sábado, 17 de fevereiro de 2018

CRÔNICA: A CONSULTA - DOMINGOS PELLEGRINI - COM GABARITO

           CRÔNICA: A CONSULTA 
                                 Domingos Pellegrini


  Doutor: Bom dia. (Examina rapidamente a ficha de Coitado, que uma      secretária trouxe) Coitado de Tal – confere, seu Coitado?
        Coitado: Sou eu mesmo, doutor.
        Doutor: Quarenta e dois anos, casado, rua 1º de Maio – confere?
        Coitado: Confere, doutor, sou eu mesmo.
        Doutor: Porque tem muito Coitado de Tal no fichário, pode confundir.
        Coitado: Mas por falar em coitado, doutor, eu vim aqui porque…
      Doutor: O senhor pode ficar à vontade. (Faz Coitado sentar ao lado de uma máquina registradora) Muito bem, vamos com isso – o que é que o senhor sente, seu Coitado?
      Coitado: Bom, doutor, eu sinto que estou morrendo.
     Doutor: (Vai anotando na ficha) Muito bem, então o senhor sente que está morrendo. Todo dia, seu Coitado?
        Coitado: Todo dia, doutor. Tem dia que eu acho até que já morri, de tanta dor e fraqueza.
        Doutor: (Anotando) Acha que já morreu, muito bem. O senhor precisa ver um médico da cabeça, seu Coitado, um psiquiatra. Vou dar o endereço de um para o senhor. (Aciona a manivela da caixa registradora, tira um cartão da gaveta) O senhor entregue a ele este cartão, diga que fui eu quem mandei.
        Coitado: Muito obrigado, doutor – mas o senhor acha que o caso é na cabeça?
        Doutor: Não se incomode, seu Coitado, que o senhor já morreu. Mas me diga: e a urina?
        Coitado: Pois é, doutor, a urina…
        Doutor: Era o que eu pensava – vou indicar pro senhor um especialista em urina, um urologista. (Retira mais um cartão da registradora, entrega a Coitado) E as tonturas, seu Coitado?
        Coitado: Que tontura, doutor?
        Doutor: O senhor não disse que sente umas tonturas?
        Coitado: Deve ter sido outro coitado, eu não, doutor.
        Doutor: O senhor não deve esconder nada do médico, eu estou aqui para ajudar o senhor.
        Coitado: Pois é, doutor, mas…
    Doutor: Se o senhor me sonega alguma informação eu não posso estruturar o quadro clínico simplesmente porque foi solapada a anamnese, e o levantamento sindromático é base do quadro clínico. Toda a moderna medicina está pautada no relacionamento médico-paciente, entre os quais a confiança é fundamental.
        Coitado: O senhor tem razão, doutor, eu… eu não sabia que estava tão ruim.
        Doutor: Então só me responda sim ou não, por favor.
        Coitado: Tá certo, doutor, mas é que com tanta pergunta eu fico até meio tonto…
        Doutor: Ah! Que tipo de tontura, seu Coitado?
        Coitado: O senhor quem sabe, ué, doutor.
        Doutor: Não, não sei, seu Coitado, isto requer um especialista – vou indicar para o senhor um ótimo neurologista. (Retira um cartão da registradora, entrega a Coitado) E o apetite vai bem?
        Coitado: O meu, doutor? Nem me fale…
      Doutor: Não vou falar nada mesmo, seu Coitado, quem vai falar é um especialista – vou indicar um ótimo apetitista para o senhor. (Outro cartão)
        Coitado: Muito obrigado, doutor, mas o que eu sinto mesmo…
   Doutor: Com um bom tratamento o senhor não vai sentir mais nada. (Rapidamente levanta a camisa de Coitado e lhe ausculta as costas com o estetoscópio) Respire fundo. (Entra a enfermeira)
        Enfermeira: Telefone da clínica, doutor.
     Doutor: (Transfere o estetoscópio para o peito de Coitado) O senhor segura isto aqui no peito, assim, e vai respirando fundo. (O doutor sai. Coitado fica segurando o estetoscópio no peito e respirando fundo. Depois de algum tempo, o doutor volta, retira o estetoscópio)
        Doutor: Muito bem, seu Coitado. (Anota na ficha) Abra a boca e os olhos bem abertos. (Examina boca e olhos ao mesmo tempo) Deita. (Faz Coitado deitar rapidamente, lhe enfia o termômetro na boca, enquanto lhe apalpa a barriga e lhe dá pancadinhas com os dedos e marteladas nos joelhos) Sente alguma coisa, seu Coitado? Dói aqui? O que é que o senhor sente quando aperto aqui? E me diga uma coisa: o senhor bebe muito?
        Coitado: Eu…
        Doutor: Então o senhor controla a bebida, seu Coitado, controla para seu próprio bem. Pode levantar.
        Enfermeira: (Entrando rapidamente de novo) Estão chamando da clínica, doutor.
        Doutor: Vou receitar uns medicamentos (vai escrevendo a receita), mas o senhor não deve deixar de seguir as outras orientações.
        Coitado: Mas, doutor, eu queria saber…
       Doutor: O senhor não se incomode que isso vai passar, na vida tudo passa. O senhor volte aqui me trazendo um relatório de cada um dos especialistas que indiquei, e mais resultados de raio-x e dos outros exames que eles pedirem, de sangue, de urina, de fezes, eletroencefalograma, etc.
        Coitado: Mas até lá eu posso estar morto, doutor…!
        Doutor: O senhor já morreu demais, seu Coitado.

