sexta-feira, 1 de maio de 2020

PARÁBOLA(ALEGORIA): O MITO DA CAVERNA - JOSTEIN GAARDER - FRAGMENTO (O MUNDO DE SOFIA) - COM GABARITO

Texto: O mito da caverna
    
     Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxeleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa que existe.
        Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
        Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.
                                              Jostein Gaarder. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1995. p. 104-5.
Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. Editora Ática. 8ª série. p. 112-4.
Entendendo o texto:

01 – O texto lido é informativo ou ficcional? Justifique sua resposta, baseando-se apenas no título.
      Ficcional, pois se trata de um mito, isto é, uma lenda: relato, geralmente de tradição oral, em que as personagens podem representar forças da natureza, aspectos gerais da vida ou uma ideia.

02 – Trata-se de um texto predominantemente narrativo, descritivo ou dissertativo? Por quê?
      Narrativo, uma vez que o autor conta uma história.

03 – Nesse texto há elementos descritivos que são fundamentais para o entendimento do mito. Transcreva um exemplo do primeiro parágrafo.
      De: “Elas estão...” até “...borda do muro”.

04 – Um mito ou uma lenda nunca é um simples relato de fatos. Tem o objetivo de transmitir uma ideia, explicar um fenômeno da natureza, a origem da vida ou caracterizar algum aspecto do comportamento humano. Discuta em dupla e depois responda: o que você acha que Platão quis transmitir com o relato desse mito?
      Resposta pessoal do aluno.
   Sugestão: Dificuldade de enxergar a realidade em que vivemos; não perceber e não saber ouvir opiniões diferentes da nossa; pessoas que tem visão mais ampla e crítica da sociedade são banidas ou mesmo assassinadas, etc.  

05 – O texto está dividido em três parágrafos. Resuma cada um deles em apenas uma frase, de acordo com o desenvolvimento da narrativa.
      Sugestão: 1) Um grupo de pessoas está numa caverna subterrânea e o que vê da realidade externa são apenas as sombras. 
                       2) Um habitante sai da caverna e conhece a realidade exterior.                    3) Ao voltar para a caverna, ele conta o que viu mas ninguém acredita e ele acaba sendo assassinado.

06 – As pessoas que só enxergam as sombras da realidade exterior têm uma visão bastante limitada da vida. O que elas consideram como verdade é apenas uma pequena parte de uma verdade maior. De que maneira esse fato está relacionado com a epígrafe que abre esta unidade?
      Segundo o provérbio iraniano, cada pessoa pensa que o caco do espelho é o espelho todo. No mito da caverna, as pessoas acham que as sombras que conseguem ver são a única realidade existente.

07 – Em que situações do nosso cotidiano podemos agir como os homens da caverna? Discuta em grupo e depois fale para a classe.
      Resposta pessoal do aluno. 
     Sugestão: quando ficamos limitados ao mundo que nos rodeia sem criticar ou analisar as informações e opiniões que chegam até nós. Dessa maneira, estamos vendo apenas uma parcela da realidade, só um caco do espelho.

08 – Na sua opinião, por que as pessoas da caverna não acreditaram nas palavras do companheiro?
      Resposta pessoal do aluno. 
     Sugestão: Porque é difícil questionar opiniões e ideias estabelecidas. Mais fácil é afastar quem pensa de modo diferente.

09 – Você já deve ter estudado em História Geral e História do Brasil períodos em que pessoas com uma visão mais ampla e crítica da realidade foram banidas ou mesmo assassinadas. Dê alguns exemplos.
      Resposta pessoal do aluno. 
   Sugestão: Tiradentes, Giordano Bruno, Galileu Galilei, Joana D’Arc, pessoas que foram exiladas ou mortas na época da ditadura militar no Brasil, na Argentina, no Chile, etc.

Um comentário:

  1. Excelente atividade. Me ajudou muito pois filosofia não é minha área de formação.

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