domingo, 23 de março de 2025

SONETO: ESSA PAVANA É PARA UMA DEFUNTA - JORGE DE LIMA

 Soneto: Essa pavana é para uma defunta

             Jorge de Lima

Essa pavana é para uma defunta
infanta, bem-amada, ungida e santa,
e que foi encerrada num profundo
sepulcro recoberto pelos ramos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS63TnXK_q7_TKJZzQcoFaheclPdYs49V_iuFRYPrxMnBZ6m_r-MRtqO6ieci6JBnxOTFXP9iwmtUUWkt2ITJYmAD7s5BTiRQE_COBA1YDBPlkfuFLTQ-tXBv3xqAeDrh5j_fEe2jAUgu0vV0JV9Vhn8CESiGsc4UDc-nKmmW0EQikFPyH65f8cD0ea70/s320/pavana-para-um-jovem-no-morro.jpeg



de salgueiros silvestres para nunca
ser retirada desse leito estranho
em que repousa ouvindo essa pavana
recomeçada sempre sem descanso,

sem consolo, através dos desenganos,
dos reveses e obstáculos da vida,
das ventanias que se insurgem contra.

a chama inapagada, a eterna chama
que anima esta defunta infanta ungida
e bem-amada e para sempre santa.

Jorge de Lima. Obra poética. ed. compl. org. por Otto Maria Carpeaux. Rio de Janeiro, Getúlio Costa, 1950. p. 609.

Fonte: Lições de texto. Leitura e redação. José Luiz Fiorin / Francisco Platão Savioli. Editora Ática – 4ª edição – 3ª impressão – 2001 – São Paulo. p. 365.

Entendendo o soneto:

01 – Qual o tema central do poema?

      O tema central do poema é a morte de uma jovem infanta, idealizada e santificada, e a melancolia que a envolve. A pavana, uma dança lenta e solene, serve como um lamento fúnebre eterno.

02 – Qual o significado da pavana no contexto do poema?

      A pavana simboliza um ritual de luto contínuo e incessante. Ela é repetida eternamente, representando a dor e a saudade que persistem após a morte da infanta.

03 – Como a figura da defunta infanta é apresentada no poema?

      A infanta é apresentada de forma idealizada e santificada, descrita como "bem-amada, ungida e santa". Ela é envolta em um mistério poético, com seu sepulcro coberto por ramos de salgueiro, sugerindo um afastamento do mundo terreno.

04 – Quais elementos da natureza são utilizados no poema e qual o efeito que eles causam?

      O poema utiliza elementos como "salgueiros silvestres" e "ventanias" para criar uma atmosfera sombria e melancólica. Esses elementos reforçam a sensação de isolamento e a ideia de que a morte da infanta foi um evento trágico e irremediável.

05 – Qual a interpretação da "chama inapagada" mencionada no poema?

      A "chama inapagada" pode ser interpretada como a memória eterna da infanta, ou a persistência da dor e do amor que ela inspirou. Também pode simbolizar a essência da alma que permanece, apesar da morte física.

 

 

SONETO: TRISTE QUEM AMA, CEGO QUEM SE FIA - MANUEL BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Triste quem ama, cego quem se fia

             Manuel Bocage

Nascemos para amar; a humanidade

Vai tarde ou cedo aos laços da ternura.

Tu és doce atrativo, ó formosura.

Que encanta, que seduz, que persuade:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivhBi1WieYC9j67jgRFJrrR-d4CcP1LA-atzZ6L5hE0XHjiMlDaRbz5cgPko1OVkMrQBB1d7zaOUtTnDNV4DOJgaLlpTC5TM5YNHcFUxhoNrQUeFGCCysmjPtosXbvOHZdXTgm8xLS1-tJrp_x55Me05U7sqqj1ssDgOyq35gEdUT1TAVy9zCk21UGSIc/s320/TERNURA.jpg


 

Enleia-se por gosto a liberdade;

E depois que a paixão n'alma se apura,

Alguns então lhe chamam desventura,

Chamam-lhe alguns então felicidade:

 

Que se abisma nas lôbregas tristezas,

Qual em suaves júbilos discorre,

Com esperanças mil na ideia acesas:

 

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre:

E, segundo as diversas naturezas.

