quinta-feira, 11 de outubro de 2018

CONTO: OS PORCOS DO COMPADRE - PEDRO BANDEIRA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Conto: Os porcos do compadre
                        
                             Pedro Bandeira

De outra feita Malasartes
Aprontou bela trapaça.
Foram os porcos do compadre
Que causaram toda a graça.

Malasartes era compadre
De um honesto sitiante,
A quem tinham enganado
De uma forma humilhante.

Certa vez um fazendeiro,
Desonesto e pão duro,
Enganou o tal compadre,
Que ficou num grande apuro.

O compadre tinha porcos,
Eram vinte ou pouco mais.
O pão-duro comprou todos,
Porém não pagou jamais.

—Malasartes, ai me acuda!
Ele nunca vai pagar!
—Fique calmo, meu compadre.
Eu sei como te vingar!

Malasartes, muito humilde,
Foi à casa do danado.
Pediu pra vender os porcos
E foi logo empregado.

Malasartes fez que foi
Para os lados do mercado.
Mas foi mesmo para a casa
Do compadre aperreado.
—Pegue logo, tudo é seu.
Vou agora preparar
Para esse fazendeiro
A lição mais exemplar.

Em seguida, no mercado,
Tratou logo de comprar
Duas dúzias de rabinhos
Pro pão-duro engambelar.

A cem metros da fazenda,
Para onde foi ligeiro,
Os rabinhos espetou
Bem certinho no atoleiro.
Correu pra fazenda, aflito:
—Oh, patrão, vem cá ligeiro!
Os seus porcos se afundaram
Bem no meio do atoleiro!

—Que desgraça, meus porquinhos?
O atoleiro é muito fundo.
Venha, Pedro, me ajudar.
Chama logo todo mundo!

—há tempo, meu patrão.
Temos de nos apressar.
Pois se a gente perder tempo,
Vão os porcos se afogar!

Bem nervoso o fazendeiro
Correu com o Pedro atrás:
—Me ajude a puxar os porcos,
vamos, força, meu rapaz!

— Meu patrão, tenha cuidado!
Sua força é demais,
Pois está arrancando os rabos
Desses pobres animais!

Pra salvar os tais porquinhos,
O patrão se esforçava:
Quanto mais força fazia,
Mais rabinhos arrancava...

— Vai pra casa, Malasartes,
bem depressa a correr!
Acho que só tem um modo
Para os porcos socorrer.
Só cavando vai dar jeito,
Se algum jeito ainda houver.
Vê se traz dois enxadões,
Peça pra minha mulher!
Malasartes foi depressa
Para a casa da fazenda
E falou para a patroa
Que havia uma encomenda,
Muito boa, com certeza,
Que acabara de chegar,
E pediu dois mil “pacotes”
Pro patrão poder pagar.

A patroa era sabida,
Bem difícil de enganar,
Estranhando aquela história,
Resolveu assim falar:
—Meu marido é controlado,
nunca deu nada a ninguém.
Você está enganado,
Não vou dar nenhum vintém!

Apontou o Malasartes
para o lado do patrão.
Com dois dedos como um V,
E pediu explicação:

— Meu patrão, não eram dois?
Diga logo, tenha dó.
Ou será que me enganei
E vai ver que foi um só?

A pensar nos enxadões,
O caipira se enganou.
Apontou também dois dedos
E a mentira confirmou.

A mulher se convenceu
E entregou todo o dinheiro.
Malasartes pôs no bolso
E sumiu dali ligeiro...

Foi bem feito pro caipira.
Quem mandou ser desonesto?
Pois ficou sem os tais porcos
E perdeu ainda o resto!

Depois de tanta aventura,
Vai ficar esta certeza:
Quem não tem força e poder
Tem de usar a esperteza...

