segunda-feira, 25 de novembro de 2024

SONETO: NÃO VI EM MINHA VIDA A FORMOSURA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Soneto: Não vi em minha vida a formosura

Não vi em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh87jTaCmutoLYt0UicF8B8FdaxWK41LELP6asygUxESvI1J-IfkkTtl954yzXpXo-TNbwElKs0I-qMLDzo-gImBmzI1MsfNC7Fp8ffVBbx1u7xiEthO0VaoxQjnpVTwp4BIKxs1Kk19oOJOpjx60VRHUqpLyCYX_hwlROr7GmHBbm_3rUKxtz_x9WNkiM/s320/MULHER.jpg



Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia,
De um Sol, que se trajava em criatura.

Me matem (disse então vendo abrasar-me)
Se esta a cousa não é, que encarecer-me.
Saiba o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus (disse então por defender-me)
Se a beleza hei de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me.

Gregório de Matos. Poemas escolhidos (seleção, introdução e notas José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1981, p. 201.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 170.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo eu lírico ao longo do poema?

      O eu lírico demonstra uma intensa ambivalência em relação à beleza feminina. Inicialmente, a curiosidade e o desejo o impulsionam a querer ver a mulher descrita. No entanto, ao finalmente vê-la, ele é tomado por um sentimento de desilusão e sofrimento, expresso em versos como "Me matem (disse então vendo abrasar-me)". A emoção predominante é a de um conflito entre desejo e sofrimento, entre a expectativa e a realidade.

02 – Que figura de linguagem é predominante no soneto e qual seu efeito?

      A figura de linguagem predominante é a antítese, que consiste em contrapor ideias opostas. Exemplos como "Anjo se mentia" e "Sol, que se trajava em criatura" evidenciam essa característica. O efeito da antítese é intensificar o contraste entre a imagem idealizada da mulher e a realidade, realçando a desilusão do eu lírico.

03 – Qual a relação entre a beleza física e a alma da mulher, de acordo com o poema?

      O poema sugere uma dicotomia entre a beleza física e a alma da mulher. A beleza exterior é comparada a uma "arquitetura", algo belo e perfeito à vista, mas que esconde uma interioridade que não corresponde àquela imagem idealizada. A mulher é descrita como um "Anjo" que "se mentia", indicando uma falsidade ou superficialidade por trás da beleza.

04 – Qual o significado dos versos finais "Se a beleza hei de ver para matar-me, / Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me"?

      Os versos finais expressam o desejo do eu lírico de não ter visto a mulher, pois a beleza dela o levou à sofrimento. Ele prefere a cegueira à dor de amar e perder. Essa atitude revela a fragilidade do eu lírico diante da intensidade do sentimento amoroso e a impossibilidade de conciliar o desejo com a realidade.

05 – Qual a visão de mundo sobre a beleza feminina que o poema transmite?

      O poema transmite uma visão complexa e ambivalente sobre a beleza feminina. Por um lado, a beleza é exaltada como algo capaz de incitar o desejo e a admiração. Por outro lado, ela é apresentada como uma ilusão, uma máscara que esconde a verdadeira natureza humana. A beleza se torna, assim, uma fonte de sofrimento e desilusão para o eu lírico.

 

 

 

CONTO: O PLANTADOR DE ÁRVORES - LEONARDO FRÓES - COM GABARITO

 Conto: O plantador de árvores

           Leonardo Fróes

        Ninguém sabia o nome verdadeiro de Camelo Guo. Tinham lhe posto esse apelido, já conhecido em toda a vizinhança, por ele ser muito corcunda e seu defeito assumir avantajado relevo quando andava. Sem se importar, o homem adotou a alcunha e como tal passou a apresentar-se, nunca lhe ocorrendo dizer o antigo nome.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCz8LHO7tzaf2T83jZHwT7zBvKj64ZJeKfgm3nw0rMLEyQ-4NVM4L8m0PUB7-Pv7FkRnsK3g5fUN60Tl2zcxdOBDrjuAejp03qfPzonWQ-gfcVJSDiFPyVap4h6brdhu_ypHSF9yPQW-cd5wm47fR8-qxk4pK9_vEd7oLd7tIOZ4JUOR2e7Dq7jdPrPgI/s1600/CAMELO.jpg


        Morava ele no distrito de Fengle, a oeste de Chang-na, e vivia de plantar árvores. Todos os ricos moradores, que adoravam jardins, e todos os que cultivavam pomares, dependendo das boas safras para fazer boas vendas, tentavam contatar seus serviços, pois árvores plantadas por ele floresciam com exuberância e davam frutas precoces, sempre em quantidade notável. Outros jardineiros, observando-o, tentavam imitar seus métodos, mas nenhum obtinha o mesmo sucesso. Um dia alguém lhe perguntou seu segredo.

