sexta-feira, 31 de maio de 2019

CONTO: SUA AVÓ, MEU BASSET - SÍLVIA ORTHOF - COM QUESTÕES GABARITADAS

CONTO: SUA AVÓ, MEU BASSET
                          
                      Sílvia Orthof

        Eu não tive só rãs, coelhos ou bicho de pé, não. Tive, também um bicho comprido, baixinho, de pernas tortas e o nariz gelado: era um cachorro basset. Seu nome era “Sua avó”. Eu a adorava quando alguém me perguntava – Como é o nome dele?
        -- Sua avó!
        -- Como?
        -- Sua avó!
        -- Minha avó? Ó menina mal criada! Então esse cachorro é a minha avó? Mais respeito!
        -- Não é falta de respeito não, é que o nome dele é Sua avó.
        Sua avó ia sempre pescar comigo, no tempo em que a lagoa Rodrigo de Freitas ainda tinha peixe. Isso foi um pouco depois de Cristo, no tempo em que eu era criança.
        Naquele tempo muito antigo nem existia poluição. A gente chegava até a comer peixe pescava naquela lagoa. Pra quem não é do rio, vou explicar: A lagoa Rodrigo de Freitas fica no Jardim Botânico em Ipanema linda de se olhar, horrível de se cheirar. Em volta tem muitos apartamentos de gente rica e quando ela fede as pessoas fecham os narizes e as janelas, mas linda ela sempre foi, quando eu era criança ela tinha cheiro de mar um cheiro limpo e mais linda do que ela é hoje, porque era cercada de coisas muito antigas, não sei se vocês conhecem, era umas coisas verdes chamadas árvores, coisas de outros tempos.
        Sua avó e eu íamos pescar barrigudinhos, que são uns peixes barrigudinhos, ora! Eu levava anzol, vara e isca. Sua avó levava o focinho, as patas e o rabo lá dele, é claro. O rabo de sua avó era comprido, vivia balançando de um lado pro outro, por motivo de sai avó ser muito alegre, Sua avó era marrom não a sua avó, não falo dela, por favor, não faça confusão! Estou falando de sua Avó, meu cachorro, tá?
        Isca de barrigudinho é minhoca. Naquele tempo, em vez de asfalto ou ladrilho decorado, em vez de carpete ou tábuas corridas, o chão tinha terra e a terra tinha minhocas formidáveis! Era só remexer a terra, a gente encontrava minhocas. Depois era ir pescar!
        Fomos pescar, Sua avó e eu. Sentei numa pedra, Sua Avó começou a latir. Aí eu disse pra ele:
        -- Se você latir, vai espantar os peixes! Psiu! Tem que ficar bem quietinho, ouviu?
        Sua Avó era muito inteligente, por motivo de ser cachorro. Cachorro é mais inteligente do que adulto ou criança. Já conheci muito adulto ou criança. Já conheci muito adulto ou criança, da raça gente, bem burros, mas cachorro, sempre conheci ultra sábios. Sua Avó era ultra sábio.
        Passou um tempinho, puxei a linha, não veio peixe. Joguei a linha, passou um tempinho não veio peixe, joguei a linha, passou um tempão, não veio peixe. Pescar é muito interessante, porque, geralmente, a gente dá banho em minhoca e não pesca.
        Depois de uma hora vinte minutos e três segundos e meio, lembro exatamente pois foi um acontecimento estarrecedor em minha vida e na vida de sua Avó, puxei o anzol e só veio a minhoca espirrando um pouco, poia a água estava meio gelada, mas não veio peixe. Aí dei um puxão na linha, joguei pra trás pra depois jogar pra frente dentro da água... aí... ai... Que horror! Que horror! Que horror! Mas que horror!
