quinta-feira, 10 de junho de 2021

TEXTO: PUROBURÁ, DJIAHÓJ, XIPÁYA E KURUÁYA SÃO LÍNGUAS VIRTUALMENTE EXTINTAS - COM GABARITO

 TEXTO: Puroburá, djiahój, xipáya e kuruáya são línguas virtualmente extintas


Dentro do grupo das línguas em risco de extinção incluídas no levantamento [feito pelo Instituto Socioambiental e pelo laboratório de línguas indígenas da Universidade de Brasília], quatro delas enfrentam uma situação especial: são lembradas, e não faladas, por um número muito reduzido de pessoas, que dominam apenas palavras e termos isolados dos idiomas. O puroburá e o djiahój contam apenas com seis lembrantes cada, que dominam somente termos soltos de cada uma delas.

Também lembrada por seis pessoas, a língua kuruáya é da família Mundurukú, segundo levantamento de 1995 do linguista Aryoon Rodrigues, originalmente falada pela tribo de mesmo nome, que foi considerada extinta em 1960 e hoje vive um movimento pendular entre a aldeia na região de Altamira (PA), e a cidade, segundo o Instituto Socioambiental. Situação mais grave ainda é enfrentada pela língua xipáya, falada originalmente pelo povo de mesmo nome, que também habita a região de Altamira e conta atualmente com apenas um lembrante, que conhece vocabulários e frases do idioma, mas não tem domínio pleno da língua.

Línguas em risco de extinção no Brasil. Disponível em: www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/linguas-extintas. Acesso em: out. 2015.

Fonte da imagem-https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Famazonialatitude.com%2F2019%2F08%2F09%2Ffalar-e-existir-o-caso-de-linguas-ameacadas-no-brasil-e-no-equador%2F&psig=AOvVaw2mDGUTxYslWtl_eqZZq5H8&ust=1623406981957000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJCiy8fsjPECFQAAAAAdAAAAABAJ.

 

ENTENDENDO O TEXTO

1.A situação das línguas puroburá, djiahój, xipáya e kuruáya é mais grave ou menos grave do que a da aldeia onde vive Ariabo?

 A situação é mais grave, pois, mesmo tendo anciões vivos, nenhum é falante da língua. São apenas "lembrantes", termo definido no texto.

2.Explique o uso das aspas no trecho seguinte:

A cada dia, o estudante Luciano Ariabo Quezo, 25, percebia que a língua portuguesa ocupava mais espaço na aldeia indígena onde nasceu e "engolia" sua língua materna, o umutina-balatiponé.

Sugestão: As aspas servem para destacar a palavra ou para indicar que ela não foi empregada em seu sentido próprio. Nesse caso, o enunciador emprega as aspas a fim de indicar um emprego da palavra que fugiria às situações de uso em que ela em geral aparece. É possível que isso tenha ocorrido porque o enunciador deve ter considerado que a forma verbal engoliu foi empregada metaforicamente. (As aspas são sinais que, do ponto de vista enunciativo, estão ligados à expressão da alteridade.)

3. Na notícia lida aparecem três siglas.

a) Você sabe o que é uma sigla? Se souber, localize as que aparecem no texto e escreva-as.

 Aparecem as siglas MT, UFSCar e Fapesp.

b) Qual é a sigla do estado em que você mora?

Resposta pessoal.

Boxe complementar:

O jovem indígena que tenta salvar seu idioma nativo explica: "Falamos 'facebook' mesmo".

Nascido na aldeia Umutina, em Mato Grosso, o estudante de Letras Luciano Ariabo Quezo, de 22 anos, fala sobre o livro didático bilíngue que prepara para garantir a sobrevivência do seu idioma nativo

Quantas pessoas falam umutina?

A aldeia tem 600 pessoas, mas só os mais velhos falam. Os novos aprendem só português. Eu só sei falar porque um ancião me ensinou.

Além de traduzir palavras, você vai codificar a estrutura da língua?

Sim, é fundamental para ensinar as crianças. Por exemplo, para o plural, não usamos a letra s no final. O que fazemos é colocar uma palavra que indica "grande quantidade" perto do substantivo. Assim: peixe é "haré"; peixes, "haré makeawá".

E os verbos?

Muitas vezes, não temos necessidade de usá-los. Para dizer "o rio Paraguai tem muitos peixes", por exemplo, é só acrescentar Olaripó, que é o nome que damos ao rio, à frase anterior: "Olaripó haré makeawá".

Há distinção entre gêneros?

Para substantivos e adjetivos, não. A distinção é só para alguns nomes próprios.

Como ficam palavras que designam coisas novas, como Facebook?

Fazemos como em português: adotamos o estrangeirismo. Não há nenhum problema nisso. Na aldeia, nós falamos "facebook" mesmo.

Os índios umutina usam Facebook?

A 15 quilômetros da aldeia há uma conexão com a internet. Todos os meus amigos usam.

SETTI, Ricardo. Veja, 18 abr. 2012. Disponível em: veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tema-livre/o-jovem-indigena-que-procura-salvar-seu-idioma-nativo-explica-falamos-facebook-mesmo/. Acesso em: out. 2015.

LEGENDA: Indígenas umutina em Barra do Bugres (MT), em 2013.

 

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