        “Não tenho receitas mágicas”, respondeu Camelo Guo. “Simplesmente respeito a natureza das árvores, para obter de cada uma o melhor. As raízes necessitam de espaço, por onde crescer com o tempo, e não podem ficar embaraçadas; a terra deve ser velha, curtida e bem socada ao redor. Nunca mexa na muda, depois de plantá-la, nem a cerque de atenções. Vá cuidar de sua vida e não fique ali vigiando-a. Na hora de plantar, trate-a como um filho; depois, deixe-a em paz, porque assim ela se desenvolverá como é, para chegar à plenitude a seu modo. Eu apenas me refreio de interferir com o crescimento da árvore. Não a faço florir, muito menos amadurecer com presteza, apenas me abstenho de estragar seus frutos. Nem todos os jardineiros são assim. Muitos usam terra nova, a mais ou a menos, e deixam que as raízes se embolem. Quando não cometem tais erros, mexem na árvore e se preocupam demais com ela, contemplando-a de dia e tateando-a de noite, indo toda hora até lá para lhe dar uma olhada. Alguns chegam até a arranhar sua casca, para saber se ainda está viva, ou a puxá-la pelas raízes, para verificar se já se firmaram. A planta, incomodada sem descanso, murcha cada vez mais. Quem assim procede, embora diga amar as árvores, na verdade as mata. E está lhes causando dano, quando julga se redobrar em cuidados. É nisso que se distinguem de mim. Mas o que mais posso dizer?”

        “Seu método poderia aplicar-se à arte de governar?”, perguntou outro.

        “Só entendo do plantio de árvores”, respondeu Camelo Guo. “Governar não é comigo. Porém, vivendo aqui no campo, vejo que as autoridades, como se tomassem a peito o bem-estar do povo, estão sempre ditando novas ordens, das quais, porém, só resultam novas desgraças. Dia a dia seus emissários vêm e gritam: ‘De ordem superior, lavrem a terra! Plantem, colham! Sejam rápidos, não se atrasem na produção de seda! Teçam! Cuidem bem de seus filhos! Muita atenção com a alimentação dos porcos e galinhas!’ Para convocar as pessoas, os homens do governo batem seus ruidosos tambores, e nós, largando nossas tarefas para ouvir tais discursos, passamos horas sem comer. Contudo, se não tivermos um tempo para nós, como poderemos nos desenvolver e viver em paz? Em vez disso, o cansaço nos toma, e é assim que chegamos à exaustão. Nesse sentido, sim, concordo, a arte de governar tem algo a ver com o plantio de árvores”.

        Os outros acharam graça.

Leonardo Fróes, baseado em texto do autor chinês Liu Zongyuan. In: Contos orientais. Rio de Janeiro: Rocco, 2003, p. 163-164.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 230-231.

Entendendo o conto:

01 – Qual o segredo do sucesso de Camelo Guo como plantador de árvores?

      O segredo de Camelo Guo reside em sua paciência e respeito pela natureza das árvores. Ele entende que cada árvore tem seu próprio ritmo de crescimento e que interferências excessivas podem prejudicá-las. Ao contrário dos outros jardineiros, ele não força o desenvolvimento das plantas, mas sim cria as condições ideais para que elas floresçam naturalmente.

02 – Qual a crítica implícita à figura do governante na história?

      A figura do governante é comparada à de um jardineiro que interfere excessivamente no crescimento das árvores. A história critica a prática de governos que impõem regras e regulamentações excessivas à população, impedindo que as pessoas se desenvolvam de forma natural e autônoma.

03 – Qual a relação entre a natureza e a condição humana na história?

      A história estabelece uma analogia entre o crescimento das árvores e o desenvolvimento humano. Assim como as árvores precisam de espaço e tempo para crescer de forma saudável, os seres humanos também precisam de liberdade e autonomia para se desenvolverem plenamente.