        Nem sei se conto. Você pode chorar, e eu só gosto de contar histórias alegres, mas... aconteceu um horror mesmo: quando joguei o anzol pra trás puxei pra frente, pesquei Sua Avó pelo nariz. Sua Avó fez um escândalo, enfiou o rabo entre as pernas e saiu correndo, arrastando a isca, a minhoca atravessada no nariz, o fio e a vara, uivando, parecendo uma sirene de bombeiro! O escândalo foi tamanho, que apareceu uma velha com um balde d’água, perguntando onde era o incêndio. Sua Avó corria na frente, uivando, eu atrás.
        Perto dali, havia a Hípica, que é um clube, onde cavaleiros e cavalos pulam obstáculos. Quem pula mesmo é o cavalo, coitado, ainda carregando o cavaleiro. Aquele clube é muito elegante e existe até hoje. Só que naquele tempo não tinha o muro que tem hoje, era cercado por uma cerquinha de arame.
        Era dia de competição. Cavaleiros vestidos de casaca vermelha saltavam obstáculos montados em cavalos brilhantes de tanta escova e ... de suor também! Em volta, um público entusiasmado aplaudia um cavaleiro que ia pular (ele não, o pobre cavalo) o último obstáculo.
        Foi aí que Sua Avó entrou pelo picadeiro adentro, uivando, com o anzol, a minhoca, o fio e a vara de pescar, e eu, atrás, além da velha do balde.
        O cavalo levou um susto, deu meia volta de repente. O cavaleiro caiu de cabeça. Ainda bem que foi dentro do balde da velha, ficou meio esbaldado, mas foi melhor do que cair, por exemplo, em cima do nariz de Sua Avó. Se tivesse acontecido isso talvez a tragédia fosse maior: o cavaleiro poderia ficar preso, junto com o focinho de Sua Avó, na minhoca, no fio, na vara, avessando pelos fundilhos. Isso, raças ao balde não aconteceu.
         Naturalmente, foi um pouco difícil, depois, serrar o balde pra tirar a cabeça do cavaleiro que tinha ficado presa, não saía. Debalde todos os esforços, o balde grudou na cabeça do cavaleiro. Mas o veterinário, que cuida de cavalos na Hípica, tinha uma serrinha de serrar balde de cabeça de cavaleiros e resolveu o problema.
        Depois de tanta emoção, só faltava tirar o anzol do nariz de Sua Avó. Com a festa já tinha sido estragada, o veterinário resolveu “veterinar” mais um pouco. Chegou pra mim e perguntou:
        -- Como é o nome do animal?
        Veterinário tem mania de chamar cachorro de animal, uma antipatia. Eu, danada, respondi:
        -- Sua Avó!
        -- Ó menina desaforada, como é que você mete minha avó no meio dessa confusão? Mais respeito!
        -- O nome do meu cachorro é Sua Avó!
        -- Pois eu vou me queixar é à sua avó, menina mal criada! – gritou o veterinário roxo de raiva.
        Não sei por qual motivo o veterinário pensou que a velha do balde fosse minha avó. Foi pra ela enfezadíssimo e perguntou:
        -- A senhora não deu educação pra sua neta, não?
        -- Nesse momento, Sua Avó ficou irritado com o veterinário. Sua Avó não admitia que ninguém me tratasse mal. Mesmo com anzol no nariz. Sua Avó veio pra perto do veterinário, rosnou, rosnou e de repente, NHOC! Mordeu o veterinário no nariz.
        Na confusão, o anzol saiu do nariz de sua avó e foi parar no nariz do veterinário.
       Pra curar anzol preso no nariz de cachorro, só mesmo um veterinário, não é verdade?
       O veterinário foi procurar um médico, pois ele só sabe cuidar de animal. O médico, com certeza tirou o anzol.
       Eu é que fiquei sem pescar barrigudinho e a velha está sem balde, até hoje. É isso aí.
                                                                                  (Sílvia Orthof )
Entendendo o conto:

01 – Onde está localizada a Lagoa Rodrigo de Freitas?
      Está localizada no Jardim Botânico, em Ipanema, no Rio de Janeiro.

