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quarta-feira, 11 de junho de 2025

CONTO DE ENIGMA: O INCRÍVEL ENIGMA DO GALINHEIRO - MARCOS REY - COM GABARITO

 CONTO DE ENIGMA: O INCRÍVEL ENIGMA DO GALINHEIRO

 

         Isso aconteceu numa época em que o grande detetive Sherlock Holmes estava aposentado e um tanto esquecido. Em Londres, onde morava, ninguém mais o chamava para elucidar mistérios. Conformava-se, dizendo: não se fazem mais bandidos como antigamente. Meu tio Clarimundo, leitor das aventuras de Sherlock, foi quem decidiu contratá-lo. Mas que não trouxesse seu secretário Dr. Watson, que só servia para ouvir no final de cada caso a mesma frase:

“Elementar, Watson”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMejgubA-K6xZJz_fe1sLCw2NEwamm7l28F9wv4_aQlfp0zXh8G8-2AcU05bZx0Wr0MZ0LicnOjQa6mc0a-yO-FKN6ptRXsb_3wAOXJLJ2YUqHcjXYex9lPfquOXkqMTu5LfTIz1hllJmZVbP5rS9HXTIbyRGlIZD7xAEq25sz_xV_bHNPwV09y8eJlT8/s320/GALO.jpg


– Mas se trata dum caso tão insignificante – protestou mamãe. – Insignificante?

       Esse enigma está nos pondo malucos.

        Alguém andava assaltando nosso galinheiro. A cada dia sumia uma galinha. Quem faria isso, estando a casa cercada por paredes de imensos edifícios? Não havia muro para saltar. Nem grades para pular. E na casa só morávamos eu, meus pais, tio Clarimundo e Noca, a velha empregada. Um enigma muito enigmático, sim.

        Sherlock Holmes chegou e hospedou-se no quarto dos fundos. Ele, seu boné xadrez, seu cachimbo, lógico, e mais logicamente sua lupa, que aumentava tudo. Chegou anunciando:

        – Chamarei esta aventura “O caso das galinhas desaparecidas”. Ou ficaria melhor “O incrível enigma do galinheiro”?

        – Ambos são bons, mas...

        – Na maior parte das vezes o culpado é o mordomo – informou Sherlock.

        – Onde está o suspeito?

        – Não temos mordomo – lamentou tio Clarimundo.

        – Então me levem à cena do crime.

        Levamos Sherlock ao quintal, pequeno e espremido entre os prédios. Ele tirou a lupa do bolso. Um palito ou folha de árvore, examinava concentradamente. Depois, tomava notas num caderno. Mas, como a viagem o cansara, foi dormir cedo. Na manhã seguinte minha mãe acordou-o com uma informação:

        – Sumiu outra galinha.

       – Esta noite dormirei no galinheiro.

       E dormiu mesmo, sentado numa poltrona. Desta vez eu que o acordei.

       – Mister Holmes, roubaram mais uma galinha.

       A notícia fez com que se decidisse:

       – A história se chamará mesmo “O incrível enigma do galinheiro”.

       – Não estamos preocupados com títulos – rebateu meu tio.

       – Mas meu editor está.

       Neste dia consegui ler o caderno de anotações do detetive. Li: nada, nada, nada. Um nada em cada página. Organizado, não? Também nesse dia Sherlock telefonou a Londres para trocar impressões com o fiel Dr. Watson. Uma fortuninha em chamados internacionais. E as galinhas continuavam desaparecendo, apesar de Sherlock Holmes dormir no galinheiro. Ele já andava falando sozinho.

        – Nem sinal de gato, cachorro, raposa, gambá. Todo o meu prestígio está em jogo. Por fim, restou apenas uma galinha.

        À hora do almoço o famoso detetive, sentindo-se velho e fracassado, sofreu uma crise, chorando na frente de todos. Nós nos comovemos muito com a situação. Um homem daqueles derramar lágrimas... Noca, então, deu um passo à frente e confessou:

       – Eu que roubava as galinhas. Dava às famílias pobres duma favela.

        Sherlock enxugou imediatamente as lágrimas na manga do paletó.

         – Já sabia. Fingi chorar para que ela confessasse.

         – Então desconfiava de Noca? – Perguntou tio Clarimundo. – Encontrei penas de galinha no quarto dela. Elementar, Clarimundo. E o que dizem de comermos a penosa que resta no galinheiro?

         Não sei se foi escrito “O incrível enigma do galinheiro”. Se foi, pobres leitores. Na verdade eu que roubava as galinhas para dar aos favelados. Inclusive quando o detetive dormia no galinheiro. Noca sabia disso e assumiu a culpa em meu lugar.

Elementar, Mister Sherlock Holmes.

(Marcos Rey, Em Vice-Versa ao Contrário. Org. Heloísa Prieto. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1993.)

 

01. Responda.

a. O que é um enigma?

Um enigma é algo de difícil compreensão, um mistério, um quebra-cabeça ou uma questão que precisa ser decifrada ou resolvida.

b. Qual o mistério que trata o texto?

O mistério que o texto trata é o desaparecimento misterioso de galinhas do galinheiro, sem que se saiba quem as está roubando, dada a dificuldade de acesso ao local.

02. Sobre os Elementos da Narrativa, pergunta-se: O narrador desse texto é

a.  Sherlock Holmes.

b. Tio Clarimundo.

c.  Noca. 

d. Sobrinho do tio Clarimundo.

03. Marque a alternativa que indica o momento de maior tensão na narrativa.

a. À chegada de Sherlock Holmes à casa do narrador.

b.  A crise de choro de Sherlock Holmes e a consequente confissão de Noca.

c. O momento que o narrador revela que ele é o ladrão de galinhas.

d. O momento em que Sherlock decide qual será o título da história.

