sábado, 24 de fevereiro de 2024

CRÔNICA: DIA DE COMPRAS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

Crônica: Dia de Compras

                Walcyr Carrasco

ABRO A GELADEIRA. NEM OVOS! Nos armários, nem sabão! Rendo-me ao inevitável. Faço a lista. Parto. Supermercado sábado de manhã é a sucursal do inferno! Mal entro, quase sou atropelado por um adolescente que corre com um carrinho vazio, a irmãzinha dentro. Deveria haver semáforo para carrinhos de compras! Cuidadoso, mantenho meu carrinho à direita, devagar. Uma senhora enfia o dela nos meus calcanhares. Rosno. Ela pede desculpas e segue. Abro a listinha. O problema é que a ordem dos produtos na lista nunca é a mesma em que estão dispostos. Vou para um corredor e pego a lata de molho de tomate. Parto para outro item. Ando quilômetros. O item seguinte está próximo de onde eu estava antes! Logo tenho a impressão de que fiz o trajeto São Paulo—Rio a pé! Guardo a lista. Decido andar entre as gôndolas, pegando o que deve estar em falta.

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— Óleo, preciso. Arroz, preciso. Chocolate, não preciso. Mas quero!

Que fome! Atolo o carrinho de bolachas, salgadinhos, geleias, como se fosse comer tudo imediatamente. Viro à direita e desembarco em um congestionamento. Senhoras maquiadas passeiam pelas gôndolas, tranquilamente. Comportam-se como se estivessem pegando as crianças na escola, paradas na faixa dupla. Ou seja, abandonam os carrinhos no meio do corredor. Empurro um deles. A dona me encara, brava. Ergo a cabeça e continuo. Mais adiante, alguns casais. As crianças comportam-se como se estivessem em um playground. Correm. Gritam. Os pais sorriem, enquanto uma menina derruba uma lata de pêssegos em calda nos meus pés. Atiro-me para o próximo corredor.

Uma senhora idosa pede para eu verificar a validade de um produto. Sorrio, mas sei que caí numa armadilha. A validade é detalhe. Quer puxar papo. Em supermercados é que se nota a solidão das grandes cidades.

— Como o preço do arroz subiu! — diz, entabulando uma conversa.

— Hum, hum.

-— Desse jeito não sei aonde vamos parar.

— Hum, hum.

— Eu venho sempre aqui porque a minha filha e a minha neta trabalham

fora. Minha neta é muito inteligente, já vai prestar vestibular!

— Hum, hum.

— Gosto de conversar com gente como o senhor para me atualizar. O senhor é muito simpático!

— Hum, hum!

Consigo me esgueirar até a fila. É enorme. Vinte minutos. A minha frente, um casal nervoso. Quando está terminando, a caixa pára.

— Este produto está sem código.

Vem um rapazinho. Some. Descubro que a fila do lado andou muito mais depressa. Que raiva! Finalmente, vem o preço. Ele faz o cheque. Novo ritual, enquanto é aprovado. Tenho vontade de abandonar o carrinho e sair correndo.

Chega minha vez. Esvazio o carrinho. Boto tudo em sacolas. Demoro. A caixa me ajuda. Quem está atrás me encara com olhar assassino. Pago. Deu mais do que eu previa, sempre dá mais! Encho o carrinho de novo. Na pressa, boto lataria em cima de frutas, tudo vira uma confusão! Vou para o carro. Tiro as sacolas, guardo. Chego ao prédio. Agora, retiro do carro. Boto no elevador. Arranco do elevador. Entro no apartamento. Estou exausto, mas nada de descansar! Esvazio as sacolas. Ovos se quebraram. Limpo as latas. Enfio tudo na geladeira, nos armários.

Desabo na cadeira. A lista cai do meu bolso.

Esqueci metade. Ah, que vida! Semana que vem, vou ter de voltar!

Entendendo o texto

01. O que leva o narrador a fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado?

a) A falta de organização.

b) A necessidade de planejamento.

c) O desejo de evitar esquecimentos.

d) A tradição familiar.

