sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CRÔNICA: ANTIGAMENTE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

                     
CRÔNICA: ANTIGAMENTE
                 Carlos Drummond de Andrade

         Antigamente as moças se achavam mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pés de alferes, arrastando as asas, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E, se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar noutra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesses entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas, não admira que dessem com os burros n`´agua. [...]
                                                                                 ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
                                                                                                       Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
a)      Por que o título do texto é “Antigamente”?
Porque o texto refere-se a comportamento de outra época e para isso emprega palavras e expressões usadas antigamente.

b)      O texto apresenta uma série de expressões populares nascidas da tradição oral. Quais delas você pôde identificar no texto?
Possibilidades: “completar primaveras”, “arrastar asas”, “tirar o cavalo da chuva”, “pregar em outra freguesia”, “tirar o pai da forca”, etc.

c)       Há alguma palavra ou expressão antiga cujo significado você já conhecia?
Resposta pessoal.

d)      Que palavra você achou mais interessante conhecer? Qual lhe parece mais estranha ou mais engraçada?
Resposta pessoal.

e)      De que maneira a relação entre passado e presente é estabelecida no texto?
Por meio do título “Antigamente”, que indica ao leitor que o comportamento era diferente do atual, assim como a linguagem, as palavras e as expressões.

f)       Provavelmente, com que intenção o autor escreveu esse texto?
Informar o leitor de que muitas palavras e expressões ainda hoje empregadas têm origem muito antiga e, ao mesmo tempo, apresentar outras que possivelmente ele ainda não conhece. Além disso, busca provocar no texto efeitos de humor a fim de divertir o leitor.

g)      De que maneira o texto mostra os diferentes usos dos termos correspondentes à atual palavra “cinema”?
O texto apresenta ao leitor as palavras “animatógrafo” e “cinematógrafo”, nomes dados antigamente ao cinema, indicando a ordem de uso desses termos.

h)      O texto lhe ajudou a conhecer melhor a história de alguns costumes das pessoas? Por que?
Resposta pessoal.





segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): VENTO DO LITORAL - LEGIÃO URBANA - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES): VENTO DO LITORAL
 LEGIÃO URBANA  

De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
Vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe
Ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudades
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção

Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo
O tempo todo

E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui!
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Eieieieiei !
Olha só o que eu achei
Humrun
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

RUSSO, Renato. Vento no litoral. Intérprete: Legião Urbana.
      In: Legião Urbana. Legião Urbana V. Brasil: EMI Music, 1991. 1 CD. Faixa 7.


   Relendo a letra, responda:

1)   Na personificação do tempo em “Foi só o tempo que errou”, o eu lírico
a)   acredita não ter responsabilidade pelo que acontece e culpa o tempo.
b)   responsabiliza o mal tempo por levar tudo que possuía embora.
c)   demonstra ter perdido a hora em algum momento.
d)   sente a força dos ventos ao observar o horizonte.

2)   De acordo com a letra da música, o eu lírico
a)   procura o mar para contemplar seu amor.
b)   faz planos para reencontrar seu amor.
c)   fica feliz ao ter contato com a natureza.
d)   sente a falta de alguém que partiu.

          3)      Ao buscar um lugar tranquilo, o eu lírico encontra na praia o seu refúgio. De que, na verdade, ele deseja descansar?
      De seu desencontro amoroso, da desilusão de seus sonhos de amor.

           4)  Como o eu lírico tenta apagar as possíveis lembranças que o fazem sofrer?
Ele vai em busca da natureza, procura ouvir o vento que acalma, e brinca com as ondas do mar.

         5)   Que advérbio ou locuções adverbiais, na primeira estrofe, situam o lugar onde ele estava?
Até a praia e nas pedras.

        6)     Explique por que ele diz, na segunda estrofe, que: “...o vento vai levando tudo embora”.
Além de carregar o que encontra pela frente, o vento leva consigo as  recordações e tristezas do eu lírico.