                                                                            Domingos Pellegrini.

     Entendendo o texto:
     Após a leitura do texto teatral, responda a estas questões:
    01 – Que diferença há entre doutor e médico?
      Doutor – aquele que se formou numa universidade e recebeu a mais alta graduação após haver defendido uma tese (doutorado).
      Médico – aquele que estudou qualquer área da medicina e a exerce.

  02 – Nas frases abaixo foi usada a palavra “simpatia” com significados    diferentes. Dê o significado da palavra usada em cada frase.
a)   simpatia dessa mulher me faz esquecer que ela é muito feia.
Atitude amável no trato com as pessoas, tendência instintiva de aceitação entre as pessoas.

b)   Tomara que dê certo a simpatia que ela ensinou.
Ritual para prevenir ou curar enfermidades ou atrair objeto de desejo.

  03 – No texto teatral, há dois instrumentos médicos: estetoscópio e termômetro. Para serve cada um deles?
      Estetoscópio – serve para ampliar e ouvir sons internos do corpo humano como batidas do coração e a entrada e saída do ar nos pulmões.
      Termômetro – serve para medir a temperatura interno do corpo humano.

 04 – O paciente não entendeu a fala do médico e supôs que, pelo palavreado, estivesse muito mal. Como você daria essa mesma explicação de modo que o paciente entendesse?
      Resposta pessoal. A resposta mais óbvia é que se empregaria linguagem menos técnica e mais acessível à compreensão do paciente.

  05 – A medicina atual é altamente especializada e, por isso, muita gente se  atrapalha na escolha de médico. Complete as lacunas com a palavra correta  da especialidade médica a que se refere a frase:
   a) Eu tive uns problemas de urina e fui a um Urologista.
  b) Minha prima teve umas complicações próprias de mulher e procurou um   ginecologista.
  c) Meu sobrinho teve uns problemas nos pulmões e consultou um pneumologista.
  d) Eu estou com uns problemas de vista. Vou ao oftalmologista.
  e) Estou com meu coração batendo muito depressa e sempre me dá falta de  ar. Que você aconselha? Vá a um cardiologista.
 f) Estou com problemas de falta de dinheiro. O que eu faço? Ora, vá… (trabalhar!)

  06 – Podemos afirmar que o paciente procurou o médico tão logo percebeu sintomas de doença? Explique.
      Não. Porque o seu Coitado afirmou que sentia que estava morrendo e todo dia sentia dor e fraqueza, sinal que esses sintomas já aconteciam a algum tempo.

