Conto: CONTO DE ESCOLA
Machado de Assis A ESCOLA era na Rua do Costa, um
sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia — uma segunda-feira,
do mês de maio — deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde
iria brincar a manhã.
Hesitava entre o morro de S. Diogo e o
Campo de Sant’Ana, que não era então esse parque atual, construção de
gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de
lavadeiras, capim e burros soltos.
Morro ou campo? Tal era o problema. De
repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai
a razão.
Na semana anterior tinha feito dous
suetos, e, descoberto o caso, recebi o pagamento das mãos de meu pai, que me
deu uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai doíam por muito tempo.
Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava
para mim uma grande posição comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos
mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes
de capitalistas que tinham começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último
castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de
virtudes.
Subi a escada com cautela, para não ser
ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos
depois. Entrou com o andar manso do costume, em chinelas de cordovão, com a
jaqueta de brim lavada e desbotada, calça branca e tesa e grande colarinho
caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinquenta anos ou mais. Uma vez
sentado, extraiu da jaqueta a boceta de rapé e o lenço vermelho, pô-los na
gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os meninos, que se conservaram de
pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem;
começaram os trabalhos.
— Seu Pilar, eu preciso falar com você,
disse-me baixinho o filho do mestre.
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era
mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo
que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o
que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo ao pai.
Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na
escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do
que conosco.
— O que é que você quer? — Logo,
respondeu ele com voz trêmula.
Começou a lição de escrita. Custa-me
dizer que eu era dos mais adiantados da escola; mas era. Não digo também que
era dos mais inteligentes, por um escrúpulo fácil de entender e de excelente
efeito no estilo, mas não tenho outra convicção. Note-se que não era pálido nem
mofino: tinha boas cores e músculos de ferro. Na lição de escrita, por exemplo,
acabava sempre antes de todos, mas deixava-me estar a recortar narizes no papel
ou na tábua, ocupação sem nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso
ingênua. Naquele dia foi a mesma coisa; tão depressa acabei, como entrei a
reproduzir o nariz do mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das
quais recordo a interrogativa, a admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não
lhes punha esses nomes, pobre estudante de primeiras letras que era; mas,
instintivamente, dava-lhes essas expressões.
Os outros foram acabando; não tive
remédio senão acabar também, entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.
Com franqueza, estava arrependido de
ter vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o
campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o
Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de
desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do
morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda
imensa, que bojava no ar, uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas
unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.
— Fui um bobo em vir, disse eu ao
Raimundo.
— Não diga isso, murmurou ele.
Olhei para ele; estava mais pálido.
Então lembrou-me outra vez que queria pedir-me alguma cousa, e perguntei-lhe o
que era. Raimundo estremeceu de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um
pouco; era uma coisa particular.
— Seu Pilar… murmurou ele daí a alguns
minutos.
— Que é? — Você…
— Você quê? Ele deitou os olhos ao pai,
e depois a alguns outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para ele,
desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa circunstância, pediu alguns minutos
mais de espera. Confesso que começava a arder de curiosidade. Olhei para o
Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser uma simples curiosidade vaga,
natural indiscrição; mas podia ser também alguma cousa entre eles. Esse Curvelo
era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos, era mais velho que nós.
Que me quereria o Raimundo? Continuei
inquieto, remexendo-me muito, falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse
o que era, que ninguém cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde…
— De tarde, não, interrompeu-me ele;
não pode ser de tarde.
— Então agora…
— Papai está olhando.
Na verdade, o mestre fitava-nos. Como
era mais severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os olhos, para
trazê-lo mais aperreado. Mas nós também éramos finos; metemos o nariz no livro,
e continuamos a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro,
que ele lia devagar, mastigando as ideias e as paixões. Não esqueçam que
estávamos então no fim da Regência, e que era grande a agitação pública.
Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude averiguar esse ponto. O
pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória. E essa lá estava, pendurada
do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só
levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era
pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas dominassem nele a
ponto de poupar-nos uma ou outra correção. Naquele dia, ao menos, pareceu-me
que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos de quando em quando,
ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e lia a valer.
No fim de algum tempo — dez ou doze
minutos — Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim.
— Sabe o que tenho aqui? — Não.
—
Uma pratinha que mamãe me deu.
— Hoje? — Não, no outro dia, quando fiz
anos…
— Pratinha de verdade? — De verdade.
Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de
longe. Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze vinténs ou dous tostões,
não me lembro; mas era uma moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no
coração. Raimundo revolveu em mim o olhar pálido; depois perguntou-me se a
queria para mim.
Respondi-lhe que estava caçoando, mas
ele jurou que não.
