quinta-feira, 26 de julho de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): MONTE CASTELO - RENATO RUSSO - COM GABARITO

Música(Atividades): Monte Castelo

                                           Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece

O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder

É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor

Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor eu nada seria.
                                                            Composição: Renato Russo.
Entendendo a canção:
01 – A canção Monte Castelo tem sua letra constituída basicamente pelo o quê?
      Recortes de Camões e da Bíblia, mas que contém a sua ideia central nas redondezas do título.

02 – O título é um fundamento muito importante para que seja compreendida a mensagem que o autor quis passar quando escreveu a canção. Por que Monte Castelo?
      Monte Castelo é o nome de uma região ao norte da Itália, onde foi travada a chamada Batalha de Monte Castelo. Foi lá que militares brasileiros e estadunidenses combateram soldados alemães ao fim da segunda guerra. A canção tem esse nome para nos remeter a esse tempo, a essa batalha.

03 – Em que versos o eu lírico escreve usando como base a Bíblia?
      “Estou acordado e todos dormem
       Todos dormem, todos dormem
       Agora vejo em parte
       Mas então veremos face a face.”

04 – O texto de Renato aproxima-se do texto de Camões pela presença de muitos paradoxos, (ideias contraditórias). Cite alguns.
      As contradições do amor são utilizadas para acentuar o dualismo platônico entre matéria e espírito, negativo e positivo, pecado e pureza. Essa feição contraditória e o jogo de oposições.

05 – “Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.” Interprete esses versos.
      O tempo utilizado (pretérito imperfeito do subjuntivo) é responsável para causar o efeito de sentido de impossibilidade e suposição. Está claro que o narrador não tem nada daquilo que se apresenta por orações concessivas e dificilmente terá (ele não fala a língua dos anjos, não tem o dom da profecia, não conhece todos os mistérios, não tem toda a fé, etc.).

06 – Nos versos: “É só o amor! É só o amor / Que conhece o que é verdade.” O que o autor relata?
      Relata que só através do amor é possível se conhecer a verdade e que ele é um sentimento puro do qual não dar lugar para a inveja e não se acaba, mas se eterniza.

07 – A canção é um diálogo intertextual entre que textos?
      Entre o soneto de Luís Vaz de Camões e a passagem da Bíblia: I Coríntios 13.

08 – Quando o poeta diz: “Tão contrário a si é o mesmo amor”; que quer dizer?
      Aqui o poeta abandona a tentativa de definir o amor.

09 – Assinale a alternativa CORRETA.
a)   Em Monte Castelo, Renato Russo dialoga com dois textos distintos: o poema de Camões Amor é fogo que arde sem se ver; e a Bíblia, no capítulo 13 da 2ª carta de Paulo aos Coríntios, quando fala de Amor como um bem supremo, além de o título aludir a uma batalha da Segunda Guerra Mundial, da qual participaram soldados brasileiros.
b)   Partindo do conceito de intertextualidade, expresso por Julia Kristeva, pode-se afirmar que Renato Russo não devia ter lançado mão de partes da Bíblia Sagrada para montar a letra de uma música profana.
c)   O diálogo entre textos conduz indiscutivelmente ao plágio; dessa maneira, a montagem, como paródia de três diferentes textos, realizada por Renato Russo, não o isenta da responsabilidade de ter usado indevidamente a produção de autores que o antecederam.
d)   Monte Castelo não foi uma montagem de dois textos, pois não houve intencionalidade do poeta em realizar tal façanha. A semelhança entre os textos é mera coincidência.
e)   O trabalho artístico do compositor brasileiro não pode ser considerado arte, porque não apresenta originalidade e ineditismo; trata-se de uma mera paráfrase de textos anteriores a ele.

10 – Com o verso: “É um não querer mais que bem querer”, fica sugerido que o sentimento do amor supera o (a):
a)   Egoísmo;
b)   Vaidade;
c)   Prazer;
d)   Ódio;
e)   Afeto.

