sexta-feira, 28 de junho de 2019

HISTÓRIA DE QUADRINHOS - VERBOS E LOCUÇÕES VERBAIS - COM GABARITO


HISTÓRIA DE QUADRINHOS

Dik Browne. O melhor de Hagar, o Horrível. Porto Alegre: L&PM, 2010. v. 1.

Entendendo a história:

01 – Que características os meninos vikings parecem ter geralmente?
      Parecem ser rudes, mal-educados.

02 – Qual a função do verbo ser nos dois primeiros quadrinhos?
      Ligar o sujeito a suas características.

03 – Observe o verbo gostar. Que palavras completam o sentido dele?
      De você.


Hagar, o Horrível, de Chris Browne.


Entendendo a história:

01 – Que informações aparecem no quadrinho que indicam a chegada dos bárbaros?
      As setas.

02 – Quais verbos ou locuções verbais fazem referência aos bárbaros?
      Estão perseguindo; estão.

03 – O verbo estar, na fala de Hagar, pode ser classificado como de ligação, transitivo ou intransitivo? Por quê?
      Na locução verbal “estão me perseguindo” ele acompanha um verbo intransitivo. Na frase “eles já estão quase aqui!!!”, é intransitivo.

04 – Crie uma frase sobre a tira em que o verbo estar exerce a função de verbo de ligação.
      Hagar está assustado.

05 – Que termo foi usado por Helga para caracterizar a casa dela?
      “Bagunça”.

06 – Como esse termo pode ser classificado sintaticamente?
      Predicativo do sujeito.



TEXTO: O PAPEL DAS LENDAS E MITOS NA CULTURA INDÍGENA - MARIA GANEM - COM GABARITO

Texto: O papel das lendas e mitos na cultura indígena
                                             Maria Ganem

     Os índios vivem em aldeias no meio da floresta e são rodeados por muitos bichos. No seu cotidiano, realizam tarefas como a caça, a pesca, a lavoura, além de participarem de festas e rituais em homenagem aos seus deuses: a chuva, o Sol, a Lua e outros seres inanimados da natureza. E por falar em Sol e Lua, como você já sabe, o céu tem um papel muito importante para os índios: é usado como referência para planejarem as atividades do dia-a-dia. Por isso, desde pequenos os índios já sabiam como funcionam os ciclos solar e lunar e a posição de certas estrelas no céu. E não é a geometria, a física nem a matemática que os ajuda a identificar o movimento e a posição dos astros. São as lendas e os mitos de cada tribo que ensinam aos índios tais conhecimentos!
        À noite, as crianças sentam ao redor de uma fogueira e ouvem as histórias contadas pelos mais velhos. As lendas são divertidas e temperadas de muita imaginação — índios que falam com animais, estrelas que caem na Terra, guerreiros que vão para o céu. Numa delas a Lua e o Sol, que eram irmãos, se apaixonaram e como castigo, nunca mais puderam se encontrar. Por isso, até hoje quando a Lua sai o Sol se esconde. Se você reparar, nessa lenda há mais do que uma simples explicação para o dia e para a noite. Ela ensina aos pequenos índios como devem se comportar na tribo, em outras palavras, ensina que é errado o namoro entre irmãos. Legal, não é mesmo?
        As lendas também falam da origem da posição de algumas estrelas no céu. Os índios identificaram principalmente aquelas que são visíveis a olho nu, localizadas na Via Láctea. As duas constelações mais importantes para os indígenas são a da Ema Branca e a do Tinguaçu. Têm esses nomes porque suas figuras lembram dois grandes pássaros formados por um conjunto de estrelas da Via Láctea — a faixa branca que parece uma nuvem de estrelas no céu. Os índios notaram que eles nunca estão juntos no céu. Pois quando é verão no hemisfério Sul, a constelação do Tinguaçu fica visível. Já no inverno, é a Ema Branca que aparece. Ou seja: pelas constelações podem também identificar as principais estações do ano.
        Vale lembrar que os índios não possuem registros escritos e, em geral, são os mitos e as lendas de cada tribo que repassam a cultura desse povo ao longo dos anos. Como são contadas de geração a geração, certamente essas histórias se transformaram com o tempo. Lembra da brincadeira do telefone sem fio? Então, é algo parecido: sempre há quem mude um pouquinho a história, que termina bem diferente da original. Ainda assim, a partir dessas lendas podemos imaginar como viviam os índios há cerca de 4 mil anos.
        Mas quem nos contou as lendas? Ora, os próprios índios! Saiba que hoje cerca de 180 tribos habitam o nosso país. E que essas tribos estão cada vez mais preocupadas em preservar a sua cultura. Por isso, para elas é muito importante que as pessoas conheçam seus hábitos e costumes. Afinal, os índios são tão importantes para a história do Brasil quanto os nossos ancestrais portugueses e africanos!
                            Maria Ganem.
Entendendo o texto:

