sexta-feira, 15 de agosto de 2025

POEMA: CAMINHOS DE MINHA TERRA - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poema: Caminhos de minha terra

             Jorge de Lima

Caminhos inventados

por quem não tem pressa de ir embora.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdzwqJmoltLHT-t9RvMJn4cKqcSf-y3C0Kq993_6Y7FeReHqiatKHh3pEFRk7X-nfjs-W9kRTVM4-6FEdi-_CLwe1x5NQIvI1dn2-KXNfl-rLSBE1l4aQaInTa8cB2dPlHwC54CLd0AimPlkdaKph0GjkAnBYb0Kc2Q6CPFmbUP41oaS49jXzpA8WaIy4/s1600/jorge_de_lima2.jpg 

Pelos que vão à escola.

Pelos que vão à vila trabalhar.

Pelos que vão ao eito.

Pelos que levam quem se despede da vida, que é tão bela…

 

À minha terra ninguém chega: ela é tão pobre…

Dizem que tem bons ares para os tísicos –

Mas os tísicos não vão lá: é tão difícil de ir-se lá…

 

Caminhos de minha terra onde perdi

os olhos e o passo de meditação…

Caminhos em que ceguinhos e aleijados podem

ir sem olhos e sem pernas: eles não atropelam os pobrezinhos.

Alguém quer partir e eles dizem:

 

– “Não vás: toma lá uma goiaba madura,

uma pitanga, um ingá e dão como

as mãos dos missionários que dão tudo,

cajus, pitombas, araçás a todos os meninos do lugar”.

 

Caminhos que ainda têm orvalhos e sonambrilos bacurais,

E têm ninhos suspensos nas ramadas.

 

Ali perto, na curva do encanto

Onde mataram de emboscada um cangaceiro,

Há uma cruz de pitombeira…

Quem passa joga uma pedra,

Reza baixinho: “Padre nosso que estais no céu

santificado seja o vosso nome

venha a nós…”

Aquela cruz do cangaceiro é milagrosa.

Já me curou de um puchado que

Eu peguei na escola da professora –

Minha tia Bárbara de Oliveira Cunha Lima.

 

Mundaú! – soube depois

Que quer dizer rio torto.

Quem te inventou Mundaú, das minhas lavadeiras

Seminus,

Dos meus pescadores de traíras?

Mundaú! – rio torto – caminho de curvas,

Por onde eu vim para a cidade

Onde ninguém sabe o que é caminho.

Os melhores poemas. São Paulo, Global, 1994.

Entendendo o poema:

01 – Que tipo de pessoas utilizam os caminhos da terra do eu lírico, e o que isso revela sobre a vida local?

      Os caminhos são utilizados por uma variedade de pessoas: estudantes que vão à escola, trabalhadores que se dirigem à vila ou ao eito (roça), e até mesmo por aqueles que levam os que se despedem da vida. Isso revela uma vida simples e rural, onde os caminhos são essenciais para as atividades cotidianas e para os ritos de passagem.

02 – Por que, segundo o poema, "ninguém chega" à terra do eu lírico, apesar de ter "bons ares para os tísicos"?

      Ninguém chega à terra do eu lírico porque "ela é tão pobre" e "tão difícil de ir-se lá". Embora se diga que o local tem "bons ares para os tísicos" (pessoas com tuberculose), a dificuldade de acesso e a pobreza desencorajam até mesmo aqueles que poderiam se beneficiar de seu clima.

03 – Como os caminhos da terra do eu lírico se relacionam com a ideia de acolhimento e doação?

      Os caminhos são apresentados como um lugar de acolhimento e doação. Quando "alguém quer partir", os caminhos "dizem: – 'Não vás: toma lá uma goiaba madura, uma pitanga, um ingá'". Essa oferta de frutas é comparada às "mãos dos missionários que dão tudo", simbolizando a generosidade e a tentativa de reter quem parte.

04 – Qual é o significado da "cruz de pitombeira" mencionada no poema e qual sua relação com a memória local?

      A "cruz de pitombeira" marca o local onde "mataram de emboscada um cangaceiro". Essa cruz é considerada milagrosa, e quem passa joga uma pedra e reza. A cruz se torna um ponto de devoção popular, ligando a violência do passado à fé e à cura, como o eu lírico que foi curado de um "puchado" (mau-olhado ou doença).

05 – O que representa o rio Mundaú para o eu lírico e qual o contraste que ele estabelece com a vida na cidade?