   02. Por que o narrador compara o supermercado a "a sucursal do inferno"?

         a) Devido ao calor intenso dentro do estabelecimento.

         b) Por causa da multidão e da confusão.

         c) Devido à presença de produtos inflamáveis.

         d) Por ser um lugar escuro e assustador.

   03. Qual é a reclamação do narrador em relação à ordem dos produtos no supermercado?

         a) Os produtos sempre estão em falta.

         b) A disposição dos produtos não corresponde à ordem da lista.

         c) Os preços dos produtos são muito elevados.

         d) Os corredores do supermercado são estreitos demais.

   04. O que o narrador afirma que "deveria haver" para evitar acidentes dentro do supermercado?

         a) Semáforos para carrinhos de compras.

         b) Seguranças controlando o fluxo de pessoas.

         c) Um sistema de navegação para clientes.

         d) Mais espaço para circulação.

  05. Como o narrador descreve o comportamento das crianças dentro do supermercado?

         a) Disciplinadas e calmas.

         b) Correndo e gritando como se estivessem em um playground.

          c) Ajudando os pais nas compras.

          d) Sendo repreendidas por seus pais o tempo todo.

  06. Qual é a observação do narrador sobre a solidão nas grandes cidades, conforme sua experiência no supermercado?

         a) As pessoas se encontram com amigos o tempo todo.

         b) Os supermercados são lugares de socialização.

         c) As pessoas frequentemente estão em busca de interação.

         d) É possível notar a solidão nos momentos de interação superficial, como conversas de caixa de supermercado.

   07. O que o narrador esquece de comprar, mesmo após enfrentar a confusão do supermercado?

          a) Ovos.

          b) Arroz.

          c) Sabão.

          d) Chocolate.

   08. Como o narrador se sente após terminar as compras no supermercado?

          a) Revigorado e relaxado.

          b) Exausto e frustrado.

          c) Satisfeito e contente.

          d) Impaciente e irritado.

    09. O que o narrador faz quando percebe que esqueceu metade das coisas que precisava comprar?

          a) Decide fazer uma nova lista imediatamente.

          b) Desiste e planeja voltar ao supermercado na semana seguinte.

          c) Liga para alguém ir buscar o que falta.

          d) Tenta se convencer de que pode passar sem os itens esquecidos.

  10. Qual é o sentimento geral do narrador em relação à experiência de fazer compras no supermercado?

          a) Prazer e diversão.

          b) Apatia e indiferença.

          c) Irritação e cansaço.

          d) Empolgação e entusiasmo.

 

 

  

CRÔNICA: TUDO É POSSÍVEL - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Tudo É Possível

                Walcyr Carrasco

QUANDO EU ERA PEQUENO, queria ganhar um cavalo de corrida. Natal após Natal eu mandava cartinhas para Papai Noel. Não tinha muita ideia de onde botar o cavalo. Morava em uma pequena casa no interior de São Paulo, dividindo o quarto com meu irmão mais velho. Talvez pudesse acomodá-lo na cozinha, se mamãe deixasse. Mas isso não parecia ser problema. Em todo Natal mamãe vinha com uma desculpa:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-iyuIPnNWkZ1eaI5L8QRYIcspYzhMba9O_S__WzS06crScFPeHAWSnqipi-Nzj5WLOXjmmtCkmMOdvHeIDLYXpSAX5TcFrO8xzl6-MigqlpLg16J2YsZnk4_ZtgLPoDtexWMc98X6SaRbhwSjH7TyqMr2_dpEYSigt3csamBSFfb8_PYZ3s5XScvEqXA/s320/CAVALOS.jpg


— O cavalo ficou doente, e Papai Noel não pôde trazer.

— Ou então:

— Estava, muito pesado para Papai Noel carregar.

Finalmente, exausta, revelou a verdade sobre Papai Noel.

Sofri. Não queria acreditar. Puxa, desde que eu me conhecia por gente fazia esforço para ser bonzinho por conta do cavalo de corrida. Via o velhinho de barbas brancas na porta da loja. Acordava de manhã e encontrava sempre um presente — ou vários — junto à meia. Agora queriam que eu enfrentasse a realidade dos fatos?