02 – De acordo com as informações encontradas na pesquisa a Lagoa Rodrigo de Freitas não é mais a mesma. Por quê?
      Porque as pessoas não respeitam a natureza jogando lixo dentro da lagoa, aparecem peixes mortos.

03 – Por que a lagoa recebeu esse nome?
      Porque Sebastião Fagundes Varela era proprietário de todas as terras nessa região, e em 1702, a sua bisneta, Petronilha Fagundes, então com 35 anos de idade, casou-se como jovem oficial de cavalaria português, Rodrigo de Freitas de Carvalho, então com apenas 18 anos de idade, que deu o seu nome a lagoa. Viúvo, Rodrigo de Freitas retornou a Portugal em 1717, onde veio a falecer em 1748.

04 – O que é hípica?
      Hípica, são quase sempre clubes em que a atividade principal é o hipismo.

05 – Em nossa cidade existe hípica?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Por que a autora diz que aquele clube é muito elegante?
      Porque o hipismo é um esporte conhecido pela elegância que surgiu com os nobres europeus.

07 – Qual a classe social que geralmente participa desse tipo de lazer?
      É praticada pela classe social alta. Por ser considerado um esporte de alto custo.

08 – Por meio das informações presentes no texto é possível perceber a que classe social pertence à menina? Justifique.
      Pela localização de sua casa, podemos entender que sua família tinha condições financeiras.

09 – De acordo com a leitura do texto como você imagina ter sido a infância dessa garota? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

10 – E como você vê a sua infância? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Naquela época a garota ia pescar na lagoa Rodrigo de Freitas. E você, gosta de pescar? Onde?
      Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: O NOME FEIO - SALETE BRENTAN - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: O nome feio
          
    Salete Brentan

     Não tinha jeito! O Chico não gostava do nome dele e pronto...
       – Mãe, por que você foi escolher o nome de Francisco para mim? Eu não gosto desse nome porque vira Chico e o João falou que Chico é nome até de macaco. A mãe dele não sabia direito o que responder. Afinal, quando ela era pequena, também não gostava de seu nome. As crianças viviam fazendo gozação:
        – Ivete canivete põe no fogo e a mão derrete!
        Foi pensando nisso que ela argumentou:
        – Sabe Chico, quando a gente é pequeno, a gente não gosta do nome. Acho que isso acontece com todo mundo...
        O Chico nem deixou que ela terminasse:
        – Com todo mundo, nada. O João gosta do nome dele. Ele já me falou. O meu é que é feio. De hoje em diante o meu nome vai ser Pli, como você me chama. Esse eu acho bonito! Falou convicto. De fato, desde que Chico era pequeno, sua mãe o chamava carinhosamente de Pli. E, por isso, o pai e a Joana – que era a moça que cuidava dele – também passaram a chamá-lo assim. E ele adorava. Nunca ninguém tinha feito gozação com esse nome. Ao contrário de Chico, que sempre vinha com uma brincadeirinha besta:
        – Chico, cara de penico! – incomodavam seus amiguinhos na escola.
        No começo ele até que não ligava muito. Mas, com o passar do tempo, cada vez mais gente ficava falando isso. Até gente grande! Ele tinha vontade de falar um daqueles palavrões bem feios. Às vezes até falava. E falava com gosto. Ora! Que coisa mais chata era aquilo. Será que ninguém percebia que enchia o saco?
BRENTAN, Salete. Revista Alegria. São Paulo. n.60, 1978.

Entendendo o texto:

01 – O texto que você leu agora foi escrito por Salete Brentan, de que trata o texto?
      Ele fala sobre os sentimentos de um garoto com relação ao seu nome.

02 – E você, o que acha do seu nome? Quem o escolheu? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Qual era a “bronca” do menino?
      Ele não gostava do seu nome.