04 – Qual a importância do apelido "Camelo Guo" para a caracterização da personagem?

      O apelido "Camelo Guo" serve para destacar a diferença de Camelo Guo em relação aos outros. Ele se torna uma marca registrada, identificando-o como um homem simples e humilde, que não se importa com aparências e que possui um conhecimento profundo sobre a natureza.

05 – Qual a mensagem principal do conto?

      A mensagem principal do conto é a importância de respeitar a natureza e os processos naturais. A história nos ensina que a interferência excessiva pode trazer mais danos do que benefícios e que a melhor forma de alcançar um resultado positivo é permitir que as coisas se desenvolvam em seu próprio ritmo.

06 – Como a história se relaciona com a filosofia oriental?

      A história apresenta elementos da filosofia oriental, como a valorização da natureza, a busca pela simplicidade e a importância da não interferência. A ideia de que a natureza deve seguir seu próprio curso e que o homem deve se adaptar a ela é um princípio fundamental em muitas filosofias orientais.

07 – Qual o papel do humor na história?

      O humor está presente na história através da ironia e da sátira. Ao comparar os governantes com jardineiros que estragam as plantas, o autor cria uma situação cômica que serve para enfatizar a crítica social. O humor também contribui para tornar a história mais leve e agradável de ler.

 

 

SONETO: OFENDI-VOS, MEU DEUS, BEM É VERDADE - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Soneto: Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade

 

Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,

É verdade, meu Deus, que hei delinquido,

Delinquido vos tenho e ofendido,

Ofendido vos tem minha maldade,

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizz9ZFVj0ZTtYuB6jH2dO-28CfB972ex8bOvFqzmOIwvqjBX5XIglX8saX_rGvXX_xuqexmbNSR8Q0hTTmtk9xwhGY1-aTP3-WSK4xGBJnwN9PXSpXO4VWtjcRJ2snOyq5wEkMgr7Mai1EXJA8lMon3ooGyCTZutAgs6bc1LkmYoUZGIYxmoY9TxpYfKY/s320/DEUS.jpg



Maldade, que encaminha a vaidade,

Vaidade, que todo me há vencido,

Vencido quero ver-me e arrependido,

Arrependido a tanta enormidade,


Arrependido estou de coração,

De coração vos busco, dai-me os braços,

Abraços, que me rendem vossa luz


Luz, que claro me mostra a salvação,

A salvação, pretendo em tais abraços,

Misericórdia, amor, Jesus, Jesus."

Gregório de Matos. Poemas escolhidos (seleção, introdução e notas José Miguel Wisnik). São Paulo: Cotrix, 1981, p. 299.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 177.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal temática abordada no soneto?

      A temática principal do soneto é a confissão de pecados e a busca pela salvação divina. O eu lírico reconhece seus erros e busca o perdão de Deus, expressando arrependimento e desejo de redenção.

02 – Que sentimentos são expressos pelo eu lírico ao longo do poema?

      O eu lírico demonstra sentimentos de culpa, arrependimento, humildade e esperança. A culpa é evidente na confissão dos pecados, o arrependimento se manifesta no desejo de mudança, a humildade é percebida na súplica por perdão e a esperança reside na crença na misericórdia divina.

03 – Qual a importância da repetição na construção do poema?

      A repetição de palavras e expressões como "verdade", "ofendido" e "arrependido" reforça a intensidade dos sentimentos do eu lírico e a gravidade dos pecados cometidos. Além disso, a repetição contribui para a criação de um ritmo cadenciado e musical, intensificando o efeito emotivo do poema.

04 – Qual a relação entre o eu lírico e Deus no poema?

      A relação entre o eu lírico e Deus é marcada pela dependência e pela busca por perdão. O eu lírico reconhece sua pequenez diante da grandeza divina e suplica por misericórdia. Essa relação expressa a fé profunda do poeta na capacidade de Deus de perdoar e salvar.

05 – Qual o papel da luz e dos braços na construção da imagem poética?

      A luz simboliza a salvação e a iluminação espiritual. Ao buscar os braços de Deus, o eu lírico almeja a luz divina que o guiará para o caminho da redenção. Os braços de Deus representam o acolhimento, o conforto e a proteção divina, oferecendo ao pecador a possibilidade de renascimento espiritual.