      O rio Mundaú, que significa "rio torto", representa os caminhos de origem do eu lírico, por onde ele veio para a cidade. O rio é associado às suas "lavadeiras seminus" e "pescadores de traíras", evocando uma vida rural e autêntica. O contraste se dá com a cidade, onde "ninguém sabe o que é caminho", sugerindo uma perda de sentido, de direção ou de conexão com as raízes, diferente da clareza e da organicidade dos caminhos de sua terra natal.

 

POEMA: CANÇÃO DAS AMEIXAS - BERTOLT BRECHT - COM GABARITO

 Poema: Canção das ameixas

             Bertolt Brecht

Foi quando amadureceram

As ameixas – veio então

À aldeia, de carroça,

Um garboso rapagão.

Fonte:: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJllMuEnhsKW-uTNJ7BdBob-N9LBZo6jHrH7XyiCzreAPEKxUXcXkXtQtbvIpfvh1KcKlP4_Ax_iLXpnWkkRybLz-o3qeGgdm1-sYIFPXh0qJgw4_INlPL859Faxhr0WZdGJ0sV8-tlzjpFA7o8U5uPjWdQygyJDsw41iOW_PVA_R-e58bz_AE_S4Zrhg/s320/C%C3%A2n%C3%A7%C3%A3o-820x360.jpg


 

Nós colhíamos ameixas,

E na grama ele deitou,

Barba loura, e espichado

Coisa e outra observou.

 

As ameixas já cozidas,

Lá conosco ele brincou,

E sorrindo, nas vasilhas,

O seu dedo ele enfiou.

 

A geleia de ameixas

Nós comíamos, e então,

Foi-se embora. Mas lembramos

Sempre d belo rapagão.

Bertolt Brecht. In: Belinky, Tatiana. Um caldeirão de poemas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003. p. 66.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 307.

Entendendo o poema:

01 – Em que época do ano ou período específico o poema se inicia, e o que marca esse momento?

      O poema se inicia quando as ameixas amadureceram, um período que marca a chegada de um "garboso rapagão" à aldeia.

02 – Como o rapagão se comportou ao chegar à aldeia enquanto as ameixas estavam sendo colhidas?

      Ele deitou na grama, com sua barba loura, e ficou observando "coisa e outra", sugerindo uma atitude tranquila e observadora.

03 – Qual a atitude do rapagão quando as ameixas já estavam cozidas, transformadas em geleia?

      Quando a geleia estava pronta, ele brincou com as pessoas da aldeia e, sorrindo, enfiou o dedo nas vasilhas de geleia.

04 – Após a degustação da geleia, qual foi o destino do rapagão?

      Depois de todos comerem a geleia de ameixas, o rapagão foi embora.

05 – Qual o impacto duradouro da visita do rapagão na memória dos habitantes da aldeia?

      Apesar de ter ido embora, os habitantes da aldeia lembram-se sempre do "belo rapagão", indicando que a sua presença deixou uma impressão marcante e positiva.

 

POEMA CORDEL: 500 ANOS DE BRASIL - EM VERSOS DE CORDEL - JOSÉ FRANCISCO BORGES - COM GABARITO

 Poema Cordel: 500 anos de Brasil – Em versos de cordel

            José Francisco Borges

José Francisco Borges

Em abril de 1500

Quando Cabral ancorou

Na praia em Porto Seguro

Logo na terra pisou

Os índios logo cercaram

E ele assustou.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjFs_ha3OxNuUR9ljNcaOx49F0nl9cDcydWZkPseWHqoYmlVbwtok1YdTH2V5thLrVy2gc-rO9eVqm-jSdmXxLAhlAKAFdYjSqfV0Pf2GixX1H7KpY9XRPeDh291fh_4AgCCbZGvhpQMrBL07DRLCRe51YywolJkfsx8gQC6213eNvSGAtdjIXXwDbFhE/s320/bg1.png

Cabral disse aos índios

Estou cumprindo o meu papel

E eu vou provar que sou

Um forasteiro fiel

Vou mandar ler pra vocês

Uma história de cordel.

 

Os índios ao ouvir gostaram

Num tom alegre e sutil

Não precisou usar armas

A 22 de abril

Do ano de 1500

Foi descoberto o Brasil.

 

E daí continuou

A história deste país

Veio lá de Portugal

A primeira diretriz

Que até a independência

Bem poucos foram feliz.

