quarta-feira, 8 de julho de 2020

CRÔNICA: ASPIRADOR - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

Crônica: ASPIRADOR         

                 Fernando Sabino

        Antes que eu lhe pergunte o que deseja, o gordinho começa a exibir-me uma aparelhagem complicada, ainda na porta da rua. São tubos que se ajustam, fio para ligar na tomada, escovinhas de sucção e outros apetrechos.

        -- Entre – ordenei.

        Ora, acontece que jamais prestei sentido na existência dos aspiradores de pó.

        Por isso é que fui logo cometendo a imprudência de convidar o gordinho a exibir-se de uma vez no interior da sala. Na porta da rua venta e faz muito pó, disse-lhe ainda, tentando um trocadilho infeliz. Entramos os dois, para a tradicional peleja entre comprador e vendedor.

        Vi o gordinho desdobrar-se, suando, estica o fio, não dá até a tomada, arrasta a cadeira um pouco para lá, não é isso mesmo? Ah, sim, com licença, quer limpar esse tapete?

        É um tapete que arrasto comigo há anos, por todos os lugares em que venho morando. Já abafou meus passos em dias de inquietação, já recebeu alguns pulos meus de alegria, e manchas de café, de tempo, de poeira dos sapatos. Pois olhe só – em dois tempos o gordinho pôs a engenhoca a funcionar, esfrega daqui e dali, praticamente mudou a cor do meu tapete.

        -- Agora é que o senhor vai ver – anunciou, feliz, revelando-me a existência, dentro do aparelho, de uma sacola onde o pó se acumulava. Exibiu-me seu conteúdo com um sorriso de puro êxtase, o tarado.

        Aquilo me decepcionou: pois se tinha de despejar o pó no lixo, por que não recolhê-lo de uma vez com a vassoura? Evidente burrice da minha parte – o gordinho devia estar pensando: com certeza eu esperava que o pó se volatilizasse dentro do aspirador, num passe de mágica?

        Deixei que ele me enumerasse as outras aplicações do miraculoso aparelho: servia para escovar um terno, por exemplo, quer ver? E voltou para mim o cano da arma, que num terrível chupão quase me leva a manga do paletó.

        -- Serve também para massagens. Com sua licença – e passou-me no rosto a ponta do tubo. Minha pele foi repuxada sob a improvisada ventosa, deslocando-se ruidosamente num violento beijo de cavalo.

        -- Basta! – protestei: – Estou convencido. Compro o aspirador.

        -- E digo mais – prosseguiu ele, sem me ouvir: – Serve para refrescar o ambiente. Duvida? E só virar ao contrário...

        -- Não duvido não. Já está comprado. – ... e funciona como um perfeito ventilador.

        Fui buscar o dinheiro, paguei e despedi sumariamente o gordinho que, perplexo, continuava ainda a recitar sua lição:

        -- Aspira o pó dos lugares mais inacessíveis: aspira atrás das estantes, aspira cinzeiros, aspira...

        -- Obrigado, obrigado – e fechei a porta atrás dele.

        Passei o resto da tarde me distraindo com a nova aquisição. De todas as maneiras: aspirei cinzeiros, estofados, cortinas, ternos, aspirei atrás das estantes, fiz desaparecer, até o último grão, o pó existente na casa.

        Então tentei retirar das entranhas do aspirador a tal sacola, como o gordinho me havia ensinado. Para meu júbilo, estava bojuda como um balão. Só não me lembrei foi de desligar o aparelho que, como ele me havia ensinado também, virado ao contrário funciona como um perfeito ventilador: de súbito, explode no ar uma bomba de pó acumulado. Tudo voltou ao que era dantes, fui à cozinha buscar uma vassoura. És pó e em pó reverterás – pensei comigo.

Fernando Sabino.

Entendendo a crônica:

01 – Em relação ao gênero textual do texto “Aspirador” podemos afirmar que trata-se de uma crônica. Tal evidencia está no fato deste tipo de texto ser de:

a)   Narração rebuscada, em ordem inversa.

b)   Dissertação simples, de interesse popular.

c)   Narração simples, seguindo a ordem em que os fatos vão se dando.

d)   Descrição de pessoas em detrimento dos objetos do texto.

02 – A respeito da compreensão d texto, é correto afirmar que:

a)   O vendedor do aspirador de pó vendeu um produto com defeito.

b)   Apesar do desfecho do texto, o comprador não foi enganado pelo vendedor do aspirador de pó.

c)   No desfecho, percebemos que o produto era enganoso.

d)   O comprador do aspirador de pó ludibriou o vendedor.

03 – No excerto “Já abafou meus passos em dias de inquietação, já recebeu alguns pulos meus de alegria, e manchas de café, de tempo, de poeira dos sapatos”. O antônimo da palavra inquietação está descrito na alternativa:

a)   Causar inquietação.

b)   Impertubalidade.

c)   Não deixar tranquilo.

d)   Desassossegar.