O tempo passou, e a vida se encarregou de trazer outras fórmulas tão mágicas quanto Papai Noel. Principalmente em relação ao Ano-Novo. Ultrapassar a noite de réveillon tornou-se um foco de tensão. Qualquer errinho, por menor que seja, é capaz de redundar em um ano inteiro de pavores!

A coleção de exigências para um Ano-Novo decente bota a crença em Papai Noel no chinelo. Por exemplo:

— Usar roupa branca, de preferência nova. Minha amiga Lalá andou matando cachorro a grito em uma fase da vida.

Acabou desistindo e entrou no ano novo de preto, na esperança de reverter a situação. Bem... acho que este ano ela vem de vermelho.

— Comer muito na ceia, para ter abundância o ano inteiro. E desculpa de

guloso. Sinto imensa simpatia por essa ideia!

O único problema é o cardápio: não se pode comer ave, porque cisca para

trás, e isso atrasa a vida. Melhor comer porco, que chafurda para a frente. O risco é passar o ano chafurdando. Depois, lentilha, que é sinônimo de sorte. Para completar, romãs, para atrair felicidade. Com tanta romã, certamente as lavanderias devem morrer de felicidade, tal o número de manchas nos trajes brancos!

— Dar três pulinhos com a taça de champanhe na mão.

Depois, jogar o champanhe para trás. É uma garantia de sorte. E talvez de briga, porque sempre alguém acaba levando a bebida nas fuças. Pior ainda se eu estiver em uma praia e tiver de pular as sete ondinhas. Nada mais difícil que contar as ondas no meio do barulho, dos fogos (imprescindíveis), agarrando a taça em uma mão, os chinelos na outra e recebendo abraços de feliz Ano-Novo! E inevitável: acabo roubando na conta.

Vem uma ondinha, não consigo pular e digo: "Essa não vale!".

Ou seja, era mais fácil quando eu acreditava em Papai Noel! Agora, além de comprar os presentes, tenho de labutar na noite de ano! Na esperança de que, sim, aconteça alguma coisa mágica — não sei bem o quê — capaz de trazer algo de maravilhoso para minha vida.

Este ano resolvi me dar um presente. Aprendi a não acreditar em Papai Noel. Também não quero mergulhar em tantas fórmulas mágicas. Eu posso ter um Natal e um ano maravilhosos se acreditar em mim! Não entra na minha cabeça que uma noite iluminada pelos fogos vá determinar a minha vida, o meu ano, a minha felicidade. E sim o meu íntimo, iluminado pela minha vontade. Natal e Ano-Novo são simbólicos. Duas datas que despertam a vontade de ir à frente, de ser melhor, de encontrar novos caminhos. Mas a magia, a capacidade de tornar a vida maravilhosa, está, realmente, dentro de mim.

Agora, com essa certeza no meu coração, eu sei. Tudo é. possível!

Entendendo o texto

01. Qual era o desejo da criança narrada na crônica "Tudo É Possível", de Walcyr Carrasco?

a) Ganhar um cachorro de corrida.

b) Ganhar um cavalo de corrida.

c) Ganhar um carro de corrida.

d) Ganhar um cavalo de estimação.

    02. Onde o protagonista imaginava acomodar o cavalo de corrida, caso o ganhasse?

           a) Na sala de estar.

           b) Na garagem.

           c) No quarto.

           d) Na cozinha.

    03. Por que a mãe do narrador inventava desculpas sobre o cavalo de corrida?

          a) Porque não gostava de animais.

          b) Porque não tinha dinheiro para comprar o cavalo.

          c) Porque não queria decepcionar o filho.

          d) Porque queria manter viva a fantasia do Papai Noel.

   04. Qual era o foco de tensão para o narrador durante o Ano-Novo?

          a) A comida da ceia.

          b) A cor da roupa.

          c) Ultrapassar a noite de réveillon.

          d) Os presentes de Papai Noel.