07 – Dando ao paciente o nome de Coitado de Tal, o autor pretendeu:
      a. (   ) demonstrar que as tentativas de cura fora da medicina maltratam as pessoas.
      b. (X) fazê-lo representar qualquer pessoa, sem lhe atribuir individualidade.
      c. (  ) evitar que o nome coincidisse com o de qualquer outra pessoa e a melindrasse.
      d. (   ) deixar claro que todos os doentes são iguais e merecem tratamentos iguais.

08– Que especialistas o médico indicou ao paciente?
      Um psiquiatra, um urologista, um neurologista, um apetitista.

09 – O Coitado de Tal disse: “eu não sabia que estava tão ruim”. O que o fez pensar assim?
      A linguagem muito técnica usada pelo médico, a qual o paciente não entendia. A explicação muito longa e confusa levou o paciente a achar que estava muito doente.

  10 – A enfermeira interrompeu a consulta duas vezes para anunciar chamado da clínica. O modo de agir do médico nas duas ocasiões insinua que ele:
a. (X) resolvia os casos de sua clínica por telefone, em horário de atendimento aos pacientes.
b. (   ) dava prioridade a quem o procurava pessoalmente.
c. (   ) considerava inoportunos os telefonemas da clínica.
d. (   ) se preocupava muito mais com sua clínica particular.

  11 – A caixa registradora é um elemento estranho a um consultório médico. Por que o autor a incluiu no cenário?
      Para indicar que a prioridade do médico era financeira e não a saúde dos pacientes.

  12 – Na sua opinião, a medicina é um comércio ou apenas há médicos que fazem da medicina um comércio? Explique.
      Resposta pessoal. Qualquer que seja a resposta, deverá apresentar argumentos plausíveis à afirmação, isto é, situações que comprovam a afirmação.





sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

MENSAGEM ESPÍRITA: JUVENTUDE - EURÍPEDES BARSANULFO - COM GABARITO

MENSAGEM ESPÍRITA: Juventude


   Todos sabemos que a juventude no corpo somático pode ser considerada um amanhecer; todavia, é mister receber a madrugada da esperança com harmonia interior, a fim de que a esperança, não se converta em taça de conteúdo ácido ou amargo.
        Juventude é também entusiasmo. No entanto, quando o entusiasmo não frui a condição da experiência, transforma-se em loucura e anarquia.
        Juventude é benção. Entretanto, conduzida pela indisciplina, deixa-se arrastar a lamentáveis perigos.
        Juventude é porta de serviço. A porta, porém, que jaz aberta, ao abandono, transmuda-se em valhacouto de salteadores e vagabundos.
        Juventude é igualmente o amanhã. Não obstante, se o hoje não se edifica sobre os alicerces das ações superiores, o porvir surge assinalado pelas sombras dos remorsos e arrependimentos tardios quanto inoperantes.
        Assim, convém joeirar desde hoje o solo do futuro com as ferramentas da ação nobilitante. Indispensável agir dentro da tônica do Evangelho Restaurado, a fim de que as emoções não desçam ao padrão das sensações primitivas, nem a inteligência venha a jazer subalterna, sob os implementos e impositivos das constrições do passado.
        O espírita é alguém que encontrou a rota. Após a achar, não se pode permitir a posição insensata ou frívola de quem não persegue coisa alguma, anulando-se nas ações intempestivas e desastrosas.
        O espírita é o ser que descobriu tesouros inapreciáveis, não se podendo permitir a veleidade de atirar fora as preciosas gemas auríferas das oportunidades não fruídas.
        Inadiável o dever de seguir e viver o Evangelho puro de Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua beleza e seriedade primitivas, conforme os impositivos estabelecidos pelo próprio Rabi Galileu, que até hoje trabalha em regime de tempo integral, a favor da nossa libertação triunfante.
        Jesus, hoje, é o mesmo de ontem, ensinando-nos o comportamento austero em fase das grandes concessões da corrupção hodierna e dos desajustes de toda ordem que campeiam vitoriosos.
        Não nos equivoquemos, nem realizemos a experiência espiritista como se nos encontrássemos sob a compulsória de leis irreversíveis, dominando nossa ignorância. Assumimos um compromisso voluntário antes do berço, responsabilizando-nos pelo desfraldar da bandeira da Boa-nova, numa Humanidade sedenta de paz, bem como concordamos em reacender a tocha do Evangelho Vivo, no momento em que dominam as sombras da perturbação, facultando ao homem entrar em colapso, não obstante as suas conquistas técnicas.
        Este momento é, portanto, de integração no espírito do Cristo.
        Não negaceemos ante o dever; não regateemos esforços.
     Integremo-nos na ação libertadora e marchemos intimoratos e intemeratos, na certeza de que Jesus marcha conosco, esperando que cumpramos com o nosso dever.
        Juventude! O meio-dia começa nos primeiros minutos após a meia-noite, assim como o futuro corre mediante as rodas do presente. É necessário calçar as sandálias da humildade e plasmar, no espírito que tem sede de amor, o código da equidade e da justiça, a fim de que o arrependimento tardio não assinale as horas futuras, após a impulsividade ou a intemperança.
        Avancemos, portanto, servindo, amando e instruindo-nos, porque se o serviço fala da qualidade das nossas convicções, se o amor nos desvela os sentimentos e a instrução nos conduz aos píncaros da sabedoria, só a caridade, como consequência, são as mãos do Cristo, transportando-nos à montanha da sublimação evangélica, onde nos integraremos no vero ideal da felicidade que perseguimos.