7 -   Releia a primeira estrofe.
          a) Por que será que o eu lírico quer ir à praia?
Para esquecer o que faz sofrer, para se livrar do sofrimento e para espairecer.

   b) Que advérbio, na primeira estrofe, funciona como um pressuposto, isto é, sugere que o vento já estava mais forte antes? Esclareça sua resposta.
Porque nos faz pressupor que o vento esteve muito forte, mas poderia estar mais forte ou não à tarde.

       c) Na segunda estrofe, que palavra retoma todo o conteúdo da primeira estrofe, resumindo-a?
O pronome demonstrativo isso, que funciona como elemento de coesão referencial no texto.

8) -    Aos poucos o eu lírico vai falando de seu desencanto e revela o que o deixou meio perdido. Releia a terceira estrofe.
   a)   Interprete este verso: “Agora está tão longe [....]”. O que se distanciou?
A presença física da pessoa amada e o que eles viveram enquanto se amavam.

        b) Ainda na terceira estrofe, o que se pode concluir quanto ao motivo da separação?
     Eles passaram a ter sonhos diferentes, não se entendiam mais e acabaram se afastando um do outro.

      c)  Nessa estrofe, que advérbio altera o sentido de outro advérbio? O que ele expressa?
              O advérbio tão, que intensifica o sentido do advérbio de lugar longe.

     d) Que locução prepositiva une versos e advérbios de tempo e lugar, na terceira estrofe? Qual é o seu sentido?
      Além de: expressa a ideia de inclusão.

       e)  Releia este verso: “Dos nossos planos é que tenho mais saudade”. A locução destacada chama-se expletiva ou de realce, porque podemos tirá-la sem alterar o sentido do verso. Com que objetivo ela foi empregada?
Para realçar o termo “Dos nossos planos”, que representa a ideia mais Importante no verso.

  f)  Que outro recurso estilístico se empregou para realçar esse termo?
A anástrofe, ou seja, a inversão na ordem da frase. Na ordem direta teríamos: É que tenho mais saudade dos nossos planos.

      g)  A ideia de tempo é determinada por quais palavras na terceira estrofe?
    Pela repetição do advérbio agora e pela conjunção subordinativa quando.

 h)     No último verso da terceira estrofe, por que ocorre elipse?
     Não se repetiu o verbo estar, expresso no verso anterior.

9 -   De acordo com esse último verso, o eu lírico ainda não havia esquecido a pessoa amada, e esse fato se confirma na quarta estrofe.
  a) Explique por que ele prefere culpar o tempo pelo fracasso de seus planos.
Durante algum tempo, era fácil o entendimento entre ele a amada; mas o tempo fez com que isso acabasse, e o amor se desgastasse.

    b)  No verso “Agimos certo sem querer”, a palavra destacada é adjetivo ou advérbio? Por que?
Advérbio, pois modifica o verbo agir, expressando modo. Não caracteriza um substantivo.

 c) Releia estes versos: “vai ser difícil sem você”; “Era ficarmos bem...”.  Que sentido expressam as palavras destacadas?
A preposição sem expressa falta ou carência de algo ou alguém; e o advérbio bem indica o modo como os dois viveriam.

10 -    Apesar da saudade, o eu lírico reage e procura novos caminhos. Releia a quinta e sexta estrofes.
        a)   Interprete o sentido deste verso: “Quero ser feliz ao menos”.
O eu lírico deseja apenas viver com alegria, mesmo não tendo a  pessoa amada ao seu lado.

   b) Na quinta estrofe, a locução conjuntiva subordinativa já que, que constitui um elemento de coesão entre as estrofes, apresenta que sentido?
Exprime a causa ou o motivo de ele não se entregar.