 

O Brasil era na época

Um reino da natureza

Montanha e água limpa

Índio em sua fortaleza

As águas limpas espumando

No topo da correnteza.

 

Depois que eles voltaram

Quando chegaram em Lisboa

Disseram ao seu rei

A viagem não foi à toa

Descobrimos um país

Uma terra fértil e boa.

 

E o rei logo em seguida

Uma equipe escolheu

Para habitar as terras

sobre o domínio seu

Vieram homem e mulher

Com ordens que o rei lhes deu.

 

E todos desembarcaram

Ao chegarem na Bahia

Reinava uma esperança

De serem felizes um dia

E todos foram separados

Pra cada capitania.

 

E logo mais começou

A grande explosão

De todo minério

Prata, ouro e carvão

E todas pedras preciosas

Que havia no chão.

 

O Brasil nasceu na Bahia

Lá mesmo em Porto Seguro

E levou centenas de anos

Pra ter brasileiro puro

E os primeiros protestos

Pra melhorar o futuro.

 

O Brasil passou a ter

O domínio dos portugueses

Depois veio os espanhóis

Os alemães e ingleses

E ainda sofremos de guerra

Na invasão dos holandeses.

 

Foi mais de 300 anos

Pra vir a independência

Os brasileiros lutando

Com força e com paciência

E ainda hoje se sofre

Desses tempos a influência.

 

Falando em melhoramento

Veio a nós a ferrovia

Que transportava o minério

Gente e mercadoria

No tempo que os escravos

Sonhavam com alforria.

 

O grande Joaquim Nabuco

E a princesa Isabel

Em 1888

Vendo o sofrer cruel

Libertaram os escravos

Daquela taça de fel.

 

Depois que muitos morreram

Lutando por liberdade

A proclamação da república

Foi a grande novidade

Veio a democracia

O símbolo da igualdade.

 

E foi aí que começou

Ganância pelo poder

Os homens mais influentes

Querendo se eleger

Prometendo ao eleitor

O que não pode fazer.

 

Com o poder do voto livre

Houve grandes estadistas

Em 1930

Getúlio entre os otimistas

se elegeu presidente

lançou as leis trabalhistas.

 

Acabou com a anarquia

Com cartéis e com ladrão

Trouxe várias indústrias

Pra melhora da nação

Acabou o cangaceirismo

Que assombrava o sertão.

 

Construiu mais ferrovia

E estrada de rodagem

Fechou câmaras e senado

Acabou a malandragem

E sua história política

Merece nossa homenagem.

 

Outro grande personagem

O presidente Juscelino

Que construiu Brasília

Da onde sai o destino

desta imensa nação

do sul ao solo nordestino.

 

O grande Tancredo Neves

Que lutou pelas diretas

Defendendo os brasileiros

De todas horas incertas

Morreu pela democracia

Deixando as portas abertas.

 

Num colégio eleitoral

Foi desfeita a ditadura

Elegeram José Sarney

Ele honrou sua figura

Protegendo o artesão

O artista e a cultura.

 

Depois dele vieram outros

Desfazer o que ele fez

Durante suas gestões

Artista não teve vez

E ajuda para cultura

Pode vir, mas é talvez.

 

Apesar de muitas coisas

Mas inda dou atenção

Ao presidente atual

Que dirige esta nação

porque ele foi herói

Acabando a inflação.

 

Lançou o plano real

Enfrentando o precipício

Mas trouxe muita alegria

Para o povo no início

Mas agora o desemprego

Vem trazendo o sacrifício.

 

Aqui eu vou encerrando

Estes versinhos que fiz

Dando toques na história

Desse imenso país

Que ainda está muito longe

Para o povo ser feliz.

 

Cuidamos em belas ações

Cuidamos de trabalhar

Cuidamos de ser honestos

Cuidamos de estudar

Trabalho, estudo e cultura

Faz o Brasil avançar.

 

Neste ano de 2000

A 22 de abril

É o grande aniversário

deste torrão varonil

Brindamos 500 anos

Do nosso amado Brasil.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 154-155.

Entendendo o poema:

01 – Como o cordel descreve o primeiro contato de Cabral com os índios em Porto Seguro?

      O cordel descreve que, em abril de 1500, Cabral ancorou em Porto Seguro e os índios o cercaram, assustando-o. Para se apresentar como um "forasteiro fiel", Cabral "mandou ler pra vocês / Uma história de cordel", o que agradou aos índios e evitou o uso de armas.

