O
PENSAMENTO ECOLÓGICO:
Da ecologia natural ao
ecologismo.
Para entender o desenvolvimento do
pensamento ecológico e a maneira como ele chegou ao seu atual nível de
abrangência, é necessário partir da constatação de que o campo da Ecologia não
é um bloco homogêneo e compacto de pensamento. Não é homogêneo porque nele
vamos encontrar os mais variados pontos de vista e posições políticas, e não é
compacto por que em seu interior existem diferentes áreas de pensamento,
dotadas de certa autonomia e voltadas para objetos e preocupações específicos.
Podemos dizer que, grosso modo, existem no quadro do atual pensamento ecológico
pelo menos quatro grandes áreas, que poderíamos denominar Ecologia Natural, Ecologia
Social, Conservacionismo e Ecologismo. As duas primeiras de caráter mais
teórico-científico e as duas últimas voltadas para objetivos mais práticos de
atuação social. Essas áreas, cuja existência distinta nem sempre é percebida
com suficiente clareza, foram surgindo de maneira informal à medida que a
reflexão ecológica se desenvolvia historicamente, expandindo seu campo de
alcance.
A Ecologia Natural, que foi a primeira
a surgir, é a área do pensamento ecológico que se dedica a estudar o funcionamento
dos sistemas naturais (florestas, oceanos, etc.), procurando entender as leis
que regem a dinâmica de vida da natureza. Para estudar essa dinâmica, a
Ecologia Natural, apesar de estar ligada principalmente ao campo da Biologia,
se vale de elementos de várias ciências como a Química, a Física, a Geologia,
etc. A Ecologia Social, por outro lado, nasceu a partir do momento em que a
reflexão ecológica deixou de se ocupar apenas do estudo do mundo natural para
abarcar também os múltiplos aspectos da relação entre os homens e o meio
ambiente, especialmente a forma pela qual a ação humana costuma incidir
destrutivamente sobre a natureza. Essa área do pensamento ecológico, portanto,
se aproxima mais intimamente do campo das ciências sociais e humanas. A terceira
grande área do pensamento ecológico – o Conservacionismo – nasceu justamente da
percepção da destrutividade ambiental da ação humana. Ela é de natureza mais
prática e engloba o conjunto das ideias e estratégias de ação voltadas para a
luta em favor da conservação da natureza e da preservação dos recursos
naturais. Esse tipo de preocupação deu origem aos inúmeros grupos e entidades
que formam o amplo movimento existente hoje em dia em defesa do ambiente
natural. Por fim, temos o fenômeno ainda recente, mas cada vez mais importante,
do surgimento de uma nova área do pensamento ecológico, denominada Ecologismo.
Que vem se constituindo como um projeto político de transformação social,
calcado em princípios ecológicos e no ideal de uma sociedade não opressiva e
comunitária. A ideia central do Ecologismo é de que a resolução da atual crise
ecológica não poderá ser concretizada apenas com medidas parciais de
conservação ambiental, mas sim através de uma ampla mudança na economia, na
cultura e na própria maneira de os homens se relacionarem entre si e com a
natureza. Essas ideias têm sido defendidas em alguns países pelos chamados
“Partidos Verdes”, cujo crescimento eleitoral, especialmente na Alemanha e na
França, tem sido notável.
Pelo que foi dito acima podemos
perceber que dificilmente uma outra palavra terá tido uma expressão tão grande
no seu uso social quanto a palavra Ecologia. Em pouco mais de um século ela
saiu do campo restrito da Biologia, penetrou no espaço das ciências sociais,
passou a denominar um amplo movimento social organizado em torno da questão da
proteção ambiental e chegou, por fim, a ser usada para designar toda uma nova
corrente política. A rapidez dessa evolução gerou uma razoável confusão aos
olhos do grande público, que vê discursos de natureza bastante diversa serem
formulados em nome da mesma palavra Ecologia. Que relação pode haver, por
exemplo, entre um deputado “verde” na Alemanha, propondo coisas como a
liberação sexual e a democratização dos meios de comunicação, e um conservador
biólogo americano que se dedica a escrever um trabalho sobre o papel das
bactérias na fixação do nitrogênio? Tanto um como outro, entretanto, se dizem
inseridos no campo da Ecologia. A chave para não nos confundirmos diante desse
fato está justamente na percepção do amplo universo em que se movimenta o uso
da palavra Ecologia.