 c) Observe o emprego das interjeições, na última estrofe. O que elas expressam?
Pode ser uma interjeição para chamar a atenção do outro, para o seu achado ou exprimir a alegria de encontrar os cavalos-marinhos, e a outra, “Humrun”, pode indicar que ele está pensativo ou feliz diante do fato.

     d)  Que relação teria o fato de ele ter achado cavalos-marinhos e a decisão tomada?
Talvez esse achado fosse para ele o prenúncio de uma vida mais feliz, renovada.

    e)   Observe o emprego das reticências no final de todas as estrofes, com exceção da primeira. Que sentido elas apresentam no contexto?
Há a suspensão de um pensamento que parece ainda continuar na mente do eu lírico.


domingo, 22 de janeiro de 2017

CRÔNICA: CIRANDA DA INDIFERENÇA - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO - COM GABARITO

Crônica: Ciranda da Indiferença 
 Ignácio de Loyola Brandão

          Em troca de algumas moedas, um menininho joga várias bolinhas para o alto com a destreza de um malabarista. Enquanto isso, uma menina se esmera para limpar o vidro dos carros com uma flanela suja, outro menino vende balas, e outro, limão. Qual o futuro dessas crianças?
         
                  NO TRÂNSITO, A CIRANDA DAS CRIANÇAS
              Então sempre na esquina da Avenida Brasil com a Rua Colômbia. Duas meninas e dois meninos, num dia. No outro, três meninas, dois meninos. Parecem se alternar. Irão para outros pontos? Mas três crianças são fixas, donas do lugar. Conquistaram por usucapião. Dominam o território. Como e quem faz essa divisão? Por que não aparecem outras? Chegam cedo e só vão embora quando o tráfego diminui, depois das oito da noite. Cada um carrega sua caixinha de Mentex, de chicletes, de bombom. Ainda que seja a região propícia ao luxuoso chocolate Godiva, se vende bem o Sonho de Valsa, dos mais gostosos. Faça sol ou chuva, as crianças estão ali, alertas, correndo da avenida para a rua, da rua para a avenida, ao sabor dos sinais de trânsito. Num canto da Imi, a loja de decorações, ficam duas mulheres. Talvez as mães ou quem quer que sejam. Não arredam o pé do lugar, não se levantam nunca. Ficam apenas fiscalizando, atentas ao movimento das crianças. Passam o dia sentadas. Nunca sentem vontade de ir ao banheiro? E quando necessitam, como fazem? As empresas por aqui certamente não as deixam entrar. Há uns arbustos perto da Rua México. Seria ali que deságuam? De vez em quando, as duas tomam sorvete. Ou um Yakult ocasional, quando passam aquelas mulheres puxando um carrinho branco.
              As crianças possuem, entre elas, um gentlemen´s agreement. Quando o sinal vermelho acende, elas correm, distribuindo as tarefas.
              --- O BMW é seu!
              --- O Mercedes fica comigo!
              --- Corra para a Alfa!
              Conhecem todas as marcas de “carrões”! As crianças executam uma ciranda em meio aos carros, correndo agarradas às caixinhas. Os que aproximam, dentro dos veículos, mantêm os vidros fechados. Defesa paulistana. O vidro erguido isola o motorista do mundo.
              As crianças rodeiam, olham para dentro, como esfomeados olham alguém comendo num restaurante. Há quem faça um aceno com a cabeça, sempre negativo. Outros abanam as mãos. Há os impacientes, os irritados. Terceiros continuam a conversar com os parceiros ao lado. O mundo no interior dos carros é uma bolha, cápsula espacial. As pessoas estão na estratosfera. Nada têm a ver com o que se passa fora. Todos fazem questão de não olhar, não ouvir. Como se estas crianças fossem invisíveis ou transparentes. Os olhares as atravessam, sem que elas se materializem, se corporifiquem, se tornem humanas.
             Parecem não se cansar nunca. Sempre sorridentes. Brincam entre si. O não constante não as desilude, nem tira o ânimo. Sabem, desde cedo, que o não faz parte da vida delas, permanece grudado na pele. Conhecem mais o não que sim. Correm de um lado para o outro. Os que estão nos “carrões” são os que nunca compram. Quem chega em carros “inferiores”, em vulgares Fuscas, Gols, Voyage, Unos, em geral abre o vidro, dá uma palavra. Muitas vezes, as crianças querem apenas conversar com alguém diferente. Enfiam a cabeça dentro da janela, com olhos excitados. Sempre pedem alguma coisa, para não perder o hábito: “Tia, me dá aquele batom? Tio, me dá essa caneta!” E querem a revista, o jornal, o chaveiro que ficou no console, até mesmo os folhetos recebidos na esquina anterior.
             Às vezes, chove. E o abrigo é original, ainda que não proteja muito. As crianças procuram se enfiar nos vãos das letras gigantescas que formam a palavras Imi. Letras de concreto, verdes. Há uma ligação entre o I e o M. O M abriga em suas curvas duas crianças. Claro que há proteção no caso da chuva ser vertical. Se tem vento ou a chuva vem inclinada, elas se molham. Também não se importam. Existe coisa melhor, quando a gente é criança, que brincar na chuva? Ainda que estas crianças, de oito ou nove anos, mirradas, sejam adultas no que possuem de experiência, vivência. Amadurecem cedo. Olhamos e não sabemos. Quanto tempo terão de vida pela frente? Que caminhos existem diante delas?
             Onde moram? Foram à escola algum dia? Faço mentalmente estas perguntas. Por que não faço direto para elas em lugar de ficar imaginando? É que sabemos as respostas. Neste Brasil sabemos todas as respostas sobre miséria, fome, subvidas. Por isso não perguntamos. As crianças desta esquina se reproduzem em centenas de outras esquinas desta cidade. Deste Brasil. Mas houve um dia em que elas estiverem especialmente excitadas. E felizes. Foi na manhã em que o cortejo levando Senna ao cemitério passou aqui. As crianças, contentíssimas, venderam, como nunca, suas balas, chocolates, mentex, bombons. As coisas se esvaziaram. Tristezas de uns, meio de vida e alegria de outros.