02 – Qual era a principal característica do Brasil na época da chegada dos portugueses, segundo o poema?

      O poema descreve o Brasil daquela época como "Um reino da natureza", com "Montanha e água limpa", e os "Índio em sua fortaleza", sugerindo uma terra intocada e rica em recursos naturais.

03 – Após a volta dos portugueses a Lisboa, qual foi a decisão do rei de Portugal em relação às terras descobertas?

      Ao saberem da "terra fértil e boa", o rei de Portugal logo em seguida escolheu uma equipe de homens e mulheres para habitar as terras sob seu domínio, que desembarcaram na Bahia e foram separados para cada capitania.

04 – Que tipo de riquezas naturais foram exploradas no Brasil logo após a colonização, de acordo com o cordel?

      O cordel menciona uma "grande explosão" de minérios como "Prata, ouro e carvão", e "todas pedras preciosas / Que havia no chão", indicando a vasta riqueza mineral explorada.

05 – Além dos portugueses, que outras nacionalidades o poema menciona como tendo tido domínio ou envolvimento em guerras no Brasil?

      O poema cita, além dos portugueses, os espanhóis, alemães e ingleses como tendo domínio ou influência, e destaca a invasão dos holandeses como um período de guerra.

06 – Quais são os personagens históricos mencionados pelo cordel como importantes na luta pela abolição da escravatura e em que ano a abolição é citada?

      O cordel menciona o "grande Joaquim Nabuco / E a princesa Isabel" como figuras que, "em 1888", "Libertaram os escravos / Daquela taça de fel".

07 – De que forma o cordel caracteriza o período pós-proclamação da República em relação à política?

      O poema descreve que, com a República, começou a "Ganância pelo poder", com "homens mais influentes / Querendo se eleger" e "Prometendo ao eleitor / O que não pode fazer", evidenciando a corrupção e a falta de compromisso político.

08 – Quais foram as principais realizações de Getúlio Vargas, segundo o poema?

      O cordel credita a Getúlio Vargas, eleito em 1930, o lançamento das leis trabalhistas, o fim da "anarquia", "cartéis" e "ladrão", a atração de várias indústrias e o fim do cangaceirismo. Além disso, menciona a construção de ferrovias e estradas de rodagem, e o fechamento de câmaras e senado.

09 – Que feito marcante de Juscelino Kubitschek é destacado no cordel?

      O cordel destaca a construção de Brasília como o grande feito do presidente Juscelino Kubitschek, a cidade de onde "sai o destino / desta imensa nação".

10 – Com que tom o autor encerra o cordel em relação ao futuro do Brasil e quais conselhos ele oferece para o avanço do país?

      O autor encerra o cordel com um tom de ceticismo sobre a felicidade do povo, afirmando que o país "ainda está muito longe / Para o povo ser feliz". No entanto, ele oferece conselhos para o avanço do Brasil: "Cuidamos em belas ações / Cuidamos de trabalhar / Cuidamos de ser honestos / Cuidamos de estudar", resumindo em "Trabalho, estudo e cultura" como pilares para o progresso.

 

 

POEMA: HAI-AIS CLIMA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Hai-Kais clima

             Paulo Leminski

Choveu

Na carta que você mandou

Quem mandou?

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIKikOhlrZfTnkGSaGxntsrGPSnfoSHb5qCgiYOP5YZTLEcF0i6asK-dMXx1a9jArKpGF0AQD2pFBWh0Rlr1pTlADKjf8yqSPn4Rnn9ty4WeODhNfyu8KgfBRs2WNPHL_VJl5EU-IDOCpB4Mpfa3EW6z5GrLnrUB0F9DqoafSPmoMwt4bAw81NtISF49Y/s320/91jUYa4TREL._UF894,1000_QL80_.jpg

Ano novo

Anos buscando

Um ânimo novo

 

Tudo dito.

Nada feito,

Fito e deito

 

Primeiro frio do ano

Fui feliz

Se não me engano

 

Cortinas de seda

O vento entra

sem pedir licença

 

Por um fio

O fio foi-se

O fio da foice.

Paulo Leminski.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 202.

Entendendo o poema:

01 – No primeiro hai-kai, "Choveu / Na carta que você mandou / Quem mandou?", qual é o jogo de palavras e o possível sentido poético?