Um porfia, este esquece, aquele morre.

BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Poesias. 3. Ed. Lisboa, Sá de Costa, 1956. p. 9.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 172.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto?

      O tema central do soneto é a natureza paradoxal do amor, que pode trazer tanto felicidade quanto tristeza. Bocage explora as diversas formas como as pessoas experimentam o amor e as consequências emocionais que ele acarreta.

02 – Como o poeta descreve o poder da "formosura" no início do soneto?

      O poeta descreve a "formosura" como um "doce atrativo" que "encanta, seduz e persuade". Ele sugere que a beleza tem um poder irresistível que leva as pessoas a se apaixonarem.

03 – Qual é a dualidade apresentada nos versos "Alguns então lhe chamam desventura, Chamam-lhe alguns então felicidade"?

      Essa dualidade destaca a subjetividade da experiência amorosa. Enquanto alguns encontram desventura no amor, outros encontram felicidade, dependendo de suas "diversas naturezas".

04 – Como o poeta descreve a natureza variável do amor nos tercetos finais?

      Nos tercetos finais, o poeta descreve o amor como uma força instável que "ou desfalece, ou pára, ou corre". Ele enfatiza que o amor se manifesta de diferentes maneiras em cada indivíduo, levando a diferentes resultados.

05 – Qual é a mensagem final do soneto?

      A mensagem final do soneto é que o amor é uma experiência complexa e imprevisível, capaz de gerar tanto alegria quanto sofrimento. Bocage adverte sobre os perigos de se entregar cegamente ao amor, pois ele pode levar à tristeza e à decepção.

 

 

CONTO: CORAÇÕES SOLITÁRIOS - FRAGMENTO - RUBEM FONSECA - COM GABARITO

 Conto: Corações Solitários – Fragmento

            Rubem Fonseca

        Eu trabalhava em um jornal popular como repórter de polícia. Há muito tempo não acontecia na cidade um crime interessante envolvendo uma rica e linda jovem da sociedade, mortes, desaparecimentos, corrupção, mentiras, sexo, ambição, dinheiro, violência, escândalo.

        Crime assim nem em Roma, Paris, Nova York, dizia o editor do jornal, estamos numa fase ruim.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimuzZ9DHXFmoco4P5eHklzVMpeH54nsb-DC4W6MEKPfs1cSnA679EtDKiX8juE7u-aDnqZupz6c9J5KG-L9mdpQAXoAnZJcgreOt8__nGVQywoMqEDJMTl0DruLgU5POCduOTQeJJTYtsK8yH3OS0CwO7ATWv-k_j914VlyGVOGq4-SoK_Mxlbx-5FYhg/s320/POLICIAL.png


        Mas daqui a pouco isso vira. A coisa é cíclica, quando a gente menos espera estoura um daqueles escândalos que dá matéria para um ano. Está tudo podre, no ponto, é só esperar.

        Antes de estourar me mandaram embora.

        Só tem pequeno comerciante matando sócio, pequeno bandido matando pequeno comerciante, polícia matando pequeno bandido. Coisas pequenas, eu disse a Oswaldo Peçanha, editor-chefe e proprietário do jornal Mulher.

        Tem também meningite, esquistossomose, doença de Chagas, disse Peçanha.

        Mas fora da minha área, eu disse.

        Você já leu Mulher? Peçanha perguntou.

        Admiti que não. Gosto mais de ler livros.