BANDEIRA, Pedro. Malasaventuras. Safadezas Do Malasartes.
Entendendo o conto:
01 – Complete a tabela de acordo com as características do conto “Os porcos do compadre”:

Autor: Pedro Bandeira.
Tipo de conto popular: Facecioso.
Tempo / época: Não tem tempo determinado. “Certa vez...”
Verso / prosa: Verso.
Personagens: Malasartes, compadre, fazendeiro, esposa do fazendeiro.

02 – Releia a 3ª e 4ª estrofe (versos 4 a 16). Explique com suas palavras qual foi a desonestidade cometida pelo fazendeiro:
      Certa vez um fazendeiro desonesto e pão duro comprou os porcos do compadre de Malasartes e não pagou. Malasartes se revoltou e disse que ia se vingar.
      Então, foi até a fazenda e pediu para ir na cidade vender os porcos, o fazendeiro deixou. Malasartes devolveu os porcos ao compadre e passou no açougue e comprou rabinhos de porcos e enterrou num lamaçal, chamou o fazendeiro para ajudar desenterrar os porcos e quando ele puxava, arrancava o rabo.
      Pediu para Malasartes ir em casa buscar enxadões e Malasartes disse para a esposa do fazendeiro dar 2 mil e ela mesmo desconfiada deu.

03 – Por que Malasartes resolveu ajudar o sitiante?
      Porque o sitiante era compadre dele e foi enganado por um fazendeiro.

04 – Como Malasartes conseguiu se aproximar do fazendeiro?
      Ele foi ao fazendeiro e pediu para vender os porcos.

05 – “Malasartes fez que foi / Para os lados do mercado” (7ª estrofe).
        Explique o significado da expressão em destaque. Em seguida, aponte por que Malasartes agiu desta forma.
      Significa que ele não foi para onde tinha que ir. Porque em vez de ir ao mercado, ele foi para o sítio do compadre para acertar com ele.

06 – Com suas palavras, conte para que e porque Malasartes comprou vários rabinhos de porcos, até a parte em que o patrão pede que ele vá a sua casa.
      Ele comprou os rabinhos para engambelar o fazendeiro. Fazendo de conta que os porcos morreram atolados.

07 – O que Malasartes pede à mulher do patrão? Por que ela desconfiou?
      Ele pediu dois mil “pacotes”. Porque o marido era controlado e nunca deu nada a ninguém.

08 – Transcreva um trecho em que o narrador demonstre um ponto de vista sobre a história.
      “Depois de tanta aventura,
       Vai ficar esta certeza:
       Quem não tem força e poder
      Tem de usar a esperteza...”

09 – Nos contos populares, é comum haver ensinamentos da sabedoria do povo. Isso ocorre nesse? Esclareça essa ideia.
      Sim. É um conto facecioso (palavra derivada de facécia = cheio de graça, zombeteiro, provocador de riso). E o ensinamento é que “Quem não tem força e poder / Tem de usar a esperteza...”

10 – Qual a variante linguística predominante? Transcreva um trecho.
      Linguagem coloquial ou informal. “— Malasartes, ai me acuda!”.

11 – O primeiro verso de Os porcos do compadre começa com a expressão “De outra feita...”:
a)   O que quer dizer essa expressão?
De outra vez, em outra ocasião...

b)   Que sentido traz a história o uso da expressão “De outra feita...” no início do texto? Por que não se empregou “De uma feita...” ou “Uma feita...”?
Esse emprego traz para a história a referência de que não é a primeira aventura de Pedro Malasartes. Ele teve outras, em outras ocasiões.

12 – Logo no início da narrativa ficamos sabendo que Malasartes “aprontou bela trapaça” para ajudar o seu compadre, “que ficou num grande apuro”.
a)   Por que o compadre ficou num grande apuro?
Porque vendeu porcos para um fazendeiro pão-duro e desonesto e não recebeu pela venda.

b)   Por que na sua opinião, o narrador diz que foi uma “bela trapaça”?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: porque o sitiante foi enganado pelo fazendeiro pão-duro e desonesto.

c)   Consulte o dicionário e de o significado de trapaça.
Mentira, fraude usada para enganar a boa-fé de alguém causando-lhe prejuízo.

