quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

POEMA: ÂNGELUS - A FILINTO D'ALMEIDA - COM GABARITO

 Poema: Ângelus

             A Filinto D'Almeida

Desmaia a tarde. Além, pouco e pouco, no poente,
O sol, rei fatigado, em seu leito adormece:
Uma ave canta, ao longe; o ar pesado estremece
Do Ângelus ao soluço agoniado e plangente.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjS399u7KFwYpawE1V_wP7mM5JB2vvjh_unpGligmPmYxe-B1yyF5303NMHPSOan2xtkwLDGht2lH5weGAVZ2Ny6KVuWIQTrzpSzQw8s97ArpIWA6ZZlkxBEE1TcvvYdUyXQoiMG4HSzZb-WfAWOHcL17Z5BJGKXnzQ8ampNPdoQyvO17ClYS0rrcgVm6s/s320/ANGELUS.jpg



Salmos cheios de dor, impregnados de prece,
Sobem da terra ao céu numa ascensão ardente.
E enquanto o vento chora e o crepúsculo desce,
A ave-maria vai cantando, tristemente.

Nest'hora, muita vez, em que fala a saudade
Pela boca da noite e pelo som que passa,
Lausperene de amor cuja mágoa me invade,

Quisera ser o som, ser a noite, ébria e douda
De trevas, o silêncio, esta nuvem que esvoaça,
Ou fundir-me na luz e desfazer-me toda.

SILVA, Francisca Júlia da. Disponível em: http://www.cidadedigital.ma.gov.br/biblioteca_digital/julia_da_silva/julia_da_silva-poesias.pdf. Acesso em: 24 fev. 2010.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 211.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Ângelus: pôr do sol, hora da ave-maria.

·        Lausperene: palavra do campo religioso que, no texto, tem o significado de devoção, adoração, exaltação.

02 – Qual a atmosfera predominante no poema "Ângelus"?

      A atmosfera do poema é marcada por uma profunda melancolia e espiritualidade. A imagem do pôr do sol, a ave cantando e o som do Ângelus evocam uma sensação de tranquilidade e introspecção, ao mesmo tempo em que transmitem uma profunda saudade e desejo de transcendência.

03 – Qual o papel do som do Ângelus no poema?

      O som do Ângelus desempenha um papel central no poema, funcionando como um catalisador para a evocação de sentimentos profundos e reflexões existenciais. O toque do sino, associado à oração e à espiritualidade, desperta no poeta sensações de saudade, melancolia e desejo de fusão com o universo.

04 – Qual a relação entre a natureza e os sentimentos do poeta?

      A natureza, representada pelo pôr do sol, pela ave cantando e pelo vento, serve como um espelho para os sentimentos do poeta. Os elementos naturais refletem e intensificam a melancolia e a saudade que o invadem, criando uma atmosfera de profunda introspecção.

05 – Qual o desejo expresso pelo poeta no final do poema?

      No final do poema, o poeta expressa o desejo de se fundir com a natureza, de se tornar parte do universo. Ele deseja se tornar o som do Ângelus, a noite, a nuvem, ou simplesmente se desfazer na luz, buscando uma união com algo maior do que ele mesmo.

06 – Qual o significado da "saudade" mencionada no poema?

      A "saudade" presente no poema é um sentimento complexo que envolve tanto a nostalgia pelo passado quanto o desejo de transcender o mundo material. É uma saudade de algo que se perdeu ou que nunca se teve, mas que habita o coração do poeta e o impulsiona a buscar uma conexão mais profunda com o universo.

 

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

ANÁLISE DE IMAGEM - FORÇA DE VONTADE - COM GABARITO

 ANÁLISE DE IMAGEM - FORÇA DE VONTADE


Entendendo o texto

01 - Qual a tese central defendida no texto-discurso?

      a- é preciso se acomodar perante as tarefas árduas;

      b- é preciso ter força de vontade para atingir nossas metas;

      c- poucas pessoas conseguem realizar seus sonhos;

      d- ter força de vontade é difícil, pois existem muitos obstáculos;

