quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

FÁBULA: DOS DOIS LEÕES - STANISLAW PONTE PRETA(SÉRGIO PORTO) - COM GABARITO

Fábula: Dos Dois Leões
              Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

        Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. 


     Procuraram os leões de todo jeito, mas ninguém encontrou. Tinham sumido, que nem o leite.
        Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca.  Voltou magro, faminto e alquebrado.  Foi preciso pedir a um deputado do PTB que arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado do PTB arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula.
        Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde.  Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão.
        Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha:
        — Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arrego, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi.
        O outro leão então explicou:
        — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública.  Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
        — E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?
        — Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho... me apanharam.

Fonte: “Primo Altamirando e Elas”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1961, pág. 153.

Entendendo a fábula:

01 – O texto de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) mostra implicitamente um hábito comum nas repartições públicas do país que perdura há décadas:
a)   A importância de se tomar café como relaxamento em horários de rotina por parte dos servidores públicos.
b)   A falta de qualificação profissional por parte do serviço público quanto ao cumprimento dos serviços.
c)   O desrespeito por parte dos servidores em estarem tomando café em horário de expediente.
d)   A discriminação dos servidores públicos graduados quanto ao serviço de um contínuo (Auxiliar de Serviços Gerais que providencia o café).
e)   A escassez de servidores públicos nas repartições públicas, principalmente as de órgãos municipais.

02 – Sobre o texto de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), a expressão alquebrado pode ser substituída sem alteração contextual por:
     a) Vigoroso.
     b) Forte.
     c) Desconfiado.
     d) Abatido.
      e) Cego.

03 – Entre os fragmentos textuais abaixo, assinale a alternativa em que a expressão grifada corresponde a um termo adjetivo.
a)   Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade.
b)   Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou.
c)   Voltou magro, faminto e alquebrado.
d)   Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão.
e)   — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública.

04 – Assinale, entre os fragmentos textuais abaixo o que apresenta nitidamente uma linguagem figurada denominada prosopopeia.
a)   Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico.
     b) Tinham sumido, que nem o leite.
     c) Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde.
     d) Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico      Schmidt que, para certas coisas, também é leão.
     e) O outro leão então explicou: — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública.

05 – No trecho: ― Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca ‖, temos:
     a) Uma conjugação verbal no afirmativo do imperativo.
     b) Uma conjugação verbal no presente do indicativo.
     c) Uma conjugação verbal no futuro do subjuntivo.
     d) Uma   conjugação   verbal   no   pretérito   mais-que-perfeito do indicativo.
     e) Uma conjugação verbal no pretérito imperfeito do indicativo.

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS- COM GABARITO

SONETO: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO  
                  Gregório de Matos

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”  
                                                              Gregório de Matos
Entendendo o poema:
01 – A ideia central do texto é:
a) a duração efêmera de todas as realidades do mundo;
b) a grandeza de Deus e a pequenez humana;
c) os contrastes da vida;
d) a falsidade das aparências;
e) a duração prolongada do sofrimento.

02 – A preocupação com a brevidade da vida induz o poeta barroco a assumir uma atitude que:
a) descrê da misericórdia divina e contesta os valores da religião;
b) desiste de lutar contra o tempo, menosprezando a mocidade e a beleza;
c) se deixa subjugar pelo desânimo e pela apatia dos céticos;
d) se revolta contra os insondáveis desígnios de Deus;
e) quer gozar ao máximo seus dias, enquanto a mocidade dura.

03 – Qual é o elemento barroco mais característico da 1ª estrofe?
a) estrutura bimembre
b) estrutura correlativa, disseminativa e recoletiva
c) disposição antitética da frase
d) concepção teocêntrica
e) cultismo

04 – No texto predominaram as imagens:
a) táteis
b) olfativas
c) auditivas
d) visuais
e) gustativas

05 – Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:
a) O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na cultura greco-latina.
b) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o antropocentrismo renascentista.
c) O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e vida.
d) A arte barroca é vinculada à Contrarreforma.
e) O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérbole e de metáforas.