13 – O contador, ou narrador, de Os porcos do compadre, no fim da história, dá a sua opinião sobre o que aconteceu com o fazendeiro. Transcreva do texto o trecho em que fica clara a opinião do contador sobre o acontecido.
      “Foi bem feito pro caipira. / Quem mandou ser desonesto?”











POEMA: INFÂNCIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: Infância
          Carlos Drummond de Andrade


Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia. 
Eu sozinho menino entre mangueiras
Lia a história de Robinson Crusóe,
Comprida história que não acaba mais. 

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu 
A ninar nos longes da senzala -- e nunca se esqueceu
Chamava para o café. 
Café preto que nem a preta velha
Café gostoso
Café bom. 

Minha mãe ficava sentada cosendo
Olhando pra mim:
-- Psiu... Não acorde o menino. 
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo! 

Lá longe meu pai campeava
No mato sem fim da fazenda. 

E eu não sabia que minha história
Era mais bonita que a de Robinson Crusoé. 

                                                  Carlos Drummond de Andrade.

Entendendo o poema:
01 – No poema ocorre uma narração. O que o poeta narra?
      O poeta narra episódios de sua infância.

02 – Além da narração, ocorre a confissão de um estado de espírito atual do poeta, que é uma espécie de lamentação. O que ele lamenta?
      O poeta lamenta não ter percebido, a tempo, que sua infância era bonita.

03 – Robinson Crusoé adquiriu para o eu poético, na infância, um significado simbólico. Qual?
      Simboliza uma vida cheia de aventuras.

04 – Agora, na perspectiva do homem adulto, Robinson Crusoé também aparece como um símbolo, um elemento de comparação. Nessa comparação, quem sai “ganhando”?
      O eu poético, pois ele descobre que sua infância tinha sido muito bonita.     

05 – Qual a única rima presente em todo o poema? Ela proporcionou mais musicalidade ao texto? Explique: 
      Aprendeu / esqueceu.

06 – Na segunda estrofe, há uma comparação. Qual? Explique-a: 
      A comparação do café preto que nem a preta velha.
      Hoje sabemos que é uma negra e não preta.

07 – O que o poeta, agora adulto, lamenta? Comprove sua resposta.
      Lamenta que não sabia que a sua história (infância) era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

08 – Leia as afirmações feitas a seguir.
I – No poema, o poeta rememora episódios de sua infância.
II – A infância do poeta caracteriza-se pela repetição dos mesmos pequenos acontecimentos de uma pacata vida doméstica.
III – O menino foge da monotonia, da solidão, lendo as histórias de Robinson Crusoé.
IV – Desde criança, o poeta já percebia que a vida tinha mais beleza que a de Robinson Crusoé.
Estão corretas as afirmações feitas em:
a)   I e II, apenas.
b)   I, II e III, apenas.
c)   II, III e IV, apenas.
d)   I, II, III e IV.
e)   II e III, apenas.

09 – O menino lê as aventuras de Robinson Crusoé. Enquanto sua vida é pacata, a do aventureiro é movimentada. No entanto, o menino identifica-se com o personagem porque ambos:
a)   São crianças.
b)   Estiveram perdidos por um longo período num lugar deserto, de difícil acesso.
c)   São solitários.
d)   Moravam em fazendas durante a infância.
e)   Se tornaram escritores quando adultos.

10 – Em que estrofe ou estrofes do poema “Infância”, a lembrança do passado é sugerida por meio de sentidos como a visão, o olfato, o paladar e a audição.
a)   Apenas na 1ª estrofe.
b)   Estrofes 02 e 03.
c)   Estrofes 04 e 05.
d)   Apenas na 2ª estrofe.

