sexta-feira, 20 de outubro de 2023

CRÔNICA: QUANDO O AMOR ACABA - JOSÉ ROBERTO TORERO - COM GABARITO

 Crônica: Quando o amor acaba

           José Roberto Torero

        Não foi fácil perceber o fim deste amor. Primeiro, dei-me conta de que tinha virado amizade. Depois, indiferença

        SIM, EU SEI, enamorado leitor e namoradeira leitora, esse não é um título para uma coluna de futebol. Mas há coisas que há que se dizer, e às vezes não há como escolher hora ou lugar. Pois a verdade, a dura e cruel verdade, é que eu já não a amo mais.
Não quero ser aquele tipo de homem covarde que diz que a culpa foi dela, mas acho que tudo começou, ou acabou, porque eu a senti mais distante. Era como se, pouco a pouco, ela fosse deixando de fazer parte da minha vida. Eu já não queria saber como era o seu dia e já não me importava com os mínimos detalhes da sua existência. Já não fazia diferença como ela se vestia, o que ela bebia, se estava feliz ou não. E, acho, ela sentia o mesmo em relação a mim. No começo, eu sacrificava mundos e fundos para vê-la, para estar com ela. Mas, depois, parei de fazer questão de estar ao seu lado em todos os momentos. Se fosse possível ficar com ela, tudo bem. Se não fosse, fazer o quê? Ela não era mais a única coisa importante no mundo. E isso é triste.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkcDYvsnw3UyuTepTL5FJAFFKRe5s4-Skl5S-ZHqQC9UqN0zksMhMFpYbeZEB27ZTyl8ETu1yeoT4V0YSgh_OZajXUbse737qzgm46aXt1N0aXV7h3R37nuuWAXgpDS32r1QT_d2ZNetEz0cf2F5QtwCPpbpugzLondJlKnK9ZqDhKLW1x5J5WZa4ojcE/s320/AMOR.jpg


        Quando um amor morre, é como se morresse um pedaço de nós. Todo aquele passado que construímos juntos parece escoar pelo ralo. Todas as viagens, as alegrias, as tristezas, tudo se torna parte de um passado inútil, que não levou a nada. E todo o futuro que sonhamos, já não importa. O futuro que não virá também se transforma em passado.

        Não foi fácil para mim perceber o fim deste amor. Primeiro, dei-me conta de que ele tinha se tornado em amizade. Depois, tornou-se em indiferença. E, quando isso acontece, você fica pensando: "Para onde terá ido tudo aquilo que eu sentia por ela? Porque meu peito não bate mais rápido quando a vejo entrar? Terei eu mudado ou mudou ela? Eu devia ter feito algum gesto desesperado para salvar o que sobrava entre nós? De quem é a culpa?" Falando em culpa, o que me deixa com mais remorso é que às vezes ela parece se importar comigo, parece lutar para que o amor não morra. Há dias em que está especialmente bela, põe uma roupa nova e diz palavras doces. Fala que me respeita, que eu tenho o direito de estar chateado, fala que tudo o que faz, faz por mim.

        Mas pouco adianta. Eu já não acredito nela. Até gostaria de acreditar, mas o amor é uma planta delicada, que tem que ser regada dia a dia. E ela já não fazia isso.

      Pronto, cá estou dizendo novamente que a culpa é dela. Mas não, não seria honesto. Também sou culpado. Eu devia ter feito alguma coisa. Devia ter brigado, exigido mudanças, talvez até dar-lhe um tapa.

        Sim, às vezes, só às vezes, poucas vezes, um tapa reaproxima, reacende a chama. Se o leitor não me crê, é porque nunca levou um tapa de amor. Mas nem este tapa eu lhe dei. Dei-lhe apenas desprezo, o seco e estéril desprezo.

        Sei que muitos dos leitores que chegaram até esta linha já sentiram o mesmo. Já deixaram de amar aquela que parecia ser o sal da vida, o motivo de suas maiores alegrias. É decepcionante, não é? Mas, enfim, o amor acabou. Tanto que, no fim de semana, por várias vezes me vi distraído, olhando para o lado, lendo alguma coisa e até mudando de canal. Não, já não amo mais a seleção como antigamente...

torero@uol.com.br

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o título da crônica?

      O título da crônica é "Quando o amor acaba".

02 – Quem é o autor da crônica?

      O autor da crônica é José Roberto Torero.

03 – Como o autor descreve a mudança em seus sentimentos em relação à pessoa amada?

      O autor descreve que ele começou a sentir a pessoa amada mais distante e gradualmente deixou de se importar com os detalhes da sua vida.

04 – O que o autor sente quando percebe que o amor acabou?

      O autor sente que um pedaço de si morreu, que todo o passado que compartilhou com a pessoa amada se torna inútil e que o futuro que sonharam já não importa.

05 – Qual a evolução dos sentimentos do autor em relação à pessoa amada ao longo do tempo?

      Primeiro, o amor se transformou em amizade, depois em indiferença.

06 – Como o autor reage à tentativa da pessoa amada de manter o amor vivo?

      O autor afirma que mesmo quando a pessoa amada tenta se importar e reacender a chama do amor, ele já não acredita nela.

07 – Quais são os sentimentos de culpa expressos pelo autor?

      O autor sente culpa por não ter feito mais para salvar o relacionamento, por não ter brigado, exigido mudanças ou dado um tapa emocional para tentar reacender o amor.

08 – Como o autor descreve a importância de cuidar do amor?

      O autor compara o amor a uma planta delicada que precisa ser regada diariamente para sobreviver.

09 – Qual é a referência à seleção no final da crônica?

      No final da crônica, o autor menciona que já não ama a seleção como antigamente, indicando uma mudança em suas prioridades e interesses.

10 – O que a crônica aborda além do término de um relacionamento amoroso?

      Além do término do relacionamento, a crônica também toca em temas como culpa, mudanças nos sentimentos ao longo do tempo e a necessidade de cuidar do amor para mantê-lo vivo.

 

 

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