01 – O artigo lido comenta a existência de lendas nas quais indígenas falam com animais, estrelas caem na Terra e guerreiros vão para o céu. Que elementos estão presentes na lenda sobre as cataratas do Iguaçu que também podemos identificar nesse artigo?
      Os elementos naturais. No artigo, temos os animais, as estrelas, o céu; na lenda, tínhamos as cataratas, o vento, a palmeira, a pedra, o arco-íris.

02 – O artigo esclarece que os indígenas não tinham registros escritos. Quais parágrafos da lenda mostram que Leonardo Boff não inventou a história de amor de Tarobá e Naipi? Qual é o conteúdo desses parágrafos?
      Os dois primeiros parágrafos, em itálico, que podem ser considerados parágrafos de introdução à lenda propriamente dita. Neles, o escritor revela ter recolhido uma história contada pelos Kaingang.

03 – O último parágrafo do artigo cita dois motivos para a divulgação das lendas indígenas. Identifique-os.
       A divulgação é necessária para os indígenas, pois é uma forma de preservar sua cultura, e é valiosa para nós, pois assim podemos conhecer seus hábitos e costumes.

04 – Releia: “[...] dizem que, ao desfazer-se lentamente o arco-íris, escutam-se lamúrias tristes como quem se despede com o coração partido [...]”. Como são contadas de geração a geração, certamente essas histórias se transformaram com o tempo. Que palavra do texto indica essa ideia? Explique.
        A palavra dizem. Ele remete à ideia de que algo é dito, porém, sem determinar quem exatamente disse, e de que a história vai sendo passada sem que ninguém assegure que a informação está correta, gerando variações da mesma ideia.

05 – Quanto ao modo de produção e transmissão, mitos e lendas apresentam uma semelhança muito importante. Qual é ela?
       Ambas fazem parte da tradição oral e foram transmitidos de geração a geração antes de ganharem registro escrito.

06 – Observe atentamente as duas afirmações abaixo.
·        São narrativas que cumpriam a função d transmitir algum ensinamento prático ou explicar algum fato.
·        São narrativas que cumpriam a função de explicar o surgimento do mundo, os fenômenos naturais, os sentimentos e comportamentos humanos, sendo o fundamento para rituais religiosos e até para a conduta social.

Elas referem-se à função social dos gêneros estudados. Qual delas se relaciona aos mitos e qual às lendas?
      A primeira afirmação relaciona-se à função social das lendas e a segunda afirmação à dos mitos.

07 – Neste capítulo, você estudou que os mitos e as lendas foram a princípio transmitidos oralmente e que, hoje em dia, são publicados em livros. Você acredita que os jovens têm interesse em ler esse tipo de narrativa? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


quinta-feira, 27 de junho de 2019

POEMA: OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: Os ombros suportam o mundo
                                   Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
preferiram (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

ANDRADE, Carlos Drummond. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. p. 110-111.