 

 

CONTO: O DIABO - (FRAGMENTO) - LIEV TOLSTÓI - COM GABARITO

 Conto: O diabo – Fragmento

            Liev Tolstói

        “Meu Deus, meu Deus! O que é que eu faço? Será que vou acabar mesmo sucumbindo?”, dizia a si mesmo “Não posso tomar alguma medida? Ora, eu preciso fazer alguma coisa. Não, preciso agir com determinação. Não pensar nela!”, ordenava-se a si mesmo. “Não pensar!”, e de repente começava a pensar, enxergava-a diante de si, via-a à sombra dos bordos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjsX4HCCIMnyWJKGu2ysrdHDONLM76EJYi4wDESu4o4haH8ufH5LhLl1saPqVN8Q-VEKYyR4LcNGH581KdzFoBoC1OFAnbi7HjZsLKVuV8MIYrvvB27En3Rh-YHo77OKOIptBj8NKOCkUDjuNgWmJv1gGe35RDMV7KtYIE9OBArihuJstaNIw-DE_qJIs/s320/DEUS.png


        Lembrou-se de uma história que lera sobre um velho monge que, para fugir à tentação de uma mulher sobre a qual devia pousar a mão para curá-la, colocou a outra mão num braseiro e queimou os dedos. Refletiu. “É, estou mais bem preparado para queimar os dedos do que para sucumbir”. E, certificando-se de que não havia ninguém por perto, acendeu um fósforo e pôs um dedo na chama. “Vamos, pense nela agora”, disse com ironia. Sentiu dor, afastou bruscamente o dedo chamuscado e jogou fora o fósforo, rindo de si mesmo. “Que absurdo! Não é assim que se resolve o problema. Tenho é que tomar providências para não vê-la mais, ir embora daqui ou afastá-la. Sim, afastá-la! [...]”.

        [...] Ai, Deus, com que fascínios sua imaginação a [Stiepanida] desenhava! E isso se repetiu não uma, mais cinco, seis vezes. E quanto mais a desenhava maior era o fascínio. Ela nunca lhe parecera tão sedutora.

        Sentia que ia perdendo a vontade própria, que estava a ponto de enlouquecer. A severidade consigo mesmo não enfraquecera um minuto; ao contrário, percebia toda a vileza de seus desejos, de suas ações, porque esperá-la no bosque era uma ação. Sabia que bastaria deparar-se com ela em qualquer lugar, no escuro, e quem sabe tocá-la, para se render ao sentimento. Sabia que só a vergonha perante os outros, perante ela e perante si mesmo o continha. E sabia também que buscava circunstâncias que escondessem essa vergonha – o escuro e aquele toque, no qual essa vergonha seria abafada pela paixão animal. E por saber que era um criminoso vil,  desprezava-se e odiava-se com todas as forças da alma. Detestava-se porque ainda não se entregara. Rezava a Deus todos os dias pedindo que lhe desse forças, que o salvasse da perdição, todos os dias decidia não dar nem mais um passo, não a olhar mais, esquecê-la. Todos os dias imaginava meios de livrar-se dessa alucinação, e os punha em prática.

        Mas tudo em vão.

        [...] Tudo em sua casa era tão bom, alegre e puro, mas sua alma era suja, vil e horrível. Ievguiêni passou a noite angustiado por saber que, apesar do nojo sincero que sentia por sua fraqueza, apesar de firme intenção de romper com Stiepanida, no dia seguinte aconteceria a mesma coisa.

        “Não, impossível”, disse consigo, andando de um lado para outro no quarto. “Tem que haver alguma coisa que eu possa fazer contra isso. Meu Deus! O que fazer?” [...].

Liev Tolstói. “O diabo”. In: O diabo e outras histórias. São Paulo: Cosac Naify, 2001, p. 138-151.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 164-165.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sucumbindo: não resistindo, cedendo.

·        Vileza: indignidade, baixeza, infâmia.

·        Bordos: árvores de cuja seiva se extrai um xarope adocicado.

·        Vil: desprezível, indigno, sem valor.

02 – Qual a principal luta interna que o protagonista vivencia? Como ele tenta superar essa batalha entre razão e desejo? A autoflagelação como forma de punição é eficaz?

      Conflitos psicológicos: O protagonista trava uma batalha constante entre seus desejos carnais e suas convicções morais. A tentação é representada pela figura de Stiepanida, que simboliza o pecado e a transgressão.