11 – Caracteriza o amor, segundo a letra da música:
a)   Um sentimento de lealdade.
b)   O conhecimento da falsidade.
c)   A presença da maldade.
d)   Um sentimento alheio à solidariedade.
e)   Sensações e sentimentos contraditórios.

12 – É correto afirmar que, no texto, a função da linguagem que predomina denomina-se:
a)   Referencial;
b)   Emotiva;
c)   Conativa;
d)   Fática;
e)   Metalinguística.

13 – A linguagem desse poema é:
a)   Predominantemente irônica.
b)   Predominantemente conotativa.
c)   Predominantemente denotativa.
d)   Predominantemente coloquial.
e)   Predominantemente formal.




FILME(ATIVIDADES): HOMEM-FORMIGA E A VESPA - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): HOMEM-FORMIGA E A VESPA

Data de lançamento 5 de julho de 2018 (1h 58min)
Direção: Peyton Reed
Nacionalidade EUA

SINOPSE E DETALHES
        Não recomendado para menores de 12 anos
        Após ter ajudado o Capitão América na batalha contra o Homem de Ferro na Alemanha, Scott Lang (Paul Rudd) é condenado a dois anos de prisão domiciliar, por ter quebrado o Tratado de Sokovia. Diante desta situação, ele foi obrigado a se aposentar temporariamente do posto de super-herói. Restando apenas três dias para o término deste prazo, ele tem um estranho sonho com Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), que desapareceu 30 anos atrás ao entrar no mundo quântico em um ato de heroísmo. Ao procurar o dr. Hank Pym (Michael Douglas) e sua filha Hope (Evangeline Lilly) em busca de explicações, Scott é rapidamente cooptado pela dupla para que possa ajudá-los em sua nova missão: construir um túnel quântico, com o objetivo de resgatar Janet de seu limbo.

Entendendo o filme:
01 – Em qual época que o filme se passa?
      Homem-Formiga e a Vespa será lançado pouco tempo depois de Vingadores: Guerra Infinita, mas ele se passará antes dos eventos do maior filme do UCM até o momento. Mais exatamente, entre Capitão América: Guerra Civil e Vingadores 3.

02 – Onde que Hope e Hank estiveram esse tempo todo?
      O trailer deixa bem claro que a decisão de Scott Lang em lutar na equipe do Capitão América durante a Guerra Civil trouxe certas consequências para Hank Pym (Michael Douglas) e Hope van Dyne.

03 – O que Hope e Hank estavam fazendo enquanto Scott estava preso por ajudar o Capitão América?
      Conforme divulgado alguns meses atrás, pai e filha estavam trabalhando no desenvolvimento de uma instalação de pesquisas móvel (o prédio que ficou do tamanho de uma mala de rodinhas no trailer), em uma provável tentativa de salvar Janet van Dyne do Reino Quantum.

04 – Qual personagem Laurence Fishburne irá interpretar?
      O trailer mostra rapidamente o ator Laurence Fishburne, algo que pode ter surpreendido muita gente, especialmente fãs mais casuais. Ele será o Doutor Bill Foster.

05 – Quem é o vilão de Homem-Formiga e a Vespa?
      É a Fantasma, que apareceu pela primeira vez nos quadrinhos na década de 80 e era, originalmente, inimiga do Homem de Ferro.
      A Fantasma possui uma identidade misteriosa, bem com a sua origem, mas pistas dão a entender que ela uma trabalhadora do ramo de TI que, amargurada por seu trabalho em uma grande corporação, se tornou uma hacker e sabotadora.

06 – Como que Janet van Dyne irá se encaixar na história?
      O primeiro trailer de Homem-Formiga e a Vespa não retrata Janet Van Dyne, mãe de Hope, que será interpretada por Michelle Pfieffer. Mas ela terá uma importância muito grande na história.