02 -  Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

    a-( V  ) percebe-se o discurso de que algumas pessoas se recusam a fazer determinadas tarefas;

     b-(  F   ) percebe-se o discurso de que todas as pessoas acreditam que conseguem realizar seus objetivos;

     c-(  V ) percebe-se o discurso de que querer fazer é o primeiro passo para realizar determinado trabalho;

     d-(  V ) percebe-se o discurso de que é importante pesquisar como se faz determinada tarefa;

     e-( V  ) percebe-se o discurso de que é importante tentar realizar seus sonhos;

     f-(  F ) percebe-se o discurso de que ter autoconfiança no seu potencial não ajuda na realização dos objetivos;

     g-( V  ) percebe-se o discurso de que quem tem convicção de que vai realizar seus objetivos está mais próximo do sucesso;

03 -  Observando a imagem, qual enunciado representa o personagem que está com mais disposição?        

      a- Eu quero fazer;

      b- Eu vou tentar fazer;

      c- Eu consigo fazer;

      d- Eu vou fazer.

04 - Em qual enunciado a ação verbal grifada refere-se ao tempo passado?

      a- Eu não vou fazer;

      b- Eu quero fazer;

      c- Eu vou tentar fazer;

      d- Sim, eu fiz!

05- Qual argumento sinaliza dúvida?

      a- Eu não consigo fazer;

      b- Eu quero fazer;

      c- Como eu faço?;

      d- Eu vou fazer.

06- Qual argumenta sinaliza convicção?

      a- Eu quero fazer;

      b- Eu vou tentar fazer;

      c- Eu vou fazer;

      d- Sim, eu fiz!

07- Qual argumento revela ausência de autoconfiança?

      a- Eu não vou fazer;

      b- Eu não consigo fazer;

      c- Eu quero fazer;

      d- Eu consigo fazer.

08- Qual argumento revela presença de autoconfiança?

      a- Eu não vou fazer;

      b- Eu não consigo fazer;

      c- Eu quero fazer;

      d- Eu consigo fazer.

09- Qual argumento revela vitória?

     a- Sim, eu fiz!;

     b- Eu quero fazer;

     c- Eu consigo fazer;

     d- Eu vou tentar fazer.

10- O texto-discurso faz oposição político-cultural:

     a- aos que tem Força de Vontade;

     b- aos que não tem Força de Vontade;

     c- aos que correm atrás de seus objetivos;

      d- aos que atingem suas metas.

11: Produza um texto-discurso, refletindo sobre o papel da força de vontade na execução dos projetos de vida.

A Força da Vontade: O Motor dos Sonhos

A jornada da vida é repleta de desafios e oportunidades. Para alcançar nossos objetivos e realizar nossos sonhos, é fundamental contar com um aliado poderoso: a força de vontade. É ela que nos impulsiona a sair da zona de conforto, a superar obstáculos e a persistir mesmo diante das adversidades.

A escada representada no texto-discurso simboliza essa jornada, desde a dúvida inicial até a conquista final. Cada degrau representa uma etapa, um desafio a ser superado. No início, a insegurança e o medo podem nos paralisar. Mas, ao cultivarmos a crença em nossas capacidades e ao estabelecermos metas claras, damos o primeiro passo em direção ao sucesso.

A força de vontade não é inata, mas pode ser desenvolvida e fortalecida através da prática. Ao nos desafiarmos constantemente, saindo da nossa zona de conforto, treinamos nossa mente a ser mais resiliente e determinada. A cada pequena vitória, nossa autoconfiança aumenta, nos impulsionando a buscar novos desafios.

É importante lembrar que a jornada nem sempre é linear. Haverá momentos de dúvida, de desânimo e de frustração. No entanto, é nesses momentos que a força de vontade se mostra essencial. Ao mantermos o foco em nossos objetivos e ao acreditarmos em nosso potencial, somos capazes de superar qualquer obstáculo.

Em suma, a força de vontade é o combustível que nos impulsiona a alcançar nossos sonhos. Ao cultivá-la, abrimos portas para um futuro mais próspero e gratificante.