Lago, Antônio & Pádua,
José Augusto. O que é Ecologia.
8. ed.
São Paulo, Brasiliense, 1989. p. 13-6.
1 – Divida o texto em
introdução, desenvolvimento e conclusão. Justifique sua divisão.
Introdução: primeiro parágrafo.
Desenvolvimento: segundo parágrafo.
Conclusão: terceiro parágrafo.
Em sua justificativa, o aluno deve
utilizar os conceitos estudados em classe.
2 – Como se relacionam a
introdução e o desenvolvimento? O que há de semelhante e de diferente entre
esses dois momentos do texto?
A introdução e o desenvolvimento tocam os
mesmos pontos (as quatro correntes do pensamento ecológico), mas o
desenvolvimento aprofunda gradualmente os dados expostos.
3 – Como se relaciona a
conclusão com as outras duas partes do texto? O que ela tem de semelhante e de
diferente em relação às outras duas partes do texto?
Mais uma vez,
fala-se das quatro correntes do pensamento ecológico. Na conclusão, no entanto,
faz-se um resumo breve do que foi dito até então, acrescentando-se um dado novo:
a afirmação de que o uso da palavra ecologia
ocorre num amplo universo.
4 – Qual a orientação
adotada pelos autores para expor as quatro grandes áreas do pensamento
ecológico? Em que parte do texto essa orientação foi explicitada?
Eles as relacionaram duas a duas, a partir
de algumas afinidades: as de caráter mais teórico-científico e as voltadas para
objetivos mais práticos da atuação social. Essa orientação foi explicitada na
introdução.
5 – Esquematize o texto,
respeitando a divisão em parágrafos feita pelos autores.
1º parágrafo: Ecologia não é um campo
homogêneo: quatro correntes, duas a duas.
2º parágrafo: Desenvolvimento de cada uma
das quatro correntes, mantendo-se o agrupamento por pares: Ecologia Natural e
Ecologia Social: Conservacionismo e Ecologismo.
3º parágrafo: Ecologia, palavra de amplo
uso social (breve resumo do que foi exposto anteriormente) e reafirmação do
amplo espectro de significação da palavra Ecologia.
6 – “Constituído
habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra
de modo geral e conciso a ideia-núcleo da parágrafo”. Indique e comente os
tópicos frasais presentes no texto.
O primeiro e o
terceiro parágrafos têm tópicos frasais: em ambos os casos, é o primeiro
período. Esses tópicos frasais têm valor semelhante ao da introdução do texto:
organizam o parágrafo, indicando-se a ordenação. O segundo parágrafo prescinde
de tópico frasal porque o primeiro cumpre esse papel organizador.
7 – É possível captar a
posição pessoal dos autores diante do que apresentam? Comente.
O posicionamento
dos autores se manifesta na própria disposição do assunto: tem-se a nítida impressão
de que o Ecologismo é o grau mais adiantado do pensamento ecológico. Além
disso, expressões aparentemente impessoais, como “tem sido notável”,
“dificilmente”, “tão grande”, têm na verdade caráter avaliativo.
8 – Você julga o texto que
acaba de ler bem-sucedido? Por quê?
O aluno deve
valer-se do instrumental disponível (conceitos de repetição, progressão,
não-contradição e relação) para comentar o texto.
9 – O que você sabe sobre a
luta dos grupos ecológicos no Brasil?
Resposta pessoal
do aluno.
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