Entendendo o poema:

01 – No poema, depois de refletir sobre o tempo presente, o eu lírico constata que é preciso:
a)   Suportar com resignação as dificuldades da vida, sem enganar a si mesmo.
b)   Procurar conviver com os amigos, porque eles são importantes na nossa vida.
c)   Enfrentar com coragem o isolamento, já que ele impede a realização pessoal.
d)   Esperar com paciência a velhice para usufruir as experiências acumuladas.
e)   Lutar contra as dificuldades do dia a dia para poder viver com tranquilidade.

02 – O verso a seguir dispara uma ideia que se repete de diferentes maneiras ao longo do poema: "Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus". Responda: 
a)   Dentro da ideia geral do poema, dizer "meu Deus" equivale a:
pedir ajuda à divindade. 
      não abandonar a relação entre o homem e a religião. 
      indignar-se com os problemas que nos cercam. 
      fugir dos verdadeiros problemas, recorrendo à religião. 

b)   O verso seguinte, "Tempo de absoluta depuração", reforça a ideia apontada no item anterior com uma agravante. Consulte os significados da palavra depuração e reflita sobre a questão a seguir. Com esse verso, é sugerido que:
o ser humano se sente culpado por não fazer nada contra os problemas do mundo, por isso busca a purificação moral. 
o ser humano perdeu sua capacidade de se indignar com os grandes problemas que o cercam e não sente culpa por isso. 

03 – A visão pessimista do comportamento do ser humano diante dos problemas do mundo continua a ser marcada pelos próximos versos: "Tempo em que não se diz mais: meu amor. / Porque o amor resultou inútil". 
a)   Que esperanças geralmente são colocadas no amor?
O amor, em geral, funciona como uma força transformadora, que implica abnegação, paciência, envolvimento, compaixão. 

b)    O que significa, portanto, o amor resultar inútil?
Os esforços envolvidos nesse sentimento, no envolvimento com o outro, não servem para o que realmente importa: viver sem mistificação.  

04 – Releia os versos a seguir. Observe sua força poética (pense em "força poética" como o uso da palavra em seu potencial máximo de significação). 
        "Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais que a mão de uma criança." 

a)   Marque as duas expressões que se opõem. 
Ombros e pesam.
      Suportam e mundo.
      Mundo e pesa. 
      Ombros e mão de uma criança. 
      Suportam e mão de uma criança.  

b)   Nesse contexto, o que significa "Teus ombros suportam o mundo"? 
Os esforços envolvidos nesse sentimento, no envolvimento com o outro, não servem para o que realmente importa: viver sem mistificação. 

c)   O que significa, então, suportar o que não pesa mais que a mão de uma criança? 
Significa que o peso está lá, mas não é assumido com a capacidade de indignação, de envolvimento, de exasperação que as questões ali levantadas exigem. 

05 – A capacidade de indignação é vislumbrada em dois versos da terceira estrofe. 
a)   Identifique-os. 
“Alguns, achando bárbaro o espetáculo, / prefeririam (os delicados) morrer.”

b)   O que, segundo o eu lírico, há de errado na atitude dos que se comovem com os problemas?
Eles desejam fugir do problema em lugar de tentar agir e transformá-lo. Isso os torna, apesar da capacidade de indignação, idênticos aos demais.  

06 – Interprete os dois últimos versos do poema.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São os dois versos mais pessimistas do poema. A ideia é a de que não há um lugar mágico para o qual se possa fugir, nem dentro da própria vida, tampouco fora dela. Vivê-la apenas com tudo o que ela contém de dor, de absurdo e de sem sentido é o que resta. 

07 – Na primeira estrofe, o eu lírico afirma categoricamente que “o coração está seco”. Que imagem, nessa primeira estofe, explica o fato de o coração estar seco? Justifique sua resposta.

