sexta-feira, 17 de outubro de 2025

MITO: OS MENINOS QUE VIRARAM ESTRELAS - SÁVIA DUMONT - COM GABARITO

 Mito: Os meninos que viraram estrelas

        Sávia Dumont

        Quem vai ao Mato Grosso se encanta com o céu estrelado. Conta-se por lá que as estrelas nasceram da amizade entre uns indiozinhos e um beija-flor, que sempre os acompanhava em suas estripulias.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPX2ucZghxMEGzPvZ_Wec1QPHfe_Fv81ia0nNheXmyG6_V3wIGOgKPa_r7eT9QpO8jlAo8_KbEBqQXU0Edvt_TzNZuAijjmmbnC3p587xApp-VTo-Ef2Or9LNJWbB-nh6qz4qeo1l3nHGrwK5JUSWO2uC3DCtNgCNWLY1ymZ-ceMdUwiMsexAKEkUnVaU/s320/CEU.jpg


        Certo dia, as índias da tribo foram colher milho para fazer comidas gostosas para seus maridos, que estavam caçando. Depois de debulhar as espigas, cantando despreocupadas, puseram os grãos para secar ao sol. Enquanto o milho secava foram se banhar no rio.

        Os curumins observavam tudo aquilo loucos para que o milho secasse logo e eles pudessem comer afinal os quitutes prometidos. Mas não tiveram paciência de esperar. Pediram à avó, já bem velhinha, que fizesse logo um bolo para eles. Tanto insistiram que a vovó fez o bolo, devorado por eles num abrir e fechar de olhos.

        O papagaio tagarela, que a tudo assistia, ameaçava:

        -- Vou contar tudo para as índias. Vou contar que vocês usaram o milho e encheram a barriga com o que era guardado para os guerreiros... Vou contar tudo – repetia.

        Com medo de levar uns bons cascudos, os curumins foram correndo se esconder na mata.

        Assim que as índias retornaram à aldeia, o papagaio deu com a língua no bico. Contou o acontecido tintim por tintim. As mães dos meninos ficaram furiosas e prometeram uma surra bem dada quando eles aparecessem.

        Sabendo o que os esperava, os indiozinhos passaram a tarde emendando um no outro os cipós da floresta. Agarraram-se então na corda comprida que fizeram e pediram ao amigo beija-flor que pegasse a ponta do cipó no bico e voasse o mais alto que pudesse. E lá se foi a avezinha, levando para o céu o cipó apinhado de meninos.

        As índias, desesperadas, chamavam o beija-flor de volta. Mas quanto mais elas chamavam, mais alto ele voava.

        À medida que iam subindo, os meninos choravam, e cada lágrima que caía virava uma estrela solta no ar. Fascinados, os curumins continuaram a brincadeira e não voltaram mais para a aldeia. Ficaram morando no céu.

        Fez-se um colar imenso de estrelas. Quando a saudade bate forte, mãe e filhos trocam olhares. Dizem que em cada estrela que brilha desvenda-se um segredo do universo.

ENTENDENDO O TEXTO

01. Qual fenômeno natural o mito se propõe a explicar, conforme a tradição contada na região do Mato Grosso?

a. A origem do rio.

b. O surgimento das estrelas no céu.

c. O motivo por que os papagaios são tagarelas.

d. A razão pela qual as índias se banham no rio.

02. Na narrativa, a palavra "curumins" é utilizada para se referir a qual grupo de personagens?

a. Os maridos das índias que estavam caçando.

b. Os meninos, filhos das índias.

c. Os guerreiros que iriam comer o milho.

d.  As índias que colheram o milho.

03. Qual foi o ato de desobediência que desencadeou o conflito e a fuga dos curumins?

a. Eles roubaram as ferramentas de caça dos guerreiros.

b. Eles pegaram os cipós da floresta sem permissão.

c. Eles não esperaram o milho secar e fizeram a avó preparar um bolo com o alimento reservado aos guerreiros.

d. Eles se esconderam na mata logo que as índias foram se banhar no rio.

04. O papagaio tagarela, ao ameaçar os meninos, afirmou: "Vou contar tudo para as índias. Vou contar que vocês usaram o milho e encheram a barriga com o que era guardado para os guerreiros...". Qual figura de linguagem ou característica narrativa o papagaio representa neste mito?

a. Um objeto inanimado (sem vida).

b. Um recurso para indicar o tempo da história.

c. Um ser vivo com característica humana (fala e delação).

d. O personagem principal da história.