                                                              EURÍPEDES BARSANULFO.
                                          Ribeirão Preto, SP, 13 de março de 1971.

Entendendo o texto:
01 – A Juventude no corpo somático pode ser considerado um amanhecer; é mister receber a madrugada da esperança com harmonia interior. O que pode acontecer se não for assim?
      Caso a pessoa não tenha gratidão ao amanhecer, a esperança pode converter-se em taça de conteúdo ácido ou amargo.

02 – Quando é que a Juventude deixa de ser um entusiasmo?
      Quando o entusiasmo não frui e a condição da experiência, transforma-se em loucura e anarquia.

03 – De que maneira a Juventude deixa de ser bênção?
      Quando é conduzida pela indisciplina, deixa-se arrastar a lamentáveis perigos.
04 – A Juventude hoje é igualmente o amanhã? Justifique.
      Não. Se o hoje não foi bem edificado sobre os alicerces das ações superiores. O amanhã surgirão os remorsos e arrependimentos tardios.

05 – Por que é necessário agir dentro da Tônica do Evangelho Restaurado?
      Para que as emoções não desçam ao padrão das sensações primitivas e nem a inteligência venha a ser mandada pelos outros.

06 – Pesquise em um dicionário, o significado das palavras abaixo:
·        Mister: Ser necessário, ofício, profissão, ocupação.
·        Valhacouto: Abrigo, asilo, refúgio.
·        Frívola: Fútil, volúvel, sem valor.
·        Austero: Severo, rigoroso, mortificado, íntegro, sombrio.
·        Hodierna: Moderna, atual.
·        Intimoratos: Sem temor, destemido, intrépido.
·        Intemeratos: Sem mancha, puro, imaculado.
·        Vero: Verdadeiro, veraz.

07 – De acordo com o texto, “O espírita é alguém que encontrou a rota”. O que se deve fazer para continuar “Espírita”?
      Após achar, não se pode permitir a posição insensata de quem não persegue coisa alguma.

08 – Em: “O espírita é o ser que descobriu tesouros inapreciáveis”; Em qual parágrafo está escrito?
      Está no 8ª parágrafo.

09 – O que nos mostra Rabi Galileu, que até hoje trabalha em regime de tempo integral, a favor da nossa libertação triunfante?
      Que é inadiável o dever de seguir e viver o Evangelho puro de Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua beleza e seriedade primitivas.

10 – Para você, o Jesus Cristo de hoje, é o mesmo de ontem? explique.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª coluna:
1 – Joeirar.
2 – Tônica.
3 – Veleidade.
4 – Auríferas.
5 – Píncaros.
6 – Equidade.
7 – Plasmar.
(3) Desejo efêmero, imperfeito, fantasia, ilusão.
(6) Sentimento de justiça, imparcialidade.
(1) Separar, escolhendo, o que é bom do que é mau.
(4) Que contém ou produz ouro.
(2) Tom básico, assunto predominante.
(7) Modelar, dar forma a alguma coisa, criar.
(5) A parte mais elevada de uma montanha, cume, apogeu, auge.

