domingo, 27 de julho de 2025

REPORTAGEM: OS ADVERSÁRIOS DO BOM PORTUGUÊS - FRAGMENTO - RENATA BETTI E ROBERTA DE ABREU LIMA - COM GABARITO

 Reportagem: OS ADVERSÁRIOS DO BOM PORTUGUÊS – Fragmento

              Renata Betti e Roberta de Abreu Lima

        Em um mundo em que o sucesso na vida profissional depende cada vez mais do rigor intelectual e do conhecimento, causa perplexidade a bandeira que vem sendo empunhada em escolas públicas e particulares brasileiras por uma corrente de professores de linguística. Eles defendem a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, mas que a norma culta, ancorada na gramática, é só mais uma entre as várias maneiras de expressar-se.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYdhg0ha2H7tK1Rayv7ETvDy-eCWfIRQnHXAZ-qhyphenhyphenmFleH7Ujsk5O1EppegejvbIfbjLiqoTZIRx5e5rBb0LOUgSSiH8sV3rQo-XRP53CC3eTXuKJQDC2hyphenhyphenJn1IQ7sniKpAikmDVpeQs8GvmEyf0UVyH4SoM1mCbGvE_fARbFg_mIxksC2YJ5qnrRwK10/s320/1698953512287.png


        Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe tais regras – papel fundamental de um bom professor – é "preconceito linguístico". Adotado nas aulas de português de meio milhão de estudantes do ensino fundamental, o livro Por uma Vida Melhor é uma amostra do que propaga esse círculo de falsos intelectuais. Escreve Heloisa Ramos, uma das autoras: "Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar os livro?". Claro que pode". O erro crasso de concordância seria apenas uma "variação popular", segundo a autora. [...]

        [...] Essa visão mesquinha deturpa a sociolinguística, ramo de estudo focado nas variações do uso de um idioma – o que é bem diferente de menosprezar a norma culta e ensinar às crianças que elas podem falar "nós vai" ou "nós pegou o peixe”  e que, se alguém as admoestar, é por "preconceito linguístico".

        [...] "A ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite é um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida", diz o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de dezenas de livros.

        Um dos expoentes dos talibãs da linguística no Brasil é um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília [...]  

        Já é um escândalo planetário que o suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores esteja sendo usado para sustentar os desvarios dos talibãs acadêmicos. A preguiça mental desses doutores do atraso é sustentada por brasileiros de quem o Fisco arranca a maior carga de impostos do mundo entre os países emergentes, por pais e mães que gastam metade do que ganham para pagar uma boa escola privada aos filhos, suprindo com seu suor o que deveria ser obrigação do estado.

        Para a procuradora da República Janice Ascari, está-se diante de um crime "contra nossos jovens ... um desserviço à educação já deficientíssima no país". É espantoso que as crianças brasileiras estejam sendo expostas a esse tipo de lixo acadêmico travestido de vanguarda cultural, quando deveriam estar aprendendo as disciplinas obrigatórias e acumulando o conhecimento e as habilidades que as tornarão capazes de enfrentar com sucesso os desafios do mundo real.

        O crime apontado pela procuradora Janice Ascari ocorre em um país em que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos, onde 1 milhão de vagas abertas pelas empresas brasileiras não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada.

        Enquanto isso, nas salas de aula das escolas públicas, as crianças brasileiras carentes de "aprender a pescar", no sentido do provérbio, são ensinadas que é certo falar "nós pega o peixe".

Renata Betti e Roberta de Abreu Lima. Revista Veja, nº 2218, 25 maio 2011.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 182-183.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual a ideia defendida por uma corrente de professores de linguística, que causa perplexidade aos autores?

      Essa corrente de professores defende a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa, e que a norma culta é apenas uma das várias formas de expressão.

02 – O que esses professores consideram "preconceito linguístico"?

      Para esse grupo, chamar a atenção do aluno que infringe as regras da norma culta é considerado "preconceito linguístico".

03 – Qual livro é citado como exemplo do que essa corrente de pensamento propaga, e qual exemplo de frase ele utiliza para ilustrar a "variação popular"?

      O livro citado é "Por uma Vida Melhor", e ele utiliza a frase "Mas eu posso falar os livro?" como exemplo de "variação popular".

04 – Como o linguista Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, classifica a ideia de que a língua culta é um instrumento de dominação da elite?

      Evanildo Bechara classifica essa ideia como "um absurdo que não se vê em nenhuma outra nação desenvolvida".

05 – Quem é mencionado como um dos "expoentes dos talibãs da linguística no Brasil"?

      É mencionado um certo Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília.

06 – Qual a crítica dos autores em relação ao financiamento desses "desvarios dos talibãs acadêmicos"?

      Os autores criticam o fato de que o "suado dinheirinho dos brasileiros honestos e trabalhadores" e os impostos estão sendo usados para sustentar essa ideologia, e que pais e mães gastam muito em escolas privadas para suprir o que deveria ser obrigação do estado.

07 – Segundo a procuradora da República Janice Ascari, qual é o impacto desse tipo de ensino nas crianças brasileiras, e qual problema educacional grave é destacado no final do artigo?

      Janice Ascari considera esse ensino um crime "contra nossos jovens" e um "desserviço à educação já deficientíssima no país". O problema educacional grave destacado é que, ao final do ciclo escolar, 62% dos estudantes são incapazes de interpretar textos e 1 milhão de vagas de emprego não podem ser preenchidas por falta de gente qualificada.

 

 

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