05. A expressão "deu com a língua no bico", usada para descrever a atitude do papagaio quando as índias voltaram, significa que ele:

a. Ficou calado e não contou nada.

b. Começou a falar muito rapidamente, sem parar.

c. Contou o acontecido, delatando os meninos.

d. Quebrou o bico ao tentar falar.

06. Qual material os indiozinhos usaram para construir o meio que os levaria para o céu?

a. Fios de cabelo.

b. Os restos do milho.

c. Um cipó que emendaram um no outro.

d. Cordas feitas de couro de animal.

07. O beija-flor, descrito como amigo dos curumins, teve um papel crucial na fuga. Qual foi a sua ação principal?

a. Ele voou muito rápido e distraiu as mães.

b. Ele quebrou o cipó para que os meninos não fossem para o céu.

c. Ele pegou a ponta do cipó no bico e voou o mais alto que pôde.

d. Ele trouxe comida para os meninos se acalmarem na mata.

08. De acordo com o mito, o que aconteceu com as lágrimas dos meninos enquanto subiam em direção ao céu?

a. Elas caíram no chão e viraram rios.

b. Elas viraram estrelas soltas no ar.

c. Elas viraram pedras preciosas.

d. Elas molharam o cipó, deixando-o escorregadio.

09. O que o narrador afirma ter se formado no céu após os meninos ficarem morando lá, sendo o resultado visual da transformação?

a. Um colar imenso de estrelas.

b. Um arco-íris gigante.

c. Uma nova tribo.

d. Um ninho gigante de beija-flor.

10. Qual sentimento, conforme o parágrafo final, é o responsável por fazer mãe e filhos "trocarem olhares" através das estrelas?

a. A alegria por terem escapado da surra.

b. A raiva pela desobediência.

c. A saudade que bate forte.

d. O medo de que o beija-flor volte.

 

 

CONTO: A CASA DA GRITARIA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM QUESTÕES OBJETIVAS E GABARITO

 Conto: A Casa da Gritaria - Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEOjq6s9iMzFzpGgSCA5SSftblFPqs_r_oyCPVHNKJ2175u0MsJvnu1qTm-ALBMHuVNVcDksmCBk3C4_wfw9cMgF6EH654zkBDX4KdY6A1XbycxwgwNH2LHOZ2btMUGKP3X4rkfETLSnWcuFp6rO7oQzpYeiaq2SUd2i_6LbfrQD9IxWYXj3-sPnNboQ/s320/1853567fab11a9187d1a36d210cdd8ad.jpg


        — São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos.

        — Gritos de quê?

    — De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso...

        A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de DOR, as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de ALEGRIA: — Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de DESEJO: — Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido — as Interjeições de ANIMAÇÃO: — Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de APLAUSO, batendo palmas: — Viva! Bravo! Bem!

        Apoiado! E viu mais quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de AVERSÃO: — Ih, Xi! Irra! Apre! E viu algumas de APELO, chamando desesperadamente alguém:

        — Olá! Psiu! Alô! E viu duas de SILÊNCIO, encolhidinhas, de dedo na boca: — Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! 

        — Que baitaquinhas! — comentou Emília, tapando os    ouvidos. — Já estou tonta, tonta...

        — E há ainda aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons.

        Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo,  E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai  n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas no assoalho,  E viu Tique-Taque, som de relógio. E ToqueToque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho.

        — Sim, senhor! — disse Emília, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

        E, mudando de tom:

        — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!... Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo?... Oh, é bicho que nunca houve no sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos.

        — E há ainda mais coisas por lá — continuou Emília, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na volada. Mas não pilha um só. É comida de gente e não de... marquês.

        E finalizou, com uma piscadinha marota:

        — Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento...

        O Verbo Ser olhava para Emília com os olhos arregalados. Ele não sabia a história da célebre torneirinha de asneiras...