04 – No fragmento extraído do texto: “-- Agora é que o senhor vai ver – anunciou, feliz, revelando-me a existência, dentro do aparelho, de uma sacola onde o pó se acumulava. Exibiu-me seu conteúdo com um sorriso de puro êxtase, o tarado.” O termo em destaque tem o mesmo sentido de:

a)   Arrebatamento do espírito.

b)   Livramento do espírito.

c)   Destemer-se do espírito.

d)   Enfrentamento do espírito.

05 – Leia o período a seguir para responder a questão: “Evidente burrice da minha parte – o gordinho devia estar pensando: com certeza eu esperava que o pó se volatilizasse dentro do aspirador, num passe de mágica?” podemos afirmar que a palavra em destaque é compreendida no texto como:

a)   Oficializar-se.

b)   Segregar-se.

c)   Consentir-se.

d)   Reduzir-se.

06 – Leia o período a seguir para responder a questão: “— Basta! – protestei: – Estou convencido. Compro o aspirador”. A pontuação em destaque é o ponto de exclamação, representado por (!”). Utilizamos esta pontuação quando:

a)   Desejamos assinalar uma pergunta.

b)   Desejamos separar parte de uma lista ou parte de frases.

c)   Desejamos assinalar uma interjeição, uma emoção, admiração.

d)   Desejamos o final de uma frase declarativa.

        Leia o seguinte fragmento para responder as questões de n° 7 ao n° 10.

        “— Aspira o pó dos lugares mais inacessíveis: aspira atrás das estantes, aspira cinzeiros, aspira...”.

07 – O termo “aspira”, em destaque no fragmento, funciona em sua classificação como:

a)   Verbo.

b)   Advérbio.

c)   Substantivo.

d)   Adjetivo.

08 – O termo “dos” tem importante funcionamento no período da oração porque funciona como:

a)   Pronome.

b)   Artigo.

c)   Preposição.

d)   Conjunção.

09 – A palavra “mais”, destaca no fragmento, tem a função de:

a)   Advérbio.

b)   Verbo.

c)   Sujeito.

d)   Numeral.

10 – O termo “inacessíveis” é classificado no fragmento como:

a)   Substantivo.

b)   Pronome.

c)   Verbo.

d)   Adjetivo.

 

 

 


CRÔNICA: APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Aprenda a chamar a polícia

                 Luís Fernando Veríssimo

        Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

        Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.

        Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.

        Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

        Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:

        — Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

        Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

        Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

        No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

        — Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

        Eu respondi:

        — Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.

    Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

      O fato foi a invasão à casa do narrador, onde um criminoso tentaria um roubo.

02 – Qual o cenário em que aconteceu a história?

      Na casa do narrador.

03 – Que tipo de narrador há?

      Narrador-personagem.

04 – Quais personagens fazem parte dessa narrativa?

      O narrador é o personagem principal, sendo secundário, o ladrão e o atendente da polícia.

05 – Qual o desfecho da crônica?

      Quando o narrador diz ter baleado o ladrão, e então surgem muitas viaturas e a imprensa. Então o invasor é preso.

06 – No texto, ao dizer que o ladrão agiu “sorrateiramente”, o autor quis dizer que ele agiu:

a)   Com extrema violência.

b)   Com ignorância.

c)   De maneira desastrosa.

d)   De maneira sutil e às ocultas.

e)   De maneira brusca e rápida.

07 – De acordo com o texto, a pessoa que teve a casa invadida:

a)   Assim que percebeu que havia alguém no quintal se desesperou e começou a gritar.

b)   Não se preocupou muito inicialmente, mas tomou uma atitude em relação à situação.

c)   Entrou em pânico e tratou de partir para cima do invasor.

d)   Percebeu, logo que viu o bandido, que ele era perigoso e por isso foi logo atirando.

e)   Ficou extremamente preocupado, visto que sua residência não oferecia segurança suficiente.

08 – Em “Comandante da Polícia”, as letras maiúsculas foram utilizadas por tratar-se de:

a)   Entidade folclórica.

b)   Nome próprio.

c)   Uma citação referente ao governo.

d)   Uma autoridade de alto cargo e respectiva corporação.

e)   Designação de uma região.

09 – Pelo desfecho do texto, podemos concluir que:

a)   A Polícia foi até o local prontamente por tratar-se de um roubo.

b)   A Polícia não seria tão rápida se não pensasse que o ladrão tinha sido morto.

c)   A Polícia atendeu a primeira ligação, deslocando para o local imediatamente, por ser rápida e eficiente.

d)   A Polícia atende mais rápido a roubos do que a homicídios.

e)   A Polícia sempre atende a qualquer tipo de ocorrência assim que solicitada.