 04. Quem decide contratar Sherlock Holmes?

     a.  A mãe do narrador.

     b. O narrador.

     c. O tio Clarimundo.

     d.  Noca, a empregada.

05. Qual era o enigma a ser resolvido?

     a. O desaparecimento do mordomo.

     b. O roubo das galinhas.

     c. O título da história.

     d. O choro de Sherlock Holmes.

06. Onde Sherlock Holmes dormiu para tentar solucionar o caso?

     a.  No quarto dos fundos.

     b.  Na sala.

     c.  No quintal.

     d. No galinheiro.

07. Quem confessou ser o ladrão das galinhas?

    a. O narrador.

    b.  O tio Clarimundo.

    c.  Sherlock Holmes.

    d.  Noca.

08. Qual era a justificativa para o roubo das galinhas?

   a. Vender as galinhas.

   b. Alimentar a família.

   c. Dar às famílias pobres de uma favela.

   d.  Fazer um banquete.

domingo, 8 de junho de 2025

CRÔNICA: DESISTINDO DO NATAL - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: Desistindo do Natal

              Moacyr Scliar

        Prezado Papai Noel: há uma semana eu lhe mandei uma carta com a lista dos meus pedidos para o Natal. Agora estou mandando esta outra carta para dizer que mudei de ideia. Não vou querer nada. Ontem o papai nos avisou que não tem dinheiro para as compras do fim de ano. Papai está desempregado há mais de um ano. A gente mora numa cidade pequena do interior, muito pobre. No Natal passado, o prefeito anunciou que tinha um presente para a população: uma grande fábrica viria se instalar aqui, dando emprego para muitas pessoas. Meu pai ficou animado. Ele é um homem trabalhador, sabe fazer muitas coisas e achou que com isso o nosso problema estaria resolvido. Agora, porém, o prefeito teve de dizer que a fábrica não vem mais. Não entendo dessas coisas, mas parece que a situação está difícil.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioDU0H6v7zGlv-pF698B9HdiBFC27e6jVRPQJP2WtWqIh_qvhIUFZjeRrXI9-tEjI-_wfm_HvemhoVJiXzXrgaxPYsnn8Ko7Jt0V42T5Ara7r7zoNcOD6zgWh0dRiU7NI8n5Vu5jJc2wKoaRx2k5BLNTN2Tw-aVuxvGy0xkmSyFiZ7E9OUrtVgpGEpYqE/s320/Jonathan_G_Meath_portrays_Santa_Claus.jpg


        Portanto, Papai Noel, peço-lhe desculpas se o senhor já encomendou as coisas, mas infelizmente vou ter de desistir. Para começar, não quero aquela bonita árvore de Natal de que lhe falei -até mandei um desenho, lembra? Nada de pinheirinho, nada de luzinhas, nada de bolinhas coloridas. A verdade, Papai Noel, é que essas coisas só gastam espaço e, como disse a mamãe, gastam muita luz.

      E nada de ceia de Natal, Papai Noel. Nada de peru. Como eu lhe disse, nunca comi peru na minha vida, mas acho que não vai me fazer falta. Se tivesse peru, eu comeria tanto que decerto passaria mal. Portanto, nada de peru. Aliás, se a gente tiver comida na mesa, já será uma grande coisa.

        Nada de presentes, Papai Noel. Não quero mais aquela bicicleta com a qual sonho há tanto tempo. Bicicletas custam caro. E, além disso, é uma coisa perigosa. O cara pode cair, pode ser atropelado por um carro... Nada de bicicleta.

        Nada de DVD, Papai Noel. Afinal, a gente já tem uma TV (verdade que de momento ela está estragada e não temos dinheiro para mandar consertar), mas DVD não é coisa tão urgente assim.

        Também quero desistir da roupa nova que lhe pedi e dos sapatos. A minha roupa velha ainda está muito boa, e a mamãe vai fazer os remendos nos rasgões. E sapato sempre pode dar problema: às vezes ficam apertados, às vezes caem do pé... Prefiro continuar com meus tênis e o meu chinelo de dedo.

        Ou seja: nada de Natal, Papai Noel. Para mim, nada de Natal. Agora, se o senhor for mesmo bonzinho e quiser nos dar algum presente, arranje um emprego para o meu pai. Ele ficará muito grato e nós também. Desejo ao senhor um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Moacyr Scliar. Folha de São Paulo.

Entendendo a crônica:

01 – Qual o motivo que leva o narrador, uma criança, a escrever uma segunda carta para o Papai Noel, cancelando seus pedidos?

      O narrador cancela seus pedidos porque seu pai está desempregado há mais de um ano e não há dinheiro para as compras de fim de ano.

02 – Que promessa feita pelo prefeito da cidade havia animado o pai do narrador, e por que ela não se concretizou?

      O prefeito havia prometido que uma grande fábrica seria instalada na cidade, gerando muitos empregos. No entanto, a promessa não se concretizou porque a "situação está difícil" e a fábrica não virá mais.

03 – De que forma o narrador "desiste" de elementos tradicionais do Natal, como a árvore e a ceia?

      Ele desiste da árvore de Natal (pinheirinho, luzinhas, bolinhas) por gastarem espaço e luz. Da ceia, ele diz que não precisa de peru, contentando-se em ter apenas "comida na mesa".

04 – O que o narrador argumenta para justificar a desistência dos presentes que havia pedido, como a bicicleta e o DVD?

      Para a bicicleta, ele argumenta que custa caro e é perigosa (pode cair ou ser atropelado). Para o DVD, ele diz que a TV da família já está estragada e que DVD não é algo urgente.