Entendendo o conto:

01. No trecho, o que a personagem Emília pensa que a Casa das INTERJEIÇÕES poderia ser, ao ouvir a barulhada?

A. Um circo com animais.

B. Um asilo de velhinhos.

C. Uma fábrica de doces.

D. Um viveiro de papagaios.

 02. De acordo com o Verbo Ser, por que a Casa das Interjeições parece um hospício?

A. Porque as Interjeições não passam de gritinhos.

B. Porque as Interjeições são bichos selvagens e perigosos.

C. Porque as Interjeições estão doentes e precisam de cuidado.

D. Porque as Interjeições estão sempre cantando ópera.

 

03. Quais Interjeições são representadas no conto como 'gemidinhos de DOR'?

A. Tomara! Oh! Oxalá!

B. Ai! e Ui!

C. Olá! Psiu! Alô!

D. Viva! Bravo!

 

04. Qual é a classificação das interjeições 'Ih, Xi! Irra! Apre!', que Emília viu 'com caras de horror e nojo'?

A. Interjeições de AVERSÃO.

B. Interjeições de APLAUSO.

C. Interjeições de SILÊNCIO.

D. Interjeições de ANIMAÇÃO.

 

05. Qual a onomatopeia que, segundo o texto, imita o som de 'batida em porta'?

A. Tique-Taque.

B. Toque-Toque.

C. Trrrlin!

D. Chape!

 

06. O que as ONOMATOPÉIAS representam, de acordo com a explicação do Verbo Ser?

A. Interjeições Imitativas de certos sons.

B. Interjeições de Desejo.

C. Palavras que indicam nome de pessoas.

D. Gritos de Admiração.

 

07. Qual onomatopeia, listada no texto, representa o som 'que imita barulho duma coisa que cai n’água'?

A. Nhoque!

B. Chape!

C. Zás-Trás!

D. Tchibum!

 

08. Qual interjeição (ou grupo) é mencionada no texto como sendo 'bem velhinha' e expressando ADMIRAÇÃO?

A.Oxalá!

B. Cáspite!

C. Caluda!

D. Ai!

 

09. Ao final do trecho, o que Emília sugere ao Verbo Ser sobre Dona Benta?

A. Que ele deveria fazer os bolinhos de polvilho.

B. Que Dona Benta quer vender o Sítio.

C. Que ele faça uma visita para tentar um casamento com ela.

D. Que ele ajude a proteger o sítio do cachorro bravo.

 

10. Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo é chamado por Emília de 'a pérola dos gramáticos' no final do conto?

A. O Verbo Ser.

B. Quindim.

C. Tia Nastácia.

D. Rabicó.

 

 

 

 

 

MÚSICA (ATIVIDADES): A VOZ DO MORRO - ZÉ KETI - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Voz do Morro

            Zé Keti

Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei dos terreiros
Eu sou o samba

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmi4XmtF-2jzAhlxNb7haPZIxStmGlz2fV8sKc63BBtvqP3YdLYo7AzeR93rMvs7hZyFKe9-n4LFqvb85Z5IHqv3BwHEeIkC-SXBO-LSZJ0iztkO83fMWMRhVDbQszdOsZaHTh8MOOpRKMlR6q2Genk372HI1PBl2MWU1Y0zJNBbM4gc4x3YEif-pHohc/s320/morro.jpg


Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem leva a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Mais um samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Pelo samba, vamos cantando
Esta melodia de um Brasil feliz
.

Composição: Zé Kéti.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 233.

Entendendo a música:

01 – Quem é o narrador ou a voz que se apresenta no início da música?

      O narrador é o próprio samba, que se identifica como "a voz do morro".

02 – Qual é a intenção declarada do narrador ("Eu sou o samba") em relação ao mundo?

      O samba quer "mostrar ao mundo que tenho valor".

03 – De onde o narrador afirma ser e qual título ele reivindica para si?

      Ele afirma ser "natural daqui do Rio de Janeiro" e se autodenomina "o rei dos terreiros".

04 – Qual é o impacto ou o efeito que o samba afirma ter sobre o povo brasileiro?

      O samba afirma ser quem "leva a alegria / Para milhões de corações brasileiros".

05 – Qual é o pedido que é feito na parte final do trecho e em nome de quem ele é feito?

      O pedido é "Mais um samba, queremos samba", e ele é feito em nome da "voz do povo de um país".