        Peçanha tirou uma caixa de charutos de dentro da gaveta e me ofereceu um. Acendemos os charutos. Em pouco tempo o ambiente ficou irrespirável. Os charutos eram ordinários, estávamos no verão, de janelas fechadas, e o aparelho de ar condicionado não funcionava bem.

        -- Mulher não é uma dessas publicações coloridas para burguesas que fazem regime. E feita para a mulher da classe C, que come arroz com feijão e se ficar gorda azar o dela. Dá uma olhada.

        Peçanha jogou na minha frente um exemplar do jornal. Formato de tablóide, manchetes em azul, algumas fotos fora de foco. Fotonovela, horóscopo, entrevistas com artistas da televisão, corte-e-costura.

        -- Você acha que poderia fazer a seção De Mulher para Mulher, O nosso consultório sentimental? O cara que fazia se despediu.

        De Mulher para Mulher era assinado por uma tal Elisa Gabriela. Querida Elisa Gabriela, meu marido chega toda noite embriagado e...

        -- Acho que posso, eu disse.

        -- Ótimo. Começa hoje. Que nome você quer usar? Pensei um pouco.

        -- Nathanael Lessa.

        [...]

        Peçanha deu duas baforadas no charuto, irritado.

        -- Primeiro, não é um nome como outro qualquer. Segundo, não é nome da Classe C. Aqui só usamos nomes do agrado da Classe C, nomes bonitos. Terceiro, o jornal só homenageia quem eu quero e eu não conheço nenhum Nathanael Lessa e finalmente a irritação de Peçanha aumentara gradativamente, como se ele estivesse tirando um certo proveito dela – aqui, ninguém, nem mesmo eu, usa pseudônimo masculino. Meu nome é Maria de Lourdes!

        [...]

Fonseca, Rubem. “Corações solitários”. In: Feliz ano novo. Rio de Janeiro, Artenova, 1975.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 59.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a profissão do narrador no início do conto?

      O narrador trabalha como repórter de polícia em um jornal popular.

02 – Qual é a queixa do editor do jornal sobre as notícias recentes?

      O editor reclama que não há crimes interessantes ou escandalosos acontecendo na cidade, apenas "coisas pequenas".

03 – Por que o narrador é demitido do jornal?

      O narrador é demitido porque não há crimes de grande repercussão para ele cobrir, e o jornal está em uma "fase ruim".

04 – Qual é a nova proposta de trabalho oferecida ao narrador?

      O narrador é convidado a escrever a seção "De Mulher para Mulher, O nosso consultório sentimental" no jornal Mulher, assinando com um pseudônimo feminino.

05 – Qual é a reação do editor quando o narrador sugere o pseudônimo "Nathanael Lessa"?

      O editor, Oswaldo Peçanha, fica irritado e rejeita o nome, afirmando que o jornal só usa nomes "do agrado da Classe C" e que ninguém usa pseudônimo masculino ali.

06 – Qual é o nome verdadeiro do editor do jornal Mulher?

      O nome verdadeiro do editor é Maria de Lourdes.

07 – Quais temas são abordados neste fragmento do conto?

      O fragmento aborda temas como a busca por histórias sensacionalistas na imprensa, a natureza cíclica dos escândalos, a precariedade do trabalho jornalístico e as convenções de gênero na sociedade.

 

POEMA: A SANTA INÊS - FRAGMENTO - JOSÉ DE ANCHIETA - COM GABARITO

 Poema: A Santa Inês – Fragmento

             José de Anchieta

I

Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwZtWbR_ZMmlye1dqbxUxKfBiSQAox7haST8oAlcVuhLFIKpzky_G76I13aokT1rMwL50YsM90J9dWnWnl2wihEkdA8ID_cVeh7uE7CzxHyaTMQb2qcqMc4v8_Oncx7SXNTLbF3uZZ97olaAA2KwsQkbU0hP73b21sMDbEA4UpxlJQByuOsKZcTrjxDsY/s320/INES.jpg


Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
vossa santa vinda
o diabo espanta.