                                 (Ignácio de Loyola Brandão. Calcinhas secreta. São Paulo: Ática, 2003. P.
                                                                                  76-8. Col. Para Gostar de Ler.)
1 -     O narrador volta seu alhar atento para as crianças que ele vê num farol, em uma esquina.
a)     Em que cidade os fatos acontecem? Justifique sua respostas.
Os fatos acontecem em São Paulo, pois o narrador, no 6º parágrafo, usa a expressão “defesa Paulistana”, além disso, faz referência a Avenida Brasil, Rua Colômbia, Rua México, locais conhecidos da cidade de São Paulo.

b)    No último parágrafo, o narrador afirma; “As crianças desta esquina se reproduzem em centenas de outras esquinas desta cidade. Deste Brasil”. Interprete essa afirmação.
Ele quer dizer que crianças como as retratadas no texto não existem apenas naquela esquina da cidade de São Paulo; elas podem ser vistas em outras esquinas, da cidade e do país.

2 -     Ao longo do texto, o narrador se faz várias perguntas, que aparecem em frases interrogativas diretas.
a)     O que intriga o narrador, por exemplo, no 1º parágrafo?
Intriga-o o modo como as crianças são organizadas para realizar o trabalho e o número de horas que as mulheres que acompanham as crianças ficam ali, sem ter nenhum banheiro para utilizar.

b)    Existem no texto respostas para as perguntas que o narrador se faz?
Não. As perguntas são reflexos que ele ou qualquer transeunte faria.
3 -          Pelo 1º parágrafo do texto, sabemos que o trabalho das crianças não é espontâneo.
a)     Quem está por trás desse trabalho?
Adultos, como as mulheres que fiscalizam as crianças e podem ser suas próprias mães.

b)    Levante hipóteses: Por que crianças são postas para executar esse trabalho?
Porque os adultos ficam com pena das crianças e assim se motivam a ajudar comprando; porque a crianças pouco ou nada se paga.