 

 


MÚSICA(ATIVIDADES): EXPLODE CORAÇÃO - GONZAGUINHA - COM GABARITO

 Música (Atividades): Explode Coração

            Gonzaguinha

Chega de tentar dissimular
E disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor e
Entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhuHVzQnipve91ylA6Hkw3M2HgqlhEgbwhpg9A-yzSFaKyP9l6Fn7T6_9IJVtuDYg11jP692kLLherOjI2CjKNs1ypYYaYFMMGDT1KPnlEJHzZ0Uu3-1vLUbLH7hpw6iWfwE-Vm67g1icr0YMtTPoPDVSMlnn6P84rN8GFWnfF7uT-bO-oJAsRjn8nLhM/s320/GONZAGUINHA.jpg


Chega de temer, chorar, sofrer
Sorrir, se dar, e se perder, e se achar
Que tudo aquilo que é viver,
Eu quero mais e me abrir
E que essa vida entre assim
Como se fosse o sol
Desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor dessa manhã.

Nascendo, rompendo, rasgando,
E tomando meu corpo e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louco, alucinado e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração.

Composição: Gonzaguinha.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 259.

Entendendo a música:

01 – Qual é a atitude inicial que o eu lírico decide abandonar ou pôr fim?

      O eu lírico decide parar de "tentar dissimular / E disfarçar e esconder / O que não dá mais pra ocultar / E eu não posso mais calar".

02 – O que é o elemento que o eu lírico aponta como o "traidor" que revelou os sentimentos que a outra pessoa tentava esconder?

      O elemento traidor é "o brilho desse olhar", que "Entregou o que você tentou conter".

03 – Depois de decidir não mais temer e sofrer, o que o eu lírico deseja que a vida faça em relação a ele, e com qual metáfora ele compara isso?

      Ele deseja se abrir ("me abrir") e quer que essa vida entre em seu ser "Como se fosse o sol / Desvirginando a madrugada".

04 – Na segunda estrofe, o eu lírico expressa o desejo de sentir a dor da manhã nascendo. Quais são os verbos intensos que ele usa para descrever o processo desse novo despertar?

      Os verbos usados são: "Nascendo, rompendo, rasgando, / E tomando meu corpo".

05 – Qual é a ação final e enfática que o eu lírico proclama no último verso, e o que a motiva?

      A ação é "Explode coração". Ela é motivada pela intensidade dos sentimentos que ele não consegue mais conter ("Não dá mais pra segurar"), após ter passado por um turbilhão de emoções ("Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando").

 

NOTÍCIA: A AGRICULTURA É VILÃ OU VÍTIMA NA CRISE HÍDRICA? - FRAGMENTO - IDOETA, P.A. - COM GABARITO

 Notícia: A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica? – Fragmento

        Cerca de 72% da água captada no país vai para a produção agrícola, o que está em linha com a média de 70% no mundo, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas). Mas esse consumo envolve diversas variáveis e, segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, ainda há desperdício significativo no setor e muito o que fazer para economizar água.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifPqtm5CaNogy5E00hVfsXe9y0Mdfyz-01QtZPEF8R73MerdhQd-Scs8Ft6TAYLxztpAjXjXj3GPZzz7ggoBy6O6nAm1NGFFLQsoQjUOuUdCH8M-nbp9QC_MlJlToBtkNiyqshElMH9u4x7Vx8FlCjtzr_Du31E2wr9d-wCTex5an5iTQig_2Zfx25uI8/s1600/HIDRICA.jpg


        Os analistas concordam em uma coisa: o Brasil tem água o bastante para todos, mas precisa aprender a geri-la de forma mais eficiente e combater os desperdícios.

        "Em locais onde falta água, podemos, no futuro, precisar optar por culturas agrícolas que consumam menos água. Isso faz parte de um planejamento maior. Mas o Brasil não pode passar por uma crise como a que temos agora, porque nós temos água", opina o pesquisador Lineu Rodrigues, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ligada ao ministério da Agricultura).

        [..]

        Safras como as de feijão, em Goiás, e o milho, em Minas e São Paulo, perderam produtividade por conta da crise hídrica.

        [...] os produtores são diretamente impactados pela falta d’água porque a legislação brasileira determina que, em caso de seca, o uso prioritário é o humano, e não o agrícola.

        [...].

Fonte: IDOETA, P. A. A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica? BBC Brasil, 4 mar. 2015. Disponível em: https://www.bbb.com/portuguese/noticias/2015/03/150302_agua_agricultura_pai. Acesso em: 12 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 228.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o percentual de água captada no Brasil que é direcionado para a produção agrícola e como esse dado se compara à média mundial?

