POEMA: VASO CHINÊS
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez, por contraste à desventura –
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:
Que arte, em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei que com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
1 – Os tratados de versificação (tão prezados pelos
parnasianos) consideram que as rimas são: raras
ou preciosas quando mais elaboradas,
mais difíceis; pobres quando mais
simples, mais comuns ou menos elaboradas. São pobres as rimas de palavras que
pertencem à mesma classe gramatical. São raras as que fazem coincidir
sonoramente palavras de diferentes classes gramaticais. Assim, por exemplo, no
soneto Vaso chinês o poeta se valeu
de rimas quando fez coincidir sonoramente “vi-o” com “luzidio”, pois rimou um
verbo acompanhado de pronome com um adjetivo. Partindo dessa definição, faça um
levantamento das rimas raras no soneto.
Ui-o /
luzidio; vendo-a/amêndoa
2 – Metrifique a primeira estrofe de Vaso chinês. Qual o nome dos versos quanto às sílabas poéticas?
Os versos são decassílabos. Exemplificação:
Es / tra / nho / mi / mo a / que / le /
va / so! / Vio
1 2
3 4 5 6 7
8 9 10
Za /
ga / la / de / za / gais / na / rús / ti / ca / fa / mí / lia
1 2
3 4 5
6 7 8
9 10 11
12
3 – Examine atentamente o soneto e identifique:
a) Qual o tipo de linguagem
predominante?
Predomina a linguagem
cuidada, preciosa.
b) Qual é a pessoa que “fala” no soneto
e qual o efeito disso?
A pessoa que fala é um “eu”
que observa muitos detalhes. O efeito disso é a descrição externa.
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