10 – Todos os verbos destacados abaixo indicam ação, EXCETO:

a)   “... alguém andando sorrateiramente no quintal de casa”.

b)   “Eu já matei o ladrão”.

c)   “Um minuto depois, liguei de novo...”.

d)   “Eles prenderam o ladrão...”.

e)   “... minha casa era muito segura...”.

 


CRÔNICA: NEGÓCIO DE MENINO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

Crônica: Negócio de menino

                Rubem Braga

Tem dez anos, é filho de um amigo, e nos encontramos na praia:

– Papai me disse que o senhor tem muito passarinho…

– Só tenho três.

– Tem coleira?

– Tenho uma coleirinha.

– Virado?

– Virado.

– Muito velho?

– Virado há um ano.

– Canta?

– Uma beleza.

– Manso?

– Canta no dedo.

– O senhor vende?

– Vendo.

– Quanto?

– Dez contos.

Pausa. Depois volta:

– Só tem coleira?

– Tenho um melro e um curió.

– É melro mesmo ou é vira?

– É quase do tamanho de uma graúna.

– Deixa coçar a cabeça?

– Claro. Come na mão…

– E o curió?

– Por quanto o senhor vende?

– Dez contos.

Pausa.

– Deixa mais barato…

– Para você, seis contos.

– Com a gaiola?

– Sem a gaiola.

Pausa.

– E o melro?

– O melro eu não vendo.

– Como se chama?

– Brigitte.

– Uai, é fêmea?

– Não. Foi a empregada que botou o nome. Quando ela fala com ele, ele se arrepia todo, fica todo despenteado, então ela diz que é Brigitte.

Pausa.

– O coleira o senhor também deixa por seis contos?

– Deixo por oito contos.

– Com a gaiola?

– Sem a gaiola.

Longa pausa. Hesitação. A irmãzinha o chama de dentro d’água. E, antes de sair correndo, propõe, sem me encarar:

– O senhor não me dá um passarinho de presente, não?

                                                          Rubem Braga.

Entendendo a crônica:

01 – De que trata o texto?

      O menino quer comprar um passarinho do senhor, mas não tem dinheiro suficiente. Então fica pechinchando.

02 – O narrador do episódio é também personagem ou não?

      O narrador é o dono dos passarinhos, amigo do pai do menino.

03 – A crônica “Negócio de menino” é estruturada em forma de diálogo.

a)   Quem são os personagens do diálogo?

O menino e o senhor, no final irmãzinha também.

b)   Que marcas aparecem no texto que comprovam a estrutura do diálogo?

Os travessões antes das falas dos personagens.

c)   Qual é a função do 1° parágrafo no texto?

Apresentar o personagem e o local da conversa.

04 – Em que lugar os personagens estão durante o diálogo?

      Numa praia.

05 – Quando a narrativa se passa?

      Enquanto o senhor e o menino estão tomando sol na areia da praia.

06 – Repare a seguinte fala do menino: “— Uai, é fêmea?”

a)   Você conhece a expressão “uai”? Sabe dizer em que estado brasileiro ela é bastante usada?

“Uai” é uma expressão típica dos mineiros. (Minas Gerais).

b)   O que ela expressa no texto?

Estranhamento.

07 – O menino, em sua opinião, tem preferência por um pássaro em especial? Por quê?

      Não. O interesse do menino é possuir um passarinho qualquer que seja ele, de modo que ele vai trocando para ver ser o preço abaixa e possa comprar.

08 – Que fato gera o humor do texto? Por quê?

      Quando o menino percebe que não conseguirá comprar nenhum passarinho do senhor, ele o pede de presente.

 


CRÔNICA: FALECEU ONTEM A PESSOA QUE ATRAPALHAVA SUA VIDA... LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida...

               Luís Fernando Veríssimo

        Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:
"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".

        No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:

        -- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso?

        -- Ainda bem que esse infeliz morreu!

        Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar à sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.

        A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?

        No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: você mesmo! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "Sua vida não muda quando seu chefe muda, quando sua empresa muda, quando seus pais mudam, quando seu(sua) namorado(a) muda. Sua vida muda quando você muda! Você é o único responsável por ela."

        O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".

                                                Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

        A partir da sua leitura e compreensão do texto, responda as seguintes questões:

01 – Qual é o tema de que trata a crônica e qual o ponto de vista do autor a respeito dessa tema? Retire do texto um trecho que justifiquem a sua resposta sobre o tema e um argumento que o autor usa para defender seu ponto de vista.

      O tema é o autoconhecimento. Com relação ao ponto de vista do autor, é mude o que não está bom em sua vida. “Sua vida muda... quando você muda! Você é o único responsável por ela”.