      A imagem relacionada à secura do coração é a do verso “E os olhos não choram”, já que a falta de lágrimas sugere o esvaziamento dos sentimentos e dos afetos nesse “tempo de absoluta depuração”.

08 – O último verso: “A vida apenas, sem mistificação.”, fornece para o leitor o sentido fundamental do poema. Levando-se em conta o conjunto do poema, que sentido é sugerido pela palavra mistificação?

      O poema foi produzido no contexto da 2ª Guerra Mundial. Nesse contexto de “absoluta depuração”, em que “o amor resultou inútil”, a vida se impõe como “uma ordem”, pois “não adianta morrer”. Conforme o título sugere, resta apenas suportar o mundo nos ombros e atravessar esse difícil momento da história humana.

09 – Que assunto é abordado nesse poema?

      Trata de uma abordagem direta da vida, sem amores, sem religião, uma coisa necessária aos tempos que se impõem como extremamente reais e urgentes, tempos de guerras e injustiças.

 




MENSAGEM ESPÍRITA - NUNCA DESISTIR - DIVALDO P. FRANCO (JOANNA DE ÂNGELIS)

NUNCA DESISTIR

          Parece haver uma conspiração generalizada contra os princípios ético-morais, as realizações nobilitantes, os trabalhos de engrandecimento humano, as obras de benemerência...
         Fala-se a respeito da violência e da agressividade, dos horrores que se abatem sobre as comunidades, no entanto, sistematicamente, aqueles que repudiam esses comportamentos alienados acomodam-se nos seus interesses e apenas censuram...
        Sonha-se com um mundo mais feliz e propugna-se, verbalmente, pela transformação sócio-moral da Terra, sem embargo, não se vai além do verbalismo ou dos artigos bem urdidos na imprensa, e pouco vivenciados. Estimula-se o homem ao sacrifício, sem que o sacrifício pessoal assinale a conduta de quem encoraja o outro.
         Emocionam-se muitos indivíduos diante daqueles que se exaurem no afã de modificar o estatuto das injustiças sociais vigentes, aberrantes e dominadoras. Oferecem-se, então, ao labor de auxílio sob condições que não abdicam, desejando submeter aqueles a quem admiram ao talante das suas opiniões e experiências, desertando, no entanto, com facilidade, passada a emoção, sem o mínimo respeito pela obra em desenvolvimento.
          Todos sabem que o preço de um ideal custa o sacrifício do idealista, assim como a qualidade de um empreendimento faz-se avaliada pela profundidade do seu conteúdo, no bem que esparge e nas resistências com que suporta todas as forças que se lhe opõem...
         É, portanto, compreensível que haja dificuldades no desempenho das tarefas de elevação da criatura em particular e da sociedade em geral. O ardor da luta forja o herói e a força da coragem se revela no fragor da batalha. Quem desiste não passa de candidato sem as credenciais de legítimo combatente. Raciocina, enquanto ouves os palradores, examinando o que eles fazem, em que se fixam, quais os seus testemunhos de fidelidade aos ideais que dizem esposar. Incapazes de ascender, por acomodação ou sistemática rebeldia, combatem os que lutam, afastam do trabalho, mediante acenos vãos e promessas enganosas, todos quantos se candidatam à ação de crescimento no bem.
         Libera-te do fascínio deles, rompendo as algemas mentais que a eles te ligam. Se adias a tua enobrecida decisão, aquela influência te enfermará. Ausculta a consciência, antes de qualquer decisão. Evita ouvir esta e aquela opinião. Deves saber o que queres da vida, como o desejas e por que o anelas. Ora, buscando as influências superiores, e receberás a correta inspiração. Tens uma tarefa a executar.
          Une-te aos que combatem, já cansados e sofridos, oferecendo-lhes o sangue novo do teu entusiasmo, sem conflitos, nem indecisões. Não aguardes encontrar homens, obras perfeitas. Aperfeiçoa-te, descobrindo quanto é difícil em ti esse processo, e então compreenderás melhor a luta dos outros, o afã dos demais...
          Decide-te ao bem, porquanto a tua decisão fará tua vida, assim, por tua vez, influenciando superiormente, o comportamento de outras pessoas.