06 – Podemos perceber no poema muitas figuras de linguagem. Encontre as antíteses e cite os versos:
      “Nasce o sol e não dura mais que um dia” – (vida/morte)
      “Depois da luz, se segue a noite escura” – (claro/escuro)
      “Em tristes sombras morre a formosura” – (feio/belo)
      “Em contínuas tristezas a alegria” – (tristeza/alegria)

07 – Como é formado o poema?    
      É formado por 2 quartetos e 2 tercetos, num total de 14 versos. Esta é a estrutura de um soneto.

08 – No poema percebemos que a linguagem barroca enfatiza o quê?   
      Tudo que é inconstante, que muda de aparência, que está em movimento. 

09 – Fazer a correspondência entre as colunas:
a) Epiteto.
b) Anáfora.
c) Antítese.
d) Zeugma.

(d) “Em contínuas tristezas a alegria”.
(c) “E na alegria sinta-se tristeza”.
(a) “... Noite escura...”.
(b) “Como a beleza... / Como o gosto...”.

10 – Qual é o elemento barroco mais característico da 1ª estrofe?
a) Disposição antitética da frase.
b) Cultismo.
c) Estrutura bimembre.
d) Concepção teocêntrica.
e) Estrutura correlativa, disseminativa e recoletiva.

11 – Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações abaixo:
I – Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõem a figura da antítese.
II – Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, quais sejam, rimas ricas, interpoladas nas quadras (“A-B-A-B”) e alternadas nos tercetos (“A-B-B-A”).
III – O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado, ali, por “ignorância do mundo” e “qualquer dos bens”, por um lado, e por “constância”, “alegria” e “firmeza”, de outro.

A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:
a) Somente I está correta.
b) Somente II está correta.
c) Somente III está correta.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Todas estão corretas.

CONTO: ABISMO AZUL - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Abismo azul
       
         Ferreira Gullar

        Chovera toda noite. O peso da água sobre nosso telhado fazia com que uma poeira úmida baixasse sobre minha rede. Assim adormeci sob o troar do aguaceiro, como se viajasse num mar tempestuoso.
        O dia, porém, amanheceu límpido. Tomei o café e saí descalço caminhando pela rua de barro, onde ainda se viam restos da chuva da noite.
        Ao chegar ao Campo de Ourique, onde o chão era de areia firme, deparei-me com uma grande poça d’água transparente. Quis entrar nela mas, ao ensaiar o passo, detive-me em pânico: tinha diante de mim um abismo tão fundo quanto o céu azul sem nuvens que a água refletia.
        Logo me refiz do susto e entrei na poça. Meus pés levantaram o barro do fundo que turvou a água e apagou a imagem vertiginosa daquele céu de verão.
(Ferreira Gullar. O touro encantado. São Paulo: Salamandra, 2003, p. 17)

Entendendo o conto:
01 – No texto, o narrador-personagem relata um dia marcante em sua vida em que, após uma noite de tempestade de verão, se depara com um enorme abismo azul. Com base no texto julgue os itens:
I – O abismo consiste na poça d’água que se formou após a tempestade;
II – Segundo o texto, a água ficou barrenta após o narrador pisá-la;
III – A chuva que caiu na noite anterior não atrapalhou o sono do narrador;
IV – A imagem do céu azul refletida na poça d’agua findou-se quando o narrador levantou o barro do fundo com os pés.
     (a) apenas um item está correto.
     (b) dois itens estão corretos;
     (c) apenas dois itens estão corretos;
     (d) apenas três itens estão corretos.

02 – As palavras troar, límpido e vertiginosa, extraídas do texto podem ser substituídas, sem alteração de sentido, respectivamente, por:
     (a) estrondar, limpo, alucinante.
     (b) fascinar, estonteante, célere.
     (c) arrebatar, claro, rápido.
     (d) clamar, nítido, acelerado.

03 – O narrador relata uma experiência marcante vivida no passado. Depois de uma noite de tempestade de verão, ele se depara com um “abismo azul” no Campo do Ourique.
a)   O que era o abismo azul?
Era uma poça d’água.

b)   Por que esse “abismo” dava a noção de profundidade?
Porque refletia o céu.