4 -     No 6º e 7º parágrafos, o narrador descreve o comportamento das pessoas dentro dos carros quando o semáforo fecha.
a)       Levante hipóteses: Por que as pessoas, especialmente as mais ricas, mantêm os vidros do carro permanentemente fechados?
Porque sentem medo, ou porque querem evitar o contato direto com o mundo exterior.

b)      Interprete a imagem: “O mundo no interior dos carros é uma bolha, cápsula espacial”.
O mundo no interior dos carros está vedado pelo vidro fechado, o qual impede a passagem do som externo, o contato direto com as pessoas, etc. Como uma cápsula espacial.

c)       O que o narrador denuncia com essas observações?
O narrador denuncia a insensibilidade e a indiferença das pessoas em relação a essas crianças de rua.

5 -        No 8º parágrafo, o narrador afirma que as crianças “parecem não se cansar nunca”.
a)     Por que ele imagina isso?
Porque elas estão sempre sorridentes e brincam entre si.

b)    Que razão o narrador apresenta para justificar a ânimo das crianças?
Elas não se desiludem com nada, porque sabem que o não faz parte da vida delas.

6 -        No penúltimo parágrafo, há uma reflexão sobre o futuro das crianças. De acordo com o texto, que futuro elas terão?
          O futuro delas é uma incógnita, para o narrador e para as outras pessoas. Diz o narrador. “Olhamos e não sabemos”.

7 -        No último parágrafo, ao questionar a respeito da moradia e da educação das crianças daquela esquina, o narrador se coloca como sujeito da ação, dizendo: “Faço mentalmente estas perguntas. Por que não faço direto para elas em lugar de ficar imaginando”.?
a)       Ao se colocar como sujeito da ação, o que muda na postura até então observadora do narrador?
Nesse momento, ele assume que também tem responsabilidade sobre o que está vendo, mas que está tendo um comportamento semelhante ao das pessoas em relação a essas crianças.

b)      Por que o narrador usa a 1ª pessoa do plural ao concluir: “É que sabemos as respostas”?
Porque, ao usar a 1ª pessoa do plural, ele se inclui entre os cidadãos de todas as cidades do país que sabem as respostas para as perguntas que formulou.

c)       Troque ideias com os colegas: Quais são as respostas que conhecemos e que não foram explicitadas?
Resposta pessoal. Sugerimos abrir uma discussão com a classe. Referente ao trabalho e exploração infantil.

8 -        A palavra CIRANDA tem mais de um sentido. Veja alguns deles:
a)     Que sentido essa palavra assume no título quando se considera o trabalho cotidiano e incansável das crianças?
Assume o sentido de “movimentação, agitação”.

b)    Por que o título se torna irônico quando se associam à palavra ciranda os sentidos de “roda” ou de “roda infantil”?
O título se torna irônico porque a ciranda infantil, que deveria ser uma brincadeira e acontecer, por exemplo, num parque, tristemente tonou-se trabalho infantil e é feita em meio aos carros, na maior cidade do país, sem que ninguém faça nada para impedir tal situação.