Por isso vos canta,
com prazer, o povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.

Nossa culpa escura
fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura

Vossa formosura
honra é do povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.

Virginal cabeça
pola fé cortada,
com vossa chegada,
já ninguém pereça.

Vinde mui depressa
ajudar o povo,
pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.

Vós sois, cordeirinha,
de Iesu formoso,
mas o vosso esposo
já vos fez rainha.

Também padeirinha
sois de nosso povo,
pois, com vossa vinda,
lhe dais lume novo.

[...].

José Anchieta. Poesias. Transcrição, trad. e notas de Martins, M. L. de Paula. São Paulo, Museu Paulista, 1954. p. 381.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 135.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a figura central do poema e como ela é retratada?

      A figura central é Santa Inês, retratada como uma "cordeirinha linda" e "santa", associada à pureza, à fé e à luz divina.

02 – Qual é o efeito da chegada de Santa Inês sobre o povo, segundo o poema?

      A chegada de Santa Inês traz "lume novo" ao povo, ou seja, luz e esperança, afastando a "culpa escura" e espantando o diabo.

03 – Qual é o significado da imagem da "cabeça cortada" de Santa Inês?

      A imagem remete ao martírio de Santa Inês, que foi decapitada por sua fé. No poema, esse sacrifício é visto como um ato de redenção que impede a perdição do povo.

04 – Como Santa Inês é relacionada a Jesus Cristo no poema?

      Santa Inês é chamada de "cordeirinha de Iesu formoso", estabelecendo uma ligação com Jesus, o cordeiro de Deus. Além disso, ela é considerada esposa de Jesus, que a fez rainha.

05 – Qual é o papel de Santa Inês em relação ao povo, segundo o poema?

      Santa Inês é vista como protetora e auxiliadora do povo, trazendo luz, esperança e salvação. Ela é chamada de "padeirinha", o que significa que ela é responsável por prover o pão da vida para o povo.

06 – Quais são os principais temas abordados no poema?

      Os principais temas são a fé cristã, o martírio, a pureza, a redenção e a proteção divina.

07 – Qual é o tom geral do poema e qual é o seu objetivo?

      O tom geral do poema é de louvor e devoção. O objetivo é celebrar a figura de Santa Inês, exaltar suas virtudes e pedir sua intercessão em favor do povo.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): O CIÚME - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): O Ciúme

              Caetano Veloso

Dorme o Sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme Ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcEC5d7N90qAl9kkfu8R9h-oicRBE6ymbceK8mRm9XbGvO93kuvdGixnSG9-XVHff4SCRHO_sGFhZx63VlEvLPfAy00kWP6nKhJ2YLyAax4QvFBFClpjspM0wSb56mpIG1vYaCPLlB3bJK_giwdZjIFc_dzkkeea60iH9zHHvvkUfpwqC5p0XjW_ZPmak/s320/CIUME.jpg


O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só eu, só eu, só, eu

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.

Composição: Caetano Veloso. Phillips nº 832938-1.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 51.

Entendendo a música:

01 – Qual é o tema central da música?

      O tema central da música é o ciúme, explorado de forma intensa e poética. Caetano Veloso descreve o ciúme como uma força avassaladora, capaz de dominar a alma e obscurecer a beleza do mundo.

02 – Como o ciúme é personificado na letra da música?

      O ciúme é personificado como uma entidade sombria e poderosa, que lança "flechas pretas" e paira como uma "sombra monstruosa". Essa personificação intensifica a sensação de opressão e sofrimento causada pelo ciúme.

03 – Qual é a importância do rio São Francisco na música?

      O rio São Francisco, conhecido como "Velho Chico", serve como cenário e metáfora na música. Sua vastidão e mistério refletem a profundidade e a complexidade do ciúme, que se espalha e domina tudo ao seu redor.

04 – Qual é o significado dos versos "Tudo é perda, tudo quer gritar, cadê?"?