    05. Segundo a tradição citada na crônica, por que não se deve comer ave na ceia de Ano-Novo?

         a) Porque atrasa a vida.

         b) Porque traz azar.

         c) Porque causa brigas.

         d) Porque é considerado um alimento sagrado.

   06. Qual é o significado atribuído à lentilha na ceia de Ano-Novo?

         a) Abundância.

         b) Sorte.

         c) Felicidade.

         d) Amor.

   07. Qual é a ação simbólica realizada com a taça de champanhe durante a virada do ano?

         a) Brindar com todos os presentes.

         b) Jogar o champanhe para trás.

         c) Fazer um pedido de felicidade.

         d) Quebrar a taça para atrair boa sorte.

   08. O narrador afirma que este ano resolveu se dar um presente. Qual é esse presente?

         a) Não acreditar mais em Papai Noel.

         b) Comprar muitos presentes para si mesmo.

         c) Participar de todas as tradições de Ano-Novo.

         d) Fazer uma viagem durante as festas de fim de ano.

   09.  Qual é a mensagem central transmitida pelo narrador no final da crônica?

          a) A importância de seguir todas as tradições.

          b) A crença na magia das festas de fim de ano.

          c) A necessidade de acreditar em si mesmo.

          d) O valor dos presentes materiais.

    10. De acordo com o narrador, onde está a verdadeira capacidade de tornar a vida maravilhosa?

          a) Nas tradições de Natal e Ano-Novo.

          b) Na sorte proporcionada pelos rituais.

          c) Dentro de si mesmo.

          d) Na intervenção mágica de Papai Noel.

 

 

 

 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

CRÔNICA: O AUTOMÓVEL - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: O Automóvel

                Walcyr Carrasco

QUANDO PAPAI COMPROU nosso primeiro carro, mamãe decidiu: 

     Vou tirar carta de motorista!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0IHK8BT-tVybpg-WWjqdI0qN9WgcIjOyKW881Kz9q84b_WI2cgnsVsXlJfPChSFielWex_rtCM8tuAsg7RAwAJz5SNwz2AZv6YZkU62hV6SUznjk75bAjTtdXPiG9toWE8gGLTGZAk7ajjPmEXSoSzOtTuMSY_7Tc_eCiwUqeQQAhVUedyhE79FQ9_us/s1600/JIPE.png


Eu era criança. Não era comum que mulheres dirigissem. Mamãe tinha alma de pioneira. Por exemplo, trabalhava fora, enquanto suas amigas se conformavam em ser donas-de-casa. Morávamos em uma cidade do interior. A autoescola só tinha um jipe. Começaram as aulas. Comigo no banco de trás, as mãos presas agarradas na capota. O jipe dava solavancos e rodopiava pelas ruas. O instrutor aterrorizado.

— O breque, o breque! Aperte o breque!

Mamãe se confundia. Enfiava o pé no acelerador. Ela gritava. O instrutor gritava. Os pedestres corriam. Entre as façanhas, arrancou a porta de um Karmann Guia. Na última aula antes do exame arrasou a entrada do mercado municipal.

Repetiu duas vezes. Na terceira, o examinador tremia:

— Mais devagar! Assim a senhora enfia o carro em uma árvore.

Surpreendentemente, ganhou a carta. Talvez por terror dos examinadores. Seu idílio automobilístico não durou muito. Papai perdeu o pouco que tinha. Viemos para São Paulo com uma mão na frente e outra atrás. Carro? Nem pensar. Ficou mais de dez anos sem dirigir. A vida melhorou. Minha cunhada ofereceu o volante.

— Só para ter o gostinho.

 Entrou atrás de um caminhão parado.

Mais uma temporada de exílio. Papai se recuperou montando um estacionamento. Todas as manhãs, lá estava mamãe, gordinha, de chapéu de homem na cabeça, dando ordens aos manobristas.

— À direita! Vira... vai que dá, vai que dá!

