segunda-feira, 8 de outubro de 2018

MÚSICA: AQUARELA - VINICIUS DE MORAES - COM QUESTÕES GABARITADAS


Música: Aquarela
                                  Vinicius de Moraes

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
Depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá
                                   Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes

Entendendo a canção:
01 – Você sabe o que é uma aquarela? Veja no dicionário e escreva o significado.
      É um tipo de pintura feita com tintas que são diluídas em água.

02 – Do que “fala” o texto?
A (  ) De um homem  que gosta de desenhar;
B (X) Da possibilidade que tenho para colorir e transformar uma folha branca em desenhos criativos;
B (  ) Da importância de ter bons amigos;
C (  ) De um castelo que eu fiz na folha em branco.

03 – O poeta nos dá à impressão de ser:
A (   ) – Uma pessoa chata e sem criatividade;
B (   ) – Uma pessoa  muito brava e nervosa com as coisas;
C (   ) – Um menino bastante divertido que gosta de desenhar;
D (X) – Uma pessoa criativa e sonhadora.

04 – Uma possível interpretação do texto pode ser.
A (  ) – A vida não vale a pena;
B (  ) – Devemos ter cuidado com os nossos sonhos pois não devemos fantasiar muito com as viagens que fazermos;
C (X) – Construímos a nossa vida como um quadro, com tintas e fantasias de cada um, que com o tempo perde a cor.
D (  ) – A vida é um barco a vela  que um dia se afunda.

05 – No texto aparece a palavra MURO que pode ter o seguinte significado.
A (  ) –Tijolos para separar  um lugar de outro;
B (  ) – Algo que se deve ser derrubado;
C (X) – Um obstáculo que pode ser visto como a passagem para fase adulta e o fim dos sonhos iniciais;
D (  ) – São os pesadelos que temos quando dormimos.

06 – No verso, "Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva", a expressão sublinhada sugere:
(A) o desenho da mão.
(B) a confecção da luva.
(C) o colorido da mão.
(D) a pintura dos dedos.

07 – A aquarela de que fala na música está:
(A) no desenho e na vida real.
(B) no desenho e na imaginação.
(C) na pintura, apenas.
(D) na vida real e na imaginação.

08 – No poema a expressão "beijo azul" sugere o encontro:
(A) da vela do barca com o céu.
(B) do avião com o céu.
(C) do barco com o mar.
(D) do céu com o mar.

09 – A música está organizada em:
(A) orações.
(B) parágrafos.
(C) versos.
(D) períodos.

10 – As palavras amarelo, círculo e descolorirá presentes no texto, pertencem respectivamente, às seguintes classes gramaticais:
a)   Adjetivo, adjetivo e substantivo.
b)   Substantivo, adjetivo e adjetivo.
c)   Artigo, artigo e adjetivo.
d)   Adjetivo, substantivo e verbo.
e)   Verbo, verbo e adjetivo.

11 – No terceiro verso do texto encontramos a presença de numerais:
a)   Multiplicativos.
b)   Ordinais.
c)   Cardinais.
d)   Fracionários.
e)   Coletivos.

12 – O substantivo guarda-chuva é:
a)   Simples.
b)   Composto.
c)   Abstrato.
d)   Coletivo.
e)   Aumentativo.

13 – Observe as alternativas abaixo e assinale a única que apresenta apenas substantivos próprios:
a)   Havaí, Pequim e guarda-chuva.
b)   Havaí, Pequim e Istambul.
c)   América, Havaí e círculo.
d)   Pequim, folha e América.
e)   Aquarela, América e sol.

14 – As palavras corro, folha e passarela possuem, respectivamente:
a)   Dígrafo, dígrafo e dígrafo.
b)   Dígrafo, dígrafo e encontro consonantal.
c)   Dígrafo, encontro consonantal e dígrafo.
d)   Encontro consonantal, dígrafo e dígrafo.
e)   Encontro consonantal, dígrafo e encontro consonantal.


15 – Explique o que o autor quis dizer com os seguintes versos: “Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo”.
      Que as pessoas podem desenhar tudo aquilo que quiserem em uma folha de papel. Que tudo, até o mundo, pode ser representado no papel.