      Esses versos expressam a angústia e o desespero causados pelo ciúme, que leva à sensação de perda e à busca incessante por algo que se foi.

05 – Qual é a mensagem final da música?

      A música transmite uma mensagem de sofrimento e aprisionamento causados pelo ciúme, que obscurece a beleza do mundo e leva à solidão e ao desespero.

 

POEMA: POEMA BRASILEIRO - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO

 Poema: Poema brasileiro

             Ferreira Gullar

No Piauí de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSXOSNuhcbqkn9mCJNsVOgWetCAYqtM7W1_FmQuKYuroMUj5pcEPDva51ENSkdmxubE-D8RW2apufqXruk6GalgTQC8AznUQPdi34E46c1s75HaTmuWMRjgMnPZJnSTm-m1X1Lad_9bt03T1QYSsG2_sZoWtSNlaHvEEQWkmIjas7GeU4c4kFpvdpzK9E/s320/PI-taxa-mortalidade-infantil-2019.png


No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade.

No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade.

antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade

Ferreira Gullar. “Poema brasileiro”. In: Toda poesia (1950/1980). São Paulo, Círculo do Livro, 1982. p. 221.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 24.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a alta taxa de mortalidade infantil no Piauí, destacando a dura realidade enfrentada por muitas crianças na região.

02 – Qual efeito a repetição da frase "antes de completar 8 anos de idade" causa no leitor?

      A repetição intensifica o impacto da estatística, enfatizando a fragilidade da vida das crianças e a tragédia da mortalidade infantil precoce.

03 – Qual é a mensagem que o poeta busca transmitir com este poema?

      O poeta busca denunciar a desigualdade social e a precariedade das condições de vida que levam a essa alta taxa de mortalidade, buscando gerar indignação e conscientização.

04 – Qual é a importância do número "78" no poema?

      O número "78" representa a alarmante estatística de crianças que morrem antes dos 8 anos no Piauí, sendo o ponto central da denúncia do poema.

05 – De que forma o poeta usa a linguagem para reforçar a mensagem do poema?

      O poeta utiliza uma linguagem direta e concisa, com repetições e quebras de verso, para criar um ritmo que enfatiza a gravidade da situação e impacta o leitor.

 

 

CRÔNICA: TIPOS INESQUECÍVEIS - MAX NUNES - COM GABARITO

 Crônica: TIPOS INESQUECÍVEIS

              Max Nunes

        Era elegante como um manequim de vitrine e ocupado como telefone de bicheiro. Embora mentiroso como bula de remédio, mais enganador que boletim meteorológico e vagaroso como uma obra da prefeitura, era minucioso como um vendedor de imóveis e tão perigoso quanto um pastel de botequim. De inteligência era tão quadrado quanto a frente de um carro inglês e sua ignorância era transparente como fatia de presunto em sanduíches. Sob o ponto de vista moral, era mais sujo que qualquer rua do Rio e mais desmoralizado que o cruzeiro. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh27eMk1kPsMJ9R9vyJsI1lc9305QBiSNx9oAav4T_HatPVEnQ4INS5FoRAGD-cvU31h4vwVro7ouHcU_DSw7rxhyphenhyphenent43PSxVN5PuS9t_eQIucXdxPhh7demy0vwxvKGA84SknCQaMSEgTtMS53rEyeC2LX6y4qWHwFINvSIeS5K71oxqG4BAvYjqcSXA/s320/DEPUTADO.jpg


Sentindo-se tão inútil quanto um deputado honesto e mais abandonado que o plano para erradicar a seca, resolveu pôr fim à vida de maneira tão rápida quanto o governo aumenta os impostos. Hoje é apenas uma saudade funda como o time do Olaria e seu nome está mais esquecido que promessa de vereador em época eleitoral.