05 – Mesmo desistindo de tudo, o narrador expressa um único pedido final ao Papai Noel. Qual é ele?

      O único pedido final do narrador é que o Papai Noel arranje um emprego para o pai dele.

06 – Qual é a principal emoção ou sentimento que a crônica busca transmitir ao leitor através da carta da criança?

      A crônica busca transmitir um sentimento de tristeza, resignação e maturidade precoce por parte da criança, que compreende a dura realidade financeira da família e abre mão dos seus desejos infantis em prol de uma necessidade básica.

07 – De que forma esta crônica reflete as dificuldades econômicas e sociais que muitas famílias enfrentam?

      A crônica é um retrato sensível das dificuldades econômicas, como o desemprego do pai e a falta de recursos para o básico (comida, conserto de TV). Ela também ilustra a falta de perspectivas em cidades pequenas e como a crise afeta diretamente o universo e os sonhos das crianças.

 

 

 

NOTÍCIA: BRINCAR DE FAZER COISAS DE VERDADE - ÂNGELA NUNES - COM GABARITO

 Notícia: Brincar de fazer coisas de verdade – Fragmento

              Ângela Nunes

        Para as crianças, o dia a dia na aldeia vai-se alternando entre algumas tarefas domésticas que observam, fazem sozinhas ou nas quais ajudam: lavar roupas e louças, tomar conta dos irmãos e irmãs menores. Dar-lhes banho, levar água para casa, ajudar a preparar algum alimento, levar e trazer recados ou coisas, enxotar as galinhas de dentro das casas, etc. Essas tarefas domésticas e outras atividades produtivas de que as crianças fazem parte são de verdade, elas as desempenham utilizando instrumentos de verdade e o resultado final também é de verdade. Tudo é permeado por um significado real e tem uma aplicabilidade concreta. No entanto, o fato de ser tudo de verdade não impede a presença do componente lúdico, ainda que por vezes esteja dissimulado pela responsabilidade que também é preciso assumir. Por exemplo, enxotar as galinhas de dentro das casas é uma tarefa das crianças menores que, frequentemente, transforma-se numa brincadeira de pega-pega com as galinhas, em que estas dificilmente levam a melhor, obrigando-as, por vezes, a sair por uma abertura que fazem propositadamente na palha da parede da casa, junto ao chão.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLb1Whow2cyQa_M9w4SGzk0upIoHjzckckHExAC8FSMskK1ODiLw7OKPdlZpdGMVYWPUq6gPvHsT5snBhZZ06XMcO0d5d_CKflDuRjStSzDpqtnfgX31o6cksWpb3G1EE-bCsswWi3_hujMipvhsRAbU__Vg3XpwdyXcbhheE3v3qcUuEPbCZ0lWiIwro/s1600/images.jpg


        Um bom local para observar esse tipo de situação é a beira do rio, para onde afluem mulheres e crianças de todas as idades para inúmeros afazeres, para a higiene diária, para conversar, refrescar-se e brincar. Os meninos ajudam a transportar as bacias e recipientes para água. As meninas, a lavar a louça e as roupas. Entretanto, enquanto fazem suas tarefas, é frequente que se distraiam com algo mais que esteja acontecendo na beira do rio, com as outras crianças ou mulheres, com o canto de um pássaro num galho próximo, com pedrinhas e folhinhas, com a bolhas de sabão, com a marca dos copos na areia,  com as cores do barro das margens, com o barulhinho da correnteza, ou que encham e esvaziem, com água e areia, vezes sem conta, alguns dos recipientes que estão lavando, que verifiquem se eles flutuam ou não... As crianças menores também tentam ajudar e sempre pegam alguma coisa, que viram e reviram, com água e areia, voltam a virar, e esforçam-se para que fique limpa. As crianças maiores, e até mesmo as mulheres, deixam que as menores façam isso à vontade, e só no final pegam esse utensílio e o lavam elas mesmas. Essa atitude tolerante é reveladora de uma das características do processo educativo dos A’uwe-Xavante. O que a criança tem capacidade, ou habilidade para fazer, é respeitado como tal e é aceito como participação efetiva. Quando é preciso refazer algo que as crianças menores iniciaram, esse ato não vem acompanhado de uma crítica negativa ou reclamação por parte das crianças mais velhas, ou das mães. A criança sente-se, realmente, a salvo do peso do julgamento, e isso a deixa livre para fazer de novo aquela tarefa... exatamente como sabe, e, assim, vai sabendo cada vez mais.

        Outra característica que julgo importante levar em conta é o tempo disponível, por parte de adultos e crianças, para o desempenho de determinadas tarefas. O ritmo da vida permite, por exemplo, que a mãe espere enquanto a menina experimenta, e que a menina fique olhando a mãe enquanto esta completa que ela iniciou. Ou, ainda, que a menina possa repetir uma ou mais vezes o que está fazendo, enquanto a mãe aguarda que esse processo cumpra-se. Lembro-me de um dia estar voltando do rio com uma mulher e sua filha de 4 ou 5 anos, a mãe levando uma cesta com roupa acabada de lavar, e a menina, atrás dela, levando uma bacia com alguns pratos de alumínio e uma panela, igualmente lavados. Ao subir o pequeno barranco, a menina derrubou tudo no chão de areia. Ao ouvir o barulho, a mãe volta-se para ver o que tinha acontecido, e depois olha para mim. A menina não fica nem um pouco constrangida, e, enquanto a mãe pousa sua carga no chão e continua a conversar comigo, a menina vai levando as coisas de novo para o rio, para passar tudo pela água mais uma vez, fazendo boiar cada prato... A mãe não a apressou, não a repreendeu, tampouco precisou lhe dizer o que fazer numa situação daquelas. Quando tudo ficou pronto, a mãe levantou-se, pegou sua cesta, e lá foram as duas a caminho de casa.