11 – No texto, há uma predominância do uso das formas verbais no pretérito imperfeito do indicativo. Isso se justifica pela seguinte afirmativa:
a)   Por se tratar de ação já concluída.
b)   Porque as ações foram realizadas antes de uma ação também ocorrida no passado.
c)   Porque o verbo indica uma ação passada que se repetia habitualmente.
d)   Por expressar uma incerteza a respeito de fatos ocorridos.

12 – Qual é a finalidade do uso do travessão na terceira estrofe do poema “Infância”, de Carlos Drummond de Andrade?
a)   Separar uma enumeração.
b)   Explicar algo já dito anteriormente.
c)   Colocar em destaque uma ideia.
d)   Introduzir o discurso direto.

13 – Marque a alternativa em que há adjetivo empregado no mesmo grau que bonita no verso “Era mais bonita que a de Robinson Crusoé” (Verso 21).
a)   Meu irmão era menor que eu.
b)   O meu pai era o mais velho da fazenda.
c)   Minha mãe suspirava mais do que eu.
d)   A fazenda do meu pai era maior do que as dos vizinhos.

14 – Assinale a alternativa que substitui corretamente as palavras destacadas nos versos, se necessário, consulte um dicionário:
a)   “Minha mãe ficava sentada cosendo”.
(   ) Cozinhando.
(   ) Conversando.
(X) Costurando.
(   ) Cuidando do filho pequeno.

b)   “... uma vez que aprendeu a ninar nos longes da senzala...”.
(X) Fazer adormecer, embalar.
(   ) Chamar alguém de longe.
(   ) Cantar músicas infantis.
(   ) Acordar os bebês com doçura.

c)   “Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda”. É correto afirmar que o pai;
(   ) Retirava o mato que crescia ao redor da fazenda.
(X) Andava a cavalo pelo campo à procura de gado.
(   ) Trabalhava como guardador de cavalos.
(   ) Retornava de seu trabalho na fazenda.


POESIA: DOIS E DOIS: QUATRO - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poesia: Dois e dois: quatro
               Ferreira Gullar

Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena.
Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa, serena
como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
                                                                      Ferreira Gullar
Entendendo a poesia

01 – Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o sentido dos versos de Ferreira Gullar.
a)   A partir de uma visão niilista. O poeta encara as dificuldades existenciais que enfrenta como insolúveis.
b)   A visão determinista do poeta define o seu destino em relação a amada, tal como uma operação matemática.
c)   Trata-se de um poema com discurso panfletário contra os problemas sociais e a falta de liberdade no país.
d)   No poema, o eu lírico tem consciência dos problemas. Mas se norteia pela certeza da validade da vida.
e)   O poeta tem convicção da validade da vida, mas hesita diante da projeção de um ideal a ser alcançado.

02 – O primeiro verso apresentado em destaque, nesse contexto, exprime:
a)   A certeza do eu lírico de que a vida vale a pena;
b)   A dualidade da vida;
c)   A soma de dois fatores que faz o eu lírico acreditar na vida;
d)   A importância da vida;
e)   A exatidão da vida.

03 – Que temática o eu lírico aborda?
      O custo de vida, os problemas sociais e a falta de liberdade no país.

04 – No verso: “... e a noite carrega o dia...”. Que figura de linguagem encontramos?
      Prosopopeia ou personificação.

05 – Leia estes versos abaixo, de Ferreira Gullar:
“Sei que dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Mesmo que o pão seja caro
E a liberdade, pequena.

      Observe os dois primeiros versos. 

a) Quantos período há neles?
      O período nada mais é que uma frase que possui uma ou mais orações. Sendo que as orações, entende-se que são aquelas em que possuem um verbo ou mais. Desta forma, existem cinco períodos.

b) Divide os período em orações. 
      As orações do verso são:
      1. Sei que
      2. Dois e dois são quatro
      3. Sei que a vida vale a pena
      4. Mesmo que o pão seja caro
      5. E a liberdade pequena.

c) Nos dois período aparece o verbo SABER. Qual é a predicação desse verbo?
      A predicação do verbo saber é definida como transitivo direto, ou seja, que necessita de um complemento.

d) Qual é a função sintática das orações "que dois e dois são quatro" e "que a vida vale a pena"?
      Funcionam como objeto direto, já que complemente o transitivo direto.

e) Portanto, qual é a classificação dessas orações? 
     Desta forma, entende-se que as orações são classificadas em subordinada objetiva direta, ou seja, o sujeito está evidente.
        