07 – O que seria aquele mundo “celular” que apareceu rapidamente?
      Uma cena de ação que também apareceu de relance no trailer é quando a “Equipe Homem-Formiga” parece estar em algum tipo de nave ou sonda, que aparenta estar do tamanho de uma célula e viaja por alguma espécie de terreno celular.

08 – O que seria esse terreno celular, e o que o Homem-Formiga e a Vespa estão pensando em fazer aqui?
      Parece ser algo importante e relevante para o filme.

09 – Existem conexões com Vingadores: Guerra Infinita?
      Bem, como o filme se passará antes dos eventos de Vingadores: Guerra Infinita, não foi possível ver qualquer tipo de conexão, pelo menos neste primeiro trailer. Mas o filme “Homem-Formiga e a Vespa” explorará bastante o Reino Quantum.

POESIA: TECENDO A MANHÃ - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

Poesia: Tecendo a Manhã
           João Cabral de Melo Neto


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem 


os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão. 

                              Neto, João Cabral de Melo. Poesias completas.
                4. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. p. 19-20.
Entendendo a poesia:
01 – Podemos dizer que o texto se inicia com uma afirmação? Justifique sua resposta.
      Sim, pois o primeiro período do texto formula uma condição como indispensável: a solidariedade na construção da manhã. Essa afirmação é fundamental para o desenvolvimento posterior do texto, pois coloca o fator solidariedade como essencial ao trabalho dos galos.

02 – A elipse é a omissão de palavras ou termos facilmente subentendidos. Aponte as ocorrências de elipse no texto. Qual a finalidade do seu emprego?
      As elipses mais significativas são as formas verbais referentes aos gritos dos galos no terceiro e no quinto verso. A nosso ver, são formas de amarrar ainda mais fortemente a estrutura do texto, tornando-a coesa e econômica. Além disso, “imitam” o fluxo dos gritos entre os galos; estes não deixam o grito morrer, assim como as elipses impedem que a frase “expire”.

03 – Relacione os três últimos versos da primeira estrofe com as ideias que vimos discutindo sobre a capacidade de tecer um texto.
      É pertinente relacionar a tessitura da manhã com a tessitura da estrutura de um texto. Espera-se que o aluno faça essa leitura, entre outras possíveis.

04 – Qual a ideia dominante na segunda estrofe do texto? O que ocorre à manhã, uma vez tecida?
      A manhã, tecida, ganha autonomia e passa a envolver a todos os que a produziram. Numa leitura presa aos referentes imediatos, deve-se ressaltar para o aluno a beleza da imagem cabralina: Ela consegue captar a alegria do amanhecer que, despertado e tecido pelos galos, acaba por envolve-los. Numa leitura ligada à produção textual, deve-se realçar a autonomia adquirida pelo texto (particularmente, no caso, o texto poético) em relação ao seu produtor.

05 – O texto de João Cabral está bem tecido? Por quê?
      Espera-se que o aluno destaque os elementos coesivos do texto de João Cabral utilizando o instrumental de que dispõe, a saber, os conceitos de repetição, progresso, não-contradição e relação.

06 – Como você relaciona o resultado do trabalho dos galos com o resultado do seu trabalho de elaborador de textos?
      Espera-se que o aluno reflita sobre seu trabalho de produtor de textos, procurando enfoca-lo como um trabalho de tecelão, capaz de construir arquiteturas tão bem tramadas e tão independentes como a manhã do poeta.


CRÔNICA: O INVENTOR DE PALAVRAS - RUTH ROCHA - COM GABARITO

CRÔNICA: O inventor de palavras
            Ruth Rocha

        “Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:
        — Papai, por que é que a chuva cai? 
        — Mamãe, por que é que o mar não derrama?
        — Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas? As pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como responder. 
        — Ah, Marcelo, sei lá... 
        Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
        — Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo? 

        — Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
        — E por que é que não escolheram martelo? 
        — Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta... 
        — Por que é que não escolheram marmelo? 
        — Porque marmelo é nome de fruta, menino! 
        — E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?”
        --- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
        --- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?
        No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:
        --- Papai, por que é que mesa chama mesa?
        --- Ah, Marcelo, vem do latim.
        --- Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?
        --- Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.
        --- E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?
        ---Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!
        Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:
        --- Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por exemplo, por que é que bola chama bola?
        --- Não sei, Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não lembra?
        --- Lembra, sim, mas ... e bolo?
        --- Bolo também é redondo, não é?
        --- Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...
        O pai de Marcelo ficou atrapalhado.
        E Marcelo continuou pensando:
        “Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E Bala? Eu acho que as coisas deviam ter o nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim”.
        Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
        --- Mamãe, quer me passar o mexedor?
        --- Mexedor? Que é isso?
        --- Mexedorzinho, de mexer café.
        --- Ah, colherinha, você quer dizer.
        --- Papai, me dá o suco de vaca?
        --- Que é isso menino?
        --- Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
        --- Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?

                            Rocha, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras
Histórias. Rio de Janeiro: Salamandra, p. 8-14.
Entendendo a história:
01 – Explique o que é cismou com o nome.
      Implicou, antipatizou.

02 – Onde era falado o latim?
      Em Roma, no Império Romano.

03 – Qual a diferença do redondo de bola e de bolo?
      Redondo de bola é esférico, do bolo é cilíndrico.

04 – Dê um sinônimo de apropriado.
      Adequado.

05 – Você acha que uma criança deve fazer sempre perguntas? A quem? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Reescreva a frase mudando palavras, mas conservando o significado: Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo.
      Marcelo perguntava a toda gente.

07 – Na frase: “Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas?” – Há uma expressão de reforço, que pode ser retirada sem prejudicar o sentido:
a)   Qual é?
É que.

b)   Que palavra da frase tem dois dígrafos?
Cachorro.

c)   Explique a acentuação gráfica de: Vovó.
Oxítona terminada em –o.

08 – “Ah, Marcelo, sei lá...”
a)   Qual a classe de palavras de Ah?
Interjeição.

b)   O que indica no texto?
É um reforço de fala: sei lá é negativo.

09 – Que pronomes faltam em: E eu chamar marmelo? Mesa chama mesa?
      E eu chamar-me marmelo? Mesa chama-se mesa?

10 – “Puxa, papai, do latim?” Qual a classificação da palavra puxa?
      Interjeição.

11 – O garoto perguntou: “A bola não é mulher do bolo?” Em linguagem gramatical como seria feita a mesma pergunta?
      A bola não é feminino de bolo.

12 – Explique como Marcelo formou as palavras:
·        Sentador: de sentar, como andar – andador.
·        Cabeceiro: de cabeça, como travesseiro.
·        Mexedorzinho: de mexer.





TEXTO: É BOM PORQUE É RUIM - VEJA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: É bom porque é ruim


          Fumar faz mal e é cafona, mas o cigarro continua a seduzir a humanidade com o charme do prazer perigoso

      Aviso: os leitores que não fumam, ou militam nas brigadas antitabagistas, são desaconselhados a prosseguir na leitura. Ou, no mínimo, a munir-se de alguma condescendência com o 1 bilhão de habitantes do planeta que convivem em cumplicidade tácita com este grande vilão de nossos tempos – o cigarro. Não se trata, aqui, de fazer a defesa do acusado, até porque sua culpa está amplamente provada. Tenta-se, apenas, apresentar uma perspectiva do cigarro, e de sua sobrevivência num mundo cada vez mais hostil, que vá além dos psicologismos que explicam o ato de fumar como “uma fixação na fase oral” ou “uma satisfação íntima de m desejo de outra ordem”. Afinal, há mais coisas entre o fumante e seus cigarros do que supõe a vã psicologia de mesa de bar.
        Hoje, só quem vive na Lua escapa de ser bombardeado diariamente por uma renovada coleção de argumentos científicos que apresentam o cigarro como a encarnação da peste. Cigarro dá câncer no pulmão e na traqueia, provoca enfisema, consome células cerebrais, atrapalha a gravidez, sabota a virilidade, envelhece os tecidos e tira o viço dos cabelos. Contra ele arquitetam-se medidas de toda espécie. Algumas simples, como a proibição de fumar em certos locais públicos, outras sofisticadas – a empresa eletrônica Atari dá mais seis dias de férias por ano aos funcionários não-fumantes. As campanhas contra o cigarro insuflam no imaginário da opinião pública, com sucesso, a noção de que fumar se tornou fora de moda, cafona, política e ecologicamente incorreto, um vício dos fracos.