      Mecanismos de defesa: A autoflagelação é um mecanismo de defesa primitivo e ineficaz. Ela demonstra a angústia do personagem e sua incapacidade de lidar com seus impulsos de forma racional.

      A busca pela redenção: O protagonista busca constantemente a redenção, mas seus esforços são sabotados por seus próprios desejos.

03 – Qual o papel de Stiepanida na narrativa? Ela é uma tentação, um símbolo do pecado ou algo mais complexo? Como a visão do protagonista sobre ela evolui ao longo do fragmento?

      Símbolo da tentação: Stiepanida é mais do que apenas uma mulher; ela representa o pecado e a força irresistível da paixão.

      Objeto de desejo: A beleza e a sedução de Stiepanida exercem um fascínio incontrolável sobre o protagonista, intensificando sua luta interna.

      Evolução da visão: A visão do protagonista sobre Stiepanida é ambivalente. Ele a deseja ardentemente, mas também a culpa por sua própria fraqueza.

04 – O protagonista se reconhece como um "criminoso vil". Quais os dilemas morais que ele enfrenta? A sociedade da época influenciava esses dilemas?

      Dilema ético: O protagonista se sente culpado por seus desejos e pela possibilidade de trair sua esposa. Ele questiona sua própria moralidade e se vê como um pecador.

      Influência social: A sociedade da época exercia uma forte pressão moral sobre os indivíduos, reforçando a ideia do pecado e da culpa.

      Vergonha e autodesprezo: O protagonista experimenta profundos sentimentos de vergonha e autodesprezo por seus desejos, o que o leva a se isolar e a se torturar psicologicamente.

05 – A fé desempenha um papel importante na vida do protagonista. Como a religião se relaciona com sua luta interna? Ela o fortalece ou o fragiliza?

      Fé e culpa: A religião oferece ao protagonista um sistema de valores e uma busca pela redenção. No entanto, sua fé é abalada por seus próprios desejos, gerando um sentimento de culpa e angústia.

      Oração e penitência: A oração e a penitência são recursos utilizados pelo protagonista para tentar controlar seus impulsos e se aproximar de Deus.

      Falha da fé: A fé, apesar de ser importante para o protagonista, não é suficiente para superar seus conflitos internos.

06 – A linguagem utilizada por Tolstói para descrever os sentimentos do protagonista é intensa e vívida. Que recursos linguísticos são utilizados para transmitir a angústia e a confusão do personagem?

      Intensidade emocional: Tolstói utiliza uma linguagem rica em adjetivos e comparações para transmitir a intensidade dos sentimentos do protagonista.

      Fluxos de consciência: O narrador acompanha os pensamentos caóticos do protagonista, revelando a complexidade de sua mente.

      Repetição: A repetição de determinadas palavras e expressões enfatiza a obsessão do protagonista por Stiepanida e sua luta interna.

07 – A natureza humana: O fragmento levanta questões sobre a natureza humana. Qual a visão de Tolstói sobre os desejos, a fraqueza e a capacidade de mudança do ser humano?

      Intensidade emocional: Tolstói utiliza uma linguagem rica em adjetivos e comparações para transmitir a intensidade dos sentimentos do protagonista.

      Fluxos de consciência: O narrador acompanha os pensamentos caóticos do protagonista, revelando a complexidade de sua mente.

      Repetição: A repetição de determinadas palavras e expressões enfatiza a obsessão do protagonista por Stiepanida e sua luta interna.

08 – Apesar de ser um conto do século XIX, o tema da luta interna entre razão e desejo é universal. Quais as semelhanças e diferenças entre as experiências do protagonista e os dilemas que enfrentamos na sociedade contemporânea?

      Relevância contemporânea: Os conflitos internos do protagonista são universais e atemporais, pois todos nós enfrentamos dilemas semelhantes entre razão e emoção, desejo e dever.

      Complexidade da condição humana: A obra nos convida a refletir sobre a complexidade da condição humana e a importância de compreender nossos próprios desejos e motivações.