— Mas então você fica sem ela? — Mamãe
depois me arranja outra. Ela tem muitas que vovô lhe deixou, numa caixinha; algumas
são de ouro. Você quer está? Minha resposta foi estender-lhe a mão
disfarçadamente, depois de olhar para a mesa do mestre. Raimundo recuou a mão
dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida propôs-me um
negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um
ponto da lição de sintaxe. Não conseguira reter nada do livro, e estava com
medo do pai. E concluía a proposta esfregando a pratinha nos joelhos…
Tive uma sensação esquisita. Não é que
eu possuísse da virtude uma ideia antes própria de homem; não é também que não
fosse fácil em empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar
ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e
dinheiro, compra franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação.
Fiquei a olhar para ele, à toa, sem poder dizer nada.
Compreende-se que o ponto da lição era
difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe
pareceu útil para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a cousa por
favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes, mas parece que era
lembrança das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada,
e não aprender como queria, — e pode ser mesmo que em alguma ocasião lhe
tivesse ensinado mal, — parece que tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo
contava com o favor, — mas queria assegurar-lhe a eficácia, e daí recorreu à
moeda que a mãe lhe dera e que ele guardava como relíquia ou brinquedo; pegou
dela e veio esfregá-la nos joelhos, à minha vista, como uma tentação…
Realmente, era bonita, fina, branca, muito branca; e para mim, que só trazia
cobre no bolso, quando trazia alguma cousa, um cobre feio, grosso, azinhavrado…
Não queria recebê-la, e custava-me
recusá-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal interesse, que
lhe pingava o rapé do nariz. — Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a
pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante… Em verdade, se o
mestre não visse nada, que mal havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado
aos jornais, lendo com fogo, com indignação…
— Tome, tome…
Relancei os olhos pela sala, e dei com
os do Curvelo em nós; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-me que o outro
nos observava, então dissimulei; mas daí a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e
— tanto se ilude a vontade! — não lhe vi mais nada. Então cobrei ânimo.
—
Dê cá…
Raimundo deu-me a pratinha,
sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das calças, com um alvoroço que não
posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha à perna. Restava prestar o
serviço, ensinar a lição e não me demorei em fazê-lo, nem o fiz mal, ao menos
conscientemente; passava-lhe a explicação em um retalho de papel que ele
recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que despendia um esforço
cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas contanto que ele escapasse
ao castigo, tudo iria bem.
De repente, olhei para o Curvelo e
estremeci; tinha os olhos em nós, com um riso que me pareceu mau. Disfarcei;
mas daí a pouco, voltando-me outra vez para ele, achei-o do mesmo modo, com o
mesmo ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco, impaciente. Sorri para
ele e ele não sorriu; ao contrário, franziu a testa, o que lhe deu um aspecto
ameaçador. O coração bateu-me muito.
— Precisamos muito cuidado, disse eu ao
Raimundo.
— Diga-me isto só, murmurou ele.
Fiz-lhe
sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso, lembrava-me o
contrato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois, tornei a
olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso, dantes mau,
estava agora pior. Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso
que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o
mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo,
pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas
na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio,
guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me
ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das
calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa,
dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a
apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição,
com uma grande vontade de espiá-la.
— Oh! seu Pilar! bradou o mestre com
voz de trovão.
Estremeci como se acordasse de um
sonho, e levantei-me às pressas. Dei com o mestre, olhando para mim, cara
fechada, jornais dispersos, e ao pé da mesa, em pé, o Curvelo. Pareceu-me
adivinhar tudo.
— Venha cá! bradou o mestre.
Fui e parei diante dele. Ele
enterrou-me pela consciência dentro um par de olhos pontudos; depois chamou o
filho. Toda a escola tinha parado; ninguém mais lia, ninguém fazia um só
movimento. Eu, conquanto não tirasse os olhos do mestre, sentia no ar a
curiosidade e o pavor de todos.
— Então o senhor recebe dinheiro para
ensinar as lições aos outros? disse-me o Policarpo.
— Eu…
— Dê cá a moeda que este seu colega lhe
deu! clamou.
Não obedeci logo, mas não pude negar
nada. Continuei a tremer muito.
Policarpo bradou de novo que lhe desse
a moeda, e eu não resisti mais, meti a mão no bolso, vagarosamente, saquei-a e
entreguei-lha. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de raiva; depois
estendeu o braço e atirou-a à rua.
E então disse-nos uma porção de cousas
duras, que tanto o filho como eu acabávamos de praticar uma ação feia, indigna,
baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo íamos ser castigados.
Aqui pegou da palmatória.