SONETO: O DIA ABRIU SEU PÁRA-SOL BORDADO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO


Soneto: O dia abriu seu pára-sol bordado
                           
                                 Mário Quintana


O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu arqueado,
A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-lo admirado…

Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo… Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude…

Entendendo o soneto:
01 – No verso: “O dia abriu seu para-sol bordado”, qual o significado?
      A expressão “para-sol” estaria sendo utilizada para fazer referência a um objeto que lembrasse o guarda-chuva, mas que o protegeria do sol. Então o verso significa o nascer do dia, com o sol, que é barrado pelas nuvens e pelas árvores que fazem sombra para que o calor não seja muito forte.

02 – Em relação ao texto de Mário Quintana reproduzido acima, marque a(s) opção(ões) incorreta(s):
a) Segundo o dicionário eletrônico de Aurélio B. Holanda, “Verso é cada uma das linhas constitutivas de um poema; a unidade rítmica de uma poesia”. Portanto, a estrofe citada é composta de 4 versos.
b) No conjunto formado pelos versos 1 e 2, tem-se uma ocorrência de linguagem metafórica.
c) Ao empregar a palavra fumo por fumaça, o poeta utiliza o recurso estilístico da hipérbole.
d) Para sugerir de forma mais expressiva o movimento vagaroso do fumo (fumaça) que subia, Mário Quintana recorre à correta partição silábica da palavra minuciosamente.
e) A pluralização da palavra para-sol se baseia na mesma orientação normativa de guarda-civil.

03 – O autor utilizou nesse poema recursos formais da poesia tradicional e a eles incorporou traços característicos da linguagem modernista. Considerando a estrutura do poema, identifique dois aspectos formais da poesia tradicional e aponte uma característica da linguagem modernista e seu respectivo exemplo.
      Dois dos aspectos:
·        Emprego da rima.
·        Emprego do soneto.
·        Emprego de versos metrificados.

- Uma das características e respectivo exemplo:
     * Uso da linguagem coloquial.
     - Pára = sol, fumo, pra.
     * Uso na linguagem escrita da linguagem oral.
     - Mi-nu-ci-o-sa-men-te.




TEXTO PARA SÉRIES INICIAIS: DE PASSAGEM - EDU E GEYA JUNQUEIRA - COM GABARITO

Texto: DE PASSAGEM

      Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
     O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram: uma cama, uma mesa e um banco.
     — Onde estão seus móveis? — perguntou o turista.

          E o sábio, imediatamente, perguntou também:
          — E onde estão os seus...?
      — Os meus?! - surpreendeu-se o turista — Mas eu estou aqui só de passagem!
          — Eu também... — concluiu o sábio.
          "A vida na terra é só uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de serem felizes".

                                                    Edu e Geya Junqueira. 26/11/2010.
Entendendo o texto:
01 – Indique a nacionalidade de cada personagem.
·        O turista = é americano.
·        O sábio = é egípcio.

02 – Indique as características psicológicas de cada personagem. Caracterize os personagens.
        O turista = procurar conhecimento e humildade.
        O sábio = Simplicidade e sabedoria.

03 – O texto se manifesta através de um sentido espiritualista, cuja frase: “estou aqui só de passagem” encerra este fato. No entanto, há outra frase que caracteriza isso. É a:
(a) Eu também.
(b) Á vida na terra é só uma passagem.
(c) Alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente.
(d) morava num quartinho pequeno.
(e) as únicas peças de mobília eram: uma cama, uma mesa e um banco.

