quarta-feira, 17 de junho de 2020

CRÔNICA: A BOLA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: A bola

               Luís Fernando Veríssimo

        O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

        O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

        — Como e que liga? — perguntou.

        — Como, como é que liga? Não se liga.

        O garoto procurou dentro do papel de embrulho.

        — Não tem manual de instrução?

        O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros.

        Que os tempos são decididamente outros.

        — Não precisa manual de instrução.

        — O que é que ela faz?

        — Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.

        — O quê?

        — Controla, chuta…

        — Ah, então é uma bola.

        — Claro que é uma bola.

        — Uma bola, bola. Uma bola mesmo.

        — Você pensou que fosse o quê?

        — Nada, não.

        O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.

        O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina.

        O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.

        — Filho, olha.

        O garoto disse “Legal”, mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Entendendo a crônica:

01 – Que tema é abordado na crônica?

      É a mudança das brincadeiras de antigamente para as atuais.

02 – Quem são os personagens?

      São o pai e o filho.

03 – Qual é a reação do garoto quando ganha o presente?

      O garoto se mostra indiferente com o presente, falando apenas “legal” ao receber a bola do pai.

04 – Como você imagina que o pai se sentiu ao ver a reação do filho?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Neste texto o narrador participa ou só conta a história?

      Ele só cota a história (narrador-observador).

06 – Este texto contém diálogos. Quem é que fala neste texto?

a)   O pai, o filho e a bola.

b)   O pai e o filho.

c)   O pai, o filho, a bola e o narrador.

d)   O narrador e o filho.

07 – O que faz deste texto crônica?

a)   Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e fala como é legal ganhar uma bola de presente.

b)   Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e quer que o leitor acredite nele.

c)   Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e diz como os filhos devem tratar os pais.

d)   Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), mas faz uma reflexão sobre esta situação, expondo o seu ponto de vista e fazendo com que o leitor também reflita sobre o texto.

08 – O que o autor pretende com esse texto?

a)   Que o leitor acredite nele e concorde com tudo que ele disse.

b)   Que o leitor fique sabendo que o pai deu uma bola de presente ao filho.

c)   Que o leitor leia e reflita sobre como as crianças de hoje não brincam mais como antigamente.

d)   Que o leitor fique feliz porque o menino ganhou um presente de seu pai.

09 – Quando o menino desembrulhou a bola ele disse “legal”, mas será mesmo que ele gostou da bola?

a)   Sim, porque se ele não tivesse gostado ele ia falar.

b)   Não, ele só disse “legal” para não magoar o seu pai.

c)   Sim, se ele falou “legal” deve ter sido porque ele gostou muito do presente.

d)   Não, ele não gostou. Ele até pediu para o pai trocar o presente por um videogame.

10 – O termo “legal” indica um tipo de linguagem mais usada por:

a)   Idosos.

b)   Professores.

c)   Crianças.

d)   Cientistas.

 


9 comentários:

  1. obrigada, gostaria de encontrar uma crônica do Veríssimo quetratade uma reuniao de ratos que querem dominar o mundo...

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  2. vocês não responderam a pergunta:por que o pai acredita que,com um manual de instrução em inglê,o filho poderia se interessar pela bola?

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  3. Qual é a diferença entre brincar com a bola e divertir-se no videogame com um jogo em que há bola??
    Por favor me ajude não consigo responder

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  4. qual é a referencia bibliografica??

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