16 – O autor da canção está falando de uma viagem real?
      Não. O autor está falando de uma viagem imaginária, na qual as pessoas embarcam olhando para as representações (desenhos) feitos numa folha de papel.

17 – Dê exemplos do que você pode fazer com uma folha de papel, usando sua criatividade.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: desenhos, pinturas, dobraduras, fotografias, jornais, livros, revistas, etc.

18 – Você já viu o mundo representado em uma folha de papel? Sabe como é chamada essa representação?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: mapa-mundi, planisfério, mapa do mundo, etc.





POEMA: BOADEIRO - ARMANDO CAVALCANTE E KLECIUS CALDAS - COM GABARITO


Poema: Boiadeiro

De manhãzinha, quando eu sigo pela estrada
Minha boiada pra invernada eu vou levar:
São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outras mais bonitas no lugar.


Vai boiadeiro, que o dia já vem,
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
De tardezinha, quando eu venho pela estrada,
A fiarada tá todinha a me esperar;
São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada,
Mas não tem outros mais bonitos no lugar.
Vai boiadeiro, que a tarde já vem
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
E quando chego na cancela da morada,
Minha Rosinha vem correndo me abraçar.
É pequenina, é miudinha, é quase nada
Mas não tem outra mais bonita no lugar.
Vai boiadeiro, que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem!

Armando Cavalcante e Klecius Caldas. Boiadeiro. In: Beth Cançado.
Aquarela brasileira, vol. I. Brasília: Editora Corte Ltda., 1994. p. 59.

Entendendo o poema:
01 – A toada Boiadeiro, de Armando Cavalcante e Klecius Caldas, notabilizada pela interpretação de Luiz Gonzaga em 1950, tem sua letra elaborada em versos de doze e de dez sílabas métricas. Observe com atenção os seguintes versos na letra da toada:
I. Vai boiadeiro, que o dia já vem,
II. A fiarada tá todinha a me esperar;
III. Vai boiadeiro, que a tarde já vem
IV. É pequenina, é miudinha, é quase nada
        Dos versos indicados, os que apresentam dez sílabas métricas são apenas:
(A) I e II.  
(B) I e III.  
(C) II e III.  
(D) I, II e III.  
(E) II, III e IV.

02 – Embora em muitas versões da letra de Boiadeiro apareça escrita no terceiro verso a palavra cabeças, no plural, no canto essa palavra deve ser entoada no singular. Isso se deve à necessidade de:
(A) eliminar o ruído sibilante do s, que é pouco musical.
(B) informar que se trata de poucos bois.
(C) deixar claro que, quando se trata de “gado”, cabeça só se usa no singular.
(D) manter a sequência do verso com doze sílabas.
(E) fazer a concordância com pouco e nada.

03 – Um dos melhores recursos expressivos empregados na letra de Boiadeiro é o processo de repetição da mesma estrutura sintática com a mudança de apenas um vocábulo, que faz progredir o sentido, tal como se verifica, por exemplo, entre os versos 5, 11 e 17. Tal recurso é conhecido como:
(A) paralelismo.  
(B) metáfora.  
(C) comparação.  
(D) pleonasmo.  
(E) metonímia.

04 – São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada – São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada – É pequenina, é miudinha, é quase nada.
        O efeito de anticlímax observável nos três versos é explicável pela:
(A) divisão de cada um dos versos indicados em três sequências sintáticas simétricas.
(B) repetição da forma verbal “é” por três vezes nos versos mencionados.
(C) acentuação regular na quarta, oitava e décima segunda sílabas nos versos.
(D) atenuação gradativa do sentido que se verifica do início ao fim de cada um dos versos apontados.
(E) referência a poucos objetos ou entidades nos três versos.

05 – Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
        O emprego da forma verbal tem em vez de há no verso mencionado se deve:
(A) à necessidade de substituir um monossílabo tônico por um átono.
(B) à exigência métrica de uma sílaba a mais.
(C) à intenção de reforçar o sentido de “existir” nos versos.
(D) à obediência ao disposto pela norma-padrão.
(E) ao objetivo dos compositores de representar a fala regional, popular.