NUNES, Ângela. No tempo e no espaço: brincadeiras das crianças A’uwe-Xavante. In: SILVA, Aracy Lopes da; NUNES, Ângela; MACEDO, Vera Lopes da Silva (Orgs.). Crianças indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global, 2008. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 64-65.

Entendendo a notícia:

01 – Quais são algumas das tarefas domésticas que as crianças na aldeia realizam ou ajudam a fazer?

      As crianças na aldeia realizam ou ajudam em tarefas como lavar roupas e louças, cuidar dos irmãos menores (inclusive dar banho), levar água para casa, auxiliar no preparo de alimentos, levar e trazer recados ou objetos, e enxotar galinhas de dentro das casas.

02 – Como o texto descreve a natureza das tarefas desempenhadas pelas crianças e qual componente está sempre presente nelas?

      O texto afirma que as tarefas são "de verdade", desempenhadas com instrumentos reais e com resultados concretos, possuindo um significado e aplicabilidade reais. Mesmo assim, o componente lúdico (brincadeira) está sempre presente, por vezes dissimulado pela responsabilidade.

03 – Qual exemplo o texto usa para ilustrar a mistura entre tarefa e brincadeira?

      O exemplo dado é o de enxotar galinhas, uma tarefa das crianças menores que frequentemente se transforma numa brincadeira de pega-pega com as galinhas, onde as crianças chegam a fazer aberturas nas paredes de palha para que as aves saiam.

04 – Por que a beira do rio é um bom local para observar a interação entre tarefas e brincadeiras das crianças?

      A beira do rio é um bom local porque é para lá que mulheres e crianças de todas as idades vão para realizar inúmeros afazeres (higiene, lavar, conversar), além de se refrescar e brincar. É um ambiente onde as crianças frequentemente se distraem com o ambiente ao redor enquanto realizam suas tarefas.

05 – Qual é uma característica importante do processo educativo dos A'uwe-Xavante, revelada pela atitude de adultos e crianças mais velhas?

      Uma característica importante é a tolerância e o respeito pela capacidade e habilidade das crianças. As crianças menores são permitidas a participar e tentar as tarefas à vontade, e quando precisam refazer algo, não há críticas negativas ou reclamações, o que as deixa livres para aprender e tentar novamente sem o peso do julgamento.

06 – Como o ritmo de vida na aldeia influencia o aprendizado das crianças, conforme o texto?

      O ritmo da vida na aldeia permite que tanto adultos quanto crianças tenham tempo disponível para o desempenho das tarefas. Isso significa que a mãe pode esperar a criança experimentar, ou a menina pode repetir o que está fazendo, sem pressa, permitindo que o processo de aprendizado se cumpra naturalmente.

07 – Descreva o episódio narrado sobre a menina que derruba os pratos e a reação da mãe, e o que isso demonstra sobre a educação A'uwe-Xavante.

      Uma menina de 4 ou 5 anos derruba pratos e uma panela lavados em um barranco de areia. A mãe, ao ver, não a repreende nem a apressa, mas continua sua conversa. A menina, sem constrangimento, voltou sozinha ao rio para lavar tudo novamente, inclusive fazendo os pratos boiarem. Esse episódio demonstra a liberdade da criança para aprender e refazer sem julgamento ou intervenção apressada dos adultos, reforçando a autonomia no processo educativo.

 

 

NOTÍCIA: A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA - FRAGMENTO - CARLOS ALBERTO TEIXEIRA SERRA - COM GABARITO

 Notícia: A colonização portuguesa – Fragmento

          Considerações acerca da evolução da propriedade da terra rural no Brasil

          Carlos Alberto Teixeira Serra

        [...]

        O transplante de instituições teve início com a chamada fase do escambo, predominantemente extrativa e que devia durar trinta anos. [...] Os indígenas recebiam, na fase do escambo, machados, foices, pentes e outros objetos de baixo valor monetário em troca das toras do pau-brasil e madeira para marcenaria. [...]

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzf8B4Ht4M3waxdd5fbi0mjRjmkah-vMWgpa08EUwxLICbfc82_A2HYx5ww7afFrTZtnHXGnUT81Jld2lDP4HNffUKvs02nQCaQCG57osqgRmdnmCkYWRLhvSkpQ05IEcYE-3KXlCRe2dHxIq4wfw2D5MBiE1EKS9p4wthnW8cNQBdmrMr33L6KzzqCc4/s1600/images.jpg

        Quando Portugal decidiu ocupar efetivamente o Brasil, isto é, povoá-lo, colonizá-lo de forma mais eficiente e racional, iniciou tal tarefa pela produção de açúcar, produto altamente rentável e de que tinha experiência, em larga escala nas ilhas do Atlântico, desde meados do século XV. [...]

        Com a cultura e moagem da cana-de-açúcar, introduziu-se no Brasil a grande propriedade trabalhada por escravos, a plantation3 . Ela justificava-se ante a vasta extensão de terras propícias ao plantio da cana e a própria experiência portuguesa nas ilhas atlânticas e na metrópole.

        [...]

        Sintetizando, a infraestrutura que o português montou após a fase do escambo se apoiava na divisão do Brasil em capitanias hereditárias, na grande propriedade de exploração de um produto tropical exportável já conhecido e na utilização da mão-de-obra escrava, o índio, de início, e o negro, mais adiante. Não houve qualquer apelo a fórmulas novas, tudo se processando de acordo com a tradição portuguesa.

        [...].