04 – “Abismo azul”, de Ferreira Gullar, pode ser considerado um texto, pois apresenta unidade de sentido. Além disso, contém as três partes essenciais que a maioria dos textos tem: começo, meio e fim. Associe cada uma dessas partes aos fatos da história:
a)   Começo.
b)   Meio.
c)   Fim.
     (c) O narrador entra na poça d’água, superando o medo e, ao mesmo tempo, apagando a beleza do “abismo azul”.
     (a) Descrição de uma noite de chuva.
     (b) O narrador sai para caminhar em uma manhã clara de verão e se depara com um “abismo azul”, que o assusta.

05 – O texto está dividido em partes menores, os parágrafos.
a)   Quantos parágrafos há no texto?
Possui quatro parágrafos.
b)   Como se indica formalmente o parágrafo no texto?
Pelo afastamento da margem esquerda.

06 – Em textos narrativos, como o conto “Abismo azul”, é comum haver mudança de parágrafo quando acontece um deslocamento (mudança) no tempo ou no espaço. Compare o texto de cada parágrafo e observe a presença de palavras que indicam deslocamento temporal ou espacial.
Associe as colunas, indicando o motivo da mudança de parágrafo:
a)   Deslocamento espacial.
b)   Deslocamento temporal e conjunto de ações diferentes.

(b) Do 1° para o 2° parágrafo.
(a) Do 2° para o 3° parágrafo.
(b) Do 3° para o 4° parágrafo.

07 – Observe o primeiro parágrafo do texto. Ele apresenta partes menores, as frases, que são delimitadas pelo ponto.
a)   Observe o número de pontos desse parágrafo. Quantas frases há no parágrafo?
Possui três frases.

b)   O parágrafo se inicia com letra maiúscula. E as frases, são iniciadas com letra maiúscula ou letra minúscula?
As frases são iniciadas com letra maiúscula.



TEXTO: REGRA DE OURO - CAMILA PEREIRA DE FARIAS - COM GABARITO

Texto Regra de ouro


        Riki gostava muito de jogar futebol, e no dia do seu aniversário, ganhou presentes especiais.
        – Parabéns, Riki – disse seu pai, entregando-lhe uma bola de futebol novinha.
        – Querido, temos mais este presente pra você! Ele é muito, muito especial, meu filho! – disse a mãe.
        Então, ela prendeu uma fita dourada no pulso de Riki. Mas não era uma fita dourada comum. Nela havia uma frase escrita em letras grandes destacadas. Riki ficou intrigado com a frase, mas, afoito, não pensou muito e foi logo achando que a fita era algum tipo de pulseira da sorte que a garotada de sua idade costumava usar. – Querido, preste atenção! Isso não é uma fita da sorte. Você viu o que está escrito na fita dourada?
        Então, Riki, acalmando-se do agito inicial, leu atentamente as palavras bordadas em letras grandes: “Faça para os outros aquilo que você gostaria que fizessem para você”.
        – Já sei, mamãe! Na casa do vovô e da vovó tem um quadro antigo, na sala de jantar, com esta frase!
        – Isso mesmo! É a regra de ouro! Ela é uma regra muito importante. A regra de ouro diz que você deve tratar os outros do jeito que você gostaria de ser tratado também. Ela é chamada de regra de ouro, porque é muito preciosa, igualzinho ao ouro! Ela é preciosa porque o seu ensinamento é como um tesouro para nossa vida. É algo muito bom que devemos guardar em nosso coração e praticar em nossa vida sempre.
                                                                      Camila Pereira de Farias
Entendendo o texto:
01 – Qual o título do texto?
      A regra de ouro.

02 – Quem é o personagem principal do texto?
      Riki.

03 – O que o pai de Riki entregou a ele de presente de aniversário?
      Uma bola de futebol novinha.

04 – O que a mamãe prendeu no braço de Riki?
      Uma fita dourada.

05 – Por que a fita dourada não era comum?
      Porque nela continha uma frase que é uma regra de outro, sobre tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.