      Cerca de 72% da água captada no Brasil é utilizada na produção agrícola. Esse índice está em linha com a média mundial, que é de aproximadamente 70%, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas).

02 – O que os especialistas consultados pela BBC Brasil apontam como um problema significativo na agricultura em relação ao uso da água?

      Os especialistas concordam que ainda existe um desperdício significativo de água no setor agrícola e que há muito a ser feito para aumentar a eficiência e economizar água na produção.

03 – Qual é a visão dos analistas sobre a quantidade de água disponível no Brasil?

      Os analistas concordam que o Brasil tem água o bastante para todos. O principal desafio, no entanto, é aprender a gerir essa água de forma mais eficiente e combater os desperdícios.

04 – De acordo com o pesquisador Lineu Rodrigues da Embrapa, qual medida pode ser considerada em locais com escassez de água no futuro?

      Em locais onde a falta de água é um problema, pode ser necessário optar por culturas agrícolas que consumam menos água. Ele ressalta que essa é uma questão de planejamento maior, mas que o Brasil não deveria passar por crises hídricas graves, pois possui água.

05 – Como a legislação brasileira prioriza o uso da água em momentos de crise hídrica ou seca, impactando diretamente os produtores rurais?

      A legislação brasileira determina que, em caso de seca ou crise hídrica, o uso prioritário da água é o humano, e não o agrícola. Isso faz com que os produtores rurais sejam diretamente impactados pela falta d’água na sua produção.

 

NOTÍCIA: AGROMETEOROLOGIA E O USO EFICIENTE DA ÁGUA - FRAGMENTO - GOMIDE, R. L. ALBUQUERQUE, P.E.P. - COM GABARITO

 Notícia: Agrometeorologia e o uso eficiente da água – Fragmento

        [...]

        A influência das condições meteorológicas e climáticas sobre a produção agrícola é tratada por um dos ramos da meteorologia denominado Agrometeorologia, que enfatiza, principalmente, os parâmetros agroclimáticos de superfície. Alguns destes diretamente responsáveis pela força de demanda hídrica da atmosfera, que são importantes na determinação da necessidade hídrica ou requerimento de água ou evapotranspiração de culturas (ETc). O crescimento, o desenvolvimento e a produção das culturas são afetados pela taxa de ETc, que, por sua vez, está relacionada com a água, recurso natural que está se tomando cada vez mais escasso, demandando estudos criteriosos voltados para a sua produtividade e uso mais eficiente.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2YhyphenhyphenX3_14DUOjui6XpOJMT6nHGL557XZZjzwwMt5z6pMCEbSlN3tAok_NlGVayeMx1TmP1Vj3CGAkUrLCf5Xshdt3JdUBw67oJ_HdfUb-VZ2I6z8zLuRj8DmJas_QwYZUyeiyMzLR_xDAkME0FLFNbIBFiG07Oh1R2Ltm5f-K3pH-BgoPcsptyXWTbfA/s320/Agrometeorologia-digital-uma-ferramenta-capaz-de-alavancar-a-produtividade-agricola.jpg


        [...]

        Infelizmente, ainda no Brasil, a grande maioria dos usuários da agricultura irrigada não utiliza qualquer tipo de estratégia de uso e manejo eficiente (racional) da água na irrigação. [...]

        As redes de estações agrometeorológicas, principalmente aquelas com monitoramento e registro automático de parâmetros agroclimáticos de superfície, são ainda incipientes nas diferentes regiões do Brasil. Isto, em parte, dificulta a racionalização de uso da água na irrigação. Este quadro pode ser revertido com o uso de plataformas automáticas de coleta de dados climáticos de superfície, envolvendo técnicas de microprocessamento, emprego da microeletrônica e utilização de sensores para registrar os principais parâmetros climáticos, possibilitando o controle, a aquisição, a transferência e o armazenamento de dados digitais envolvidos nas medições em condições de campo.

        [...]

        Tudo isso possibilita o controle mais preciso de aplicação de quantidades reais de água para as plantas e uma maior eficiência de seu uso, o que assegura a sustentabilidade da agricultura irrigada e a preservação do meio ambiente. [...]