— Perdão, seu mestre… solucei eu.
— Não há perdão! Dê cá a mão! Dê cá!
Vamos! Sem-vergonha! Dê cá a mão! — Mas, seu mestre…
— Olhe que é pior! Estendi-lhe a mão
direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros,
até completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e inchadas. Chegou a
vez do filho, e foi a mesma cousa; não lhe poupou nada, dois, quatro, oito,
doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos sem-vergonhas,
desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio apanharíamos tal castigo que
nos havia de lembrar para todo o sempre. E exclamava: Porcalhões! tratantes!
faltos de brio! Eu, por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém,
sentia todos os olhos em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigado pelos
impropérios do mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia
ninguém faria igual negócio. Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não
olhei logo para ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo
que saíssemos, tão certo como três e dous serem cinco.
Daí a algum tempo olhei para ele; ele
também olhava para mim, mas desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se
e entrou a ler em voz alta; estava com medo. Começou a variar de atitude,
agitando-se à toa, coçando os joelhos, o nariz. Pode ser até que se
arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que
é que lhe tirávamos alguma cousa?” Tu me pagas! tão duro como osso!” dizia eu
comigo.
Veio a hora de sair, e saímos; ele foi
adiante, apressado, e eu não queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do
colégio; havia de ser na Rua larga São Joaquim. Quando, porém, cheguei à
esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja;
entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas
pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde faltou à escola.
Em casa não contei nada, é claro; mas
para explicar as mãos inchadas, menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha
sabido a lição. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dous meninos, tanto o
da denúncia como o da moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à
escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara, sem medo nem
escrúpulos…
De manhã, acordei cedo. A ideia de ir
procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia estava esplêndido, um dia de
maio, sol magnífico, ar brando, sem contar as calças novas que minha mãe me
deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha… Saí de casa, como se
fosse trepar ao trono de Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse
antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as
calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da
rua…
Na rua encontrei uma companhia do
batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto.
Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do
rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés,
e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o
tambor… Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar
também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca… Não
fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a
manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem
pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e
foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da
corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor…
Fonte:
www.dominiopublico.gov.br
MACHADO DE ASSIS.
Contos.10. ed. São Paulo, Ática, 1983. p. 25-8
Entendendo o conto:
01 – Indique o segmento que
completa, de acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: No trecho
transcrito, o narrador-personagem é um menino que relata:
a)
As dificuldades que experimenta nas aulas de
leitura e gramática.
b)
O desespero por não possuir um papagaio de
papel tão soberbo como aquele que via no céu.
c)
Os temores de ficar de castigo, sentado, os
livros no joelho.
d)
O arrependimento por não ter
acompanhado Raimundo nas estripulias com os meninos do morro.
e)
Suas emoções em um dia de escola.
02 – Indique o segmento que
completa, de acordo com o texto, o enunciado formulado a seguir: O menino se
confessava “arrependido de ter vindo” porque:
a)
Os outros meninos vadios passariam a chama-lo
de bobo.
b)
Não gostava que os outros meninos empinassem
seu papagaio de papel.
c)
Preferia ter ficado com os outros meninos, a
brincar na rua.
d)
Tivera de cumprir a promessa de que vivia,
feita a Raimundo.
e)
Sentia dor nas pernas, ao ficar
muito tempo sentado, com os livros nos joelhos.
03 – Indique a letra que não
apresenta uma relação semântica correta entre os termos emparelhados:
a)
Menino – narrador – arrependimento de ter
vindo.
b)
Menino – narrador – preso de uma
corda imensa.
c)
Papagaio de papel – uma cousa soberba.
d)
Papagaio de papel – bojava no ar.
e)
Papagaio de papel – alto e largo.
04 – Qual o foco narrativo
do conto?
Tem foco
narrativo em primeira pessoa.
05 – Onde ocorreram os fatos
narrados no conto?
Se passa numa
escola do Rio de Janeiro, em 1840.
06 – Quais eram as
circunstâncias históricas vividas no Brasil neste ano?
Fim do Império, a
Abolição dos Escravos e a Proclamação da República.
07 – Que fato provocou o
desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?
O fato de
Raimundo (filho do mestre) ter dificuldade de aprendizagem e oferecer uma pratinha
(moeda) para Pilar ajuda-lo, mas Curvelo (outro colega) viu.
08 – Em que passagem do
texto ocorre o clímax, ou seja, o momento de maior tensão da história?
Explique.