 


ANÁLISE DE FRASES - GRAFITE - COM QUESTÕES GABARITADAS

 ANÁLISE DE FRASES - GRAFITE

https://www.google.com.br/search?hl=en&biw=1366&bih=613&tbm=isch&sa=1&q=frase+de+grafite&oq=frase+de+grafite&gs_l=psy-ab.3..0i30k1.86802.91321.0.92000.16.12.0.0.0.0.152.1304.4j8.12.0....0...1.1.64.psy-ab..7.9.987...0j0i8i30k1.0.ljVMcRVi6Xk#imgrc=ZTwx5Fa4InghGM


Entendendo o texto

01- Qual o tema central apresentado no texto-discurso acima, produzido em forma de grafite?

     a- a existência da arte;

     b- a repressão feita à arte;

     c- a função libertadora da arte;

     d- a importância da filosofia estar ao lado da arte;

02-  Sabendo-se que estamos diante do gênero textual-discurso grafite, marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

     a-( V   ) Percebe-se o discurso de que, para os autores do grafite, a arte é uma forma de continuarem vivos;

     b-(  F ) Percebe-se o discurso de que a arte precisa ser controlada;

     c-( F   ) Percebe-se o discurso de que a arte precisa possuir regras para ser considerada de qualidade;

     d-( V ) Percebe-se o discurso de que a arte é o lugar de manifestação da liberdade;

     e-( V  ) Percebe-se o discurso de que a realidade do sistema é destruidora;

f-( V ) Percebe-se na pintura grafitada um desejo de não padronização das formas de expressão do artista;

g-( F  ) Ao citar o discurso do conhecido filósofo alemão Nietzsche e do famoso artista russo Kandinsky,  os autores do grafite buscam dar maior credibilidade para sua forma de expressão artística.

03 -  Grafite é um gênero explicado discursivamente como sendo:

      a- arte acadêmica;

      b- arte contemporânea de rua;

      c- arte marginal;

      d- pintura moderna.

04 - No enunciado “A arte existe para que a realidade não nos destrua”, a conjunção grifada aponta:

     a- uma conclusão sobre o que foi dito antes;

     b- uma adversidade para o que foi dito antes;

     c- uma finalidade para o que foi dito antes;

     d- uma explicação para o que foi dito antes.

05: No enunciado “Nada é obrigatório na arte porque a arte é livre”, a conjunção grifada aponta:

      a- uma conclusão sobre o que foi dito antes;

      b- uma adversidade para o que foi dito antes;

      c- uma finalidade para o que foi dito antes;

      d- uma explicação para o que foi dito antes.

 06- Individualmente ou em grupo, pegue uma cartolina e nela construa-crie-produza a miniatura de um GRAFITE, com o objetivo de decorar nossa sala de aula com tais manifestações artísticas.

       Resposta Pessoal.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

ENSAIO: REFLETINDO SOBRE O ESTAR SÓ - GILBER MARTINS DUARTE - COM GABARITO

 ENSAIO:  REFLETINDO SOBRE O ESTAR SÓ!

                  Gílber Martins Duarte

 De um modo geral, algumas pessoas acreditam que estar só é uma coisa negativa, porém, isso é um grande engano. Na verdade, no fundo, todo mundo é só. Observe, ninguém pode andar por você, sorrir por você, amar por você, dançar por você, sentir por você, pensar por você, chorar por você, estar alegre por você, estar triste por você. Todas essas sensações da vida são experimentadas unicamente pelo seu ser, então, ao invés de ficar com medo da solidão, faça o contrário, aprecie a alegria de ser só, curta o prazer de ser unicamente você mesmo. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjExryQS4uegREVMoU-cHKxbJWyQP9nTHZk1gGGL9RCBshlvc5Tw-91ootd82frsYS-Ub5CdbA4vjWOiwgGWMxV7B_K9XWsd5dRGPaMSgnxSZkz1AWIq7BQ6iQUKMz21HYEn8Oiv8XzcbzPFh7U2K5rvmRcQYdbHWEjv2xj3IuzNXJl9ES269A77bq44Lk/s320/Era-da-Solidao-Einstein.jpg


Pense nisso, essa atitude perante a vida pode fazer uma grande diferença! Aliás, na solidão, você imagina que alguma coisa está faltando em sua vida, mas ensino-lhe outra atitude perante o estar só. Quando você se perceber só, não pense que algo está faltando em sua vida, pois, na verdade, nada está faltando, afinal, você está presente. Seja uma boa companhia para você mesmo e verá que estar só é algo divino!