SERRA, Carlos Alberto Teixeira. Considerações acerca da evolução da propriedade da terra rural no Brasil. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/mediaa/alceu-n7-Serra.pdf. Acesso em: 20 fev. 2015. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 57.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi a fase inicial da colonização portuguesa no Brasil e quais eram suas características principais?

      A fase inicial foi o escambo, predominantemente extrativa e com duração de cerca de trinta anos. Durante esse período, os indígenas trocavam toras de pau-brasil e madeira por objetos de baixo valor monetário, como machados, foices e pentes.

02 – Por que Portugal decidiu ocupar o Brasil de forma mais efetiva após a fase do escambo?

      Portugal decidiu ocupar o Brasil de forma mais eficiente e racional para colonizá-lo e povoá-lo efetivamente. O foco inicial dessa colonização foi a produção de açúcar, um produto altamente rentável e com o qual Portugal já tinha larga experiência em suas ilhas do Atlântico desde o século XV.

03 – Que tipo de sistema de produção foi introduzido no Brasil com a cultura da cana-de-açúcar?

      Com a cultura e moagem da cana-de-açúcar, introduziu-se no Brasil a grande propriedade trabalhada por escravos, conhecida como plantation.

04 – Quais foram os fatores que justificaram a introdução da plantation no Brasil?

      A plantation se justificava pela vasta extensão de terras propícias ao plantio da cana e pela experiência portuguesa tanto nas ilhas atlânticas quanto na própria metrópole com esse sistema de produção.

05 – De acordo com o texto, quais foram os pilares da infraestrutura montada pelos portugueses após a fase do escambo?

      A infraestrutura montada pelos portugueses após a fase do escambo se apoiava em três pilares: a divisão do Brasil em capitanias hereditárias, a grande propriedade de exploração de um produto tropical exportável (o açúcar) e a utilização da mão de obra escrava, primeiramente indígena e, mais adiante, africana. O texto ressalta que essas práticas seguiram a tradição portuguesa, sem inovações.

 

NOTÍCIA: I QUILOMBINHO: GARANTINDO PRIORIDADE NAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS QUILOMBOLAS - COM GABARITO

 Notícia: I Quilombinho: garantindo prioridade nas políticas públicas para crianças quilombolas

        Matheus de Lima Marques tem 12 anos e vive na Comunidade Negra Paiol de Telha, próximo ao município de Guarapuava, no Paraná, região sul do Brasil. O menino cursa a 6ª série do Ensino Fundamental e é obrigado a percorrer todos os dias uma distância longa para chegar até a escola. O trajeto é feito de ônibus, que busca as crianças em sua comunidade e leva para uma escola na cidade. “Paiol de Telha é um lugar muito bom para morar, mas a gente sente falta de algumas coisas, como posto de saúde, um mercado e principalmente uma escola”, dia o menino. Assim como na maioria das comunidades quilombolas brasileiras, a comunidade onde vive Matheus não tem escola de Ensino Fundamental.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4ehH4kl4C8qq5B6klOEFJpcZyxIsUHSw_Z3WD318F6djM1WOgAZDn_7g-d7RYmeEQXvFegp0pge1pFWsLzTFYkV_oE__FhCIdAyOuDI2lGubhmFykWqzdSrZxVnjGkfuhCTdVYUwLSv-etbu5c-CKxEe5XHuP7ozOtDER0_GJptS5Rpzu5BTLNbz8SIQ/s1600/images.jpg


        Em 2007, Matheus está contente porque ele e as crianças da escola vão receber, pela primeira vez, aulas de história e cultura afro-brasileira. “Eu acho muito importante. Já sei de muitas coisas porque faço parte de um grupo de dança afro, mas acho que todas as crianças tem direito a conhecer a história dos negros no Brasil. O nosso país é um arco-íris, né?”.

        Por conhecer tão bem o tema, Matheus teve uma redação premiada sobre “Diversidade Étnica e Racial no Brasil”, e, como vencedor, foi escolhido para participar do I Quilombinho – Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, realizado, com o apoio do Unicef, entre os dias 2 e 3 de julho de 2007, em Brasília. “Está sendo uma boa oportunidade, porque posso conhecer melhor como vivem as outras crianças, como é a vida na comunidade delas. Já tinha participado de um encontro parecido no meu Estado, mas agora encontro gente do Brasil todo. E o que eu aprender aqui, vou levar para minha comunidade e transmitir para as outras pessoas”, conta o menino que sonha, um dia, em morar na África. “Tenho vontade de conhecer de perto o povo que deu origem aos negros brasileiros. No futuro, acho que vou ser advogado, quero dar uma boa casa para minha mãe morar e ser um rapaz de qualidades”, diz.

        Junto com Matheus, cerca de 100 meninos e meninas vindos de 22 estados brasileiros discutiram, durante o I Quilombinho, temas como educação, saúde, proteção, cultura, lazer e outros direitos de crianças e adolescentes que vivem nas comunidades remanescentes de quilombos. Na história do Brasil, os quilombos eram comunidades isoladas formadas por negros que resistiam contra a escravidão. Hoje, no País, a Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial estima que existem 3.524 comunidades quilombolas, onde vivem quase 900 mil crianças e adolescentes.

Disponível em: http://unicef.org/brazil/pt/activities_10228.htm. Acesso em: 5 nov. 2014.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 59-60.

Entendendo a notícia:

01 – Quem é Matheus de Lima Marques e onde ele vive?

      Matheus de Lima Marques é um menino de 12 anos que cursa a 6ª série do Ensino Fundamental. Ele vive na Comunidade Negra Paiol de Telha, que fica próximo ao município de Guarapuava, no Paraná.

02 – Quais são as principais dificuldades que a comunidade de Matheus enfrenta, de acordo com o relato do menino?