04 – De acordo com o texto, onde se passou a história?
      Na cidade do Cairo, no Egito.

05 – Como era o quarto em que o sábio morava? Quais os móveis?
      O sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. E tinha apenas uma cama, uma mesa e um banco.    




TEXTO: OS JOGOS OLÍMPICOS - ROBERTO POMPEU - COM GABARITO


Texto: Os Jogos Olímpicos

     Os Jogos Olímpicos são um desafio ao bom senso. Tome-se o arremesso do martelo. Terem inventado que tal coisa é uma atividade digna de ser praticada, digna de ser chamada de “esporte” e, para culminar, digna de figurar entre as modalidades olímpicas mostra como são instigantes os caminhos que a mente humana é capaz de percorrer. Tome-se o salto com vara. Por que saltar com vara? É outra invenção que só pode ser atribuída à tendência da mente humana em fugir do que é natural e razoável. E a corrida com barreiras? E o salto triplo? A rigor seria até dispensável o trabalho de selecionar uma ou outra modalidade. O esporte como um todo, e em especial a mania de superação que contamina seus praticantes, já repousaria sobre a premissa absurda de contrariar o prazer do sossego e do repouso.
        Todo o universo atlético ganha um sentido, no entanto, quando nos damos conta de que ali se reencena a luta humana pela sobrevivência. A corrida tem sua origem na fuga das feras ou dos grupos rivais; a corrida com obstáculos, na dificuldade de superar os charcos, os barrancos e os espinheiros; o salto em distância, na ultrapassagem dos riachos; o salto em altura, na tentativa de alcançar os frutos no alto das árvores. Até o salto com vara ganha uma lógica: é o momento em que o homem primitivo se torna capaz de inventar ferramentas para superar os obstáculos impostos pela natureza. E o arremesso do martelo, assim como o do disco e o do dardo, visita a quadra em que o homem criou as armas para substituir os próprios punhos na caça e no enfrentamento dos inimigos.
        Os Jogos Olímpicos miram na Grécia e acertam na pré -história. São uma releitura da Idade da Pedra. Ou melhor: uma parte dos Jogos. Os esportes com bola pertencem a outro capítulo da história da humanidade. Se nossos ancestrais demoraram tanto para inventar a roda, demoraram ainda mais para chegar à bola. A bola tem como principal característica uma esplendorosa inutilidade. É um brinquedo. As modalidades do atletismo lembram as sofridas necessidades da subsistência, na era em que a espécie procurava se consolidar sobre o planeta – fugir, comer, enfrentar o inimigo, contornar os obstáculos, conquistar a fêmea. Já a bola se notabiliza pela ausência de função nas lides pela sobrevivência. Por isso mesmo representa a conquista de um novo patamar, de inestimável valor, na escala da evolução: o patamar da diversão.
        Consolidada e confiante em si mesma, a espécie permite-se o luxo de brincar. O arremesso do martelo, mesmo não sendo mais com martelo, continua assustador. Haja músculo, para atirar aquela bola de ferro. Haja peso, para dar os rodopios que precedem seu lançamento. É uma atividade que pode causar admiração pela força, nunca pela astúcia. Já os passes no futebol ou as levantadas do vôlei mostram que, nos esportes com bola, a força é temperada, e às vezes até substituída, pela habilidade. O martelo pode até causar assombro, mas nunca provocará um sorriso. Já o drible, no futebol e no basquete, ou a “largada” no vôlei, manobras cujo objetivo é enganar o adversário, representam a intromissão do humor na competição. Do martelo à bola, desenha-se um percurso em cujo ponto de chegada a ênfase está menos nos músculos do que no uso da massa cinzenta alojada no cocuruto do animal humano.
(Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 27 de agosto de 2008,
p.170, com adaptações)
Entendendo o texto: 
01 – Segundo o autor:
(A) a qualificação de “esporte” atribuída a certas modalidades disputadas nos Jogos Olímpicos não se justifica mais nas condições da vida moderna.
(B) a interferência do humor nas competições esportivas gera desrespeito aos competidores mais fracos, desestimulando o espírito olímpico.
(C) algumas explicações para a presença de determinadas modalidades esportivas nos Jogos Olímpicos se encontram na própria história da humanidade.
(D) a seriedade que sempre envolveu a realização dos Jogos Olímpicos pode ser comprometida por atitudes antiesportivas em certas modalidades.
(E) as modalidades em que sobressai a força física dos atletas, embora possam causar estranheza, são preferíveis aos esportes com bola, que estimulam a brincadeira.