04 – Que idade você acha que o menino tem?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Você tem alguma “bronca” parecida?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – No texto “O nome feio”, registre aquilo que achou mais interessante no texto.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “De hoje em diante o meu nome vai ser Pli, como você me chama. Esse eu acho bonito!”

07 – O texto “O nome feio” é uma narrativa. Há um narrador que vai contando os fatos das personagens que participam da história. Sabendo disso, resolva as questões abaixo:
a)   Retire do texto um trecho em que o narrador conta alguma coisa da história.
“—Mãe, por que você foi escolher o nome de Francisco para mim? ...”.

b)   Identifique os personagens do texto.
Chico, sua mãe, João, pai e Joana.

08 – Você tem conhecimento de quais são os documentos que certificam as pessoas?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Você sabe para que serve a Certidão de Nascimento? Você já precisou dela? Para fazer o quê?
      Resposta pessoal do aluno.



MENSAGEM ESPÍRITA: GANHANDO RESISTÊNCIA - ANDRÉ LUIZ E CHICO XAVIER - PARA REFLEXÃO

Ganhando Resistência
Domingo, 26 de junho de 2011 por André Luiz e Chico Xavier


         Reconhece você que a sua resistência precisa aumentar; por isso mesmo não despreze o esforço no bem algum tanto a mais além do nível.
        Se o trabalho parece estafante, suporte mais um pouco as dificuldades em que se lhe envolvem os encargos.
        Onde lhe pareça já haver exercitado o máximo de humildade, apague-se um tanto mais em favor de outrem para que o seu grupo alcance a segurança ideal.
        Demonstre um pouco mais de paciência nos momentos de inquietação e evitará desgostos incalculáveis.
        Abstenha-se algo mais de reclamações mesmo justas, no que se reporta aos seus interesses pessoais, e observará quanta simpatia virá depois ao seu encontro.
        Mostre um pouco mais de serenidade nos instantes de crise e você se transformará no apoio providencial de muita gente.
        Confie algo mais na proteção da Bondade Divina e conseguirá superar obstáculos que se lhe figuravam intransponíveis.
        Nos dias de enfermidade aguente um tanto mais as dificuldades do tratamento e você apressará as suas próprias melhoras de maneira imprevisível.
        Tolere um tanto mais as intrigas que, porventura, lhe assediem o campo de ação, sem lhes oferecer qualquer importância e defenderá a sua própria felicidade, com inesperado brilhantismo.
     Você vive no mundo em meio de provas e lutas, desafios e necessidades, ao modo de aluno entre as lições de que precisa na escola, em favor do próprio aproveitamento; aprenda a suportar os convites ao bem dos outros e você ganhará os melhores valores da resistência.

TEXTO: PEGUE A BOLA, ROBÔ - ÉPOCA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Pegue a bola, robô

       Ele tem rabo, quatro patas e late, além de ser brincalhão e bom companheiro. Só que, diferentemente dos outros cães, alimenta-se exclusivamente de pilhas, e quando o dono não quer mais sua companhia tudo o que precisa fazer é desliga-lo. Trata-se de um cachorro artificial, o mais novo modelo do robô do Laboratório de Ciência da Computação da Sony Japonesa. Chamado de RoboPet, ele consegue correr atrás de uma bola, desviar-se de obstáculos e atender a chamados. Ainda é um protótipo, mas a Sony pretende colocar robôs como esse à venda até o ano 2000.

                                                                           Época, 22/6/1998.
Entendendo o texto:

01 – A Sony criou mais um de seus aparelhos elétricos sofisticados. Mas esse tem aparência diferente. Parece:
a)   Uma vassoura elétrica.
b)   Um cachorro de verdade.
c)   Um carro movido à eletricidade.
d)   Um gato.
e)   Um carro movido à corda.

02 – Que utilidades esses aparelho pode trazer ao dono?
a)   Atender a chamados.
b)   Fazer a segurança da família.
c)   Fazer limpezas externas da casa.
d)   Efetuar cálculos geométricos.
e)   Fazer almoço para o dono.