12 – Juventude! O meio-dia começa nos primeiros minutos após a meia-noite, assim como o futuro corre mediante as rodas do presente. O que é necessário fazer, para termos sucessos?
      É necessário calçar as sandálias da humildade e plasmar, no Espírito que tem sede de amor, o código da equidade e da justiça, a fim de que o arrependimento tardio não assinale as horas futuras, após a impulsividade ou a intemperança.

13 – O que devemos fazer, para que possamos ter as mãos do Cristo, transportando-nos à montanha da Sublimação Evangélica, onde nos integraremos no vero ideal da felicidade que perseguimos?
      Avancemos, portanto, servindo, amando e instruindo-nos, porque se o serviço fala de qualidade das nossas convicções, se o amor nos desvela os sentimentos e a instrução nos conduz aos apogeu da sabedoria e da caridade.



CONTO: GOVERNAR - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

CONTO: GOVERNAR
                 Carlos Drummond de Andrade


       Os garotos da rua resolveram brincar de Governo, escolheram o Presidente e pediram-lhe que governasse para o bem de todos.
        – Pois não – aceitou Martim. – Daqui por diante vocês farão meus exercícios escolares e eu assino. Clóvis e mais dois de vocês formarão a minha segurança. Januário será meu Ministro da Fazenda e pagará meu lanche.
        – Com que dinheiro? – atalhou Januário.
        – Cada um de vocês contribuirá com um cruzeiro por dia para a caixinha do Governo.
        – E que é que nós lucramos com isso? – perguntaram em coro.
        – Lucram a certeza de que têm um bom Presidente. Eu separo as brigas, distribuo tarefas, trato de igual para igual com os professores. Vocês obedecem, democraticamente.
        – Assim não vale. O Presidente deve ser nosso servidor, ou pelo menos saber que todos somos iguais a ele. Queremos vantagens.
        – Eu sou o Presidente e não posso ser igual a vocês, que são presididos. Se exigirem coisas de mim, serão multados e perderão o direito de participar da minha comitiva nas festas. Pensam que ser Presidente é moleza? Já estou sentindo como este cargo é cheio de espinhos.
        Foi deposto, e dissolvida a República.

Carlos Drummond de Andrade. Contos Plausíveis. Rio de Janeiro, Record.

Entendendo o texto:
Após a leitura do texto, responda às questões:
01 Quais são as personagens da narração?
Martim, Clóvis, Januário e mais dois garotos citados no texto. O texto passa a ideia de que o grupo de garotos é maior, mas não informa quantos.

02 Quem é personagem principal, isto é, o protagonista da história?
Martim.

03 – O que eles resolveram fazer?
Resolveram brincar de Governo.

04 – Por que o Presidente foi deposto?
Porque os meninos viram que ele só queria ser servido e não servir ao grupo; que ele se achava superior ao grupo e ainda exigia coisas ilegais como alguém pagar por suas despesas particulares (lanches) e fazer os seus deveres (tarefas escolares).

05 – Assinale as características do presidente que o texto apresenta:
     a. (X) mandão
     b. (X) autoritário
     c. (   ) democrático
     d. (   ) justo
     e. (X) egoísta.

06 – Que outro título você daria ao texto?
Resposta individual. O título deve ter relação com o assunto do texto.

     07 – Escreva sim ou não, de acordo com o texto:
     a. (Não) As autoridades devem aproveitar-se de seus cargos para tirar benefícios próprios.
     b. (Sim) As autoridades devem agir para o bem de todos, sem se aproveitarem do cargo para benefícios próprios.

     08 – Justifique sua resposta à questão 7.
           A justificativa das duas alternativas (a = não   / b = sim) deve apresentar argumentos que as sustentem, inclusive ilustradas com situações concretas.

     09 – Se você fosse Prefeito da sua cidade, o que faria para beneficiar as pessoas que moram nela?
      Resposta pessoal do aluno.