Texto de autoria de Gílber Martins Duarte – In: Material didático On Line: “Por uma abordagem linguístico-discursiva da Língua Portuguesa” – www.socialistalivre.wordpress.com

Entendendo o texto

01-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

    a-( V   ) Percebe-se o discurso de que estar só é visto, de um modo geral, como algo negativo;

    b-(  V  ) Percebe-se o discurso de que no fundo todo mundo é só;

    c-( F   ) Percebe-se o discurso de que se deve ter medo da solidão;

    d-( V  ) Percebe-se o discurso de que se deve aprender apreciar a alegria de estar só;

    e-(  V ) Percebe-se o discurso de que a solidão é a sensação de que algo está faltando na vida;

     f-(  F ) Percebe-se o discurso de que não se deve ser uma boa companhia para si mesmo, o melhor a se fazer é ficar lamentando a solidão

02-Qual a tese central defendida no texto-discurso?

    a- deve-se evitar ficar só;

    b- deve-se lamentar a solidão;

    c- deve-se entender o fato de que, no fundo, todo mundo é só e, diante disso, aprender ser uma boa companhia para si mesmo;

    d- deve-se entender que cada ser é único e curtir essa alegria.

03-Qual o tema central do texto-discurso?

    a- o medo da solidão;

    b- como lidar com o fato de estar só;

    c- a sensação de que na solidão alguma coisa falta;

    d- a negatividade de estar só.

04-No argumento “...algumas pessoas acreditam que estar só é uma coisa negativa, porém, isso é um grande engano.”, a conjunção grifada é adversativa, porque:

    a- introduz um dizer negativo, depois de ter dito algo também negativo;

    b- introduz um dizer positivo, depois de ter dito algo também positivo;

    c- introduz um dizer negativo, depois de ter dito algo positivo;

    d- introduz um dizer positivo, depois de ter dito algo negativo.

05-No enunciado De um modo geral, algumas pessoas acreditam que estar só é uma coisa negativa, porém, isso é um grande engano.”, a que se refere o pronome grifado?

    a- algumas pessoas;

    b- acreditar que estar só é negativo;

    c- porém;

    d- um grande engando.

06-A tese  “Na verdade, no fundo, todo mundo é só.” sugere:

    a- a tristeza de ser só;

    b- a inevitável negatividade de ser só;

    c- a impossibilidade de fugir do fato de ser só, cabendo ao ser humano lidar bem com esse fato;

    d- a impossibilidade de fugir do fato de ser só, cabendo ao ser humano sofrer com esse fato.

07-Qual argumentação foi usada para exemplificar a tese segundo a qual “todo mundo é só”?

    a- “...algumas pessoas acreditam que estar só é uma coisa negativa...”

    b- “...ninguém pode andar por você, sorrir por você, amar por você, dançar por você, sentir por você, pensar por você, chorar por você, estar alegre por você, estar triste por você...”

    c- “...aprecie a alegria de ser só, curta o prazer de ser unicamente você mesmo...”

08-No enunciado “ao invés de ficar com medo da solidão, faça o contrário, aprecie a alegria de ser só, curta o prazer de ser unicamente você mesmo.”, os argumentos grifados são usados para exemplificar justamente o contrário sugerido anteriormente pelo autor. São argumentos contrários a quê?

    a- à alegria de ser só;

    b- ao prazer de ser unicamente você mesmo;

    c- a ficar com medo da solidão.

09-No enunciado Quando você se perceber só, não pense que algo está faltando em sua vida, pois, na verdade, nada está faltando, afinal, você está presente.”, qual argumento foi usado pelo autor para justificar que nada está faltando na vida?

O autor argumenta que a simples presença de si mesmo já é suficiente, ou seja, a companhia mais importante é a própria. Ao estar presente, a pessoa já tem tudo o que precisa para ser feliz e completa.

10-Produza um texto-discurso, refletindo, ao seu modo, sobre como lidar com o estar só!

A solidão, muitas vezes vista como um fardo, pode se transformar em um refúgio para o autoconhecimento e o crescimento pessoal. Ao invés de temer a solidão, podemos abraçá-la como uma oportunidade para explorar nossos pensamentos, sentimentos e desejos mais profundos.