Fonte: GOMIDE, R. L.; ALBUQUERQUE, P. E. P. Agrometeorologia e otimização do uso da água na irrigação. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, nº 246, p. 72-85, 2008. Disponível em: https://www.alice.enptia.embrapa,br/bitstream/doc/474146/1/agrometeorologiaotimização.pdf. Acesso em: 12 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 228-229.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a área da meteorologia que estuda a influência das condições climáticas e meteorológicas sobre a produção agrícola?

      O ramo da meteorologia que trata da influência das condições meteorológicas e climáticas sobre a produção agrícola é denominado Agrometeorologia.

02 – O que a Agrometeorologia enfatiza e quais são os parâmetros importantes que afetam a demanda hídrica das culturas?

      A Agrometeorologia enfatiza, principalmente, os parâmetros agroclimáticos de superfície. Alguns destes são diretamente responsáveis pela força de demanda hídrica da atmosfera, que é importante na determinação da necessidade hídrica ou evapotranspiração de culturas (ETc).

03 – Por que a taxa de evapotranspiração de culturas (ETc) é um fator de grande preocupação na agricultura atual?

      A taxa de ETc afeta o crescimento, o desenvolvimento e a produção das culturas, e está diretamente relacionada com a água, um recurso natural que está se tornando cada vez mais escasso, o que demanda estudos criteriosos para sua produtividade e uso eficiente.

04 – Qual é a situação atual do uso e manejo da água na agricultura irrigada no Brasil, de acordo com o texto?

      Infelizmente, a grande maioria dos usuários da agricultura irrigada no Brasil ainda não utiliza qualquer tipo de estratégia de uso e manejo eficiente (racional) da água na irrigação.

05 – Qual é o principal problema identificado no Brasil que dificulta a racionalização do uso da água na irrigação?

      As redes de estações agrometeorológicas, especialmente aquelas com monitoramento e registro automático de parâmetros agroclimáticos, são ainda incipientes (ou seja, estão em fase inicial/insuficientes) nas diferentes regiões do Brasil.

06 – Como o texto sugere que o quadro de incipiência das redes de estações agrometeorológicas pode ser revertido?

      O quadro pode ser revertido com o uso de plataformas automáticas de coleta de dados climáticos de superfície. Isso envolve o emprego de técnicas de microprocessamento, microeletrônica e utilização de sensores para registrar os principais parâmetros.

07 – Qual é o benefício final da implementação de tecnologias como plataformas automáticas de coleta de dados para a agricultura irrigada?

      Essa implementação possibilita o controle mais preciso da aplicação de quantidades reais de água para as plantas e uma maior eficiência de seu uso, o que, por sua vez, assegura a sustentabilidade da agricultura irrigada e a preservação do meio ambiente.

 

 

CRÔNICA: RECENSEAMENTO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Crônica: Recenseamento

              Rubem Braga

        São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas.  Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas.

 
 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLkrtjnzYjCHiu7zM12EL13nDgZa46EC0atqxOrKFhf2wwwk6gI4yxp5mfZnXuSYvsSqY8-2RJKN_fkYs2trvJ7EMf429RwHQtFW-wWQr6MZdv_vDQj-v0UCLruI9Zq2-2GeKVMUJHhhkRgO9PsXpAZoYoSDjbO54XPaiS6RAmgAQwpEYVLpWQgmYo-p8/s320/ibge-propoe-reduzir-questoes-do-censo-2-2.jpg



        O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

        -- Quantos são aqui?

        Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

        -- Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

        E outro:

        -- Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor.

        E outro:

        -- Eu? Tinha um amigo e um cachorro. O amigo se foi, levando minhas gravatas e deixando a conta da lavadeira. O cachorro está aí, chama-se Lord, tem três anos e meio e morde como um funcionário público.

        E outro:

        -- Oh! sede bem-vindo. Aqui somos eu e ela, só nós dois. Mas nós dois somos apenas um. Breve, seremos três. Oh!

        E outro:

        -- Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê.  Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

        E outro:

        -- Aqui moro eu. Quer saber o meu nome? Procure uma senhorita loura que mora na terceira casa da segunda esquina, à direita. O meu nome está escrito na palma de sua mão.