NUNES, Max. “Tipos Inesquecíveis”. In: Uma pulga na camisola: o máximo de Max Nunes. Sel. e org. Ruy Castro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 123.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 36.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tom geral da crônica ao descrever o personagem?

      O tom é satírico e humorístico, utilizando uma série de comparações exageradas e irônicas para pintar um retrato cômico do personagem.

02 – Quais são algumas das características contraditórias do personagem descritas na crônica?

      O personagem é descrito como elegante e ocupado, mas também mentiroso, enganador e vagaroso. Ele é inteligente e ignorante, moralmente sujo e desmoralizado.

03 – Qual é o efeito do uso de comparações exageradas na crônica?

      As comparações exageradas, como comparar a inteligência do personagem à frente de um carro inglês e sua ignorância a uma fatia de presunto em sanduíches, criam um efeito cômico e destacam a natureza absurda do personagem.

04 – Qual é o desfecho da crônica e qual é o seu significado?

      O personagem, sentindo-se inútil e abandonado, decide tirar a própria vida. O desfecho irônico e melancólico destaca a solidão e o vazio existencial do personagem, ao mesmo tempo em que mantém o tom humorístico da crônica.

05 – Qual é a crítica social presente na crônica?

      A crônica critica sutilmente a corrupção e a ineficiência do governo, comparando o personagem a um deputado desonesto e a um plano governamental abandonado.

 

 

NOTÍCIA: DIABETES PODERÁ SER CONTROLADA COM UMA PÍLULA - O GLOBO - COM GABARITO

 Notícia: Diabetes poderá ser controlada com uma pílula

          Nova droga promete substituir as injeções diárias de insulina

        Washington. Uma nova descoberta científica poderá levar ao desenvolvimento de uma pílula para controlar a diabetes. A droga substituirá as injeções de insulina que os diabéticos são obrigados a tomar regularmente. Pesquisadores americanos, espanhóis e suecos descobriram uma substância retirada de um fungo que reproduz os efeitos da insulina no corpo. Nos testes com ratos, ela teve grande eficácia, diz um estudo publicado na revista americana “Science”.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhae5UFHMro8QkpuuiyU_O2mtTePkWgnhadfye7nvl4G1rJTEKiTgjImH66FwlBIw4OQgv25FSfRWTgv0kNbn1uJ1CXcOH6XhTdhaVCE_QQavVWw63Al8FonjISKJcyK7J2mq8dusMc_DU1pXwV3y6dbRQ40LEMKuiSzvHWLpWFG3YdGp1oCqKbHTjiqas/s1600/DIABETE.jpg


        A diabetes ocorre quando as células do organismo não conseguem absorver glicose suficiente para cumprir suas atividades. para obter a energia necessária, as células precisam de insulina. Depois de uma série de eventos. Ela permite que as células armazenem e usem glicose.

        Substância extraída de um fungo é semelhante à insulina

        Uma equipe internacional de pesquisadores testou centenas de substâncias para saber se alguma poderia reproduzir os efeitos da insulina no corpo. A candidata mais promissora foi L783.281, retirada de um fungo coletado na República Democrática do Congo.

        Nos testes com animais, ela imitou a atividade da insulina, mantendo adequado o nível de açúcar no sangue dos ratos.

        Segundo o cientista Bei Zhang, do Laboratório Merk, em Nova Jersey, os primeiros testes foram feitos com células cultivadas em laboratório para determinar se a substância estimularia a mesma resposta da insulina. Depois, os pesquisadores a testaram em ratos modificados geneticamente para desenvolver diabetes.

        -- O desenvolvimento comercial de uma pílula que possa ser usada em seres humanos requer mais estudos. Mas já demos um grande passo – alerta Zhang.

O Globo, 7/5/99.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 21.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal vantagem da nova droga em relação ao tratamento atual da diabetes?

      A principal vantagem é que a nova droga, administrada em forma de pílula, promete substituir as injeções diárias de insulina, tornando o tratamento mais conveniente e menos invasivo para os pacientes.