Em um mundo cada vez mais conectado, a solidão pode parecer contraintuitiva. No entanto, é justamente nessa desconexão que encontramos a chance de nos reconectar conosco mesmos. Ao passar tempo sozinhos, podemos desenvolver nossas habilidades, cultivar nossos hobbies, e fortalecer nossa autoestima.

A solidão não é um sinônimo de tristeza ou vazio. Ela pode ser um período de grande criatividade e produtividade. É nesse isolamento que muitas ideias inovadoras surgem e grandes obras são criadas. Ao invés de buscar constantemente a companhia dos outros, podemos aprender a desfrutar da nossa própria companhia.

É importante lembrar que a solidão não é uma condição permanente, mas sim uma fase da vida. Podemos escolher como lidar com ela: com medo e angústia ou com aceitação e positividade. Ao cultivar uma atitude positiva em relação à solidão, podemos transformá-la em uma experiência enriquecedora e transformadora.

 

CRÔNICA: AMEU AMIGO, O PIRACICABA - LOURENÇO DIAFÉRIA - COM GABARITO

 Crônica: A meu amigo, o Piracicaba.

           Lourenço Diaféria

 

        Xará, a gente não deve nunca cuspir num rio, por menor que seja esse rio, porque ninguém pode dizer dessa água não beberei. Um rio tem curvas e voltas. O rio é como a vida: mistérios, sombras, grotas, reflexos de prata, remansos e correntezas. O rio, por menor que seja, é uma lição de descobertas. Na escola as professoras mandam decorar que um rio é um curso de água que corre para o mar. Mas um rio é muito mais que isso. Um rio está acima das noções de Geografia; é mais que um traço trêmulo no mapa, é mais mistério que um artefato hidráulico. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLZBr6dcKK3SoW3c3eC2pp4ftTwU3GobxhWiQlx8RyIW9fMvoMHrKswly77qprp3ipGM1m-2WrGyQrbcF6WCMxB8TCfukk_ZryZlhdcJlkbkQ8VZxcCBRfuV0QGzf8W75pj8Rmfhu_YrUIEX9wn4MC7w9LnYDYpTNS3E5m7wxTS-CxIAkKoT5aD-zeKAs/s320/RIO.jpg


Um rio são os pedregulhos, a barranca, os chorões, os galhos debruçados sobre o espelho, anteriores às pontes de concreto. Um rio são os olhos insones dos peixes irrequietos, o lodo frio, a loca dos cascudos, o remoinho, a corredeira, o réquiem dos defuntos afogados, a urina dos moleques, o olor da pele das mulheres, o agachar das lavadeiras, o itinerário dos barcos e o silêncio dos pescadores.

         O rio é o patrimônio das pessoas simples, das cabritas e dos pássaros.

         O rio é o grande monumento da cidade.

         Xará, dize-me que rio tens, te direi quem és.

         Teu rio é o horóscopo do teu futuro: claro, pardo ou escuro.

         Teu rio mostra o que pensas das pessoas, o que fazes com as pessoas e às pessoas; se és um homem livre, bom, sensato, feliz ou se é apenas um homem que não tem sequer a alegria de um rio.

         O cheiro do rio é teu atestado de antecedentes.

         Xará, um rio pode ser o riso líquido das crianças ou as lágrimas secas dos velhos.

         O rio é a fração ideal de teus sonhos; o brinquedo que restou à humanidade salva do incêndio, que a espada de fogo ateou no paraíso perdido entre o Tigre e o Eufrates. Xará, o rio é tua carteira de identidade, teu certificado de sanidade, teu comprovante de civilidade, teu erregê; registro de gente. Um rio é feito para ser amado, para correr e saltitar, para beijar as margens com volúpia. Um rio é feito para ser prestigiado, namorado, para ser mostrado aos turistas e aos de casa, com orgulho, assim:

         _ Olhe, veja como cuidamos deste tesouro, deste símbolo, destas raízes, desta cortina de névoa que à noite se levanta, deste véu de noiva que escorre da colina, desta fonte de luz e graça, desta benção.