      O jogo de palavras está na repetição sonora de "mandou" e "Quem mandou?". O sentido poético pode ser a incerteza sobre a origem da carta ou a dúvida sobre a intenção de quem a enviou, mesmo que a chuva na carta traga um elemento de melancolia ou mistério.

02 – Qual é a busca expressa no hai-kai "Ano novo / Anos buscando / Um ânimo novo"?

      O hai-kai expressa uma busca contínua por renovação e motivação ("ânimo novo") a cada "ano novo", sugerindo que essa busca é um processo que se estende por "anos" e talvez nunca seja totalmente concretizada.

03 – O que a sequência de ações "Tudo dito. / Nada feito, / Fito e deito" sugere sobre a experiência do eu lírico?

      A sequência sugere uma sensação de inação e resignação. Apesar de tudo ter sido falado ou expressado ("Tudo dito"), nada foi realizado ("Nada feito"), levando o eu lírico a uma atitude de passividade: apenas observar ("Fito") e desistir ("e deito").

04 – No hai-kai "Primeiro frio do ano / Fui feliz / Se não me engano", qual é o sentimento predominante e a incerteza que o acompanha?

      O sentimento predominante é a felicidade, associada a um momento específico (o "Primeiro frio do ano"). A incerteza expressa por "Se não me engano" adiciona um toque de melancolia ou questionamento à lembrança, talvez indicando que a felicidade é algo efêmero ou difícil de reter com clareza.

05 – O que o último hai-kai, "Por um fio / O fio foi-se / O fio da foice", representa simbolicamente?

      Simbolicamente, o hai-kai representa a fragilidade da vida ou de uma situação ("Por um fio") que se rompe inesperadamente ("O fio foi-se"), culminando em uma imagem de perigo ou morte ("O fio da foice"). A foice, instrumento de corte, intensifica a ideia de um fim abrupto ou de uma ameaça iminente.

 

NOTÍCIA: A ORIGEM DO SAMBA - ARTE EM INTERAÇÃO - COM GABARITO

 Notícia: A origem do Samba

        O Samba é a manifestação artística de origem popular mais conhecida como tipicamente brasileira. Hoje em dia existem vários gêneros e subgêneros relacionados a ele, que variam de acordo com a instrumentação, temas das letras, entre outros fatores. É muito associado ao carnaval e ao Rio de Janeiro, de onde muitos estudiosos acreditam que tenha nascido, da mistura de vários gêneros de caráter popular, entre eles o Samba de Roda. Essa prática, originária da Bahia, teria sido levada para o Rio de Janeiro. Há registros dessa prática desde metade do século XIX no Recôncavo Baiano, onde ainda é praticado. O samba de roda, que mistura música e dança, possui relações com outras manifestações de influência africana, como o candomblé, a capoeira e o maculelê, e pode acontecer em datas comemorativas ou simplesmente como um evento de diversão e lazer da vida cotidiana.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8iOq0Dfv1LDxQgay6Rq9yJxI7XgEOk4CqeTSI62lw9EoIlCrDQThE8e0M9Co7_VU8pvfD4bviH1840ar9yuSqneiLijgYIaj2CuOhbVfD-Xd0hOVHUVG6WgHEuNdBsLtvXlAsZ0WRxCWasYHadx4uiig0vvGUO41Ik8uxq2zKkok03NBWQAJicudVnl0/s320/img_tira_duvidas_5621_1.jpg


        A organização em roda remete às celebrações comuns em vários locais de origem dos africanos que vieram para o Brasil. Mesmo escravizados, eles encontraram formas de se divertir e relembrar sua terra natal, misturando assim influências africanas com as europeias, tais como o uso da viola e do pandeiro, ou da língua portuguesa nas canções.

        No samba de roda, quem costuma tocar os instrumentos são os homens, e as mulheres dançam e acompanham com palmas. Mas elas também podem cantar e tocar instrumentos, e os homens podem sambar, não é uma regra rígida. Os instrumentos mais comuns utilizados são: atabaque, ganzá, pandeiro, viola e o “prato e faca”, que é um prato tocado com uma faca como um reco-reco, raspando o objeto na borda do prato. Muitas das canções do samba de roda são de domínio público (de livre uso comercial), e várias delas de autoria desconhecida.

        Em alguns tipos de samba de roda, várias pessoas dançam no centro ao mesmo tempo, em outros, uma só samba, e depois passa a vez outra pessoa. As sambadeiras costumam usar a vestimenta tradicional de baiana, originária dos terreiros de candomblé. Elas dançam o passo miudinho, em que movem os pés com passos curtos e, consequentemente, requebram o quadril.