03 – De acordo com o texto, esse robô é movido a:
a)   Eletricidade.
b)   Bateria.
c)   Computador.
d)   Pilha.
e)   Energia solar.

04 – A Sony pretende colocar mais produtos no mercado por quê?
a)   Não tem saída.
b)   Vende mais ou menos.
c)   A venda dos robopet é por telefone.
d)   A venda será feita apenas pela internet.
e)   A previsão para a compra do robô é boa.

05 – Protótipo é o mesmo que:
a)   Chip eletrônico.
b)   Parte de um robô.
c)   Sistema eletrônico.
d)   Prótese.
e)   Modelo, original.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

FILME(ATIVIDADES): A COR PÚRPURA - STEVEN SPIELBERG - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): A COR PÚRPURA

Data de lançamento 28 de março de 1986 (2h 34min)
Direção: Steven Spielberg
Gênero Drama
Nacionalidade EUA

SINOPSE E DETALHES

        Georgia, 1909. Em uma pequena cidade Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de procriar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a "Mister" (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira. Grande parte da brutalidade de Mister provêm por alimentar uma forte paixão por Shug Avery (Margaret Avery), uma sensual cantora de blues. Celie fica muito solitária e compartilha sua tristeza em cartas (a única forma de manter a sanidade em um mundo onde poucos a ouvem), primeiramente com Deus e depois com a irmã Nettie (Akosua Busia), missionária na África. Mas quando Shug, aliada à forte Sofia (Oprah Winfrey), esposa de Harpo (Willard E. Pugh), filho de Mister, entram na sua vida, Celie revela seu espírito brilhante, ganhando consciência do seu valor e das possibilidades que o mundo lhe oferece.

Entendendo o filme:

01 – Que questões são abordadas nesta história que abrange determinado contexto em aspectos geográficos e cronológicos?
      São questões de raça, de gênero, econômicas, dentre outras.

02 – Explique com suas palavras, como acontece a “Violência contra a mulher”, no filme.
      A comunidade onde a protagonista Celie mora é marcada por violências. Para os homens locais, só há respeito se as mulheres apanharem.

03 – Fale sobre “Liberdade feminina X luta por sobrevivência” que é abordada no filme.
      Na narrativa é a liberdade feminina, representada por algumas mulheres, como a cunhada da protagonista, Sophia. Grande, forte, independente, não se submete a homem, mas sofre nas mãos de brancos, tornando-se símbolo de opressão racial.

04 – Por que para Celie a escrita é resistência?
      Porque foi através das cartas, seu ponto de reconexão, uma forma de autoconhecimento, de dizer que a mulher está ali, presente, pulsando, escrevendo contra a violência e o poder.

05 – Esse romance, de autoria feminina, deixa transparecer toda a sensibilidade e delicadeza na abordagem de temas polêmicos e difíceis que é próprio da maneira como as mulheres escrevem. Refletindo sobre as questões, responda: De que a personagem Celie fala neste trecho:
        “Querido Deus, Eu tenho quatorze ano. Eu sempre fui uma boa minina. Quem sabe o senhor pode dar um sinal preu saber o que tá contecendo comigo”. (Walker, 2009, p. 9).

      “Ela é feia. Ele fala. Mas num istranha o trabalho duro. E é limpa. E Deus já deu um jeito nela. O senhor pode fazer tudo como o senhor quer e ela num vai botar no mundo mais ninguém pro senhor dar de cumer e vistir”. (Walker, 2009, p. 29).


MENSAGEM ESPÍRITA - PORTO DE SEGURANÇA - JOANNA DE ÂNGELIS - PARA REFLEXÃO

PORTO DE SEGURANÇA

Joanna de Ângelis

        Desde quando te deixaste arrebatar pela mensagem espírita, que te vês a braços com muitas dores, somadas às tuas próprias dores.
        A princípio, atribuías que a revelação te libertaria do sofrimento, facultando-te uma diferente visão da vida e dos acontecimentos. 