         Veja como somos amigos do rio, como abrimos uma avenida na cidade para recebê-lo com alegria. E veja como o rio percorre, tranquilo e terno, as doces horas das núpcias com a cidade.

         Há grandes rios.

         Há rios tão grandes que as pessoas devaneiam o outro lado do horizonte líquido.

         Nesses rios grandes as crianças nascem botos e as mulheres engravidam em canoas de remos.

         Esses rios disputam com o oceano; são restos do dilúvio.

         Navegando nesses rios, o rei da terra não passa de traíra.

         Mas os rios modestos, mesmo os riozinhos, também são importantes, e também nesses não se deve cuspir, xará.

         Um ribeiro, um regato, um riacho, um ribeirão, um córrego, todos eles fazem o mar, onde ninguém distingue o grande do pequeno.

         E essa igualdade é, talvez, a maior lição que os rios dão.

          Não foi à toa, xará, e sim por sabedoria das coisas, que a Independência foi proclamada às margens de um rio (tão pequeno e raso que quase morre, por cuspirem nele).

(Lourenço Diaféria)

Entendendo o texto

 

01.Substitua as palavras negritadas, no texto-discurso, por outras com o mesmo sentido.

Substituições:

  • Cuspir: espirrar, jogar saliva, poluir
  • Remansos: águas paradas, poças
  • Chorões: árvores que se inclinam sobre a água
  • Loca: esconderijo, abrigo
  • Cascudos: tipo de peixe
  • Réquiem: canto fúnebre
  • Itinerário: caminho, rota

02- Assinale (V) para aquilo que julgar pertinente ao texto e (F) para o que não julgar pertinente:

a-( F ) Pode-se notar o discurso de referência à vida futura das pessoas a partir da atenção dada, atualmente, aos rios;

b-( F  ) Pode-se notar o discurso de que as águas não têm nada a ver com a vida;

c-( V  ) Pode-se notar o discurso de que muitos conteúdos vistos, em sala de aula, são meras definições técnicas sem qualquer relação com a vida;

d-( V ) Pode-se notar o discurso de que algumas pessoas não demonstram prudência com os córregos, ribeirões e rios;

e-(  V ) Pode-se notar o discurso de que a natureza fomenta a igualdade entre os seres;

f-(  V  ) Pode-se notar o discurso de que o tratamento dispensado às águas evidencia o grau de civilidade de seus habitantes;

g-(  V   ) Pode-se notar o discurso de preservação das águas;

h-( F ) Pode-se notar o discurso de que a água é um recurso inesgotável;

i-(  V  ) Pode-se notar o discurso de que as águas e a pessoa humana estão interligadas;

j-( V ) Pode-se notar o discurso de que as pessoas não dão importância às águas dos rios, córregos e ribeirões que banham as cidades;

03-No enunciado Xará, a gente não deve nunca cuspir num rio”, o vocativo sublinhado aponta:

    a- uma proximidade com o leitor/leitora, convidando-o/a para desenvolver hábitos de cuidado com as águas;

    b- uma gíria descontraída para interpelar o leitor/leitora, frente aos cuidados com as águas;

    c- um estilo próprio de chamar o leitor/leitora do texto-discurso a conhecer o rio de sua cidade;

    d- um modo de dizer que ele (o autor) tinha o mesmo nome que o leitor.

04-O enunciado ”Ninguém pode dizer dessa água não beberei...” sugere que:

    a- ninguém pode afirmar que não dependerá das águas bem ou mal cuidadas de um rio;

    b- as pessoas, em geral, não bebem tanta água e não a valorizam;

    c- o zelo ou os maus tratos às águas jamais incidirão sobre a vida das pessoas;

    d- a atenção com as águas refletirá, parcialmente, no dia a dia das pessoas.

05-O argumento “...O cheiro do rio é teu atestado de antecedentes...” defende, possivelmente, que:

    a- a condição das águas não se relaciona ao tempo atual ou passado das pessoas;

    b- a situação das águas revela a atenção que as pessoas dispensaram-lhes, no passado;

    c- o estado das águas não exprime as atitudes positivas das pessoas para com elas;

    d- a condição das águas não comprovam a conduta negativa das pessoas para com elas.

