resposta pessoal do aluno.