        E estavas com a razão.
        A questão, no entanto, é de óptica. Mediante a fé compreendes melhor as causas e as finalidades da existência corporal bem como a sua importância para o espírito, modificando os conceitos que mantinhas.
        Isto não quer dizer que seriam eliminados esses efeitos que te alcançam, mas que te ajudaria a gerar causas positivas para uma sega porvindoura. Aumenta-te a capacidade de compreensão, o serviço se te apresenta como elemento libertador.
        Desse modo, tens ouvidos e palavra, interesse e disposição para auxiliar o próximo que transita sem rumo e sem apoio.
        Não estranhes que te busquem os aflitos e os aturdidos, os ignorantes e os agressivos.
        Dão-te a oportunidade feliz de crescimento pessoal e de felicidade pelo que lhes possa doar.
        Unge-te de coragem e atende-os, sustentando-lhes a força antes da queda total.
        A Terra é escola de reabilitação e aprendizagem.
       Conforme cada discípulo portar-se hoje, assim viverá amanhã, o que também respeita ao presente em relação ao passado.
        Apresenta-te feliz, considerando ser buscado a ajudar, ao invés de estares buscando o auxílio na ignorância das Leis.
        Não relacionem os problemas que decorrem do cansaço e da continuidade volumosa que te assoberbam cada dia.
        Se muitos te procuram, é porque algo em ti encontram, que lhes faz bem.
        Coloca-te no lugar deles e perceberás quanto gostarias de receber...
        Assim, não te escuses de contribuir.
        Se te sentes necessitado de apoio, este não te falta, porquanto já podes dirigir-te diretamente ao Supremo Doador, que te não deixa em desamparo, conforme ocorre em relação a todos e a tudo, com a diferença, que somente poucos se fazem receptivos àquele auxílio.
        Apoia-te na fé robusta e transfere as alegrias e comodidades para mais tarde, as que agora não podes fruir, em razão da assistência que deves dispensar aos desesperados.
        Quando nos dispomos a ajudar, adquirimos uma aura magnética que irradia reconforto e atrai os necessitados de socorro.
        Talvez se te apeguem e produzam mal-estar.
        Possivelmente, extorquirão as reservas de energias daqueles a quem buscam, numa exploração que não tem sentido.
        Provável que se não beneficiem, mesmo quando ajudados...
        Estas, porém são questões que não podes resolver.
        Deixa-te conduzir pela esperança e esparze-a, mesmo que sofrendo, sem o dizer, e colocado numa situação de que não tens problemas, o que não corresponde à verdade, prosseguindo, afável e confiante, no rumo do futuro onde está o porto de segurança de todos nós. 

De “OTIMISMO”
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Fonte: Grupo Espírita Casa do Caminho de S. Vicente

POESIA: O PERU - VINÍCIUS DE MORAES - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poesia: O PERU
         
         Vinícius de Moraes

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!

O peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.

O peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.


O peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando foi dizendo
Que beleza de pavão!

Foi dormir e teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
Que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
                                  Vinícius de Moraes.

Entendendo a poesia:
01 – Nos versos: “Glu! Glu! Glu!
                             Abram alas pro peru!”

Que figura de linguagem imita reprodução de sons ou ruídos naturais?
      Onomatopeia.

02 – Quantas aves são citadas na poesia? Quais são?
      São três. O peru, o pavão e o tico-tico.

03 – Quem morreu de congestão? Por quê?
      Foi o tico-tico de tanto rir.

04 – Como ficou o peru de tanto dançar?
      Ficou tonto de quase cair no chão.

05 – O peru foi dormir e teve um sonho. Sonhou o quê?
      Sonhou que sua cauda tinha cores como a desse amigo seu.

06 – Quem o peru pensava ser quando saiu para passear?
      Pensou que era pavão.