02 – De onde foi extraída a substância que reproduz os efeitos da insulina?

      A substância promissora, chamada L783.281, foi retirada de um fungo coletado na República Democrática do Congo.

03 – Como a nova droga foi testada?

      Inicialmente, a substância foi testada em células cultivadas em laboratório para verificar se estimulava a mesma resposta que a insulina. Em seguida, foi testada em ratos geneticamente modificados para desenvolver diabetes.

04 – Qual foi o resultado dos testes em animais?

      Nos testes com ratos, a substância imitou a atividade da insulina, mantendo os níveis de açúcar no sangue dos animais em níveis adequados.

05 – Qual é o próximo passo para que a pílula esteja disponível para uso humano?

      O desenvolvimento comercial de uma pílula para uso humano requer mais estudos e testes clínicos para garantir a segurança e eficácia da droga em pessoas.

 

terça-feira, 18 de março de 2025

POEMA: LUA - LUÍS ALBERTO CALDERÓN - COM GABARITO

 Poema: LUA

             Luís Alberto Calderón

Lua, farol que voa

Estância

onde se aninham

e dormem os luzeiros,

Coalho de leite, alvorada

dos anjos

tecendo a madrugada,

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDYoE9ktRl-UPpeATOeYsfkvgXcmbGjLiIl3T4hWLF7OfND_al0NnL9NZd7sjbPBHqSYm9JX74psyfoPWnGHuQYsPl7-iZwhjVVQpsPRxGhuQMf5EB89Ip9c4L-OihPLIzZtRjR8e4MYI0WAFJmSOkiT8nNYPBgghO3R78hw4qMiLuyOkpMTkoqFOfxFw/s1600/LUA.jpg


Branca cravina

de noites solitárias;

bússola do viajante,

rio de leite

que desce

ao monte para abeberar o gado.

Lágrima de prata

que Deus derramou um dia

quando sonhava.

Luís Alberto Calderón/Cerbalc. Lua. Poemas com sol e sons, com autorização da editora Melhoramentos. Trad. Yolanda Serrano Meana. São Paulo: Melhoramentos, 2000. p. 53.

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 250.

Entendendo o poema:

01 – Quais são as principais metáforas utilizadas no poema para descrever a lua?

      O poema utiliza diversas metáforas para descrever a lua, como "farol que voa", "estância onde se aninham e dormem os luzeiros", "coalho de leite", "branca cravina de noites solitárias", "bússola do viajante", "rio de leite" e "lágrima de prata". Essas metáforas exploram diferentes aspectos da lua, desde sua luminosidade e beleza até seu papel como guia e fonte de inspiração.

02 – O poema apresenta uma descrição poética da Lua. Essa descrição é positiva ou negativa?

      O eu lírico apresenta um olhar positivo sobre a Lua, pois ela é apresentada como aquela que oferece descanso aos luzeiros, ilumina as noites solitárias, norteia o viajante, sacia o gado e é fruto de algo divino.

03 – Qual é a relação entre a lua e a natureza no poema?

      A lua é apresentada como um elemento integrado à natureza, interagindo com outros elementos como os "luzeiros", a "madrugada", o "monte" e o "gado". Essa relação é reforçada pelas metáforas que comparam a lua a elementos naturais, como "coalho de leite" e "rio de leite".

04 – Que tipo de palavra é mais frequente no poema: oxítona, paroxítona ou proparoxítona?

      São palavras paroxítona.

05 – Copie, do texto, as paroxítonas que foram acentuadas graficamente. Depois, escreva qual é a terminação dessas paroxítonas.

      Estância, solitárias. -ia, -ias.

06 – Identifique as proparoxítonas presentes no poema.

      Bússola, lágrima.

07 – Qual é a interpretação da última metáfora do poema: "Lágrima de prata que Deus derramou um dia quando sonhava"?