06 – Onde Riki já tinha visto essa frase?
      Na casa do vovô e da vovó, em um quadro antigo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

FILME(ATIVIDADES): ABRIL DESPEDAÇADO - WALTER SALLES - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): ABRIL DESPEDAÇADO
Criador(es): Walter Salles
Gênero Drama
Nacionalidades FrançaSuiçaBrasil

SINOPSE E DETALHES
        Em abril de 1910, na geografia desértica do sertão brasileiro vive Tonho (Rodrigo Santoro) e sua família. Tonho vive atualmente uma grande dúvida, pois ao mesmo tempo que é impelido por seu pai (José Dumont) para vingar a morte de seu irmão mais velho, assassinado por uma família rival, sabe que caso se vingue será perseguido e terá pouco tempo de vida. Angustiado pela perspectiva da morte, Tonho passa então a questionar a lógica da violência e da tradição.

Entendendo o filme:
01 – Que tema aborda o filme?
      Aborda o conflito de terras entre duas famílias no interior nordestino do Brasil.

02 – Quem é o diretor deste filme?
      Walter Salles.

03 – Quem são os personagens principais que atuam neste filme?
      Tonho (Rodrigo Santoro), seu pai (José Dumont), seu irmão (Pacu) e Matheus.

04 – Em qual ano/década a história acontece? 
      Aconteceu em 1910.

05 – Qual é a história narrada? Onde e como tudo acontece?
      A história se passa no sertão nordestino em uma localidade com o nome de Riacho das Almas. Retrata o conflito entre duas famílias, Breves e Ferreira, que disputam terras, terras essas que era de uma das famílias e por meio de conflitos disputas e mortes acabam passando para o domínio da outra.
      Ela se centra em contar a história de Pacu e Tonho, irmãos e membros da família Breves. Tonho como filho mais velho, foi incumbido pela sua família com a missão de vingar a morte de seu irmão, assassinado por um membro da família rival em um dos vários conflitos entre as duas famílias que já perduravam por um período. Tonho realizou a tarefa de vingar seu irmão, porém, como consequência assinou sua sentença de morte, pois a partir daí seria perseguido pela família rival.

06 – Quem eram as pessoas que viviam no "Riacho das Almas"? Em que região do Brasil se localiza este lugar?
      Viviam as famílias Breves e Ferreira entre tantos outros moradores retratando a pobreza vivida no sertão nordestino.

07 – Que cenário é mostrado do povo que vive no sertão nordestino?
      Mostra um cenário de trabalho árduo, violência física e psicológica, trabalho infantil, a dificuldade que essas pessoas passam, vemos pessoas sem nenhuma perspectiva de crescimento, sem educação, sem um trabalho digno, nos levando a refletir sobre a desigualdade e o descaso em que vivem essas famílias.

08 – Por que Abril despedaçado?
      Porque enfatiza as tragédias em um determinado período. O tempo era algo marcante no filme, a moenda nos lembra um relógio marcando o momento em que o personagem principal (Tonho) seria morto e que cada momento era próprio, já que poderia acontecer a qualquer hora.

09 – Identifique aspectos religiosos no filme. São relativos? Por quê?
      O apego religioso é demonstrado no filme de maneira muito fiel.
      Devido à época, isso era muito constante e por muitas vezes os ritos chegavam a ser estranhos. A cena em que a mãe reza para “que cada gota de sangue do filho sejam duas do inimigo” mostra claramente o tom religioso do filme, mesmo que os personagens possam parecer confusos. Na cabeça deles aquilo era o certo e não existia outra vida, por isso eles chegavam a pedir às suas divindades.

10 – Explique o processo de Zoomorfização dos personagens no enredo narrado. Qual a importância desse processo na narrativa?
      As personagens por muitas vezes são ingênuos, agindo por puro consultudinarismo e instinto. Fazem usa da força e violência desregrada ao invés do diálogo racional. Não conseguem entender a realidade deplorável em que vivem.

CONTO: A DISCIPLINA DO AMOR - LYGIA FAGUNDES TELLES - COM GABARITO

Conto: A disciplina do amor
              Lygia  Fagundes Telles

        Foi na França, durante a Segunda Grande guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava até a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
        Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias.
        Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina.
        As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

Lygia Fagundes Telles. A disciplinas do amor.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980.p. 99-100.
Entendendo o conto:

01 – Quando ocorreu a história que você leu? E qual é o espaço (onde)?
      Durante a segunda grande guerra, na França.