A moeda estava no
bolso de Pilar, que sonhava com a beleza da “pratinha”, até que foi
interrompido pelo mestre que o chamou junto com Raimundo. Ao lado deles estava
o delator: Curvelo. O fato de Pilar estar ensinando a lição para Raimundo em
troca de uma “pratinha” foi considerado como suborno pelo mestre, que a
solicitou, porém Pilar jogou a moeda pela janela. Então o mestre castigou os
meninos com doze “bolos” diante de toda a turma, causando constrangimento e
humilhação aos meninos.
09 – Pode-se inferir do
texto que Raimundo quis pagar o favor a Seu Pilar porque:
a) era orgulhoso e não
admitia dever favor a ninguém.
b) queria garantir
a boa vontade do colega em lhe ensinar.
c) considerava o favor do
colega um trabalho a ser merecidamente recompensado.
d) era um negociante nato e
sabia dar valor a um bom negócio.
e) caso o mestre
descobrisse, o castigo seria direcionado para Seu Pilar e não para Raimundo.
10 – O texto lido é uma
narrativa e, como tal, caracteriza-se, entre outros elementos, pela ordem
cronológica dos fatos que se desenrolam em ascensão até o clímax. No texto, o
clímax se dá quando:
a) Raimundo mostra
a Seu Pilar, pela primeira vez, a pratinha e lhe pergunta se ele (Seu Pilar) a
quer para si.
b) Raimundo afirma que seu
pai estava a olhá-los, fato que é comprovado por Seu Pilar.
c) Seu Pilar estende a mão
para receber a pratinha e Raimundo nega-lhe a mesma com um sorriso amarelo.
d) Seu Pilar, mesmo em meio
a um turbilhão de dúvidas, acaba por aceitar a moeda.
e) Seu Pilar passa a lição
para Raimundo em um retalho de papel.
11 – “Chamava-se Raimundo
este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência
tarda.” “Sentia-se que este despendia
um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada.” As
passagens destacadas utilizam uma figura de linguagem para dizer que Raimundo
tinha grandes dificuldades de aprendizagem. Assinale-a.
a) Ironia
b) Hipérbole
c) Eufemismo
d) Apóstrofe
e) Metáfora
12 – O traço do caráter
humano tematizado pelo autor no texto é:
a) solidariedade.
b) dissimulação.
c) corrupção.
d) cobiça.
e) orgulho.
13 – “[...] falando-lhe baixo,
com instância, que me
dissesse o que era [...]” A locução adverbial sublinhada pode ser substituída,
preservando-se o sentido do trecho e do texto, por:
a) sorrateiramente.
b) instantaneamente.
c) cautelosamente.
d) precipitadamente.
e) insistentemente.
14 – “[...] e que o
Raimundo, não o tendo aprendido,
recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.” A
oração destacada poderia ser desenvolvida, sem prejuízo para o sentido do
trecho e do texto, da seguinte forma:
a) E que o
Raimundo, visto que não o tinha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu
útil para escapar ao castigo do pai.
b) E que o Raimundo, embora
não o tenha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao
castigo do pai.
c) E que o Raimundo, apesar
de não o ter aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao
castigo do pai.
d) E que o Raimundo, que não
o tinha aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao
castigo do pai.
e) E que o Raimundo, conquanto
não o tivesse aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar
ao castigo do pai.
15 – Dentre as muitas lições
de sintaxe, destaca-se a classificação dos termos na oração. Analise cada
classificação indicada nos parênteses e assinale a resposta correta.
I. “Continuei inquieto [...]” (adjunto
adverbial de modo)
II. “Era uma moeda do tempo do rei [...]”
(sujeito simples)
III. “Em seguida propôs-me um negócio [...]” (objeto
indireto)
IV. “[...] o medo de achar a
minha vontade frouxa ou
cansada [...]” (adjunto adnominal)
V. “Não conseguira reter nada do livro [...]” (sujeito
indeterminado).
Estão CORRETAS, quanto à
classificação dos termos destacados, as sentenças:
a) I e V
b) II e III
c) IV e V
d) I, III e IV
e) I, II e IV
16 – “Subi a escada com
cautela, para não ser ouvido
do mestre, e cheguei a tempo [...]” O verbo destacado caracteriza-se como:
a) voz ativa.
b) tempo composto.
c) particípio
composto.
d) voz passiva analítica.
e) infinitivo impessoal.
17 – Observe as declarações
seguintes.
I. Propôs é oxítona acentuada graficamente por terminar em – o.
II. O verbo propôr é oxítona e recebe acento
gráfico pela mesma razão que propôs.
III. Negócio é paroxítona acentuada graficamente por terminar em
ditongo crescente.
