domingo, 27 de julho de 2025

CONTO: PROMETEU E OS PRIMEIROS HOMENS - FRAGMENTO - CLAUDE POUZADOUX - COM GABARITO

 Conto: PROMETEU E OS PRIMEIROS HOMENS – Fragmento

            Claude Pouzadoux

        [...] Os deuses criaram do barro os seres vivos. Sem perceber, privilegiaram os animais, em detrimento dos homens.

        De fato, os primeiros receberam as qualidades físicas que lhes permitiam se adaptar perfeitamente ao meio natural. Alguns, como o urso, foram dotados de grande força; outros, menores, como os passarinhos, ganharam asas para fugir. A divisão parecia equitativa, e as qualidades distribuídas entre as diversas espécies se equilibravam.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjci8hPEByfF_tW_08ivpt9R57kpmy9PejmY-1XAdza2OhywvpyexU-SBVgu6jQ9AxIE5ue16evmKPem3VWU9yPP5EXk_qA19HB_kkYfCw2AC3z4xd8npZYNhNASWUmyvBbqjXpsptCCsBfB0xMX5-uwnyKSrbTivu1UpYD_bIPGnwyXeMFAPzrxVVT0v0/s320/sddefault.jpg


        Mas uma das espécies foi esquecida: a humana. Com sua pele apenas, os homens não podiam suportar o frio, e seus braços nus não eram suficientemente robustos para combater os animais selvagens. A raça humana estava ameaçada de extinção…

        Prometeu, filho do titã Jápeto, sentiu pena dos fracos mortais. Ele sabia que a inteligência deles possibilitaria que fabricassem armas e construíssem abrigos se eles tivessem meios para isso, mas lhes faltava um elemento essencial: o fogo. Com o fogo, poderiam endurecer a ponta de suas lanças, a fim de torná-las mais resistentes, e se aquecer em seu lar.

        Ora, os deuses conservavam com o maior cuidado a preciosa chama só para si. Prometeu teve que penetrar discretamente na forja de Hefesto, o deus do fogo, para roubar a chama, que levou para os homens oculta no oco de uma raiz.

        Zeus não ignorou por muito tempo esse furto. Assim que notou o brilho de uma chama entre os mortais, o poderoso soberano deu vazão à sua cólera. No mesmo instante jurou se vingar dos homens e do benfeitor deles, Prometeu.

        Combatendo uma esperteza com outra, teve a ideia de produzir uma criatura irresistivelmente encantadora que causaria a desgraça dos homens. Assim, usando barro, criou a primeira mulher, que chamou de Pandora. Contou com a ajuda de Hefesto, que a enfeitou com as joias mais delicadas, e de Atena, que a vestiu com um tecido vaporoso, preso na cintura por um cinto trabalhado artisticamente.

        Quando ela ficou pronta, Zeus a mandou à casa de Epimeteu, irmão de Prometeu. [...] Não podendo resistir aos atrativos de tão bela pessoa, Epimeteu esqueceu que o irmão o prevenira contra os presentes de Zeus. Recebeu Pandora e a instalou em sua casa.

        Pandora havia trazido consigo uma caixa que não deveria abrir em hipótese nenhuma. Isso lhe fora expressamente recomendado por Zeus ao lhe dar a caixa. Era mais uma esperteza, porque ele sabia muito bem que um dia a jovem iria querer descobrir o conteúdo dela.

        Movida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa… de onde saiu precipitadamente um vento de desgraças. Apavorada, ela viu passar a fisionomia ameaçadora da crueldade e o sorriso malicioso do engano. Ouviu os gritos queixosos dos miseráveis e dos sofredores. Outras desgraças começavam a se propagar assim no vasto munido. Quando Pandora descobriu seu trágico erro, tampou rapidamente a caixa. E então a Esperança e todas as promessas de felicidade para os homens ficaram para sempre trancadas ali.

        Nada disso se devia ao acaso: a primeira etapa da temível vingança de Zeus se consumara.

        O segundo castigo, mais cruel, iria atingir Prometeu. Zeus o acorrentou a um rochedo com cadeias que o prendiam dolorosamente pelos braços e pernas. Assim exposto, sem poder se defender, Prometeu sofria todos os dias o ataque de uma águia que vinha lhe devorar o fígado. E todos os dias, para seu suplício, seu fígado se recompunha. Em troca de um favor, Prometeu recebeu uma terrível punição.

        Quanto aos homens, eles aprenderam com isso que um bem podia vir acompanhado de uma desgraça.

Claude Pouzadoux. Contos e lendas da mitologia grega. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 35-39.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 6º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 26-27.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual era a principal razão pela qual a raça humana estava ameaçada de extinção no início?

A – Prometeu não havia chegado para ajudá-los ainda.

B – Eles eram inteligentes e podiam construir abrigos.

C – Os deuses os dotaram de grande força e agilidade.

D – Faltava-lhes o fogo para se aquecer e fabricar armas.

02 – Por que Prometeu decidiu roubar o fogo dos deuses para os homens?

A – Ele buscava reconhecimento dos outros deuses.

B – Ele queria se tornar um deus.

C – Sentiu pena dos mortais e sabia que o fogo era essencial para a sobrevivência deles.

D – Zeus o ordenou a roubar o fogo para os homens.

03 – Qual foi a primeira etapa da vingança de Zeus contra os homens pelo furto do fogo?

A – Fabricou a primeira mulher, Pandora, e a enviou a Epimeteu com uma caixa proibida.

B – Criou um monstro para atacar os homens.

C – Enviou uma série de pragas e doenças para a Terra.

D – Acorrentou Prometeu imediatamente e se esqueceu dos homens.

04 – O que fez Pandora abrir a caixa proibida, liberando as desgraças?

A – Ela foi enganada por Zeus para abri-la.

B – Epimeteu a convenceu a abrir a caixa.

C – Ela se esqueceu da recomendação de Prometeu.

D – Sua curiosidade a levou a desobedecer a Zeus e liberar as desgraças.

05 – Qual foi o castigo de Prometeu imposto por Zeus?

A – Zeus o prendeu em uma caverna escura para sempre.

B – Teve seu conhecimento e inteligência removidos por Zeus.

C – Foi acorrentado a um rochedo e uma águia devorava seu fígado, que se recompunha diariamente.

D – Ele foi transformado em um animal selvagem.

 

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