CARTAS - CLAVER, RONALD & VIANA, VIVINA DE ASSIS - COM GABARITO

Texto: Cartas
      
      Ana T.

        São Paulo, 28-06-89.

        Ah, Pedro, se eu não andasse triste nos últimos dias, sua carta teria me deixado nas nuvens.
        Li várias vezes, o coração batendo forte. E depois dei um beijo no seu nome, no fim. Acho que você também me beijou.
        Bem de noite, dormi com ela debaixo do travesseiro. Fiquei pensando que isso talvez me ajudasse a sonhar com você. Não aguento mais de vontade de te ver.
        Não te vi. Não sonhei com você de jeito nenhum. Nem de camisa azul. Seria legal, não seria?
        Guardei a carta na mochila e estou andando com ela pra lá e pra cá. Na escola, no ônibus, no supermercado onde fui comprar uns tomates pra minha mãe fazer os sanduíches preferidos do meu irmão. Acabei comprando caquis também. Você sabe por quê.
        Hoje á noite vou tirar a carta da mochila. Outro dia, minha professora de inglês foi assaltada e levaram tudo. Documentos, talões de cheque, dinheiro, agenda, fotos, bilhetes.
        Se levarem sua carta, fico mais triste do que já estou.
        Ando triste por muitos motivos. Nem sei se vou conseguir te falar tudo. Mas o principal você vai entender.
        Perdi um amigo, no último dia 10. Acidente de carro. Óleo na pista, abismo, hospital. Nada que pudesse ser feito.
        Todo mundo gostava dele. Era um cara legal, pra cima. Um cara que fazia bem pra gente. Meio poeta, assim como você. Um dia, sem mais nem menos, ele me disse: “Não há meio das coisas seguirem junto com o homem”.
        Quando ele me disse isso, não dei muita importância, nem entendi direito.
        Agora, depois que ele morreu, essa frase fica diferente, não fica? Parece que ele queria fazer outra coisa. O pior é que eu penso, penso e não adianta nada, porque não tem mais jeito de conversar com ele.
        Outra pessoa que morreu foi a mãe de uma amiga minha. Semana passada, dia 23. Ela morreu no interior, mas a minha amiga vai mandar celebrar uma missa aqui e eu vou. Eu gostava muito da mãe dela e ela também gostava de mim. Vivia dizendo que rezava pra mim um terço que eu tinha levado pra ela, há muito tempo. Agora a minha amiga trouxe o terço de volta, e eu lhe disse: “Fica pra você”.
        E tem também a Nara Leão, que o pessoal mais velho curte muito, não é? Lá em casa, meu pai e minha mãe só admitem tirar o disco de Nara da “radiola” (minha mãe fala assim, você acredita?) se for pra trocar por um do Paulinho da Viola: “as coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender”.
        A Nara morreu dia 7. Três dias antes do meu amigo, que também gostava dela.
        Meu pai disse várias vezes que esse mês de junho tá muito pesado.
        A professora de inglês também. Você sabe que, depois da bolsa, ela ainda ficou sem o relógio e um cordão de ouro? O pior é que foi aí em Belo Horizonte.
        Ela foi visitar uns parentes e roubaram o relógio dela na rua, à noite. Um cara passou correndo e, quando ela viu, o braço estava vazio.
        Poucos dias depois, num sábado de manhã, ela foi fazer compras (na praça Raul Soares, se é que eu entendi o nome direito) e ficou sem o cordão de ouro com um coraçãozinho muito legal, presente do namorado.
        Toma cuidado, viu? Guarda seu relógio e esconde o cordão, se você tiver. Outra coisa: você mora perto dessa praça Raul Soares?
        Eu estava pensando em ir até aí nas férias, mas tô perdendo a coragem. E se sumirem comigo?
        Minha turma vai fazer uma excursão nas cidades históricas, e talvez fosse uma boa, não?
        Preciso conversar em casa, ver se o dinheiro dá, essas coisas.
        Eu queria tanto te conhecer. Começar a trabalhar também. Já pensou que barato ter o próprio dinheiro? Viajar, comprar disco, livro, chicletes, o que te der na cabeça?
        Se eu for aí, como é que eu te encontro? Tenho o seu endereço, é claro, mas acho que me falta coragem de tocar a campainha da sua porta e dizer: “sou a Ana”.
        E se não for você do outro lado? E se perguntarem: “que Ana?” Se eu responder: “Ana Ternura”, fica pior ainda.
        Ninguém acredita que meu nome é de verdade. Quando eu era pequena e ia brincar de faz-de-conta, brincava de Ana T.. Todo mundo achava que eu era de mentira. Quer dizer, que a Ternura era de mentira.
        Ando querendo outras brincadeiras. Sei que sou de verdade, que sonho e que fico triste.
        Sei principalmente que também te amo.
                                                                  Muita ternura de
                                                                          Ana T.
    

