domingo, 21 de junho de 2020

DIÁRIO: GENTE É BICHO E BICHO É GENTE - PEDRO ANTÔNIO OLIVEIRA - COM GABARITO

Texto: GENTE É BICHO E BICHO É GENTE

         Pedro Antônio Oliveira

   Querido Diário, não tenho mais dúvida de que este mundo está virado ao avesso! Fui ontem à cidade com minha mãe e você não faz ideia do que eu vi. Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste, estranha, diferente, desumana... E eu fiquei chateada.

        Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe o que ele estava procurando? Ele buscava, no lixo, restos de alimento. Ele procurava comida!

        Querido Diário, como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia de coisas imundas e retirar dela algo para comer? Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou contando. Ele colocou num saco de plástico enorme um montão de comida que um restaurante havia jogado fora. Aarghh!!! Devia estar horrível!

        Mas o homem parecia bastante satisfeito por ter encontrado aqueles restos. Na mesma hora, querido Diário, olhei assustadíssima para a mamãe. Ela compreendeu o meu assombro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai comer aquilo?” Mamãe fez um “sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico brava quando você reclama da comida?”.

        É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!

        Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso cachorro. Nem ele come uma comida igual àquela que o homem buscou do lixo. Engraçado, querido Diário, o nosso cão vive bem melhor do que aquele homem. Tem alguma coisa errada nessa história, você não acha?

        Como pode um ser humano comer comida do lixo e o meu cachorro comer comida limpinha? Como pode, querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho? Naquela noite eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este mundo. Ele nunca falha. E jamais deixa de atender os meus pedidos. Só assim, eu consegui adormecer um pouquinho mais feliz.

                          OLIVEIRA, Pedro Antônio. Gente é bicho e bicho é gente. Diário da Tarde. Belo Horizonte, 16 out. 1999.

Entendendo o texto:

01 – Esse texto faz parte de:

a)   Uma carta.

b)   Um livro.

c)   Uma crônica.

d)   Um diário.

02 – O objetivo desse tipo de texto é:

a)   Informar as pessoas o que acontece com muitos seres humanos com fome.

b)   Listar os tipos de legumes e verduras que as crianças devem comer.

c)   Relatar diariamente experiências e sentimentos de uma pessoa, bem como seus anseios pessoais.

d)   Narrar fatos cotidianos de uma cidade em relação ao destino do lixo.

03 – Esse texto é característico de:

a)   Cadernos e blogs pessoais.

b)   Correios eletrônicos.

c)   Jornais e revistas para adolescentes.

d)   Livros didáticos diversos.

04 – O texto: “Gente é bicho e bicho é gente” de Pedro Antônio de Oliveira é do gênero relato pessoal. As marcas que comprovam essa afirmativa são:

a)   Narrador em primeira pessoa, o tempo passado não é muito distante do tempo atual.

b)   Narrador em primeira pessoa, os fatos narrados aconteceram há muito tempo.

c)   Narrador em terceira pessoa, o tempo passado é próximo ao tempo presente.

d)   Narrador em terceira pessoa, os fatos narrados aconteceram há muito tempo.

05 – Qual o tema abordado nesse texto?

a)   A diferença de tratamento dado aos homens e aos cães.

b)   A importância de alimentos naturais na alimentação.

c)   A preocupação e a indignação com as ações desumanas na nossa sociedade.

d)   O valor da oração para adormecer um pouquinho mais feliz e tranquilo.

06 – Releia este trecho do texto: “É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!” Do que ela se envergonha?

a)   Em saber que seu cachorro come melhor do que alguns seres humanos.

b)   Em ver um ser humano, igual a ela, procurando o que comer na lata de lixo.

c)   Por conseguir adormecer mesmo sabendo que muitos não tem o que comer.

d)   Por recusar a comida oferecida pela mãe enquanto outros passam fome.

07 – No final do relato, a narradora deposita sua confiança no Ser Divino. Por que ela faz isso?

a)   Porque a coisa está horripilante, escabrosa, assustadora, desumana.

b)   Porque somente o Ser Divino poderia dar uma solução para uma situação tão degradante.

c)   Porque a situação de fome nas cidades é muito grande e causa morte.

d)   Porque os donos de restaurante colocam comida nas lixeiras para quem precisar.


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