02 – Qual é o personagem principal da história? Fale dele.
      Um cachorro que todos os dias ia esperar o dono voltar do trabalho.

03 – Por que o cão esperou pelo seu dono até a morte?
      Porque gostava muito dele.

04 – Conte o que aconteceu depois que o jovem soldado morreu.
      As pessoas, os familiares e os amigos esqueceram-se do soldado, menos o cão.

05 – Por que os parentes e amigos se esqueceram do soldado e só o seu cão não o esqueceu?
      Porque a memória dos homens, com o passar do tempo, vai ficando mais fraca.

06 – Qual o foco narrativo usado pela autora? Comprove com dois exemplos.
      Foco narrativo em 3ª pessoa: “Foi na França, durante a segunda grande guerra” / “Casou-se a noiva com um primo”.

07 – Há uma pequena passagem em que a narradora dialoga com o leitor. Localize-a.
      “Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de espera-lo?”

08 – O narrador é personagem da história?
      Não. O narrador não é personagem da história.

09 – Em alguns textos, o narrador interrompe a narrativa em 3ª pessoa e se introduz na história para organizá-la, para explicar fatos fundamentais ao entendimento do que está sendo narrado. Em “A disciplina do amor”, com que finalidade a narradora interrompe a narrativa?
      A autora se introduz na narrativa para retomar a história, para voltar ao relato do fato acontecido durante a guerra, interrompido para apresentação dos personagens.

POEMA: DIVERSONAGENS SUSPERSAS - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

Poema: DIVERSONAGENS SUSPERSAS
                 
             Paulo Leminski

Meu verso, temo, vem do berço.
Não versejo porque eu quero,
Versejo quando converso
E converso por conversar.
Pra que sirvo senão pra isto,
Pra ser vinte e pra ser visto,
Pra ser versa e pra ser vice,
Pra ser a super-superfície
Onde o verbo vem ser mais?

Não sirvo pra observar.
Verso, persevero e conservo  
Um susto de quem se perde
No exato lugar onde está.


Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
Onde o avesso do inverso
Começa a ver e ficar.

Por mais prosas que eu perverta,
Não permita Deus que eu perca
Meu jeito de versejar.
                Paulo Leminski. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 83.

Entendendo o poema:

01 – As aliterações presentes nos versos referem-se à repetição de que fonemas?

      Elas se referem à repetição dos fonemas consonantais /v/ e/s/, representados pelas letras v; s; ç e c, respectivamente.

02 – Como se dá a assonância nesses versos?

      A assonância se dá pela repetição dos fonemas vocálicos representados pelas letras e e i.

03 – Releia primeira estrofe. Que sons se repetem?

      Os sons representados pelas consoantes V e S.

04 – Que efeito se obteve com essa repetição?

      Destacou-se a palavra verso, cujas consoantes serviram de base para o ritmo do poema.

05 – Há predomínio de algumas vogais no poema? Quais?

      Sim. As vogais E e O.

06 – Essas vogais também pertencem à palavra-chave do poema?

      Sim.

07 – Há algum exemplo de paralelismo no poema de Leminski? Transcreva abaixo.

      “Pra ser vinte e pra ser visto, / Pra ser versa e pra ser vice”.

08 – Que regularidades nos versos que você transcreveu permanecem?

      A estrutura da frase é a mesma e as palavras, embora signifiquem coisas diferentes, possuem sonoridade semelhante: iniciam com a mesma consoante, possuem o mesmo número de sílabas e a mesma tonicidade.

09 – O poema de Paulo Leminski possui anáforas?

      A palavra pra, na primeira estrofe, se repete em quatro versos seguidos, constituindo uma anáfora.

10 – Todas as palavras do poema “Diversonagens suspersas” constam no dicionário ou algumas foram inventadas?

      Muitas foram inventadas.

11 – Por que foram inventadas?

      Para preservar o ritmo cadenciado e a sonoridade do poema.