FÁBULA: A MUTUCA E O LEÃO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

FÁBULA: A MUTUCA E O LEÃO
                    MONTEIRO LOBATO


Cochilava o leão à porta de sua caverna no momento em que a mutuca chegou.
– Que vens fazer aqui, miserável bichinho? Some-te, retira-te da presença do rei dos animais!
A mutuca riu-se.
– Rei? Não és rei para mim. Não conheço tua força, nem tenho medo de ti.
– Vai-te, excremento da terra!
– Vou, mas é tirar-te a prosa – disse a mutuca.
E atacou-o a ferroadas com tamanha insistência que o leão desesperou. Inutilmente espojava-se e sovava-se a si próprio com a cauda ou tabefes das patas possantes. A mutuca fugia sempre e, ora no focinho, ora na orelha, ora no lombo, fincava-lhe sem dó o adunco ferrão.
Farta, por fim, de torturar o orgulhoso rei, a mutuca basofiou:
– Conheceste a minha força? Viste como de nada vale para mim o teu prestígio de rei? Adeus. Fica-te aí a arder que eu vou contar a toda a bicharada a história do leão sovado pela mutuca.
E foi-se.
Logo adiante, porém, esbarrou numa teia, enredou-se e morreu no ferrão da aranha.

Moral da históriaSão mais de temer os pequenos inimigo do que os grandes.

Monteiro Lobato. Fábulas. Brasiliense, São Paulo.

Entendendo o texto:
01 – Relacione a palavra da primeira coluna ao significado apresentado no texto:
1. adunco                       a. (6) surrar, bater
2. basofiar                      b. (5) enroscar-se, emaranhar-se
3. espojar-se                  c. (4) fezes
4. excremento                d. (3) estender-se; rebolar-se no chão
5. enredar-se                  e. (2) gabar-se, vangloriar-se, orgulhar-se
6. sovar                           f. (1) curvo, em forma de gancho.

02 – Quais são os personagens do texto?
      A Mutuca e o Leão.

03 – Entre as qualidades a seguir, assinale quais as que caracterizam melhor o leão:
(X) forte             (X) orgulhoso              (X) convencido    
(   ) medroso            (   ) tímido

04 – Entre as qualidades a seguir, assinale as que caracterizam melhor a mutuca;
(X) corajosa            (X) esperta               (   ) covarde    
(X) desafiante         (X) torturadora.

05 – Das qualidades abaixo, quais são comuns às duas personagens?
(   ) humildade              (   ) respeito   
(X) orgulho                   (X) agressividade.

06 – Explique o que o autor quis dizer com: “São mais de temer os pequenos inimigos do que os grandes.”
      Que é preciso conhecer bem as pessoas ou estar atento às coisas, para que não se entre em situações perigosas. Além do que a atitude de gabar-se, vangloriar-se produz antipatia em torno de quem se conduz assim e na hora do perigo é possível que esse não tenha a ajuda de outros por considerarem que não merece. Há pessoas que menosprezam e desafiam os poderosos, mas não veem que seu inimigo está bem perto e apresenta-se como pequeno e aparentemente inofensivo.

07 – Conte uma situação que você conhece e que ilustra a moral da fábula que você acabou de ler.
      Existem muitas situações que podem ilustrar essa fábula. Damos algumas: o uso do cigarro, de drogas psicotrópicas, do álcool.




CRÔNICA: O VILARES - VIRIATO CORREA - COM GABARITO

CRÔNICA: O VILARES
                 Viriato Correa

   Havia, no colégio, três companheiros desagradáveis. Um deles era o Vilares. Menino forte, cara bexigosa, com um modo especial de carregar e de franzir as sobrancelhas autoritariamente. 
      Parecia ter nascido para senhor do mundo. No recreio queria dirigir as brincadeiras e mandar em todos nós. Se a sua vontade não predominava, acabava brigando e desmanchava o brinquedo. Simplesmente insuportável. Ninguém, a não ser ele, sabia nada; sem ele talvez não existisse o mundo. Vivia censurando os companheiros, metendo-se onde não era chamado, implicando com um e com outro, mandando sempre. (…)