        O samba de roda foi registrado pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial, em 2004, e como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, em 2005.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 71-72.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, qual é a origem mais aceita para o Samba e com o que ele é frequentemente associado?

A. São Paulo, com forte influência do chorinho.

B. Bahia, com raízes no frevo.

C. O Rio de Janeiro, associado ao futebol.

D. O Rio de Janeiro, da mistura de vários gêneros de caráter popular, incluindo o Samba de Roda.

02 – O Samba de Roda, que teria sido levado para o Rio de Janeiro, é originário de qual estado brasileiro e desde quando há registros de sua prática?

A. Rio de Janeiro, levada por imigrantes europeus.

B. Minas Gerais, no início do século XX.

C. Pernambuco, no século XVIII.

D. Bahia (Recôncavo Baiano), com registros desde metade do século XIX.

03 – Com quais outras manifestações culturais o samba de roda possui relações, conforme o texto?

A. Com outras manifestações de influência africana, como o candomblé, a capoeira e o maculelê.

B. Com festas juninas e quadrilhas.

C. Apenas com eventos de lazer e diversão da vida cotidiana.

D. Com manifestações indígenas, como a dança da chuva.

04 – Como as influências africanas e europeias se misturaram na cultura do samba, segundo o texto?

 A. Somente com elementos nativos brasileiros, como o uso do berimbau.

B. Apenas com influências europeias, sem mistura.

C. Exclusivamente com tradições africanas, sem elementos externos.

D. Com influências africanas e europeias, como o uso da viola e do pandeiro, ou da língua portuguesa nas canções.

05 – Quais são os instrumentos mais comuns utilizados no samba de roda, de acordo com o texto?

A. Cavaquinho e bandolim.

B. Atabaque, ganzá, pandeiro, viola e o “prato e faca”.

C. Flauta e violino.

D. Guitarra e bateria.

06 – Como as "sambadeiras" costumam se vestir e qual é o estilo de dança que elas praticam no samba de roda?

A. Usam fantasias de carnaval e dançam em coreografias ensaiadas.

B. Usam a vestimenta tradicional de baiana e dançam o passo miudinho, requebrando o quadril.

C. Vestem roupas de gala e dançam passos complexos de salão.

D. Vestem roupas esportivas e dançam acrobaticamente.

07 – De que forma o samba de roda foi reconhecido como patrimônio cultural, e por quais organizações e em que anos?

A. Foi registrado apenas como patrimônio cultural imaterial pela UNESCO em 2004.

B. Foi reconhecido apenas como patrimônio material pelo IPHAN em 2005.

C. Não possui nenhum registro oficial de patrimônio cultural.

D. Foi registrado pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial em 2004 e como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005.

 

NOTÍCA: CHOCOLATE - MARCELO DUARTE - COM GABARITO

 Notícia: Chocolate

             Marcelo Duarte 

        Quando aportou no México, em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortés teve uma grande surpresa. Em vez de ser recebido por hostes de soldados astecas, prontos a defender seu território, ele foi coberto de presentes, oferecidos pelo imperador Montezuma. Para os nativos, Cortés era ninguém menos que Quetzalcóatl, o deus dourado do ar que segundo a lenda partira anos antes, prometendo voltar algum dia. De acordo com a crença, Quetzalcóatl havia plantado cacaueiros como uma dádiva aos imperadores. Com a semente extraída da planta, acrescida de mel e baunilha, os astecas confeccionavam uma bebida considerada sagrada, o tchocolatl. Para o povo asteca, o ouro e a prata valiam menos que as sementes de cacau – a moeda da época. Dez sementes compravam um coelho; cem, uma escrava.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Xe1QHRrFcA-dhtlUTH9xfrW4UfWrMRfp4f2HXBpVkazsYMQe4AgHpA5NguPSDizMoA2ScFtOCY57ulAnfE2WJs79pKtuxg3jiB5IV2ltiakxhKci-jeIBhcNx4qOzSbIXP1W_CU6oaf9XBUC8-dWSjtx4chL4Quu2p21C351-6R3G0eu7dZfa8jrQ28/s1600/images.jpg