sábado, 21 de janeiro de 2017

TEXTO: QUIROGA ESCREVE PARA CRIANÇAS DE UMA FORMA INUSITADA- COM GABARITO


 Quiroga escreve para crianças de forma inusitada

          A ficção infanto-juvenil costuma ser avaliada com certa condescendência, mais comprometida com a formação com a formação do cidadão que com a do leitor.
            Não é difícil perceber os resultados desse paternalismo: histórias politicamente corretas, com temas que tentam aproximar a literatura da “realidade cotidiana” ou despertar a consciência para a diversidade social, étnica e religiosa do mundo, frequentemente ganham elogios e adoções em escolas na mesma medida em que sua estética insossa é ignorada.
            Diante de um cenário assim, é promissor o lançamento de uma coletânea como Contos da selva (1918), do uruguaio Horacio Quiroga (1878-1937). Anunciado como infanto-juvenil, mas talvez mais próximo das narrativas para crianças, o livro chama atenção por abdicar de um caráter utilitário, que emprestaria às suas histórias uma pregação ecológica ou um sentido moral.
            Quiroga obtém esse resultado, quase sempre, experimentando com as convenções da fábula e do causo. No primeiro caso, em textos como “O papagaio pelado”, cujo protagonista se vinga de uma onça que o atacou indicando seu paradeiro a um caçador, tem-se os bichos que falam e agem como humanos, mas não há lição edificante no desfecho. No segundo, a verossimilhança e coerência narrativa do causo são abandonadas em textos como “As meias dos flamingos”, talvez a mais inusitada de todas, em que pássaros entram fantasiados num baile de cobras e passam o resto da vida pagando pelo erro.
            Resta saber se ambas as soluções, cuja originalidade é louvável, mas externa à fruição estética das histórias, são suficientes para garantir o valor literário de Contos da selva. A resposta é difícil, até porque há contos que fogem à regra aqui descrita, como “A abelhinha malandra”, fábula tradicional e previsível, ou “A tartaruga gigante”, sem a densidade que transforma o relato em literatura.
            Por outro lado, há qualidades inegáveis na prosa de Quiroga: o classicismo elegante, que ficaria bem num texto contemporâneo, e a generosidade descritiva, que torna acessível o mundo então pouco explorado de bichos e plantas das províncias argentinas – lugares onde o autor viveu muitos anos.
            Somada a isso, a capacidade de comover em construções simples como “A Gama Cega”, sobre um veado salvo por um caçador, ou “História de Dois Filhotes de Quati e de dois filhotes de homem”, que mostra uma convivência terna entre as espécies, dão ao livro um balanço positivo. Não para transformá-lo num clássico, mas o bastante para ser lido com interesse quase um século depois de sua publicação.
                                       Michel Laub é autor dos romances Longe da água e O segundo tempo.
1 -   A respeito da resenha, responda.
a)     Qual é a obra resenhada?
O livro Contos da selva.

b)    Quem é o autor dessa obra?
O uruguaio Horacio Quiroga.

c)     A que público ela se destina?
A obra é dirigida ao público infanto-juvenil, mas o autor da resenha a considera mais voltada para o infantil.

d)    Quem é o autor da resenha?
Michel Laub.

2 -   Segundo o autor da resenha, a ficção infanto-juvenil tem sido avaliada por um único ângulo.
a)       Qual é o principal critério de avaliação da ficção infanto-juvenil?
O critério didático, moralizador.
b)       Segundo esse critério, como seria um bom livro infanto-juvenil?
São aquele composto de “histórias politicamente corretas, com temas que tentam aproximar a literatura da realidade cotidiana ou despertar a consciência para a diversidade social, ética e religiosa do mundo”.

c)        O autor da resenha considera esse um bom critério? Por quê?  
Não. Ele considera esse critério limitador.

3 -    A obra resenhada pode ser considerada um exemplo do que comumente se avalia como boa ficção infanto-juvenil? Explique sua resposta.
         Não. Pelo contrário, a obra resenhada abre mão de parecer uma pregação ecológica ou  apresentar um sentido moral.

4 -     Além de comentar o conteúdo normalmente presente na ficção infanto-juvenil, o autor da resenha também avalia a estética que predomina nesses livros. Qual é a opinião dele sobre isso?
          Segundo o autor, a ficção infanto-juvenil em geral apresenta uma “estética insossa”.