 

FÁBULA: A RAPOSA E O LEÃO - COM GABARITO

 Fábula: A raposa e o leão

        Uma raposa estava andando pela floresta. Ela nunca tinha visto um leão em toda sua vida e, de repente, deu de cara com aquele animal enorme. Ela sentiu um medão terrível e, desesperada, escondeu-se numa caverna. Dias depois, voltou a ver o leão, mas desta vez controlou-se: deu uma boa espiada antes de fugir. Na terceira vez, a raposa não pensou duas vezes: decidiu aproximar-se do leão, deu-lhe um abraço e perguntou sem a menor cerimônia:

        -- Olá, bicho, tudo bem com você?

        Moral: A familiaridade acaba em abuso.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKm18mmuh0ZFn01syr95R4QfHWa9Fi6Kw2ZuutvJveupcwAovfX0FefYiWqha1l0Xj7vVsz2nJ7UwQblGWZ1vuDwCaLohGpgdKbM-bFNd7ZZ0PKHmi7mLIcSl0wGMCcfyZCqAUvaGO_9O1F7xvujG00y3qFjSbf1xX3BpGj87y21XZ0YgSIsOVQNbJLsw/s320/fabula-asno-raposa-e-leao.jpg


Texto escrito para este livro.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 230.

Entendendo a fábula:

01 – Qual a principal emoção da raposa ao encontrar o leão pela primeira vez?

      A principal emoção da raposa ao encontrar o leão pela primeira vez é o medo. Ela se sente aterrorizada diante da imponência e da ferocidade do rei da selva.

02 – Como a atitude da raposa muda ao longo da história?

      A atitude da raposa muda significativamente ao longo da história. Inicialmente, ela sente medo e se esconde. Com o tempo, ela passa a observar o leão com mais calma e, por fim, decide se aproximar dele de forma confiante, como se fossem velhos amigos.

03 – Qual a moral da história e como ela se relaciona com a atitude da raposa?

      A moral da história é "A familiaridade acaba em abuso". A raposa, ao perder o respeito pelo leão e tratá-lo com demasiada familiaridade, demonstra uma falta de cautela e um desrespeito pela hierarquia natural. Essa atitude pode levar a consequências negativas, como o abuso de confiança ou a exposição a situações de perigo.

04 – Que características da raposa são destacadas na fábula?

      A fábula destaca a astúcia e a adaptabilidade da raposa. Ela é capaz de passar rapidamente do medo à ousadia, demonstrando uma grande capacidade de se adaptar a diferentes situações. No entanto, a fábula também revela o lado negativo dessas características, como a falta de respeito e a tendência a abusar da confiança dos outros.

05 – Qual o papel do leão na história?

      O leão representa o poder e a autoridade na floresta. Ele é uma figura imponente e inspiradora de respeito. No entanto, a fábula não explora a personalidade do leão em profundidade, focando mais na reação da raposa diante de sua presença.

 

CRÔNICA: A ÁRVORE DE OURO - (FRAGMENTO) - JOSÉ CARLOS OLIVEIRA - COM GABARITO

 Crônica: A árvore de ouro – Fragmento

              José Carlos Oliveira

        Ele morou vinte dias no apartamento do amigo que tinha ido à Europa. Talvez fosse um quarto e sala, mas só tinha mesmo um quarto relativamente comprido. O banheiro, sem água quente. A cozinha, sem fogão. E dando para os fundos. Durante catorze dias manteve a janela fechada, porque pela fresta da veneziana, numa mirada rápida, vira toda a paisagem que poderia descortinar: duas estruturas de concreto separadas por uma nesga de terreno baldio. Dois prédios estavam sendo levantados ali. Os operários começavam bem cedo a martelar. Então resolveu não olhar nunca mais pela janela.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8DSZjt5pcJ_NrBgSR6YM0mShLpu96-pjzux-RuyYphMOiNXPy0Yh2XAf2mWUfkyxcLPhDN3p9oKjYYh7qZaPsauYxGmRTNfm00yZtEgGLXPF86d4kJJYBbG4t689m5sER5zT6UEB9TFSMTREvNM4qOun1yt9mwsgq8WuLUVo2ikprMuWJF_xSmdoO_3Y/s1600/APTO.jpg


      O quarto era frio como uma queda de pressão. [...] E começou a morar. Chegava de madrugada, deitava-se, acordava no dia seguinte e ia embora. Não tinha ânimo para ficar no apartamento mais tempo do que um sono. A escura e gélida morada assemelhava-se, mal comparando, à gélida e escura melancolia que contraíra ao perder seu amor. Saía, fechava a porta, entrava no elevador, atravessava o saguão sem olhar os dois porteiros que passavam o dia jogando damas, e ia embora. Mas não ia a lugar nenhum. Não tinha aonde ir. Não queria conversar com ninguém. No prédio era o homem invisível. Na rua, o desconhecido. No coração, a angústia gelada e irremediável. [...]