Só havia uma condição. Não fazer manobras ela mesma. Seria impossível pagar os prejuízos. O incrível é que papai não gostava de dirigir. Desistiu de ter automóvel. Mamãe olhava os modelos. Sonhava. Mudaram-se para Santos. Tempos depois, papai faleceu. Para surpresa de toda a família, mamãe veio a arrumar um namorado, aos 64 anos. Perguntei, cauteloso, a idade do príncipe encantado.

— Sessenta e três.

- Suspirei, aliviado. Se fosse trinta, aí sim, eu ficaria bem preocupado.

Nunca se viu casal tão apaixonado. Era um senhor aposentado, de índole calma. Mamãe me contou:

— Sabe, ele está pensando em comprar um carro.

— Mãe, quem é doida por automóvel é você! Convenceu o velho?!

— Não tenho o direito? 

Tinha. Juntaram as economias. Vieram para São Paulo. Compraram um bom automóvel usado no sábado de manhã. Pegaram a serra. Na curva, havia óleo na pista. Derraparam de leve. Pararam. Um policial aproximou-se.

 — Deixem o carro aí, já vamos ver. Venham para cá, por causa da curva.

Mal se afastaram caminhando, outro carro veio voando na curva. Derrapou também. Voou em cima do automóvel. O que sobrou dava para levar em uma sacola.

Não tinha seguro. Perda total. Revoltada, mamãe não se conformava:

     Não ficamos mais de uma hora com o carro!

Tentei confortá-la.

— Mamãe, quem sabe seu destino não é ter automóvel.

— Que conversa é essa de destino? Eu não me conformo!

E vou ter!

Teve. Dali a meses comprou novo veículo em sociedade com o namorado. Eu e meus irmãos demos uma força. Que felicidade! Subiam a serra só para comer um filé. Só se tornou um pouco ressabiada.

—- Ele dirige muito bem — contou, referindo-se ao grisalho. — Às vezes tenho vontade de pegar a direção, mas não gosto da serra.

 Com a proximidade do Dia das Mães, sinto um aperto no coração. Ela partiu há dois anos, doente, e às vezes me dá uma imensa saudade. Sinto também uma sensação de alegria. Mamãe conseguiu seu carro. Felizmente, eu a ajudei a realizar seu sonho!  

Entendendo o texto 

01.  Qual foi a reação da mãe do narrador quando o pai comprou o primeiro carro da família?

a) Decidiu aprender a dirigir.

b) Recusou-se a aprender a dirigir.

c) Contratou um motorista particular.

d) Pediu para vender o carro.

   02. Onde a família morava quando a mãe decidiu aprender a dirigir?

         a) Na capital.

         b) Em uma cidade do interior.

         c) Na praia.

         d) Em outro país.

  03. Por que o instrutor de direção ficava aterrorizado durante as aulas com a mãe do narrador?

         a) Porque ela era muito calma.

         b) Porque ela dirigia muito devagar.

         c) Porque ela tinha dificuldade em controlar o carro.

         d) Porque ela era uma motorista experiente.

   04. O que aconteceu na última aula de direção da mãe antes do exame?

         a) Ela passou no exame de direção.

         b) Ela arrancou a porta de um carro estacionado.

         c) Ela desistiu de aprender a dirigir.

         d) Ela comprou um carro novo.

  05. Por quanto tempo o pai ficou sem dirigir após perder o pouco que tinha?

        a) Mais de dez anos.

        b) Um ano.

        c) Um mês.

        d) Uma semana.

  06. O que a mãe fazia todas as manhãs após o pai montar um estacionamento?

        a) Ia trabalhar como motorista de ônibus.

        b) Dava ordens aos manobristas.

        c) Ficava em casa sem fazer nada.

        d) Ia à autoescola aprender a dirigir novamente.

  07. O que aconteceu com o carro que a mãe e o namorado compraram em um sábado de manhã?

        a) Foi roubado.

        b) Sofreu um acidente grave.

        c) Foi vendido rapidamente.

        d) Ficou intacto por anos.

  08. Por que a mãe ficou revoltada após o acidente com o carro novo?

        a) Porque o carro estava muito velho.

        b) Porque o seguro não cobria o acidente.

        c) Porque o namorado não estava dirigindo com cuidado.

        d) Porque eles não tinham seguro para o carro.

