Poema: Identidade
Carlos Queiroz Telles
Cabelos molhados,
sol encharcado,
pele salgada,
vento nos olhos,
areia nos pés.
O corpo sem peso
é nuvem à-toa.
O tempo inexiste.
a vida é uma boa!
Mergulho na água
azul deste céu.
Sou peixe de ar.
Sou ave de mar.
Mergulho em mim mesmo,
silêncio profundo.
Sou eu e sou Deus
de passagem no mundo,
nadando sem rumo
entre conchas e paz.
Em: Sonhos,
grilos e paixões, Carlos Queiroz Telles,
São Paulo, Moderna:
1990, p. 38.
Entendendo o poema:
01 – Que sentimentos são
expressos no poema? Justifique sua resposta.
·
Sentimentos de leveza, liberdade (O
corpo sem peso, nuvem, mergulho no céu).
·
Despreocupação (O tempo inexiste, a
vida é uma boa).
·
Meditação (Mergulho em mim mesmo).
02 – Quem está expressando
esses sentimentos: um homem ou uma mulher? Como você chegou a essa conclusão?
Os sentimentos
são expressos por um homem: “Mergulho em mim mesmo”. A palavra “mesmo” enuncia
o gênero masculino.
03 – O que podemos imaginar
que se encontra o “eu lírico”? Que palavras do texto se referem a esse lugar?
Podemos descrever
o eu lírico como uma outra pessoa que age e fala dentro do poema, em primeira
pessoa, intimista, subjetivo. É como se o escritor criasse uma personagem
especial que assumisse os sentimentos do poema.
O eu poético criou um lugar especial, um
ambiente para manifestar suas emoções. É o mar, o céu, a areia, o vento e o
próprio corpo.
04 – Que ideia o eu lírico
nos transmite ao modificar o lugar das palavras “ar” e “mar” nas expressões
“peixe de ar” e “ave de mar”?
Transmite a sensação de estar integrado
no todo, misturando emoções e sensações.
05 – Explique o sentido da
última estrofe do poema.
O eu lírico volta-se para si mesmo, em
meditação, encontra o silêncio, a paz, algo místico, religioso.
06 – Por que você imagina
que o poema recebeu o nome Identidade?
A personagem procura passar a imagem (uma
ideia) de si mesma e de seus estados de espírito.
07 – O eu lírico sente que
“a vida é uma boa” ao estar em contato com o mar. E você, em que lugar especial
costuma ter as mesmas sensações?
Resposta pessoal
do aluno.
08 – Como você se sente
neste início de ano, em contato com novos e velhos colegas, conhecendo novos
professores?
Resposta pessoal
do aluno.
09 – Como você se sente
sendo adolescente? Concorda com aqueles que dizem ser a adolescência uma fase
muito difícil na vida de uma pessoa? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Geralmente, as
mudanças que ocorrem na adolescência, tanto nos aspectos físicos como
psicológicos, alteram o comportamento dos jovens, diante de novas situações.
10 – Que sensação o eu lírico nos passa nesses versos?
Há
uma sensação de liberdade, quando o ser humano se identifica com a natureza,
totalmente solto em meio aos elementos, como o sol, o vento, a areia e o mar. O
“eu” se desprende e, leve, flutua em busca de sua essência; por isso, ele se
sente cheio de paz e livre.
11 – Retire do texto dois adjetivos:
·
Simples e primitivos: boa, azul, profundo.
·
Simples e derivados: molhados,
encharcado, salgada.
12 – Explique o emprego da
expressão em destaque, nas seguintes frases:
“É nuvem à-toa.”
“Nadava à toa.”
No primeiro exemplo, a expressão à-toa é
uma locução adjetiva; caracteriza o substantivo nuvem e significa “sem
importância”, “insignificante”.
No
segundo exemplo, trata-se de uma locução adverbial de modo, modifica o verbo e
significa “a esmo”, “sem rumo”.
13 – Identifique as locuções
adjetivas presentes no poema e substitua-as por um adjetivo equivalente, quando
possível.
(Corpo) sem peso; (peixe) de ar – aéreo;
(ave) de mar – marítima.
14 – Derive adjetivos dos
seguintes substantivos do texto:
·
Sol: solar,
solarento, ensolarado.
·
Vento: ventoso.
·
Areia: arenoso.
·
Corpo: corpulento,
corpóreo.
·
Tempo: temporário,
temporão.
·
Vida: vital, vitalício.
·
Água: aquoso,
aguacento, aguado.
·
Céu: celeste,
celestial.
·
Peixe: piscoso.
·
Ave: avícola.
·
Mundo: mundial,
mundano.
·
Paz: pacífico.
15 – No verso: “A vida é uma boa!”, explique o
sentido da palavra em destaque, ao se tirar o artigo.
Com o artigo, a palavra se torna um
adjetivo substantivado, danado maior expressividade à frase, que passa a
significar: a vida é boa demais ou ótima. A ausência do artigo diminui essa
noção de intensidade.
"Cada boa ação que você pratica é uma luz que você acende em torno dos seus próprios passos". Chico Xavier