        Querida Ana T.

        Faz tempo que não te escrevo. Não tivemos férias. Os professores fizeram greve e agora estamos correndo atrás do prejuízo. Isso é justo? Sei não. Neste Brasil todos saem perdendo. Todos, não. Os que provocam os baixos salários não. Será que estou certo? A única certeza que tenho é que morri de vontade de te ver. Melhor. Te conhecer inteira. Te conheço através da palavra. E palavra não tem corpo. Ou tem? Estou sempre perguntando e nunca respondendo. Sou de natureza inquiridora, daí as dúvidas e dívidas.
        Estou te devendo uma palavra pela morte de seu amigo. Mãe e amigo deveriam ser imortais. Já que são eternos. E o que é a morte? É o fim de tudo? Vou te contar uma história verdadeira: Vovô me levava para ver os aviões. As tardes eram bonitas e os aviões, passarinhos sem gaiolas. Um dia vovô não veio. No outro não apareceu. Passou uma semana. Passaram duas. Mas todas as tardes ia para a esquina esperar vovô e os aviões. Um dia, em vez de vovô, apareceu mamãe, que foi logo falando: “Levo você para ver os aviões, vovô não vem mais. Vovô morreu”. “E por que não me contaram antes?” “Queríamos de poupar”, falou minha mãe chorando. Aí chorei também. Pra me consolar ela disse que vovô hoje é um avião que se esconde atrás da Lua. Até hoje vou à esquina esperando que a Lua traga vovô de volta. Hoje sei que os aviões nunca fugiram da gaiola e que atrás da Lua não há aviões. E seu amigo gostava de aviões? Se gostava deve estar passeando com vovô no outro lado da Lua. Façamos um trato: eu espero vovô e você espera o amigo. Um dia eles aparecem. Esperemos.
        Agora, quando Nara morreu, papai suspirou e deixou escapar uma frase que fez ciúmes em mamãe: “Nara morre e com ela os mais belos joelhos da música popular brasileira”. É engraçado alguém achar joelho bonito. E os seus? São como os de Nara?
        Sei que estamos vivos e isso é ótimo. Sei que o mundo é redondo e nas voltas que ele dá podemos nos encontrar. E como será esse encontro? Será que haverá esse encontro? Perguntas, perguntas, perguntas. Hoje estou perguntador. E nas perguntas que faço, só há uma resposta, que se chama saudade.
                                                     Beijos
                                                                     Pedro
                                                                                    Belô, 8/8/89.