      A última metáfora sugere que a lua é uma criação divina, uma expressão dos sonhos de Deus. A "lágrima de prata" evoca a beleza e a preciosidade da lua, além de transmitir uma sensação de melancolia e contemplação.

 

 

RELATO PESSOAL: NAS RUAS DO BRÁS - FRAGMENTO - DRAUZIO VARELLA - COM GABARITO

 Relato pessoal: Nas ruas do Brás – Fragmento

            Drauzio Varella

        [...]       

        Aos domingos, folga de meu pai, pegávamos o bonde para visitar a tia Olímpia, irmã e confidente de minha mãe, em Santana. A tia morava com o marido e dois filhos numa chácara cercada de ciprestes, na rua Voluntários da Pátria, quase em frente á Caixa d’Água, perto da Padaria Morávia. Naquela região, havia muitas chácaras; produziam hortaliças que eram transportadas de carroça para as quitandas ou anunciadas aos gritos de porta em porta.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDPEZghQTQ5dl_Dt6exfAKoWqf0w4FHDX5J2kHLmXIuVXXD3ftxaqSWaWE4XDS4LlLaQc2uWRevuhjIvhbnVb1MOkEwG37VtZtiSIDa7IBYhMxJFORp6tPtzPXI7wH5QJxsg12wOAlNLP_6dCD1JJN37UJ0CjbfOT-M3PAzpjsBusX3Ni03VnMZKE7Nqw/s320/RUA.jpg


        No começo da Voluntários da Pátria acabava o calçamento. Ali, junto à Padaria Polar, onde hoje há uma agência bancária, existia um bebedouro redondo, de bronze, com água para os cavalos que chegavam à cidade pela Zona Norte, depois de descerem a serra da Cantareira. Hoje, quem vê o bairro de Santana com a Caixa d’Água custa a acreditar que menos de cinquenta anos atrás existiam chácaras ali.

        Nessas reuniões familiares, eu encontrava meus primos queridos: dois filhos dessa tia e três do tio José, irmão mais velho da minha mãe. Sujos de terra, em bando pelos quatro cantos da chácara, trepávamos nas árvores, dávamos comida para os patos no laguinho, cortávamos capim-gordura para o Gualicho, o cavalo que puxava a charrete do meu tio, e jogávamos bola em gol de verdade, com trave de bambu do taquaral.

        Quando chegava a hora de ir embora, meus primos e eu chantageávamos minha mãe. para que ela me deixasse ficar lá até o domingo seguinte. Devíamos insistir tanto que às vezes eu acabava conseguindo. Era o máximo da felicidade.

        [...]

Drauzio Varella. Os balões. In: ______. Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000. p. 34-35. (Memória e História).

Fonte: Português. Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição – São Paulo – 2012. FTD. p. 189.

Entendendo o relato:

01 – Qual era o destino da família aos domingos?

      A família pegava o bonde para visitar a tia Olímpia em Santana.

02 – Onde ficava a chácara da tia Olímpia?

      A chácara ficava na rua Voluntários da Pátria, perto da Caixa d’Água e da Padaria Morávia.

03 – Como era a região de Santana naquela época?

      A região era repleta de chácaras que produziam hortaliças, transportadas por carroça para as quitandas.

04 – O que havia no começo da rua Voluntários da Pátria?

      No começo da rua, havia um bebedouro de bronze para os cavalos que vinham da Zona Norte.

05 – Quais atividades o autor e seus primos faziam na chácara?

      Eles brincavam na terra, subiam em árvores, alimentavam patos, cortavam capim para o cavalo e jogavam bola.

06 – O que o autor e seus primos faziam antes de ir embora?

      Eles chantageavam a mãe do autor para que ele pudesse ficar na chácara até o domingo seguinte.

07 – Qual era o sentimento do autor em relação aos domingos na chácara?

      Era o máximo da felicidade para o autor.