IV. Negocío (verbo) também é paroxítona, porém a acentuação
gráfica se justifica porque o – i é tônico e está em hiato com a vogal que o
sucede.
V. Negocio (verbo) também é paroxítona, mas não recebe acento
gráfico. São FALSAS, respectivamente, as declarações:
a) I e III
b) II e V
c) III e V
d) I e IV
e) II e IV.
18 – Assinale a alternativa
que, completando a oração abaixo, apresenta coerência e correção gramatical.
Os
coordenadores de cursos técnicos mencionaram que:
a) A medida que muitos
formandos saem ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, a região tem
potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carência de
profissionais qualificados.
b) como muitos formandos
saem ao encalsso de sua primeira esperiência de trabalho, a região tem
potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carênssia de
proficionais qualificados.
c) muitos formandos estão
saindo ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, e a região tem
potencial de absorvê-los porque apresenta ainda um mercado com carência de
profissionais qualificados.
d) muitos formandos estão
saindo ao encalsso de sua primeira experiência de trabalho, a região tem
potencial de absolvê-los, pois ainda apresenta um mercado com carência de
profisionais qualificados.
e) como muitos
formandos saem ao encalço de sua primeira experiência de trabalho, a região,
tem potencial de absorver-lhes, pois, ainda apresenta um mercado com carência
de profissionais qualificados.
19 – “Raimundo recuou a mão
e deu à boca um gesto amarelo
que queria sorrir.”
A alternativa em que o pronome
destacado apresenta a mesma função sintática do termo destacado na oração
anterior é:
a) “[...] mas deixava-me estar a recortar narizes no
papel [...]”
b) “[...] recorria
a um meio que lhe pareceu
útil para escapar ao castigo do pai.”
c) “_ De tarde, não,
interrompeu-me ele; não pode ser de
tarde.”
d) “[...] ensinar a lição, e
não me demorei em fazê-lo
[...]”
e) “Custa-me dizer que eu era dos mais
adiantados da escola; mas era [...]”
20 – A transposição da
passagem a seguir para o discurso indireto resulta no trecho apresentado na
alternativa: “No fim de algum tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a
mão no bolso das calças e olhou para mim. - Sabe o que tenho aqui?”
a) No fim de algum
tempo – dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou
para mim e me perguntou se eu sabia o que ele tinha ali.
b) No fim de algum tempo –
dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim
e me perguntou se eu saberia o que ele tinha ali.
c) No fim de algum tempo –
dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim
e me perguntou se eu sabia o que ele teria ali.
d) No fim de algum tempo –
dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim
e me perguntou se saberia o que ele teria ali.
e) No fim de algum tempo –
dez ou doze minutos – Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim
e me perguntou se eu sabia o que ele tem ali.
21 – Observe:
I. “Os meninos que se
conservavam de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se.”
II. Os meninos, que se
conservavam de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Sobre a
colocação da vírgula na sentença II, pode-se AFIRMAR que:
a) ela não estabelece
nenhuma diferença de sentido entre as duas sentenças, porque antes de orações
subordinadas adjetivas o seu emprego é facultativo.
b) instala-se uma diferença
de sentido entre I e II, sendo que se depreende da sentença I que todos os
alunos se conservavam de pé e da sentença II que apenas alguns estavam de pé e
somente estes voltaram a sentar-se.
c) instala-se uma
diferença de sentido entre I e II, depreendendo-se da sentença I que apenas os
alunos que se conservavam de pé voltaram a sentar-se e da sentença II que todos
estavam de pé e, portanto, todos voltaram a sentar-se.
d) ela não estabelece
nenhuma diferença de sentido entre I e II, depreendendo-se de ambas que todos
os alunos estavam de pé e que todos eles voltaram a sentar-se.
e) ela não estabelece
nenhuma diferença de sentido entre I e II, apenas altera a classificação
sintática da oração subordinada adjetiva “que se conservavam de pé durante a
entrada dele”.
22 – “Se me tem pedido a
cousa por favor, alcançá-la-ia
do mesmo modo[...]”
A forma verbal destacada
classifica-se como mesóclise.
Assinale a alternativa em
que a mesóclise ocorre de acordo com a norma culta.
a) Integrá-las-eis.
b) Fa-los-ei.
c) Partí-las-as.
d) Ve-la-íamos.
(e) Po-la-ia.
23 – Assinale a frase em que
o acento indicativo da crase foi MAL
empregado.
a) O mestre chegou
à mesma hora, pontualmente.
b) Encontrou-nos à saída da
escola.
c) Um colega observava-nos à
distância.
d) Veio-lhe à lembrança o
olhar do mestre.
e) O mestre era severo, e
todos ficavam à espera de um castigo.