        No décimo quinto dia, tendo dormido muito tarde, e precisando acordar cedo para cumprir uma obrigação, abriu os olhos aflito. Quantas horas seriam? Não tinha relógio. No quarto escuro teve medo de ter ficado adormecido a manhã inteira e a tarde também. Pulou da cama tiritante e concluiu que a única solução era abrir a janela sobre a paisagem detestável, para calcular as horas pela tonalidade da luz. E assim fez. A claridade não tinha cor; meio branca, meio cinza, meio inodora e bastante insípida. Podia ser manhã ou tarde. Arre! Então começou o milagre. [...]

José Carlos Oliveira. In: Boa companhia: crônicas (organização, introdução e notas Humberto Werneck). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 233.

Entendendo a crônica:

01 – Qual o estado emocional do personagem principal?

      O personagem principal demonstra um profundo estado de melancolia e tristeza, decorrente da perda de um amor. Essa tristeza se manifesta em seu isolamento social e em sua apatia em relação ao mundo exterior.

02 – Como o ambiente físico do apartamento reflete o estado emocional do personagem?

      O apartamento frio, escuro e sem vida reflete o estado emocional do personagem. O ambiente frio e sem luz natural simboliza a tristeza e a falta de esperança que o habitam. A falta de objetos pessoais e a ausência de cuidados com o espaço reforçam a ideia de um interior vazio e desolado.

03 – Qual o significado da árvore de ouro para o personagem?

      A árvore de ouro representa uma metáfora para a esperança e a beleza que surgem em meio à tristeza e à desolação. A imagem da árvore com folhas de ouro contrasta com o ambiente cinza e monótono do apartamento, simbolizando a possibilidade de renovação e de encontro com a felicidade.

04 – Qual a importância da janela para o personagem?

      A janela representa a conexão do personagem com o mundo exterior. Inicialmente, ele evita olhar pela janela por medo de se confrontar com a realidade e com a dor da perda. No entanto, ao abrir a janela, ele se depara com a beleza inesperada da árvore de ouro, que representa uma nova perspectiva e uma possibilidade de superação.

05 – Qual a função do tempo na narrativa?

      O tempo é um elemento fundamental na narrativa, pois marca a evolução do estado emocional do personagem. A passagem dos dias, marcada pela contagem dos dias que ele passa no apartamento, revela a gradual transformação de sua tristeza em esperança.

06 – Qual o gênero literário predominante na crônica?

      O gênero literário predominante na crônica é o lírico, pois o autor explora os sentimentos e as emoções do personagem de forma subjetiva e poética. A linguagem utilizada é rica em figuras de linguagem e cria um clima de melancolia e introspecção.

07 – Qual a mensagem principal da crônica?

      A mensagem principal da crônica é que mesmo nos momentos mais difíceis, a esperança pode surgir de forma inesperada. A beleza da árvore de ouro representa a possibilidade de encontrar alegria e significado na vida, mesmo diante da dor e da perda. A crônica nos convida a buscar a beleza nas pequenas coisas e a não perder a fé na capacidade de superação humana.

 

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

LENDA: A LENDA DOS ÍNDIOS CHEROKEES - COM GABARITO

 Lenda: A lenda dos índios Cherokees

Você conhece a lenda do rito de passagem da juventude dos índios Cherokees? O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzo9f915Yed98YsD4OgsprLjhgVAW8uDOWBcRR7QwSA0XxdscXra6WKszHWYfn_gTE9Iy_UHAGARJoaHEg6JSZhwsiNbm3zwDU2KNelTHw93WW4z1hyutuF2BYjbhm1o2kxAuJyj0cTEft5jcnAuGoBhHHfuCMntwnGQ0FAZTiLHTIUTNUXL8CRlCSTOg/s1600/O-POVO-CHEROKEE-E-A-TRILHA-DE-L%C3%81GRIMAS-Imagem-3.jpg


O filho se senta sozinho no topo de uma montanha durante toda a noite e não pode remover a venda até os raios do sol brilharem no dia seguinte.