POEMA: NO VERDÔ DA MINHA IDADE - PATATIVA DO ASSARÉ - VARIEDADE LINGUÍSTICA -COM GABARITO


Poema: No verdô da minha idade
     
        Patativa do Assaré

No verdô da minha idade
mode acalentá meu choro
minha vovó de bondade
falava em grandes tesôro
era história de reinado
prencesa, prinspe incantado
com feiticêra e condão
essas história ingraçada
tá selada e carimbada
dentro do meu coração.



[...]
Mas porém eu sinto e vejo
que a grande sodade minha
não é só de história e bejo
da querida vovozinha
demanhazinha bem cedo
sodade dos meu brinquedo
meu bodoque e meu bornó
o meu cavalo de pau
meu pinhão, meu berimbau
e a minha carça cotó.

Patativa do Assaré. Digo e não peço perdão. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. p. 15.

Entendendo o poema:

01 – Nesse poema, o eu lírico faz uma descrição de sua infância (“No verdô da minha idade”), numa linguagem regional e coloquial, própria da fala popular, nordestina.
a)   O que significa, no contexto, a palavra verdô?
É uma corruptela de verdor, ou seja, idade verde, imatura, infantil.

b)   Que sentido tem a palavra mode (da expressão “pra mode”) no verso “mode acalentá meu choro”?
A palavra mode tem o sentido de finalidade.

c)   Destaque palavras que representam a linguagem coloquial e que não estejam grafadas e/ou acentuadas de acordo com a norma padrão. Levante hipóteses: Por que elas são grafadas dessa forma?
As palavras são: acalentá, tesôro, históra, prencesa, prinspe, incantado, feiticêra, ingraçada, sodade, bejo, demanhazinha, bornô, carça. São grafadas dessa forma porque há interesse de aproximar a fala e a escrita, ou seja, o poema é um registro da poesia oral.

02 – Releia os versos e observe as concordâncias nominal e verbal:
        “Essas história ingraçada
         tá selada e carimbada
         dentro do meu coração.”

a)   Como ficariam esses versos se fossem reescritos na língua padrão?
Essas histórias engraçadas estão seladas e carimbadas dentro do meu coração.

b)   Observe que, nesses versos, apenas o pronome essas está no plural. Levante hipóteses: Em termos de comunicação, é necessário que todas as palavras dessa expressão estejam no plural? Por quê?
Não. Colocando-se o primeiro termo – pronome – no plural, já se deduz que são várias histórias, e não apenas uma.

c)   Levante hipóteses: Por que ocorre esse fenômeno na fala?
Ocorre o suprimento por economia linguística.

03 – No prefácio do livro Digo e não peço segredo, de Patativa do Assaré, Luiz Tadeu Feitosa escreve: “Como se verá aqui, sua linguagem ‘matuta’ é apenas uma opção porque o pássaro que se nos apresenta aqui é liberto. Leu Camões, Castro Alves, Olavo Bilac, José de Alencar, Machado de Assis e outros apenas para saber e provar que ‘poderia fazer igual a eles todos’. ‘E eu sou’, diz Patativa”.

a)   Deduza: Por que o poeta optou por essa linguagem “matuta”, ou seja, pela cultura popular e não erudita?
Porque tem consciência da importância de se preservar e registrar a linguagem do povo, além de valorizar costumes e cenários da cultura nordestina.

b)   O poema é construído em redondilha maior. Na sua opinião, por que Patativa optou por essa métrica?
Porque tanto a redondilha menor quanto a maior são métricas que fazem parte da tradição da poesia popular oral, desde a época dos trovadores.

c)   No excerto do Prefácio, lido na página anterior (fora de si), quando comparado aos escritores brasileiros, Patativa diz: “E eu sou”. Discuta com seus colegas sobre a contribuição da obra do poeta no cenário brasileiro.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Resgate e imortalização da poesia oral, popular nordestina.