POESIA: O MENINO DOENTE - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

Poesia: O MENINO DOENTE
                        
                     Manuel Bandeira

O menino dorme.
Para que o menino
Durma sossegado,
A mãezinha canta:
"Dodói, vai-te embora!
"Deixai o meu filhinho!
"Dorme...dorme...meu..."


Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:
- "Dorme meu benzinho"
E o menino dorme.
     Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Entendendo a poesia:
01 – Em dois versos da poesia há a ocorrência do sufixo –inho. Nos dois casos, esse elemento assume um valor de:
a)   Intensidade.
b)   Tamanho.
c)   Ironia.
d)   Afeto.
e)   Desrespeito.

02 – Por que a mãe canta: "Dodói, vai-te embora!"?
(  ) Porque o menino não quer dormir.
(  ) Porque está cansada.
(X) Porque o menino está doente.
(  ) Porque já é muito tarde.

03 – Você acabou de ler uma poesia que fala sobre:
(X) Um menino doente.
(  ) Um amor de mãe.
(  ) Um milagre.

04 – Dorme... dorme... meu...
Que significa as reticências?
(  ) Que  a mãe cantava rápido.
(  ) Que a mãe cantava suavemente.
(X) Que a mãe estava cochilando.

05 – Para quem a mãe canta?
      Para o filho que está doente.

06 – Quem adormeceu primeiro? Por quê?
      A mãe. Porque ela estava morta de cansada.

07 – Tire do texto palavras que estão no diminutivo:
      Mãezinha, filhinho, benzinho.

08 – Coloque F (falso) ou V (Verdadeiro):
(F) O menino descobriu quem o fez adormecer.
(V) O menino adormeceu ouvindo uma canção.
(V) A mãe adormeceu fatigada.
(F) Nossa Senhora embalou o menino.

09 – Numere de acordo:
1 – fadiga                               (3) dormir suavemente
2 – sossegado                        (5) sombra
3 – adormecer                        (1) cansaço
4 – debruçar                           (4) inclinar
5 – Vulto                                 (2) tranquilo

10 – Produção de texto:
Escreva sobre a sua mãe. Diga dela aquilo que você gostaria de falar para ela ouvir.
      Resposta pessoal do aluno.


FÁBULA: O PAPAGAIO E A BORBOLETA - TRADUÇÃO TATIANA BELINKY - COM GABARITO

Fábula: O papagaio e a borboleta
           Tatiana Belinky
                     

Um papagaio, pipa de papel,
Subindo até as nuvens percebeu
No vale, lá embaixo,
Uma borboletinha; e gritou-lhe então:
--- Mal posso te enxergar daqui, creias ou não!
Eu acho que tu me invejas voar tão alto assim!
--- Invejo-te, eu? Eu não!
E tu não tens razão
De te vangloriares: voas alto sim,
Mas voas preso a um fio, e a vida assim
Está distante da felicidade.
Já quanto a mim
É bem verdade
Que eu voo baixo: mas voo em liberdade:
Esvoaço e adejo
Onde eu desejo!
Nem como tu, tal qual um bobalhão,
Me gabo sem razão!

                 
krilov, Fábulas russas, tradução Tatiane Belinky, Melhoramentos
Vocabulário:
Creias: acredites
Vangloriares: gabares, contares vantagens
Esvoaço, adejo: dou voos curtos, bato as asas

Entendendo a Fábula:

01 – Que capacidade ou habilidade as duas personagens, da fábula, possuíam em comum? Como você pode comprovar sua resposta?
      Elas podem voar. “Mas voar preso a um fio / Que eu voo baixo; mas voo em liberdade”.

02 – Qual personagem provocou o diálogo? Justifique sua resposta com elementos do texto.
      O papagaio; “Mal posso te enxergar daqui; creias ou não!”

03 – Qual a localização (espaço) das personagens?
      No vale.

04 – Por que o papagaio provocou o diálogo?
      Porque ele achou ser mais esperto e importante, pela altura que estava.