        Não tinha um amigo. A meninada do curso primário movia-lhe a guerra surda. E, um dia, os mais taludos se revoltaram e deram-lhe uma sova. Foi um escândalo no colégio. O vigilante levou-os ao gabinete do diretor. O velho Lobato repreendeu-os fortemente. Mais tarde, porém, chamou o Vilares e o repreendeu também. Eu estava no gabinete e ouvi tudo.
        – É necessário mudar esse feitio, menino. Você, entre os seus colegas, é uma espécie de galo de terreiro. Quer sempre impor a sua vontade, quer mandar em toda a gente. Isso é antipático. Isso é feio. Isso é mau. Caminha-se mais facilmente numa estrada lisa do que numa estrada cheia de pedras e buracos. Você, com essa maneira autoritária, está cavando buracos e amontoando pedras na estrada de sua vida.
        E, continuando:
        – Você gosta de mandar. Mas é preciso lembrar-se de que ninguém gosta de ser mandado. Desde que o mundo é mundo, a humanidade luta para ser livre. O sentimento de liberdade nasce com o homem e do homem não sai nunca. É um sentimento tão natural, que os próprios irracionais o possuem. E louco será, meu filho, quem tiver a pretensão de modificar sentimentos dessa ordem. Ou você muda de feitio, ou você muito terá que sofrer na vida.

(VIRIATO CORREA. Cazuza. São Paulo, Editora Nacional)

Entendendo o texto:
Após a leitura do texto responda às questões:

01 – Assinale a alternativa que combina com o texto.
a. (   ) O texto é sério, porque relata um acontecimento desagradável.
b. (X) É formativo porque, através do diretor do colégio, mostra como se deve corrigir um comportamento reprovável.
c. (   ) É um texto cômico, engraçado.

02 – Quais são as personagens do texto?
      Um menino de nome Vilares e dois companheiros seus; o velho Lobato, que era o diretor da escola; o vigilante; os alunos do curso primário; o narrador da história.

03 – Assinale a alternativa correta:
a. (   ) O narrador não é personagem do texto.
b. (X) O narrador é personagem do texto, porque ele se inclui entre as pessoas que participam da história.
c. (   ) Não existe narrador nesta história.

04 – Quem é o protagonista, isto é, o personagem principal da história?
      O menino Vilares.

05 – O autor descreve o Vilares informando algumas características dele. Transcreva a parte do texto em que o narrador descreve os aspectos físicos do Vilares.
      “Menino forte, cara bexigosa, com um modo especial de carregar e de franzir as sobrancelhas autoritariamente.”

06 – Identifique, de acordo com o texto, entre as características psicológicas dadas abaixo, as que se encaixam no personagem Vilares.
Humilde –
briguentometido – tolerante – sabichãoinsuportável – cordial – bondoso – autoritárioimplicante – simpático – antipáticodesagradávelegoísta – quieto.

07 – No texto, o diretor usou três frases para caracterizar o autoritarismo do Vilares. Assinale-as:
a. (X) “… é uma espécie de galo de terreiro.”
b. (   ) “Caminha-se mais facilmente numa estrada lisa”.
c. (X) “Quer sempre impor a sua vontade.”
d. (X) “… quer mandar em toda a gente.”
e. (   ) “… ninguém gosta de ser mandado.”

08 – Que outro título você daria ao texto?
      Resposta individual, porém deverá ter conexão com o assunto do texto.

09 – Assinale as alternativas que resumem as mensagens do texto:
a. (X) A convivência com uma pessoa autoritária é desagradável.
b. (   ) A meninada da escola costuma mover guerra surda.
c. (   ) Os diretores são autoritários em suas repreensões.
d. (X) As pessoas têm um forte sentimento de liberdade e geralmente não aceitam as imposições das pessoas autoritárias e mandonas.

10 – Faça uma pequena redação que tenha o mesmo assunto do texto que você acabou de ler.
      O tema da história em questão é autoritarismo. A redação deve explorar esse assunto que pode ser feita através de um relato vivido ou conhecido pelo aluno, ou ainda expressar a sua opinião a respeito. O aluno deverá mostrar sua redação para alguém que possa ajudá-lo a melhorar suas ideias e corrigir erros gramaticais cometidos.