06-O argumento ” Teu rio é o horóscopo do teu futuroaponta:

     a- uma clara explicação de como será promissor o futuro das pessoas a partir do que estas fazem, hoje, aos rios;

     b- uma personificação/prosopopeia em que atribui-se uma atitude humana a um ser inanimado;

     c- uma metonímia para ilustrar que o rio é somente uma parte das águas do país;

     d- uma metáfora que mostra a vida futura das pessoas baseada no tratamento dado ao rio, no tempo presente.

07- Assinale a opção que substitui apropriadamente o termo destacado, no enunciado A gente não deve nunca cuspir num rio...”, pelo pronome nós:

    a- Nós não deveremos nunca cuspir num rio;

    b- Nós não deveríamos nunca cuspir num rio;

    c- Nós não devemos nunca cuspir num rio;

    d- Nós não devêramos nunca cuspir num rio.  

08- No enunciado A gente não deve nunca cuspir num rio...”, o termo sublinhado é uma variante da norma:

     a- padrão;

     b- coloquial;

     c- científica;

     d- técnica.

09- No enunciado ”Um ribeiro, um regato, um riacho, um ribeirão, um córrego, todos eles fazem o mar, onde ninguém distingue o grande do pequeno”, qual ou quais palavras ditas anteriormente que o pronome todos resume?

 

10- No título: “A meu amigo, o Piracicaba, o termo destacado indica:

     a- um jeito engraçado que o narrador utilizou para chamar seu amigo;

     b- uma explicação sobre a qual amigo o narrador faz referência;

     c- uma maneira que o narrador usou para desqualificar o amigo;

     d- um modo de qualificar, positivamente, o amigo.

11- No argumento ”Um rio é feito para ser prestigiado, namorado, para ser mostrado aos turistas e aos de casa, com orgulho, assim...”, a locução adverbial pode ser substituída, sem alteração do sentido, por:

     a- engraçadamente;

     b- tranquilamente;

     c- francamente; 

     d-  orgulhosamente.

12- Produza um texto-discurso, discutindo sobre a importância de preservação de nossos rios e nascentes.

Texto Dissertativo: A Importância da Preservação de Nossos Rios e Nascentes

O texto de Lourenço Diaféria nos convida a uma profunda reflexão sobre a importância dos rios em nossas vidas e a necessidade de preservá-los. O autor, com maestria, tece uma rica metáfora, comparando os rios à vida humana, revelando a intrínseca relação entre ambos.

Os rios são muito mais do que simples cursos d'água. Eles são a própria essência da vida, fornecendo água para consumo humano e animal, irrigando plantações, gerando energia e moldando paisagens. Além disso, os rios possuem um valor cultural e histórico incalculável, sendo palco de inúmeras histórias e tradições.

Infelizmente, a ação humana tem causado danos irreparáveis aos nossos rios. A poluição industrial, o desmatamento, o assoreamento e a ocupação irregular das margens são alguns dos principais problemas que enfrentamos. Essas ações não apenas degradam a qualidade da água, mas também afetam a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

A preservação dos rios é fundamental para garantir a qualidade de vida das presentes e futuras gerações. É preciso que todos nós, enquanto cidadãos, nos conscientizemos da importância da água e adotemos práticas mais sustentáveis. Algumas medidas podem ser tomadas, como:

  • Redução do consumo de água: Pequenas atitudes no dia a dia, como fechar a torneira enquanto escova os dentes e optar por banhos mais curtos, podem fazer grande diferença.
  • Tratamento adequado do esgoto: O tratamento adequado do esgoto é fundamental para evitar a contaminação dos rios e garantir a qualidade da água.
  • Preservação das matas ciliares: As matas ciliares desempenham um papel fundamental na proteção dos rios, evitando a erosão do solo e a contaminação da água.
  • Conscientização da população: É preciso investir em educação ambiental para que as pessoas compreendam a importância da água e a necessidade de preservá-la.

Ao cuidar dos nossos rios, estamos cuidando de nós mesmos e do planeta. A água é um bem precioso e finito, e devemos tratá-la com o respeito que ela merece. Que possamos seguir o exemplo do autor e construir um futuro mais sustentável para todos.