05 – O que você acha que a borboleta quis dizer quando falou “nem como tu, tal qual um bobalhão, me gabo sem razão.
      Que ela não era boba, e seus voos eram livres.

06 – Assinale os três provérbios que comprovam que o ensinamento transmitido pela fábula à sabedoria popular:
·        Antes só do que mal acompanhado
·        Em boca fechada não entra mosquito.
·        Quem fala o que quer, ouve o que não quer.
·        A palavra é prata, o silêncio é ouro.
·        Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

07 – Em sua opinião, que tipo de pessoa, age como o papagaio? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Pessoa maldosa, para intimidar, humilhar e rebaixar seu próximo.

08 – Por que você acha que a borboleta chamou o papagaio de bobalhão?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: porque ele queria ser mais melhor do que a borboleta.

09 - Alguém algum dia, já lhe fez alguma provocação fazendo você se sentir humilhado? Conte como foi e como você se sentiu.
      Resposta pessoal do aluno.

10.Qual das personagens você acha que agiu corretamente? Justifique sua resposta.
      Borboleta. Porque ela falou com a razão e sem ofender ou humilhar o papagaio.



TEXTO: DE COSTAS PARA O ANO-NOVO - AMYR KLINK - COM GABARITO

Texto: DE COSTAS PARA O ANO-NOVO  
                              
                                AMYR KLINK

        Resignado, como se o mau tempo fosse o único tempo possível, recolhi o que restava da buja e deixei apenas a velinha de tempestade solteira. Talvez viúva. Disparou então de uma vez a fúria do Southern Ocean. Foram-se a graça e o resto de bom humor. Foram-se as últimas gotas de paciência para tentar entender o que se passava. Caos completo. Uma desordem contínua de água e espuma. O mar estava desmoronando ao redor. A escota da velinha, único motor puxando o Paratii a uma velocidade completamente ilegal, encostou, sem que notasse, numa roldana da vela grande, puiu e ameaçava estourar. Se um pedaço de pano se soltasse ou se o cabo se partisse, decolaríamos para um desastre espetacular.
      Criei coragem, cortei um pedaço de cabo, saí e, arrastando-me como um polvo até a ponta da retranca, fiz uma escota de reserva rezando para não ser arrancado dali por uma onda. Que falta faziam os outros quatro membros... O cabo de dezesseis milímetros voava no vento como um fiozinho de lã. Fazer as voltas e os nós pendurado sobre a espuma não foi nem um pouco divertido. Em vez de falar em voz alta, eu gritava. Gritava para mim mesmo o que deveria fazer, que o nó não estava firme. Gritava para ouvir minha própria voz no meio daquela turbina eólica infernal, que não parava. Gritava para não parar de fazer força, para não desistir dos nós que era preciso dar.
        Voltei para dentro, miraculosamente pouco ensopado. Com uma toalha preta e felpuda me enxuguei de roupa e tudo: casaco, macacão, botas. Minutos depois, uma cachoeira lateral vinda do norte bateu na popa, no meio de uma descida de onde de oeste. O Paratii atravessou. A cozinha subia e a mesa de navegação foi para baixo. De toalha em punho, escorreguei até bater na parede oposta. Do lado de fora, a retranca, onde eu me encontrava minutos antes, mergulhou inteira na onda, com a vela panejando desesperadamente, até que o piloto retomasse o rumo. “Muito tempo, muito tempo”, gritei. Desliguei o piloto e assumi o leme interno. Meu Deus, pior ainda, o barco endireitou, mas eu não conseguia manter o rumo certo por falta de referência. Olhando para a frente, não havia meio de saber por quais ondas estava descendo, as de norte ou as de oeste. Comandar pela bússola também não resolvia o problema. Virei de costas para a proa e, olhando para as ondas, segurando o leme por trás, descobri um jeito de pilotar ao contrário, apenas controlando as paredes de água e a birutinha de vento da targa traseira. Surfando de costas! Quem diria! Não era exatamente o modo como planejei virar o ano e começar vida nova. As deliberações de ano-novo se resumiram a uma só: escapar vivo.