      A comunidade de Matheus sente falta de algumas infraestruturas básicas, como posto de saúde, um mercado e, principalmente, uma escola de Ensino Fundamental, o que obriga as crianças a se deslocarem longas distâncias para estudar na cidade.

03 – Por que Matheus está contente em 2007, e qual sua opinião sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira?

      Matheus está contente porque ele e as crianças de sua escola vão receber, pela primeira vez, aulas de história e cultura afro-brasileira. Ele considera isso muito importante, pois acredita que todas as crianças têm o direito de conhecer a história dos negros no Brasil, que ele descreve como um "arco-íris".

04 – O que foi o I Quilombinho, quem participou e quais foram os temas discutidos?

      O I Quilombinho foi o Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, realizado em Brasília nos dias 2 e 3 de julho de 2007, com apoio do Unicef. Cerca de 100 meninos e meninas de 22 estados brasileiros participaram. Os temas discutidos incluíram educação, saúde, proteção, cultura, lazer e outros direitos de crianças e adolescentes quilombolas.

05 – Qual o significado histórico dos quilombos no Brasil e qual a estimativa atual de comunidades quilombolas e crianças que nelas vivem?

      Historicamente, os quilombos eram comunidades isoladas formadas por negros que resistiam contra a escravidão. Atualmente, a Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial estima que existem 3.524 comunidades quilombolas no País, onde vivem quase 900 mil crianças e adolescentes.

 

 

LENDA: COBRA NORATO - RUI DE CARVALHO - COM GABARITO

 Lenda: COBRA NORATO

            Rui de Carvalho

Honorato é Caninana, ê ê

Caninana é Honorato, ê a.

Honorato tem escamas, ê ê

Tem escamas Caninana ê a.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjemFBg9SUZoFnd7HMGKHanwqimgwAiogBsiyOI4xKVCd-8LxiZMcagPTdeXLtCMPps8Bjsw9PJY3NVPfGx5Ictlg4so5vlttAYI-bXGmHVlB8yiPC8qEtILPCQIfFU36HU_C8FQb-SsFDdYiJc7c5yWJ61PLLh0rC5C819cR87eePuUFM3PkFjnGRi0Yk/s320/cobra-norato-cobra-grande-ou-boiuna-lenda-do-folclore-brasileiro-1345637822843_615x300.jpg

Vida em forma de serpentes

Filhos de boto e de gente

Vida em forma de serpentes

Filhos de boto e de gente.

 

Caninana é uma fera danada

E se gaba de ser cobra criada

Honorato é sempre um meigo de amor

Sua sina é o prazer e a dor.


Mas um dia Honorato vingou

E seu lado Caninana acabou

Honorato agora é um só mundo afora

Cobra Grande multicor, multiforme.

 

Encarnava a serpente de dia

E a noite era um rapaz de poesia

Mas um dia o infeliz, se arrastou

Mergulhou e muita água rolou.

  

Há quem diga que Honorato é feliz

Que o feitiço, enfim, perdeu a raiz

Outros dizem que não se libertou

E até hoje é uma cobra gigante.

 

Que vagueia pelos rios

Feito uma nau errante

Derrubando beiradões

Tem Cobra Grande adiante.

Rui de Carvalho. CD/LIVRETO Lendas Amazônicas. Vídeo e canção disponíveis em: https://youtube.com/watch?v=KuNnFA00gkQ. Acesso em: 21 jan. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 139.

Entendendo a lenda:

01 – Quem são os dois personagens principais que se entrelaçam no poema?

      Os dois personagens que se entrelaçam no poema são Honorato e Caninana.

02 – Qual a natureza da vida dos "filhos de boto e de gente" mencionada no poema?

      A vida dos "filhos de boto e de gente" é descrita como sendo em forma de serpentes.

03 – Qual a principal diferença de temperamento entre Caninana e Honorato, conforme o poema?

      Caninana é retratada como uma "fera danada" que se gaba de ser cobra criada, enquanto Honorato é sempre um "meigo de amor", vivendo o prazer e a dor.

04 – O que acontece com Honorato "um dia", marcando uma virada em sua história?

      Um dia, Honorato vingou, e seu lado Caninana acabou. Ele se transformou em uma "Cobra Grande multicor, multiforme", sugerindo uma mudança ou libertação.

05 – Como Honorato vivia antes de sua transformação (ou de "vingar")?

      Antes, Honorato encarnava a serpente de dia e, à noite, era um rapaz de poesia.

06 – O que as diferentes versões da lenda dizem sobre o destino final de Honorato?

      Há quem diga que Honorato é feliz e que o feitiço perdeu a raiz, ou seja, que ele se libertou. Outros dizem que ele não se libertou e até hoje é uma cobra gigante.

07 – De que forma a Cobra Grande (Honorato) é descrita em sua forma atual, caso não tenha se libertado?

      Caso não tenha se libertado, a Cobra Grande (Honorato) é descrita como vagando pelos rios "feito uma nau errante", derrubando beiradões, indicando sua presença e força.