02 – Considere as afirmativas abaixo:
I. A prática de certas modalidades esportivas, que se mantêm tradicionalmente, apenas vem confirmar que nem sempre há explicações lógicas para as atitudes humanas.
II. As diversas modalidades esportivas tradicionalmente agrupadas nos Jogos Olímpicos apontam para as necessidades básicas da história da humanidade.
III. A associação do uso da inteligência ao preparo físico dos atletas denota um degrau superior na linha evolutiva do homem.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

03 – Os Jogos Olímpicos são um desafio ao bom senso. É correto afirmar, a partir da observação acima:
(A) A ressalva − Todo o universo atlético ganha um sentido, no entanto − garante a coerência entre a frase que inicia o texto e o desenvolvimento, até a conclusão final.
(B) O desenvolvimento do texto lhe acrescenta uma conclusão de certa forma incoerente, ao afirmar que há um percurso em cujo ponto de chegada a ênfase está menos nos músculos do que no uso da massa cinzenta.
(C) A opinião inicial, desfavorável à manutenção de certas modalidades esportivas que mostram como são instigantes os caminhos que a mente humana é capaz de percorrer, garante a unidade de todo o desenvolvimento textual.
(D) A afirmativa faz sentido até o último parágrafo, em que o autor se vale do mesmo tipo de linguagem crítica quando se refere às manobras cujo objetivo é enganar o adversário e que representam a intromissão do humor na competição.
(E) Para o autor, a realização dos Jogos Olímpicos na época contemporânea perdeu sentido, tanto por terem se transformado em um espetáculo grandioso de força e poder, quanto por serem uma releitura da Idade da Pedra.

04 – O texto se desenvolve como:
(A) condenação generalizada a algumas modalidades dos Jogos Olímpicos, por exigirem esforço físico além das possibilidades do ser humano.
(B) censura indireta aos responsáveis pela realização dos Jogos Olímpicos por manterem neles certas modalidades que nada têm de esportivas.
(C) elogio à maneira moderna de realização dos Jogos Olímpicos, em que se incluíram modalidades mais recentes, com bola, em meio às mais antigas.
(D) apresentação, do início até hoje, de informações baseadas em dados históricos a respeito da origem e desenvolvimento dos Jogos Olímpicos.
(E) considerações a respeito das modalidades em disputa nos Jogos Olímpicos, correlacionando-os à linha evolutiva da humanidade.

05 – Como inferência, o ditado popular que pode ser aplicado ao conteúdo do 3º e do 4º parágrafos é:
(A) Nem só de pão vive o homem.
(B) Quem ama o feio, bonito lhe parece.
(C) Nem tudo que reluz é ouro.
(D) Deus dá o frio conforme o cobertor.
(E) Quem espera sempre alcança.

06 – Considerando-se o contexto, o segmento cujo sentido está corretamente transcrito em outras palavras é:
(A) como são instigantes os caminhos = caso sejam possíveis os meios.
(B) fugir do que é natural e razoável = desconsiderar problemas mais graves.
(C) mania de superação = insistência na obtenção de melhores resultados.
(D) nas lides pela sobrevivência = nos rumos de uma vida melhor.
(E) a conquista de um novo patamar = uma premiação além do esforço empregado.