Ele não pode gritar por socorro para ninguém. Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem.

Ele não pode contar a experiência aos outros meninos, porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido.

O menino está naturalmente amedrontado. Ele pode ouvir toda espécie de barulho. Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele. Talvez alguns humanos possam feri-lo. Os insetos e cobras podem vir picá-lo. Ele pode estar com frio, fome e sede.

O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele não remove a venda.

Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem.

Finalmente...

Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida. Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele. Ele estava à noite inteira protegendo seu filho do perigo.

Nós também nunca estamos sozinhos! Mesmo quando não percebemos, Deus está olhando para nós, ‘sentado ao nosso lado’.

Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está nos protegendo.

Moral da história: Apenas porque você não vê Deus, não significa que ELE não esteja conosco. Nós precisamos caminhar pela nossa fé, não com a nossa visão material.

Entendendo o texto

01-O texto baseia-se em uma lenda indígena para transmitir uma visão religiosa. Qual a visão religiosa ensinada? Você concorda com a visão religiosa ensinada?

A visão religiosa ensinada é a de que Deus está sempre presente em nossas vidas, mesmo quando não o vemos. Ele nos protege e nos guia, especialmente em momentos de dificuldade. A lenda sugere que a fé em Deus é fundamental para superar os desafios e encontrar força interior.

02-Olhando apenas para a lenda indígena, qual o ensinamento eles queriam passar para os jovens que pretendiam se tornar homens?

A lenda busca transmitir a importância da coragem, da autoconfiança e da capacidade de enfrentar a solidão e o medo. Ao passar pela provação da noite solitária, o jovem aprende a confiar em si mesmo e a encontrar sua força interior.

03-Qual o sentido da palavra “venda” no trecho “venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho”?

A venda simboliza a ignorância, a incerteza e o medo do desconhecido. Ao ter os olhos vendados, o jovem é forçado a confiar em seus sentidos e em sua intuição.

04-No trecho “venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho”, o pronome possui o sentido de?

a-   olhos para o filho;

b-   olhos com o filho;

c-   olhos do filho;

d-   olhos pelo filho

05-No trecho “não pode remover a venda”, a palavra sublinhada pode ser substituída por?

A palavra "remover" pode ser substituída por "tirar", "retirar" ou "afastar".

06-A expressão “Finalmente...” indica:

a- adversidade;

b- conclusão;

c- explicação;

d- lugar

07- No trecho “Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida.”, o adjetivo “horrível” caracteriza negativamente qual palavra?

O adjetivo "horrível" caracteriza negativamente a noite.

08-No trecho “Ele não pode contar a experiência aos outros meninos, porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo”, a palavra porque foi escrita de forma unida por se tratar:

a-   de uma explicação no meio do argumento;

b-   de um questionamento no início do argumento;

c-   de um questionamento no fim do argumento;

d-   de uma conclusão

9-Retire do texto argumentos que indicam PERIGO para o indígena.

   Animais selvagens, humanos mal-intencionados, insetos, cobras, frio, fome, sede.

10-Retire do texto argumentos que indicam PROTEÇÃO.

      O pai que vigia o filho durante a noite, a presença de Deus.

11-Retire do texto argumentos que indique CORAGEM do indígena.

     O jovem enfrenta a noite sozinho, com medo e incerteza, mas não remove a venda.

   12-Qual o segredo da lenda revelado no trecho “Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele.”?

       O segredo revelado é que, mesmo quando estamos sozinhos e com medo, não estamos realmente sozinhos. Alguém nos ama e nos protege, como o pai que vigia o filho.

13-No trecho “Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está nos protegendo”, a passagem sublinhada expressa:

     a-   lugar;

     b- tempo;

    c - causa;

    d- explicação

14- A que ou a quem se referem as palavras sublinhadas?

        Referem-se a Deus.

15-No trecho “Talvez alguns humanos possam feri-lo.”, a palavra sublinhada expressa:

a-   adversidade;

b-   adição;

c-   possibilidade;

d-   incerteza

16-Assinale o único efeito de sentido não pertinente ao texto-discurso em análise:

a-   expressa uma concepção paternalista;

b-   expressa uma visão teocrática da vida;

c-   expressa uma crença no desamparo do ser;

d-   expressa a valorização de rituais