Editorial – A Revolução dos Sessentões
Velhice não é doença. Assim começa a matéria
"A Revolução dos Sessentões", neste número. Parece incrível que essa
verdade óbvia tenha de ser repetida com destaque. Mas, nos tempos atuais, de
hipervalorização dos atributos e das esperanças ligados à juventude, reafirmar
que velhice não é doença pode ser não apenas coisa necessária como útil.
Nossa civilização moderna exalta de tal modo a
juventude que ninguém hoje quer ficar velho e todos (ou pelo menos a grande
maioria) fazem tudo o que podem - e também o que não poderiam - para manter-se
jovens, pelo menos na aparência física. Vem daí a profusão de clínicas de
cirurgia plástica e de academias de fitness que nos acenam, em suas
propagandas, com a promessa da eterna juventude. No mundo da moda, então, a
ditadura do jovem é total: as passarelas dos desfiles são reservadas aos
modelos de 20 anos ou menos, as criações dos estilistas praticamente só levam
em conta os corpinhos das lolitas e dos efebos. Como se os que já passaram dos 50 e foram bem além não tivessem
necessidade de se vestir - de preferência com bom gosto - e andassem por aí
pelados ou enrolados em sacos e lençóis.
Felizmente, como mostra nossa reportagem, a cabeça das pessoas está mudando. Sobretudo
entre os idosos. A cada dia, um número maior dos que já dobraram o Cabo da Boa
Esperança etária e entraram nas fases dos "enta" decidem proclamar
sua liberdade e romper o anátema "está velho, está morto". O fenômeno
da valorização da idade avançada e do resgate dos valores inerentes à fase
madura da vida corre a galope. São os da terceira e da quarta idade que, hoje,
mantêm abertos os hotéis e resorts turísticos nas épocas de baixa estação. São
eles que dispõem de clínicas e médicos especializados graças aos quais, hoje,
"ninguém morre mais", e todos caminham tranquilos para os 80, os 90 e
até os 100 desfrutando de uma razoável qualidade de vida.
O que se deve fazer para entrar no cada vez mais
numeroso, alegre e ruidoso cordão dos "sexygenários"? Em primeiro
lugar, abandonar duas falsas ideias: a de que velhice é doença e a de que só é
bom aquilo que é jovem. A seguir, arregaçar as mangas, sair da toca, procurar
seus iguais ou assemelhados e se lançar no mundo. Se você for um deles, não
perca tempo. Você pode e merece viver intensamente sua vida e seus desejos até
o fim.
Planeta.
São Paulo: Três, mar. 2009. p. 4.
FONTE:
Reprodução/Editora Três.
Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.308 -309.
Entendendo o texto
1. Estudamos que o editorial costuma apresentar o
conteúdo das reportagens e matérias jornalísticas publicadas no veículo de
imprensa que ele representa.
a) De que maneira o texto realiza esse objetivo?
Com base no conteúdo de uma das matérias, o diretor de redação traz à
discussão o tema da velhice.
b) O autor do editorial é Luis Pellegrini, diretor
de redação da revista Planeta. Você acha que, em seu texto, as opiniões que ele
defende são exclusivamente pessoais ou devem representar a posição dessa
publicação em relação ao assunto tratado? Justifique sua resposta.
Por ser um editorial, as opiniões
expressam a posição da revista sobre o tema - embora possam coincidir com as
opiniões do próprio autor.
2. A exemplificação é utilizada pelo autor para tratar
da velhice. Em sua opinião, quais exemplos citados por Pellegrini melhor
ilustram o que ele afirma a respeito desse tema? Por quê?
Resposta pessoal.
Cadê as outras perguntas
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