        De volta à Espanha, em 1528, Cortés levou consigo algumas mudas de cacaueiro, que resolveu plantar pelo caminho. Primeiro no Caribe – no Haiti e em Trinidad – e, depois, na África. Chegando à Europa, ofereceu a Carlos V um pouco da bebida sagrada asteca, o bastante para que o rei da Espanha ficasse extasiado. Não tardou para que o tchocolatl se tornasse apreciado por toda a corte. Graças às plantações iniciadas por Cortés, seu país pôde manter o monopólio do produto por mais de um século. A receita, aprimorada com outros ingredientes (açúcar, vinho e amêndoas), era guardada em segredo pelos zelosos espanhóis. Apenas mosteiros previamente escolhidos eram autorizados a produzir o tchocolatl, já com o nome espanhol chocolate. Pouco a pouco, porém, os monges passaram a distribuí-lo entre os fiéis.

        O chocolate era uma pasta espessa e de gosto amargo, apesar do açúcar que lhe haviam adicionado os espanhóis. Foi justamente para amenizar a inconveniência da massa granulada, difícil de digerir, que o químico holandês Conraad Johannes van Houten começou a se interessar por um novo método de moagem das sementes. Em 1828, van Houten inventou uma prensa capaz de eliminar boa parte da gordura do vegetal. Como resultado, obteve o chocolate em pó, solúvel em água ou leite e, consequentemente, mais suave e agradável ao paladar.

        Mas isso não era tudo. Faltava saber o que fazer com a gordura sólida que sobrava na prensagem. A resposta seria dada somente vinte anos depois, pela firma inglesa Fry & Sons. Os técnicos da indústria adicionaram pasta de cacau e açúcar à massa gordurosa e confeccionaram a primeira barra de chocolate do mundo – tão amarga, porém, quanto a bebida que lhe deu origem. Tempos depois, o suíço Henri Nestlé (1814-1890) contribuiu para que o doce começasse a se parecer com os tabletes de hoje. De uma de suas experiências resultou um método de condensação do leite, processo até então desconhecido, que seria utilizado em seguida por outro suíço, Daniel Peter (1836-1919). Fabricante de velas de sebo, Peter passou a se interessar pela produção de chocolates quando percebeu que o uso do petróleo para iluminação estava, aos poucos, minando sua fonte de renda. Por sorte, ele morava no mesmo quarteirão de Nestlé e, ao ficar sabendo de sua descoberta, ocorreu-lhe misturar o leite condensado para fazer a primeira barra de chocolate ao leite.

Marcelo Duarte. O livro das invenções. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 65-66.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 230.

Entendendo a notícia:

01 – Como o conquistador espanhol Hernán Cortés foi recebido pelos astecas no México e por quê?

      Hernán Cortés foi recebido com uma grande surpresa e coberto de presentes pelo imperador Montezuma. Os astecas o consideravam Quetzalcóatl, o deus dourado do ar que, segundo a lenda, havia prometido retornar.

02 – Qual era o valor das sementes de cacau para o povo asteca e como elas eram utilizadas?

      Para os astecas, as sementes de cacau valiam mais que ouro e prata, funcionando como moeda da época (dez sementes compravam um coelho; cem, uma escrava). Eles as utilizavam para confeccionar uma bebida sagrada, o tchocolatl, feita com sementes de cacau, mel e baunilha.

03 – Como a Espanha conseguiu manter o monopólio do chocolate por mais de um século na Europa?

      A Espanha manteve o monopólio graças às plantações iniciadas por Cortés (no Caribe e na África) e ao segredo da receita, aprimorada com açúcar, vinho e amêndoas, que era guardada pelos espanhóis e produzida apenas por mosteiros autorizados.

04 – Qual foi a contribuição do químico holandês Conraad Johannes van Houten para a produção de chocolate?

      Em 1828, van Houten inventou uma prensa capaz de eliminar boa parte da gordura das sementes de cacau. Isso resultou na obtenção do chocolate em pó, que era solúvel em água ou leite, tornando a bebida mais suave e agradável ao paladar.

05 – Quem foi o responsável pela criação da primeira barra de chocolate ao leite e como ele chegou a essa inovação?

      A primeira barra de chocolate ao leite foi criada por Daniel Peter, um suíço que era fabricante de velas de sebo. Ele se interessou pela produção de chocolates quando percebeu que seu negócio estava em declínio. Morando no mesmo quarteirão que Henri Nestlé, Peter soube da descoberta do leite condensado por Nestlé e teve a ideia de misturá-lo à pasta de cacau e açúcar para criar a barra de chocolate ao leite.