quarta-feira, 13 de maio de 2020

TEXTO: PUBERDADE - O INÍCIO DAS COMPLICAÇÕES - FLÁVIO GIKOVATE - COM GABARITO


Texto: PUBERDADE – O INÍCIO DAS COMPLICAÇÕES
         
   Flávio Gikovate

        Se na infância as crianças querem mais do que tudo se sentir iguais à outras da “turma”, a partir da puberdade queremos mais do que tudo ser diferentes de todas as outras pessoas. É
evidente que isso nos impulsiona na direção da busca da individualidade [...] É fato também que isso provoca um aumento da solidão, que pede um “grande amor”. O grande amor é fantasiado como uma coisa extraordinária, fato que também agrada à vaidade: é uma forma de ser especial e único a dois! [...]
        A vaidade traz esse esforço da individualidade, traz uma preocupação muito maior com a aparência física, com os sinais externos de posição social – grife nas roupas, por exemplo – e traz consigo uma nova dor: a humilhação. Não sei se ela é completamente nova, mas durante o período infantil, o sentir-se por baixo, o ser colocado num plano mais submisso, o fato de perder uma disputa, tudo isso dói muito menos do que a fase adulta. Ter sucesso faz bem para a vaidade, porém fracassar é uma humilhação terrível. Isso vale para qualquer assunto: para as paqueras, para o jogo de futebol, para o vestibular e assim por diante. A dor é muito forte. Onde existe dor forte costumamos levar as coisas a sério, porque queremos nos proteger contra essa dor, tentar evitá-la. Dessa forma, a partir da puberdade todas as coisas da vida passam a ser coisa séria. O que era “jogo-treino” passou a ser jogo “válido pelo campeonato”. A partir daí, tudo é para valer.
        É evidente também que ninguém se acha perfeito e completamente equipado para esse jogo. Ninguém acha que Deus foi suficientemente generoso e lhe deu tudo com que sonharia. Uns acham que são baixos demais, outros, que o nariz é muito grande; para outros, o problema é o cabelo crespo ou liso demais. Alguns se revoltam contra a posição social e econômica da família, se tornam adolescentes difíceis e não raramente buscam nas drogas e nas turmas de colegas o consolo para suas insatisfações e incompetências. Buscam, por aí, a saída errada, um caminho de maus resultados. A época é difícil mesmo. Os sentimentos de inferioridade são inevitáveis. Tudo dói muito. Tudo dá medo, mas é preciso coragem e força interior para seguir viagem.
        Ah! Este corpo...
        Seu corpo está mudando tão depressa que pode parecer que tudo – cabelo, formas e pele – está errado. Você pode se sentir desajeitado e acanhado, ou preocupado por não ser tão atraente. Todo mundo tem seus atrativos, seja um sorriso, sardas, olhos brilhantes ou covinhas no rosto. E nós todos sabemos que não é só a aparência que torna uma pessoa atraente: senso de humor e simpatia, por exemplo, são também muito importantes.
    (Elizabeth Genwick e Richard Walker. O sexo em sua vida. São Paulo: Ática, 1996. p. 30-1).
     Flávio Gikovate. Namoro – Relação de amor e sexo. São Paulo: Moderna, 1993. p. 19-20.
              Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 81-3.
Entendendo o texto:

01 – No primeiro parágrafo do texto, o autor afirma que, em relação ao grupo a que pertencem, o comportamento das crianças e o comportamento dos adolescentes é diferente. Qual é essa diferença?
      Na infância, as crianças desejam ser iguais ao grupo; já os adolescentes desejam se diferenciar do grupo.

02 – Segundo o texto, a busca da individualidade é uma consequência inevitável do processo de crescimento.
a)   O que você entende por “busca da individualidade”?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Definir a própria identidade.

b)   Você concorda com a visão do autor de que a “busca da individualidade” provoca solidão? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Definir uma identidade própria é uma experiência individual e intransferível que cada pessoa tem de viver; por mais que se dividam as angústias desse processo, é o próprio indivíduo quem tem de vivê-lo.

c)   Segundo o texto, a fantasia de um “grande amor” agrada à vaidade por ser “uma forma de ser especial e único a dois”. Explique essa afirmação.
O indivíduo, em sua fantasia, se imagina amado, admirado pelo outro. É uma forma indireta de gostar de si mesmo.

03 – No 2° parágrafo do texto, o autor faz uma distinção entre o “jogo-treino” e o jogo “válido pelo campeonato”.
a)   Qual desses jogos corresponde à fase infantil e qual corresponde à fase adolescente?
O “jogo-treino” equivale a infância; o jogo “válido pelo campeonato”, à fase adolescente e adulta.

b)   Por que a humilhação passa a ser um sentimento muito presente na vida das pessoas a partir da adolescência?
Porque, a partir dessa fase, as derrotas não são aceitas com maturidade, pois proporcionam muita dor ao derrotado.

04 – Releia o último parágrafo do texto e o quadro intitulado “Ah! Este corpo...”.
a)   Qual a semelhança de ideias entre eles?
Ambos tratam da insatisfação das pessoas – principalmente dos adolescentes – quanto ao seu próprio corpo.

b)   Com base no último parágrafo do texto, Justifique o título: “Puberdade, o início das complicações”?
As complicações se iniciam na puberdade porque é nessa fase que começa o processo de definição da identidade e o sofrimento por causa dos desejos não alcançados.

c)   Segundo esse parágrafo, qual a origem de alguns tipos de revolta dos jovens?
Insatisfação com o próprio corpo e com sua posição econômica e social.

d)   Que argumentos positivos o texto “Ah! Este corpo...” aponta para combater o inevitável sentimento de inferioridade?
Que a aparência não é tudo, já que a simpatia e o senso de humor são importantes; além disso, todo o mundo tem algum tipo de atrativo.

05 – Segundo o autor, a adolescência é uma fase difícil e dolorosa. Alguns jovens, revoltados, buscam saídas como as drogas e as turmas de colegas.
a)   Qual a posição do autor sobre esse tipo de saída? Comprove sua resposta com uma frase do texto.
O autor considera que essas saídas são inadequadas. “Buscam, por aí, a saída errada, um caminho de maus resultados”.

b)   O que é necessário para superar as dificuldades naturais do processo de crescimento e definição da identidade?
Coragem e força interior.



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