  09. Qual era o sentimento do narrador em relação à mãe, dois anos após sua partida?

        a) Tristeza.

        b) Alegria.

        c) Raiva.

        d) Indiferença.

10. O que o narrador sente em relação ao fato de ter ajudado a mãe a realizar seu sonho de ter um carro?

        a) Remorso.

        b) Felicidade.

        c) Desgosto.

        d) Arrependimento.

 

 

 

CRÔNICA: TRUQUE NO ASSALTANTE - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Truque no Assaltante

                   Walcyr Carrasco

JURO QUE É VERDADE. Tenho uma amiga especializada em se livrar de assaltantes. Sua arma: a imaginação. Maria Adelaide é escritora. Madura, de aparência frágil, é o tipo de vítima ideal. Foi assaltada várias vezes. Acabou desenvolvendo uma estratégia. Certa vez andava pela rua do Curtume, vindo de um encontro profissional. Notou que um rapaz vinha em sua direção, a mão enfiada dentro do casaco. Prestes a sacar a arma. Olhou em torno. Ninguém! Não teve dúvidas. Saltitou em direção a ele, com um sorriso de orelha a orelha!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz_MAq8YEg6Vr8TvpBgSirj3UjhNSLt3F0Kc3INq90TUqrPEdSqOtWDSRtbkf50jAV9At4T2Afsf4_kvMZWl2F1HqA85NyDEKrbqdm-8ZXUy3kDAhRoXpG0QMgQRRG1p7J8amg77h6WYAqJwR5Km3H5ky_Kwbvd702TJJ9IbfimSf_iCDZU0dl9I0pKxM/s1600/ESCRITORA.jpg

— Você! Finalmente nos encontramos! Como vai sua mãe?

Faz tanto tempo que não nos vemos!

O rapaz hesitou, em dúvida. Maria Adelaide continuou, rápida.

— E a Cidinha, tem visto a Cidinha? Como é que ela está?

— Bem...

Abraçou o rapaz.

 — Agora eu preciso ir. Mas vê se não some, hein?! Telefona! Fugiu em direção ao carro, deixando o ladrão parado, com ar de dúvida. Na vez seguinte, saía com uma amiga da Pinacoteca do Estado, na avenida Tiradentes. Lá adiante viu um trombadinha se aproximando. Não teve dúvidas. Virou-se para a amiga e começou a brigar, aos gritos!

— Você nunca podia ter feito isso comigo! Ah, mas você não presta. O que você fez não tem perdão. Você vai me pagar!

A amiga arregalou os olhos, chocada com a gritaria, cada vez maior.

O trombadinha aproximou-se, já enfiando a mão no bolso. Adelaide gritou

ainda mais. Parecia prestes a partir para as vias de fato.     

— Não me responda! Fica quieta, você não tem o direito de falar!

O ladrão ainda tentou estabelecer contato:

— Dona... dona...

— Fica quieto você também! — gritou para o assaltante.

— Você não sabe o que ela me fez.

— Mas o que foi que ela aprontou?.

— Ela acabou com a minha vida!

O possível assaltante pensou um segundo e aconselhou:

— Mata ela.

— É o que eu devia fazer! Acabar com você, ouviu? — vociferou Adelaide para a amiga.

O rapaz foi embora — possivelmente para não ser envolvido em crimes maiores. Quando estava longe, a amiga recuperou a fala.

— Que eu fiz?        

— Nada. Eu vi que o ladrão vinha em nossa direção. A rua estava vazia e aprontei um escândalo. Assim, ele desistiu. Vamos embora? 

Partiu sorridente, com a amiga cambaleante.

A última vez foi em uma floricultura da avenida dos Bandeirantes. Acabava de comprar um buquê. O rapaz entrou de arma em punho.

— Passa a carteira!- E você, dá  o dinheiro! — gritou para a vendedora.

A caixa ficou paralisada. Adelaide respondeu, fria.

— Estou só com cartões de crédito, sem dinheiro. Não adianta você levar minha carteira, não vai ter lucro nenhum.

