domingo, 27 de julho de 2025

TEXTO: CREPÚSCULO - FRAGMENTO - CATHERINE HARDWICKE - COM GABARITO

 Texto: Crepúsculo – Fragmento

Dirigido por Catherine Hardwicke. 

Com: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Nikki Reed, Ashley Greene, Jackson Rathsbone, Kellan Lutz, Peter Facinelli, Cam Gigandet, Elizabeth Reaser. 

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9aEkiLIlLzNTS00wL4YN3vhkjJNfgDq9bU4otnVYIkg5bpxPWy1kdyX7yUOyUlTKwBkcbOXAip8W4WMaON7iqKNN0LrNN-YG5hUn3PsF4as0jbDVyB43lwcjp8ng5a6bQf0HtR1OSVr4LvoeyNVjGykHEAq9_n9h98rUNasMSY6Y-rk6wltHm7D7_ysw/s320/91BrwzLI3sL._UF1000,1000_QL80_.jpg


        Crepúsculo acompanha a adolescente Bella (Stewart), que, obrigada a mudar-se para a pequena cidade do pai, logo se torna bastante popular em sua nova escola – que, apesar de atender a uma cidade com apenas 3.120 habitantes, é imensa, conta com aparentemente centenas de alunos e, claro, é convenientemente diversificada em seu corpo estudantil, exibindo asiáticos, negros, latinos e qualquer outra minoria que faça os produtores se sentirem orgulhosos de si mesmos por sua visão globalizada. Sentindo-se pouco à vontade perto do pai (por motivos que o filme jamais procura esclarecer), Bella tem seu interesse despertado por Edward (Pattinson), um rapaz pálido e arredio que vive com os vários irmãos adotivos numa casa localizada nas montanhas. Contudo, ainda que obviamente encantado pela moça, Edward insiste que não devem se aproximar – algo que ele reforça de maneira curiosa ao procurá-la durante o almoço na cantina apenas para repetir, embora ela tivesse mantido a distância exigida. Esta dinâmica se repete dezenas de vezes ao longo da projeção até que, finalmente, Bella descobre por que Edward a teme tanto – o que, claro, não impede que ele continue a dizer que deveriam se afastar embora jamais o faça. Rapazinho confuso, este. 

        [...]

        Mais preocupado em se estabelecer como galã do que como ator, Robert Pattinson é auxiliado em sua tarefa pela diretora Catherine Hardwicke e pelo ótimo compositor Carter Burwell, que, não à toa, investe num crescendo romântico assim que Edward é visto pela primeira vez com sua pele pálida, as sobrancelhas cuidadosamente desenhadas, os lábios destacados por batom e o cabelo milimetricamente despenteado (ele deve passar horas diante do espelho, despenteando o cabelo. Ainda bem que, como imortal, tem todo o tempo do mundo.). Infelizmente, como ator, Pattinson se revela um belo adorno, já que, além de inexpressivo, suas tentativas de atuar soam embaraçosamente ruins [...]

        Por outro lado, Kristen Stewart, uma atriz interessante, faz o que pode para transformar Bella numa figura tridimensional, sendo constantemente sabotada pelo roteiro de Rosenberg (que se saiu muito melhor na série Dexter, diga-se de passagem): obrigada a atuar em cenas constrangedoramente expositivas – como na montagem em que “deduz” que Edward é um vampiro, repetindo várias “pistas” em voz alta –, Stewart ainda é levada a protagonizar um draminha artificial com o pai, magoando-o propositalmente apenas para “protegê-lo” (o problema, aqui, é ela não precisava realmente magoá-lo; esta é apenas uma estratégia barata do filme para tentar criar algum conflito dramático [...]).

        Estes conflitos implausíveis, aliás, formam a base das tentativas do filme em criar algum tipo de tensão ou incerteza quanto ao final – e, como já dito, frequentemente Edward diz para Bella que não podem ficar juntos apenas para, na cena seguinte, voltar a procurá-la para repetir sua decisão. Isto atinge o auge da artificialidade numa cena ambientada num quarto de hospital, quando, depois de ouvir o amado falar pela milésima vez que devem se afastar, a moça protesta apenas para escutar, em resposta, que o outro realmente não consegue se manter distante – ignorando, assim, o que acabara de dizer. E o que posso falar do vilão, um vampiro caçador que só é apresentado ao espectador com 80 minutos de projeção (e, mesmo assim, surgindo como o menos interessante do trio ao qual pertence)? Possivelmente introduzido na trama depois que a roteirista (ou a autora do livro, que não li) se deu conta de não ter criado um único antagonista, o tal James (Gigandet) é um estereótipo de vampiro mau que passa a caçar a mocinha sem nenhuma razão aparente – e se a resposta para esta obsessão se encontra no livro, o erro permanece, já que o filme deveria se sustentar sozinho. 