        E outro:

        -- Hoje não é possível, não há dinheiro nenhum. Volte amanhã. Hein? Ah, o sr. é do recenseamento? Uff! Quantos somos? Somos vinte, somos mil. Tenho oito filhos e cinco filhas. Total: quinze pestes. Mas todos os parentes de minha mulher se instalaram aqui. Meu nome? Ahn... João Lourenço, seu criado. Jesus Cristo João Lourenço. A minha idade? Oh! pergunte à minha filha, pergunte. É aquela jovem sirigaita que está dando murros naquele piano. Ontem quis ir não sei onde com um patife que ela chama de "meu pequeno". Não deixei, está claro. Ela disse que eu sou da idade da pedra lascada. Escreva isso, cavalheiro, escreva. Nome: João Lourenço; profissão: idiota; idade: da pedra lascada.  Está satisfeito? Não, não faça caretas, cavalheiro. Creia que eu o aprecio muito. O sr. pelo menos não é parente da mulher. Isso é uma grande qualidade, cavalheiro! É a virtude que eu mais admiro! O sr. é divino, cavalheiro, o sr. é meu amigo íntimo desde já, para a vida e para a morte!

Rubem Braga. Para gostar de ler, vol. 3. São Paulo, Ática, 1979.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 158.

Entendendo a crônica:

01 – No primeiro parágrafo, qual é a principal ironia ou contraste estabelecido pelo cronista ao listar os elementos que serão "reduzidos a números" pelo governo?

      A ironia principal é a equiparação entre seres humanos, animais e plantações. Ao afirmar que "Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números," o cronista ridiculariza a visão puramente estatística do governo, que trata a complexidade da vida (mulheres) e a natureza (bois, algodoeiros) com a mesma frieza quantitativa.

02 – Qual é a pergunta feita pelo recenseador ("Quantos são aqui?") e por que o cronista a classifica como uma "Pergunta triste"?

      O cronista a classifica como uma "Pergunta triste" porque, em vez de obter uma resposta numérica simples, a indagação abre espaço para revelações de abandono, perda e solidão. As respostas subsequentes não falam apenas de números, mas de ausências ("havia mulheres e criancinhas," "o amigo se foi"), frustrações e vazios existenciais.

03 – Cite dois exemplos de respostas dadas ao recenseador que demonstram ironia ou sarcasmo por parte dos entrevistados.

      Dois exemplos são:

      O homem que lista "mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas" e sarcasticamente convida: "Querendo levar todos, é favor." (Sugerindo o desejo de se livrar de alguns desses "membros" do agregado familiar).

      O homem que descreve o cachorro Lord, que "morde como um funcionário público" (uma crítica humorística à rigidez e à agressividade burocrática).

04 – Como a saudade é retratada em uma das respostas, mostrando que o número real de habitantes não corresponde ao número estatístico?

      A saudade é retratada na resposta "Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!" A saudade é personificada, tornando a pessoa ausente uma presença real e permanente no ambiente do eu lírico, alterando a contagem fria do recenseamento.

05 – No sexto parágrafo, o homem diz: "Aqui somos eu e ela, só nós dois. Mas nós dois somos apenas um. Breve, seremos três. Oh!" O que a afirmação "nós dois somos apenas um" sugere?

      Sugere a unidade afetiva e a fusão completa do casal apaixonado. No contexto do amor romântico, "nós dois somos apenas um" expressa uma identidade indivisível, que é mais importante do que a contagem individual do censo. O "Breve, seremos três" sugere, com alegria, a chegada de um filho.

06 – O que o último entrevistado (João Lourenço) revela sobre sua percepção do recenseamento, e como ele expressa seu desabafo pessoal?

      João Lourenço inicialmente confunde o recenseamento com um cobrador ("Hoje não é possível, não há dinheiro nenhum"). Ao perceber o erro, ele usa o recenseador como um receptor para um longo desabafo, classificando-se como "idiota" e sua idade como "da pedra lascada." Ele transfere a função do censo (quantificar) para a função catártica (desabafar frustrações pessoais e familiares).

07 – De que forma o tratamento que Rubem Braga dá ao tema "Recenseamento" ilustra uma característica fundamental da crônica?

      A crônica ilustra a característica de transformar um fato cotidiano e prosaico (o censo) em uma reflexão poética e humana. Rubem Braga utiliza a moldura do recenseamento para transcender o dado estatístico e acessar a subjetividade, o humor, a dor e os dramas ocultos por trás dos números, capturando a essência da vida em sociedade.