 

 

CRÔNICA: BONECA KARAJÁ: PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL - FRAGMENTO - AFONSO HENRIQUE FERNANDES - COM GABARITO

 Crônica: Boneca Karajá: patrimônio imaterial do Brasil – Fragmento

              Afonso Henrique Fernandes

        O povo Karajá, uma das mais conhecidas etnias indígenas do Brasil, ocupava originariamente as regiões localizadas na extensão do rio Araguaia nos estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Goiás. Atualmente o aldeamento mais importante está localizado na ilha do Bananal no Tocantins. A estimativa total da população Karajá gira entorno de 3.200 pessoas.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvj_Ou8qMnP6CK-2qKOrcVpk_xhbcLp4d_tky0nkMcH2Ic34W1J5NSIifYvquM_uuxZi8ilv0de5IGy_Nl7vd7-QcQJSE1UWf03YpUK_EvGJ5EDbnP7nv4KZD04OQyW3MVaWHlt2x3vEmTmttzC5q8QPmphRa6rYNIR3tCH54kiD2CLdLLGICpskR7CaM/s1600/boneca-karaja1.jpg

        Apesar de ter sofrido com o avanço da colonização ocidental, este grupo é um dos que melhor conseguiu preservar seus costumes ao longo dos anos. Além de serem relativamente conhecidos no resto do país, símbolos importantes como a língua, a pesca e alguns rituais se mantêm nas práticas cotidianas. O principal exemplo desta preservação da cultura Karajá é justamente a boneca de cerâmica feita por eles.

        Para além de sua função enquanto ornamento, as bonecas Karajá são uma boa amostra da cultura deste povo, possuindo importantes significados sobre a sua organização social. Além disso, nos dias de hoje, a produção e a comercialização das bonecas têm servido de relevante fonte de renda para boa parte das famílias. Por isso, a boneca Karajá foi recentemente reconhecida como patrimônio imaterial do Brasil.

        O reconhecimento da boneca enquanto patrimônio imaterial contribui justamente na preservação do “saber fazer”. A técnica de produção da boneca é utilizada apenas pelos Karajás e é passada de geração a geração. O processo, que tem duração de uma média de uma semana, é controlado e dominado pelas mulheres e acompanhado pelas filhas que vão aprendendo com as mães. A técnica consiste basicamente na coleta da argila, preparo da massa, modelagem, secagem e pintura.

        As faixas etárias dos Karajás são definidas e representadas por símbolos estéticos representados pelas pinturas corporais e formatos de cabelo. Este código também se apresenta nas bonecas. Dessa forma, são produzidos conjuntos de bonecas que ilustram as distintas composições familiares presentes na etnia Karajá. Também é possível encontrar referências à fauna da região e à mitologia dos Karajás.

        A preservação deste patrimônio, passado de geração em geração, passa por constantes ressignificações que dialogam com as alterações no ambiente e nas interações sociais. Um exemplo deste processo é o fato de que hoje é possível distinguir dois tipos distintos de boneca, a Hўkўnaritxoko (boneca antiga) e a Ritxoko (boneca moderna). Enquanto a Hўkўnaritxoko representa a boneca tradicional feita para os próprios Karajás, a Ritxoko está voltada para a comercialização e, dessa forma, atente a objetivos mais decorativos.

        Além disso, esta preservação do patrimônio contribuiu para que se avance na difusão do conhecimento sobre os povos indígenas do Brasil e na construção de uma memória que não relegue a esses povos um espaço marginal.

        [...]

FERNANDES, Afonso Henrique. Boneca Karajá: patrimônio imaterial do Brasil. disponível em: http://saemuseunacional.wordpress.com/2014/02/18/boneca-karaja-patrimonio-imaterial-do-brasil/. Acesso em: 5 nov. 2014. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 78-79.

Entendendo a crônica:

01 – Onde o povo Karajá ocupava originariamente e onde se localiza seu aldeamento mais importante atualmente?

      Originalmente, o povo Karajá ocupava as regiões ao longo do rio Araguaia nos estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Goiás. Atualmente, o aldeamento mais importante está localizado na ilha do Bananal, no Tocantins.

02 – Apesar da colonização, o que o povo Karajá conseguiu preservar e qual é o principal exemplo dessa preservação?

      Apesar do avanço da colonização ocidental, os Karajás conseguiram preservar bem seus costumes, incluindo a língua, a pesca e alguns rituais. O principal exemplo dessa preservação cultural é a boneca de cerâmica feita por eles.

03 – Qual a importância da boneca Karajá além de sua função ornamental, e qual o reconhecimento recente ela recebeu?

      Além de sua função ornamental, as bonecas Karajá possuem importantes significados sobre a organização social do povo. Atualmente, a produção e comercialização das bonecas também servem como fonte de renda para muitas famílias. Por essa importância, a boneca Karajá foi recentemente reconhecida como patrimônio imaterial do Brasil.

04 – Como a técnica de produção da boneca Karajá é transmitida e quais são as etapas básicas do processo?

      A técnica de produção da boneca é transmitida de geração em geração, sendo controlada e dominada pelas mulheres, que são acompanhadas pelas filhas que aprendem com suas mães. O processo envolve a coleta da argila, preparo da massa, modelagem, secagem e pintura.

05 – De que forma as bonecas Karajá representam a organização social e a cultura do povo?

      As bonecas Karajá incorporam os símbolos estéticos (pinturas corporais e formatos de cabelo) que definem as faixas etárias dos Karajás. Assim, são produzidos conjuntos de bonecas que ilustram as distintas composições familiares, e também é possível encontrar referências à fauna regional e à mitologia Karajá nas bonecas.

06 – Quais são os dois tipos distintos de boneca Karajá existentes hoje e qual a diferença entre elas?

      Atualmente, existem dois tipos distintos de boneca: a Hўkўnaritxoko (boneca antiga) e a Ritxoko (boneca moderna). A Hўkўnaritxoko representa a boneca tradicional feita para os próprios Karajás, enquanto a Ritxoko é voltada para a comercialização e possui objetivos mais decorativos.

07 – De que maneira a preservação do patrimônio da boneca Karajá contribui para a difusão do conhecimento sobre os povos indígenas?

      A preservação desse patrimônio contribui para difundir o conhecimento sobre os povos indígenas do Brasil e para a construção de uma memória que lhes confira um espaço de destaque e não marginalizado na história e cultura do país.

