sexta-feira, 25 de junho de 2021

CRÔNICA: O MENINO E O ARCO-ÍRIS - GULLAR FERREIRA - COM GABARITO

 CRÔNICA: O menino e o arco-íris

                  Gullar Ferreira


Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.

Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra.

Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre.

Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade.

Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal.

O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!

Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio.

E daí?

(GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5)

Fonte: http://textoemmovimento.blogspot.com.br/2013/03/texto-o-menino-e-o-arco-iris.html

 Fonte: Trilhando novos caminhos – Língua Portuguesa, 8º ano,2021.

Fonte da imagem -https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fi.pinimg.com%2Foriginals%2F07%2F58%2F81%2F075881c6cb3bcc40e607221dad1b3b16.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fbr.pinterest.com%2Fpin%2F741123682412829531%2F&tbnid=BwFr0mioUr1XxM&vet=12ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ..i&docid=RUxzZ5rFabTEWM&w=750&h=277&q=ARCO%20IRIS&ved=2ahUKEwju38XT5LPxAhXln5UCHXVJBV8QMygAegUIARDmAQ

Entendendo o texto

1) (SARESP/2010) Na expressão ―Mas logo se acostumou a todos eles - , o termo destacado refere-se a

(A) animais no quintal.

(B) cadeiras e mesas.

(C) sapatos e copos.

(D) jogos de azar.

 

2) (SARESP/2010) O tema do texto é

(A) a natureza.

(B) a tolerância.

(C) a curiosidade.

(D) a saudade.

 

3) (SARESP/2010) De acordo com o texto, o menino procurava, desde criança, por

(A) banhos de mar.

(B) galinhas e plantas interessantes.

(C) um arco-íris.

(D) alguma coisa surpreendente.

 

4) (SARESP/2010) “E daí?” A frase final do texto demonstra que a opinião do narrador sobre o destino do menino é de

(A) pena e desespero.

(B) simpatia e aprovação.

(C) indiferença e esperança.

(D) esperança e simpatia.

 

5) (SARESP/2010) No trecho “Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!”, o ponto de exclamação indica

(A) o tédio do menino.

(B) a surpresa do menino.

(C) a dúvida do narrador.

(D) o comentário do narrador.

 

6) (SARESP/2010) O texto acima é

(A) uma crônica.

(B) uma notícia.

(C) um informativo.

(D) uma fábula.

 

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