— Não quero nem saber! Passa a grana.

Adelaide voltou-se furiosa e interpelou a caixa.

— Não ouviu o que ele disse? Se ele está roubando, é por que tem

necessidade e precisa do dinheiro. Passa a grana!

O assaltante fez que sim, feliz pela compreensão.

— É isso mesmo! Se eu assalto é porque preciso!

Levou todo o dinheiro da floricultura. Adelaide continuou incólume, com a bolsa fechada. Seu segredo:

— Preciso de um segundo para pensar. Se sou pega de surpresa, entrego tudo. Mas quando tenho chance... invento uma história.

A imaginação ainda é a melhor arma para enfrentar as dificuldades da vida moderna!

Entendendo o texto

01. Como Maria Adelaide se livra do assaltante na rua do Curtume?

a) Ela saca uma arma.

b) Ela briga com o assaltante.

c) Ela aborda o assaltante como se o conhecesse, perguntando sobre sua mãe e uma tal de Cidinha.

d) Ela entrega todo o seu dinheiro sem hesitar.

  02.O que Maria Adelaide faz quando vê um trombadinha se aproximando na avenida Tiradentes?

         a) Ela entrega sua bolsa imediatamente.

       b) Ela começa a gritar e brigar com sua amiga.

       c) Ela corre para chamar a polícia.

       d) Ela desmaia de medo.

   03. Qual é o resultado da abordagem de Maria Adelaide ao trombadinha na avenida Tiradentes?

       a) Ele a agride fisicamente.

       b) Ele desiste do assalto e vai embora.

       c) Ele agradece por ela ter defendido a amiga.

       d) Ele decide se juntar à briga entre as duas.

   04. Como Maria Adelaide reage quando um assaltante entra em uma floricultura?

       a) Ela chama a polícia.

       b) Ela entrega todo o seu dinheiro sem questionar.

       c) Ela confronta o assaltante e pede que ele deixe a caixa em paz.

      d) Ela foge do local imediatamente.

  05. Qual é o "segredo" de Maria Adelaide para se livrar dos assaltantes?

       a) Ela sempre carrega uma arma consigo.

       b) Ela é amiga da polícia e consegue se proteger facilmente.

       c) Ela inventa histórias e utiliza sua imaginação para confundir os assaltantes.

       d) Ela usa técnicas de defesa pessoal para imobilizar os criminosos.

    06. O que acontece com o assaltante na floricultura depois que Maria Adelaide intervém?

        a) Ele foge sem levar nada.

        b) Ele se arrepende e devolve o dinheiro.

        c) Ele agradece a compreensão de Maria Adelaide e leva apenas o dinheiro da caixa.

       d) Ele é preso pela polícia.

   07. Qual é o resultado final das interações de Maria Adelaide com os assaltantes?

       a) Ela é sempre agredida fisicamente.

       b) Ela nunca consegue se livrar dos assaltantes.

       c) Ela usa sua imaginação para escapar das situações de perigo.

       d) Ela entrega tudo o que tem sem hesitar.

 08. Qual é o principal talento de Maria Adelaide para se livrar dos assaltantes?

       a) Sua força física.

       b) Sua capacidade de negociar com os criminosos.

       c) Sua habilidade em inventar histórias e improvisar.

       d) Sua velocidade em fugir das situações de perigo.

   09. Por que Maria Adelaide acredita que os assaltantes desistem facilmente quando ela usa sua estratégia?

        a) Porque eles percebem que ela não tem nada de valor.

        b) Porque eles têm medo de sua reação imprevisível.

        c) Porque eles reconhecem Maria Adelaide como uma pessoa conhecida.

       d) Porque eles se comovem com sua compaixão e empatia.

 10. Qual é a lição principal da crônica "Truque no Assaltante" de Walcyr Carrasco?

       a) A importância de ter cuidado ao andar pelas ruas.

       b) A eficácia da imaginação e criatividade em situações de perigo.

       c) A necessidade de estar sempre armado para se proteger.

       d) A confiança na bondade inerente das pessoas.