02 – Para leitura e compreensão dessa crônica, quais tipos de conhecimento prévio que são exigidos? Justifique sua resposta.

      Se existe uma espécie de chave para interpretação e compreensão de um texto, podemos dizer que é a LEITURA. Ler com certeza, é a melhor forma de melhorar sua capacidade de interpretação do mundo a sua volta.

03 – O principal ensinamento do texto é que:

a)   Somos os responsáveis por nossos progressos, mas a empresa precisa colaborar para nosso crescimento.

b)   A cada dia acabamos matando a esperança de dias melhores.

c)   As pessoas procuram culpados para seus problemas, mas na verdade a solução só depende delas mesmas.

d)   Devemos matar tudo aquilo que bloqueia nosso crescimento profissional.

04 – “Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava”. A oração subordinada adverbial grifada traz uma ideia de:

a)   Comparação.

b)   Conformidade.

c)   Causa.

d)   Concessão.

e)   Condição.

05 – Nas duas frases com travessão a voz é:

a)   Do defunto.

b)   Do autor.

c)   Dos funcionários.

d)   Do chefe.

e)   Dos seguranças.

06 – “... olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto”. A oração subordinada adverbial grifada apresenta uma ideia de:

a)   Comparação.

b)   Conformidade.

c)   Causa.

d)   Concessão.

e)   Finalidade.

07 – “... VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA”. O pronome pessoal reto grifado nessa passagem do texto substitui a palavra:

a)   Você.

b)   Responsável.

c)   Vida.

d)   Muda.

e)   Empresa.

08 – “A vida muda, quando você muda!”. A conjunção subordinada adverbial grifada introduz uma ideia de:

a)   Conformidade.

b)   Causa.

c)   Tempo.

d)   Fim.

e)   Consequência.

09 – “... encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito”. A expressão grifada é um pronome relativo, pois se relaciona com o termo:

a)   Portaria.

b)   Cartaz.

c)   Enorme.

d)   Estava.

e)   Escrito.

10 – “Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava”. O motivo da excitação nesse texto era:

a)   Decepção.

b)   Alegria.

c)   Curiosidade.

d)   Raiva.

e)   Tristeza.

11 – No texto se escreveu um trecho com letras maiúsculas. O motivo de se escrever dessa forma foi:

a)   Porque está errado.

b)   Para dar destaque ao trecho.

c)   Esquecimento ao digitar.

d)   Mostrar uma realidade.

e)   Inexperiência do autor.

12 – “O mundo é como um espelho”. Nota-se nesse trecho:

a)   Uma metáfora.

b)   Uma comparação.

c)   Um pleonasmo.

d)   Um paradoxo.

e)   Uma antítese.

13 – O principal objetivo de um texto como esse é:

a)   Promover o entretenimento.

b)   Sugerir uma reflexão.

c)   Adquirir conhecimento.

d)   Transmitir uma informação.

e)   Relatar um acontecimento.


CRÔNICA: OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - ÉRICO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Olhai os lírios do campo

            Érico Veríssimo

        Estive pensando muito na fúria com que os homens se atiram à caça do dinheiro.  É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época.  Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura.  De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?

        Quero que abras os olhos, Eugênio, que acordes enquanto é tempo.  Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha.  Não te será difícil achar, pois a página está marcada com urna tira de papel.  Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo, que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles.

        Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu.  É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza.  Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções.  E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.

        Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou de que o povo deva viver narcotizado pela esperança da felicidade na "outra vida". Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos que fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as armas do amor e da persuasão. Considere a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.

        Quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.

        E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim a aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar.

              Olhai os lírios do campo. Érico Veríssimo.

                        Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 108/9.

Entendendo a crônica:

01 – Na sua opinião qual é o principal motivo de tantas injustiças entre os homens?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – O que Érico Veríssimo quis afirmar com a frase: “É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza?

      Que o trabalho é básico na vida do homem.

03 – Humanizar o mundo e os homens é um trabalho para quem?

      Para os fortes e corajosos.

04 – Explique o pensamento da personagem em relação ao mundo e a sua conquista.

      Todos devem ter um modo de vida decente, sem preconceitos e injustiça.

05 – A expressão “disposição para a luta” é usada no texto com que palavra?

      Com a palavra aceitação.

06 – Você concorda com a ideia de que o homem deve aceitar todos os sofrimentos aqui na Terra, por que a felicidade o espera no “céu”?

      Não. Jamais o homem deve ser passivo. Assim ele fará o jogo do sistema. É preciso lutar contra a maré.

07 – O que deveria ser mais importante para o homem: ter mais ou ser mais? Por quê?

      Ser mais. Os bens materiais são passageiros.

08 – Qual seria a maior fonte de felicidade pessoal?

      Gostar-se e gostar espontaneamente das pessoas.