        Abusando das câmeras lentas e de planos que beiram o ridículo em sua obviedade [...], Catherine Hardwicke ainda peca por não perceber a qualidade pedestre dos efeitos visuais que retratam a velocidade e a força dos vampiros e que seriam mais apropriados a uma produção de tevê da década de 70. E o que dizer de diálogos como “Então o leão se apaixonou pelo cordeiro”, que parecem ter saído de uma fotonovela? 

        Embora ganhe alguns pontos pelo conceito interessante da família de vampiros que tenta levar uma vida razoavelmente normal ainda que a simples visão de sangue humano pareça levar seus integrantes a um quase frenesi, Crepúsculo merece mesmo distinção por sua profunda incoerência: apesar de roteirizado e dirigido por mulheres a partir de um livro escrito por outra, o filme é surpreendentemente machista ao transformar em heroína uma garota disposta a abrir mão de tudo para seguir um homem, abandonando família, seus projetos pessoais e até mesmo a vida apenas para poder contar com o privilégio de ser a esposa de um macho-alfa. 

        [...]

Disponível em: http://200.170.174.159/critica_Detalhe.aspx?ID_CRITICA=7392&tipo=1&id_filmes=4566. Acesso em: 27 jan. 2015. (Adaptado).

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 6º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 134-135.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a principal crítica do autor em relação à atuação de Robert Pattinson como Edward?

      O autor critica a atuação de Robert Pattinson, afirmando que ele está "mais preocupado em se estabelecer como galã do que como ator", sendo "inexpressivo" e tendo "tentativas de atuar [que] soam embaraçosamente ruins". O texto o descreve como um "belo adorno".

02 – Como o texto descreve a abordagem de Catherine Hardwicke em relação à direção do filme?

      O texto aponta que Catherine Hardwicke "peca por não perceber a qualidade pedestre dos efeitos visuais" e abusa de "câmeras lentas e de planos que beiram o ridículo em sua obviedade". Ela também é criticada por auxiliar Pattinson em sua tarefa de "se estabelecer como galã" em vez de focar na atuação.

03 – Que inconsistências o autor aponta na dinâmica entre Bella e Edward?

      O autor destaca que Edward "insiste que não devem se aproximar" e "reforça de maneira curiosa ao procurá-la durante o almoço na cantina apenas para repetir, embora ela tivesse mantido a distância exigida". Essa dinâmica se repete "dezenas de vezes", com Edward "continuando a dizer que deveriam se afastar embora jamais o faça", caracterizando-o como um "rapazinho confuso".

04 – Quais são as críticas do autor ao roteiro de Rosenberg, mesmo reconhecendo seu trabalho em "Dexter"?

      O autor critica o roteiro de Rosenberg por "sabotar" a atuação de Kristen Stewart, forçando-a a atuar em "cenas constrangedoramente expositivas" (como a da "dedução" de que Edward é um vampiro) e por criar um "draminha artificial com o pai" de Bella, que serve apenas como uma "estratégia barata do filme para tentar criar algum conflito dramático".

05 – Por que o autor considera o filme "surpreendentemente machista", apesar de ter sido roteirizado e dirigido por mulheres e baseado em um livro escrito por uma mulher?

      O autor considera o filme machista porque ele "transforma em heroína uma garota disposta a abrir mão de tudo para seguir um homem, abandonando família, seus projetos pessoais e até mesmo a vida apenas para poder contar com o privilégio de ser a esposa de um macho-alfa."

06 – Que crítica é feita à introdução do vilão, James (Cam Gigandet)?

      O autor critica a introdução tardia do vilão, James, que só é apresentado "com 80 minutos de projeção" e surge como "o menos interessante do trio ao qual pertence". Ele sugere que James foi "possivelmente introduzido na trama depois que a roteirista (ou a autora do livro) se deu conta de não ter criado um único antagonista", e que ele caça a mocinha "sem nenhuma razão aparente".

07 – Além das atuações e do roteiro, quais outros elementos técnicos do filme são criticados pelo autor?

      O autor critica os efeitos visuais, descrevendo-os como de "qualidade pedestre" e mais apropriados para uma "produção de tevê da década de 70". Ele também menciona a "obviedade" dos planos de câmera e a artificialidade de alguns diálogos, como "Então o leão se apaixonou pelo cordeiro", que parecem ter saído de uma "fotonovela".

 

 

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