        ENJOO E TONTURA – Tudo bem. Não se contestam as evidências fornecidas pela ciência: fumar faz mal à saúde. Repousa aí, no entanto, uma questão fundamental. Se o cigarro é tão nocivo ao organismo, por que tantas pessoas fumam? Por que este hábito se encontra arraigado no mundo civilizado há quase cinco séculos e por que ele conquista milhões de novos adeptos rotineiramente? Para tornar esta questão ainda mais complexa, considere-se que o cigarro está longe de proporcionar ao adulto a mesma recompensa imediata, a mesma relação de causa e efeito, que um doce produz numa criança. Quando se traga um cigarro pela primeira vez, sente-se enjoo e tontura. Em matéria de sabor, o tabaco não é exatamente uma iguaria – deixa gosto ruim na boca. Longe de cheirar a flores silvestres, empesteia os ambientes fechados a ponto de provocar dor de cabeça. Deixa o fumante com fôlego curto e taquicardia. No fim, como tudo na vida, mata. Que tipo de prazer, então, move o fumante por entre esta floresta de adversidades?
        (...)
                                                                                    VEJA.
Entendendo o texto:

01 – O que significa cafona?
       Brega, ridículo, de mau gosto.

02 – Dê o sinônimo de charme.
        Encanto.

03 – Explique o significado de militam nas brigadas antitabagistas.
        Lutam contra o fumo.

04 – O que é munir-se de alguma condescendência?
       Ter alguma boa vontade.

05 – Qual o significado de convivem em cumplicidade tácita?
       São cúmplices calados de.

06 – Um sinônimo de vilão.
       Rude, grosseiro, desprezível.

07 – O que é apresentar uma perspectiva do cigarro?
       Apresentar o modo de ver do cigarro.

08 – Quando consideramos alguém hostil?
        Inimigo, agressivo.

09 – Psicologismo deriva de psicologia. O que estuda a psicologia?
       A mente do ser humano.

10 – Pesquise o significado de uma fixação na fase oral.
       Um apego à fase da mamadeira.

11 – Como se deve entender: Uma satisfação íntima de um desejo de outra ordem?
      Uma satisfação de algum outro desejo.

12 – O que é em vã psicologia?
       Vazia, insignificante psicologia.

13 – Qual o sentido de arquitetam-se medidas de toda espécie?
       Imagina-se todo tipo de providência.

14 – Um sinônimo de sofisticadas.
       Requintadas.

15 – O que quer dizer insuflam no imaginário da opinião pública?
       Enchem a imaginação do povo.

16 – Qual o significado de arraigado em este hábito se encontra arraigado?
       Com raízes, aprofundado.

17 – Rotineiramente é um advérbio derivado do adjetivo rotineira, que vem do substantivo rotina. O que é rotina?
      É o dia-a-dia comum.

18 – Um sinônimo de proporcionar.
       Dar.

19 – O que é empestear?
       Causar mau cheiro.

20 – O que sente quem tem taquicardia?
       Aumento dos batimentos do coração.

21 – Qual o sentido de floresta de adversidades?
       Grande quantidade de aborrecimentos.