quarta-feira, 27 de maio de 2020

CRÔNICA: O DIAMANTE - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: O DIAMANTE  

                 Luís Fernando Veríssimo

       Um dia, Maria chegou em casa da escola muito triste.
        -- O que foi? – Perguntou a mãe de Maria.
        Mas Maria nem quis conversa. Foi direto para o seu quarto, pegou o seu Snoopy e se atirou na cama, onde ficou deitada, emburrada.
        A mãe de Maria foi ver se Maria estava com febre. Não estava.
        Perguntou se Maria estava sentindo alguma coisa. Não estava.
        Perguntou se estava com fome. Não estava. Perguntou o que era, então.
        -- Nada – disse Maria.
        A mãe resolveu não insistir. Deixou Maria deitada na cama, abraçada com o seu Snoopy, emburrada. Quando o pai de Maria chegou em casa do trabalho, a mãe de Maria avisou:
        -- Melhor nem falar com ela.
        Maria estava com cara de poucos amigos. Pior. Estava com cara de amigo nenhum.
        Na mesa do jantar, Maria de repente falou:
        -- Eu não valo nada.
        O pai de Maria disse:
        -- Em primeiro lugar, não se diz "Eu não valo nada". É "Eu não valho nada". Em segundo lugar, não é verdade. Você valhe muito.
        Quer dizer: vale muito.
        -- Não valho.
        -- Mas o que é isso? – Disse a mãe de Maria. – Você é a nossa filha querida. Todos gostam de você. A mamãe, o papai, a vovó, os tios, as tias. Para nós, você é uma preciosidade.
        Mas Maria não se convenceu. Disse que era igual a mil outras pessoas. A milhões de outras pessoas.
        -- Só na minha aula tem sete Marias!
        -- Querida... – Começou a dizer a mãe. Mas o pai interrompeu.
        -- Maria – disse o pai –, você sabe porque um diamante vale tanto dinheiro?
        -- Porque é bonito.
        -- Porque é raro. Um pedaço de vidro também é bonito. Mas o vidro se encontra em toda parte. Um diamante é difícil de encontrar. Quanto mais rara é uma coisa, mais ela vale. Você sabe porque o ouro vale tanto?
        -- Por quê?
        -- Porque tem pouquíssimo ouro no mundo. Se o ouro fosse como areia, a gente ia caminhar no ouro, ia rolar no ouro, depois ia chegar em casa e lavar o ouro do corpo para não ficar suja. Agora, imagina se em todo o mundo só existisse uma pepita de ouro.
        -- Ia ser a coisa mais valiosa do mundo.
        -- Pois é. E em todo o mundo só existe uma Maria.
        -- Só na minha aula são sete.
        -- Mas são outras Marias.
        -- São iguais a mim. Dois olhos, um nariz...
        -- Mas esta pintinha aqui nenhuma delas tem.
        -- É...
        -- Você já se deu conta de que em todo o mundo só existe uma você?
        -- Mas, papai...
        -- Só uma. Você é uma raridade. Podem existir outras parecidas. Mas você, você mesma, só existe uma. Se algum dia aparecer outra você na sua frente, você pode dizer: é falsa.
        -- Então eu sou a coisa mais valiosa do mundo.
        -- Olha, você deve estar valendo aí uns três trilhões...
        Naquela noite a mãe de Maria passou perto do quarto dela e ouviu Maria falando com o Snoopy:
        -- Sabe um diamante...
                                           Luís Fernando Veríssimo
Entendendo a crônica:

01 – Maria chegou em casa triste.
a)   O que ela fez que comprova essa afirmação?
Ela chegou da escola e não quis conversar com sua mãe indo direto para seu quarto.

b)   Qual o motivo da tristeza de Maria?
Disse que não valia nada, e que era igual a mil outras pessoas.

02 – Como os pais de Maria tentaram ajuda-la?
      Dizendo que ela era uma filha querida, que todos a amavam. A mamãe, o papai, a vovó, os tios, as tias.

03 – Por que os pais de Maria usaram a comparação da menina com o diamante?
      Para mostra-la que era única e especial; que era uma raridade.

04 – Por que Maria achava que não valia nada?
      Porque só na sala de aula dela tinha sete Marias.

05 – Escreva nos parêntese que personagem do texto disse a afirmação:
·        “... Para nós você, é uma preciosidade”. (A mãe).
·        “... Quanto mais rara é uma coisa, mais ela vale”. (O pai).
·        “Você já se deu conta que em todo mundo só existe uma você?” (O pai).
·        “Então eu sou a coisa mais valiosa do mundo”. (A Maria).

Gramática

01 – Que substantivos foram usados pelo pai, na conversa com Maria, para que a menina compreendesse o seu valor:
(   ) Bonito, precioso.
(   ) Raro, ouro.
(X) Diamante, único.
(   ) Ouro, diamante.
(   ) Valioso, único.

02 – Classifique os substantivos em:
(A) Substantivo simples.
(B) Substantivo composto.

(A) Diamante.
(A) Escola.
(B) Guarda-roupa.
(B) Arroz-doce.
(B) Couve-flor.
(A) Vidro.

03 – Reescreva as frases abaixo colocando as palavras grifadas no diminutivo:
a)   O cão brincou com a bola e a menina achou uma graça.
O cãozinho brincou com a bolinha e a menina achou uma gracinha.

b)   A mãe comprou o presente para a filha.
A mãezinha comprou o presente para a filhinha.

04 – Transforme as palavras abaixo em adjetivos utilizando os sufixos oso, osa:
a)   Delícia: deliciosa.
b)   Cheiro: cheirosa.
c)   Coragem: corajosa.
d)   Cuidado: cuidadoso.
e)   Atenção: atencioso.

05 – Escreva os adjetivos pátrios correspondentes a cada país:
a)   França: francês.
b)   Argentina: argentino.
c)   Chile: chileno.
d)   Brasil: brasileiro.
e)   Portugal: português.

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