 

REPORTAGEM: AS CORES DE UMA NAÇÃO - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Reportagem: As cores de uma nação – Fragmento

                      Beatriz Levischi

        Mais de um século após a abolição da escravatura, permanece o fosso sociocultural que segrega os negros.

        Princípio I – Toda criança tem direito à igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

Declaração dos Direitos da Criança

        Em um país que se gaba de ser plural e miscigenado, o preconceito sobrevive tão arraigado quanto nos tempos da escravidão. Segundo pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, negros e pardos têm menos escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população que se declara branca. Nem as cotas conseguiram acabar com o fosso que impede os jovens afrodescendentes de se formar nas melhores instituições brasileiras e buscar igualdade no mercado de trabalho.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0HBOB4BJ8J5zvuOo4kAG6aZzJmsGJ0D5SVhCBgjDTiL3H3Q6jYu36jzmEYUNsM2iAEhuWd03UCqu2JhcOoFGXBR0kjNVFVBxoGZd3ph0Cr74czbsIC9teMnM-DY7pmSgpP3HNO_UjlqCF_UPFxbo6ajIOVgJCD38ZXBMl3U80qUI1NPAbM7bJHQAo7mo/s320/maxresdefault.jpg


        Nesse contexto desfavorável, a Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha luta para transformar em realidade o sonho de uma nação que acolhe e valoriza todas as raças. No subúrbio de Madureira, no Rio de Janeiro, a instituição atende cerca de cem meninos e meninas, oferecendo condições para que eles brinquem, aprendam e entrem em contato com as raízes negras.

        Herança africana – Misto de dança e música, o jongo foi trazido de Angola para o Brasil pelos negros bantos. Com a Lei Áurea, de 1888, os escravos libertos do Vale do Paraíba deixaram as fazendas de café e foram para as cidades em busca de emprego. Primeiro, estabeleceram-se nas regiões centrais; depois, migraram para os morros, onde continuaram a tradição de seus ancestrais. Movimento artístico genuinamente negro, hoje, ele é considerado a avô do samba.

        “O jongo abraça as pessoas. E esse aconchego é tipicamente africano”, explica Luiza Marmello, coordenadora pedagógica do Jongo da Serrinha, nome do morro onde está a maior comunidade jongueira o país. As oficinas ministradas pelos educadores da ONG trabalham a cultura popular, com ênfase nas danças de raiz. A iniciativa abrange também oficinas de circo, teatro, capoeira, música (canto, violão, percussão e cavaquinho) e artes plásticas.

        Afeto e inclusão – Na Serrinha, os mais velhos contam histórias aos mais novos, os brinquedos são construídos pelas próprias crianças e os espetáculos apresentados na comunidade têm preços populares. Tudo para democratizar o acesso e valorizar a rica cultura africana que o país herdou. Por lá, ser negro é motivo de orgulho. Mas não foi sempre assim.

        Luiza recorda uma situação que viveu no início do projeto, em 2001. Uma criança passava horas assistindo às aulas, mas não conversava nem queria brincar com ninguém. “Todo dia, eu o cumprimentava e pedia um beijo, sem resposta. Demorou meses para que aquele garoto superasse a vergonha e se sentisse incluído”.

Disponível em: http://www.educacional.com.br/reportagens/direitos-da-crianca/parte-01.asp. Acesso em: 5 nov. 2014.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 83-84.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual a principal problemática social abordada no início do texto, mesmo após a abolição da escravatura?

      A principal problemática é a permanência do fosso sociocultural que segrega os negros, evidenciando que o preconceito ainda está arraigado, apesar de o Brasil se gabar de ser plural e miscigenado.

02 – Que dados da pesquisa do IBGE (2007) demonstram a desigualdade enfrentada por negros e pardos no Brasil?

      Segundo a pesquisa do IBGE de 2007, negros e pardos apresentam menor escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população que se declara branca.

03 – Qual o objetivo da Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha e onde ela atua?

      A Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha luta para transformar em realidade o sonho de uma nação que acolhe e valoriza todas as raças. Ela atua no subúrbio de Madureira, no Rio de Janeiro, atendendo cerca de cem meninos e meninas.

04 – Qual a origem do jongo e como ele se relaciona com a história dos negros libertos no Brasil?

      O jongo é um misto de dança e música trazido de Angola pelos negros bantos. Após a Lei Áurea (1888), os escravos libertos do Vale do Paraíba o levaram para as cidades e, posteriormente, para os morros, onde continuaram essa tradição ancestral. Hoje, é considerado o avô do samba.

05 – Além do jongo, quais outras atividades são oferecidas nas oficinas da ONG na Serrinha?

      Além das oficinas que trabalham a cultura popular com ênfase nas danças de raiz, a iniciativa abrange também oficinas de circo, teatro, capoeira, música (canto, violão, percussão e cavaquinho) e artes plásticas.

06 – Como a comunidade da Serrinha promove o afeto e a inclusão e a valorização da cultura africana?

      Na Serrinha, os mais velhos contam histórias aos mais novos, os brinquedos são construídos pelas próprias crianças, e os espetáculos na comunidade têm preços populares, tudo para democratizar o acesso e valorizar a rica cultura africana herdada pelo país. O ambiente é construído para que ser negro seja motivo de orgulho.

07 – Qual o exemplo dado por Luiza Marmello sobre a superação da vergonha e a inclusão das crianças no projeto?

      Luiza recorda o caso de uma criança que passava horas assistindo às aulas, mas não conversava nem brincava. Demorou meses para que o garoto superasse a vergonha e se sentisse incluído, após Luiza o cumprimentar e pedir um beijo diariamente sem resposta inicial.