      KLINK, Amyr. Mar sem fim: 360° ao redor da Antártica.
São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 102-103.
        Texto de viagem
        Eu estava apreensiva, sem notícias do Amyr desde o dia 27. Não ter ouvido sua voz na virada de ano foi motivo de muita preocupação. Procurava um quase impossível acesso à internet em Paraty quando, depois de uma semana de silêncio, o telefone tocou. Era o Amyr (UFA!). Fui ficando cada vez mais impressionada conforme ele ia descrevendo a situação que enfrentou no mar na passagem de ano:
        "Foi impressionante. Os ventos chegavam a 120 quilômetros horários e as ondas de vinte metros vinham de todos os lados, me obrigando a ficar de plantão no convés por cinquenta horas. Ventava tanto que o mar estava branco(...)."
        "(...) Estou exausto, com dores por todo o corpo. Mal consigo me mexer. O vento estava forte demais e as ondas deram muito trabalho. O leme de vento segura o barco quase em qualquer situação, mas dessa vez ficou de folga.
        Não deu para usar o leme de vento nem o piloto automático. Foi impressionante(...)."
(...)
        No momento o Amyr acaba de reparar os danos decorrentes da tempestade que o "abraçou" no sul da Austrália. Aproveita a calmaria e o tempo bom para amarrar as velas e para "secar suas meias".

                                                                         Marina Bandeira Klink. Textos da viagem. In: KLINK, Amyr, op. cit. p. 234-235.
Entendendo o texto:
01 – Logo no início de seu relato, Amyr klink afirma que estava” resignado, como se o mau tempo fosse o único tempo possível” O que ele quis dizer com essa afirmação?
      Se o mau tempo parecia ser o único possível, ele não teria escolha e, portanto, o melhor a fazer, para tentar sofrer menos, seria conformar-se: não ficar pensando em como seria a navegação se o tempo estivesse bom.

02 – Escreva duas das ações realizadas para vencer a tempestade.
      Possibilidades: Cortar um cabo e fazer uma escota de reserva para amarrar a vela; dar nós na corda pendurado sobre a espuma do mar; arrastar-se feito um polvo para chegar ao outro lado do barco; falar/gritar para si mesmo o que deveria fazer.

03 – No segundo parágrafo do relato, Amyr escreve; “Que falta faziam os outros quatros membros”. O que ele quis dizer com isso?
      O autor conta que se arrastou como um polvo até a retranca, só que ele não tinha oito membros, como o molusco, e isso lhe fazia falta naquela hora em que precisava fazer muitas voltas e nós, segurar-se, etc.

04 – Depois de ter conseguido vencer o desafio de dar os nós e segurar a vela do barco em meio a uma tempestade, o navegador teve de enfrentar problemas que aconteciam dentro do barco. Escreva com suas palavras o que estava acontecendo.
      Possibilidades: Entrada de água no barco, a turbulência do mar fazendo o barco adernar, o desequilíbrio do velejador e sua queda ao chão.

05 – Amyr relata assim um problema depois de ter conseguido o controle interno do barco assim:
“O barco endireitou, mas eu não consegui manter o rumo certo por falta de referência”.
O que ele quis dizer com “falta de referência”?
      Que estava sem direção, sem saber para que lado conduzir o veleiro.

06 – O que Amyr quis dizer com a exclamação “Surfando de costas! Quem diria!”?
      Surfar de costas era algo que ele nunca imaginara fazer.

07 – Depois de falar com o marido por telefone, a esposa de Amyr relata:
        “No momento o Amyr acaba de reparar os danos decorrentes da tempestade que o ‘abraçou’ no sul da Austrália. Aproveita a calmaria e o tempo bom para marrar as velas e para ‘secar suas meias’”.
a) no texto qual o sentido de abraçou?
      Envolveu, sufocou.

b) Qual foi a intenção de marina ao empregar aspas na expressão “abraçou” e “secar as meias”?
      Sugestão: Na palavra abraçou pode-se notar certa ironia, pois abraçar é uma ação afetiva, e não houve nada de afetividade no que aconteceu com Amyr.
      Em secar suas meias também se nota ironia, pois provavelmente todas as suas roupas ficaram molhadas com a violência das águas e não apenas as meias. A intenção é mostrar, em tom de brincadeira, de ironia, que a gravidade da história foi maior do que aquilo que o sentido comum dessas palavras expressaria, etc.