               Claver, Ronald & Viana, Vivina de Assis. Ana e Pedro; cartas.
São Paulo, Atual, 1990. p. 33-35 e 43-44.
Entendendo o texto:
01 – Na carta destinada a Pedro, Ana T. afirma: “... sua carta teria me deixado nas nuvens”.
a)   Explique o sentido da expressão em destaque.
Teria me deixado muito feliz.

b)   Relacione as colunas, identificando o sentido das expressões em destaque:
(1)  Quando ouviu a notícia, ele caiu das nuvens.
(2)  Em Belo Horizonte ele vivia em brancas nuvens.
(3) O professor punha nas nuvens as cartas de Ana.
     (2) Cercado de facilidade e conforto.
     (1) Ter grande surpresa.
     (3) Exaltar muito calorosamente.

02 – Nas cartas, há informações que nos permitem determinar se Ana e Pedro são crianças, adolescentes ou adultos. Transcreva uma passagem do texto situando os personagens na fase em que julgar correta:
      Adolescentes. “Minha turma vai fazer uma excursão nas cidades históricas”.

03 – Retire uma expressão da carta de Ana T. e outra de Pedro comprovando que eles se correspondem sem nunca se terem visto.
      Ana T.: “Eu queria tanto te conhecer”.
      Pedro: “E os seus? São como os de Nara?”.

04 – Observe: “As tardes eram bonitas e os aviões, passarinhos sem gaiolas”. O que há de comum entre as palavras em destaque?
      Os dois tem o poder de voar.

05 – Releia este trecho da carta de Ana. “Ando triste por muitos motivos. Nem sei se vou conseguir te falar tudo. Mas o principal você vai entender.” Pedro terá entendido o “principal” se tiver percebido que o motivo mais forte da tristeza de Ana é:
a)   O roubo de objetos importantes, estimados.
b)   O fato de não conhecer Pedro.
c)   A preocupação com os estudos.
d)   A dependência do dinheiro dos pais.
e)   A morte de pessoas amigas, admiradas.

06 – O personagem Pedro, em sua carta, recorre à fantasia e à realidade para explicar o desaparecimento do avô e do amigo de Ana. Assinale (R) para Realidade e (F) para Fantasia nas dalas de Pedro.
(R) “Hoje sei que os aviões nunca fugiram das gaiolas”.
(R) “E seu amigo gostava de aviões?”
(F) “Um dia eles aparecem”.
(R) “Que atrás da Lua não há aviões”.
(F) “Se gostava deve estar passeando com vovô no outro lado da Lua”.

07 – Pedro afirma: “Mãe e amigo deveriam ser imortais. Já que são eternos”. Observe:
·        Mãe e amigo não são imortais – morrem.
·        Mãe e amigo são eternos – duram para sempre.

Por que mãe e amigo são eternos, apesar de serem mortais?
      Porque são pessoas estimadas e lembradas sempre.


HISTÓRIA EM QUADRINHOS - POLISSEMIA - COM GABARITO


HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Turma do Xaxado, de Antônio Cedraz. Extraído do site:
 www.xaxado.com.br/quadrinhos/tiras.html Acesso em: 10 nov. 2010.

Entendendo a tira:

01 – Nessa tirinha há um termo polissêmico. Qual é esse termo?
      Pega.

02 – Que efeito de sentido o emprego dessa polissemia causou ao texto?
      Causou humor, pois o personagem entendeu que pegar estava sendo usado com o sentido de pegar para si, quando na verdade o sentido pretendido era de defender o chute a gol.

03 – Os pares de frases trazem exemplos de polissemias. Explique o sentido das expressões em destaque em cada um deles:
·        Naquela parede havia duas mãos de tinta.
Camadas.

·        Os cidadãos não podem abrir mão de seus direitos.
Desistir, deixar de lado.

·        Aquela menina é uma graça.
Bonita, formosa, graciosa.

·        A entrada era de graça.
Gratuita.

·        O número 13 é associado à falta de sorte.
Quantidade ou referência exata.

·        O palhaço apresentou um número engraçadíssimo.
Cena.