5 -     A resenha afirma que o livro Contos da selva não tem qualidades para ser considerado um clássico. Você sabe dizer o que é um livro clássico? Que livros clássicos para o público infanto-juvenil você conhece?
          Resposta pessoal.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

TEXTO: POR QUE OS MÉDICOS TÊM A LETRA TÃO FEIA? - SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

Por que os médicos têm a letra tão feia?

Caligrafia ruim pode fazer mal à saúde. Só em 2007, o Sistema Nacional de  Informações  Toxicofarmacológicas  registrou 1.853  casos  de  intoxicação por erro de administração ( remédio ou doses erradas). Desses, estima-se que 10% sejam por “ garrancho médico “.  Para Florisval Meinão, da Associação Médica Brasileira, a letra ilegível vem da faculdade: “Os estudantes têm de anotar muitas coisas muito rápido durante quase 10 anos de formação. Não há caligrafia que resista”. Para Reinaldo Ayer, do Conselho Regional de Medicina de  São  Paulo,  o  problema  se  agrava  pelo  uso  de  jargões incompreensíveis. Isso leva a casos como o de um paciente de  Adamantina (SP), que foi comprar remédio para gripe (Dipirona) e levou um para o coração (Digoxina). Além dos farmacêuticos, os próprios médicos se confundem com os garranchos: segundo uma pesquisa da Unifesp, 34% dos prontuários escritos à mão são mal interpretados pelos colegas de jaleco.
                                 Superinteressante. São Paulo, p. 40, maio 2009.
Discutem-se no texto as intoxicações causadas por interpretação errônea da letra garranchosa das prescrições médicas.
1         Que outra causa o texto aponta para a incompreensão dos prontuários médicos?
O uso dos “jargões incompreensíveis”, ou seja, da linguagem própria dos Médicos, com termos que só eles entendem.

2         Você concorda com a justificativa apresentada no texto para explicar a letra ilegível dos médicos? Esclareça sua resposta.
Pessoal.

3         Como você já pôde verificar, os adjetivos têm formas diferentes.
Transcreva, no caderno, os adjetivos que:
-   apresentam uma só palavra;
Feia, ruim, médico, nacional, erradas, brasileira, ilegível, regional, incompreensíveis.

-   apresentam mais de uma palavra;
Toxicofarmacológicas.

-   não se originam de outras palavras;
Feia, ruim, médico.

-   originam-se de outras palavras.
Nacional, erradas, brasileira, ilegível, regional, incompreensíveis.




      

domingo, 15 de janeiro de 2017

POEMA: CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

POEMA -CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
                  MÁRIO QUINTANA

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
                                        [nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos!

        QUINTANA, Mario. In: CARVALHAL, Tania Franco (Org.). Poesia completa.
                             Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.p. 158. by Elena Quintana.

1   Relacione o título com o texto do poema e responda: de que trata o  eu lírico nesses versos?
     Não havia mais espaço para o amor em sua vida, pois ele tornou-se um ser amargurado pelas desilusões vividas.

2   Para o eu lírico, a poesia é um “vício”. Explique essa visão da poesia.
     A poesia é um ato do qual o eu lírico não pode se libertar, que lhe causa solidão, dor e constrangimento, como o pior dos vícios.

3   Observe que a segunda estrofe, composta de um só verso, inicia-se com a conjunção mas. O que ela opõe em relação aos versos anteriores?
     Ela põe fim à solidão do eu lírico, com a aparição de seu “amor imprevisto”.

4   Observe que a extensão dos versos é bem irregular; há versos curtos e  um longo. Essa irregularidade, complementada pela pontuação, cria um  ritmo para o poema.
     =   Que relação pode haver entre a construção desses versos e o sentido do poema?
     O ritmo marca as mudanças sofridas pelo eu lírico.

5   Observe os dois últimos versos do poema: que associação de sentidos  pode ser feita entre esse “espantalho inútil” e o eu lírico dos versos?
     Ele é o mesmo solitário e mau da primeira estrofe, mas agora a sua “ feiura” já não convence.