TEXTO PARA SÉRIES INICIAIS - A GRUTA DE LASCAUX - GLORIA KOK - COM GABARITO


Texto: A gruta de Lascaux
                                     Glória Kok

        No dia 12 de setembro de 1940, quatro garotos e um cachorro passeavam pelas colinas rochosas da região de Dordogne, na França quando o cão subitamente desapareceu por uma fenda nas pedras provocada pela queda de um grande pinheiro. No seu encalço, Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel e Simon Coencas esgueiram-se pela passagem estreita até alcançar uma enorme sala mergulhada na escuridão.
[...]
In: GIRARDET, Sylvie. A gruta de Lascaux. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: companhia das letrinhas, 2000, p. 7-9.
Entendendo o texto:
01 – Qual o título do texto?
      A gruta de Lascaux.

02 – Quem é o autor(a)?
      Glória Kok.

03 – Quem são as personagens do texto?
      Marcel Ravidat, Jacques Marsal, Georges Agnel, Simon Coencas e o cachorro.

04 – Em que região aconteceu o fato?
      Na região de Dordogne, na França.

05 – De acordo com o texto, quanto isso aconteceu?
      Aconteceu no dia 12 de setembro de 1940.

06 – No texto, a palavra destacada tem o mesmo sentido de:
(A) rapidamente.
(B) intencionalmente.
(C) forçadamente.
(D) misteriosamente.



domingo, 7 de outubro de 2018

MÚSICA: RECADO FALADO (METRÔ DA SAUDADE) - ALCEU VALENÇA - COM QUESTÕES GABARITADAS


Música: Recado Falado (Metrô da Saudade)
                                                        Alceu Valença

Haverá sempre, sempre entre nós esse digo não digo
Esse T de tensão, esse A de amor ressentido
Qualquer coisa no ar, esse desassossego (2x)
Um recado falado, um bilhete guardado, um segredo
Um desejo no lábio, um carinho travado, um azedo
Qualquer coisa no ar, esse desassossego (2x)
No metrô da saudade seremos fiéis passageiros
Um agosto molhado, um dezembro passado, um janeiro
Qualquer coisa no ar, esse desassossego (2x)
Cessará finalmente entre nós esse mito, não minto
Esse I de ilusão, esse T de tesão infinito
Qualquer coisa no ar, esse desassossego (2x)

                                         Composição: Alceu Valença

Entendendo a canção:
Releia a letra da canção e responda as questões:
01 – O título da canção de Alceu Valença é “Recado Falado”. A quem se destina esse recado?
      Para a pessoa amada, para o(a) parceiro(a) do compositor.

02 – Como parece ser a relação do casal descrita na canção? Copie os versos que justifiquem sua resposta.
      A relação parece set tensa, tumultuada ou mal resolvida. Elementos como tensão, amor ressentido, desassossego, azedo ou no ar transmitem essa ideia.

03 – Essa canção também é chamada de “Metrô da Saudade”. Releia o texto e explique como entende esse outro título no contexto da canção?
      Pelos versos “No metrô da saudade seremos fiéis passageiros”, o compositor indica que sempre terão um caso mal resolvido, cada um em seu caminho (como os que tomam o metrô), mas com saudades um do outro.

04 – A letra da canção trabalha com algumas oposições ou contradições de ideias.
a)   Como costuma ser o mês de agosto na região em que você vive?
Resposta pessoal do aluno.

b)   Em sua opinião, o que significa: um agosto molhado?
Sugestão: Um agosto molhado pode ser interpretado como algo atípico, incomum ou mesmo estranho.

c)   Aponte outros jogos de palavras da letra da canção que também expressem alguma oposição de ideias.
Sugestão: Digo não digo; Recado falado e bilhete guardado; Carinho no lábio e desejo travado e minto não minto.