Entrevista: Economia de água deve virar rotina defende especialista
Por: Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil – Brasília
22 de março de 2017
Sem perspectivas para o fim do
racionamento, a população do Distrito Federal terá que se esforçar para reduzir
o consumo. Situações de desperdício, como lavar calçadas com água tratada, são
inaceitáveis para o coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da
Universidade Católica de Brasília e membro titular do Conselho de Recursos Hídricos
do DF, Marcelo Resende. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse ainda
que os hábitos adquiridos em tempos de rodízio, mesmo que a economia
compulsória termine, devem virar rotina, afinal, “a água é um bem finito”.
[...]
Eis
os principais trechos da entrevista com Resende:
Agência
Brasil: Como o senhor vê esse cenário atual de crise no DF? O que
mudou de 2015 para cá?
Marcelo Resende: Parece
até repetido, mas tivemos um agravante na virada de 2016 para 2017, que foram
as questões meteorológicas e climáticas. Tivemos um ano mais uma vez atípico,
com baixa precipitação. Esse é um dos grandes fatores do que estamos passando.
Como os outros três fatores não foram modificados nesses dois anos, as coisas
pioraram. Os outros fatores são a busca de novos mananciais, aumento da demanda
e a baixa educação que temos sobre o uso dos recursos hídricos. As pessoas e as
empresas continuam desperdiçando muita água, mesmo com o quadro negativo que a
gente está tendo.
Agência
Brasil: Em 2015, o senhor disse que, mesmo que as condições meteorológicas
se normalizassem, o sistema chegaria ao limite. Já estamos nesse limite de
abastecimento?
Marcelo
Resende: Está provado que não conseguimos sobreviver com esses
sistemas mais importantes de manancial que temos: o Descoberto e Santa Maria.
Bastou passar pelo que estamos passando em termos meteorológicos para estarmos
vivendo a questão do racionamento. Precisamos, sim, de novos mananciais, de
novas alternativas de busca de água, mas eu vejo que, ao mesmo tempo que a
gente tem que melhorar isso, temos que melhorar a educação.
Agência Brasil:
Pelos dados da Caesb, a população do DF está economizando mais. É suficiente?
Dada essa nossa situação, o que o senhor prevê para o DF a curto, médio e longo
prazo?
Marcelo
Resende: Estamos melhorando, mas ainda precisamos melhorar mais.
Precisamos ver no fim da estação chuvosa que vai ser daqui a um mês mais ou
menos. Se os nossos lagos chegarem até 60% ou mais, é bem possível que a gente
vá ficar no racionamento da forma como está. Se não chegar, é bem possível que
a gente parta para um racionamento mais ousado, com dois dias de interrupção
para as cidades.
Tudo que está sendo feito agora, em
termos de obras, poderia ter sido feito de forma mais planejada, há alguns anos
atrás. Não precisaríamos estar passando por isso. Mas, eu vejo que o risco de a
gente ficar sem água é muito baixo.
Agência
Brasil: Essas medidas serão suficientes a longo prazo?
Marcelo
Resende: Estou dizendo até a próxima estação chuvosa. Se a gente tiver
mais uma estação chuvosa ruim, em 2017, em 2018, a gente vai precisar de novo
recorrer a outras alternativas, como Corumbá e uma retirada mais contínua do
Lago Paranoá do que a que está prevista hoje.
Agência
Brasil: O que a população pode fazer?
Marcelo
Resende: Eu acho que nós somos um dos principais fatores do processo,
se a gente ajudar, eu acho que a gente vai passar com mais tranquilidade esse
ano. Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo mais
difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda. Existem muitas pessoas que
acham que isso é uma farsa, que essa crise não existe, que é um cenário criado.
Eu sou favorável a aplicação de multa para pessoas que estejam usando água
tratada para lavar calçada, lavar carro, porque isso não deveria ser feito, nem
em momento em que não houvesse crise. Eu acho que o cidadão tem que participar
mais ativamente e a ação de fiscalização é fundamental nesse processo.
Agência
Brasil: Esse racionamento deveria ter começado antes?
Marcelo
Resende: Deveria, mas era uma questão muito mais política. Eu imagino
que em setembro do ano passado já deveria ter começado.
Agência
Brasil: Uma vez que o volume de água aumenta nos reservatórios atuais ou
mesmo que se acrescentem novas fontes, os moradores do DF poderão voltar ao
consumo normal?
Marcelo
Resende: A economia deve continuar, pois a água é um bem finito e deve
ser preservado. Muitas famílias consomem muito acima do que deveriam e
desperdiçam muita água tratada com ações que poderiam ser feitas com água de
reuso.
TOKARNIA, Mariana.
Economia de água deve virar rotina, defende especialista. Agência Brasil,
Brasília, 22 mar. 2017. Disponível em: http://bit.ly/2xGWKe7.
Acesso em: 27 set. 2018.
Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º
ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. P. 179-183.
Entendendo a entrevista:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·
Mananciais: todas as fontes de
água da superfície ou subterrâneas que podem ser usadas para o abastecimento da
população.
·
Precipitação: queda de água para
a superfície da Terra, sob a forma de chuva, neve, gelo ou granizo.
02 – Observe o título da entrevista, e responda.
“Economia de água deve virar rotina, defende especialista”
a) O título apresenta fato ou opinião do entrevistado?
Apresenta opinião do entrevistado.
b) Pelo título, é possível saber o assunto (ou um dos assuntos) tratado na entrevista? Explique.
É possível saber o assunto: a economia de água.
c) Em que tempo verbal se encontra o título da entrevista? Está em primeira ou em terceira pessoa?
Está no tempo presente e em terceira pessoa.
d) Qual é o efeito de sentido das escolhas do tempo do verbo e da pessoa de discurso?
Para criar o sentido de atualidade ao tema (tempo
presente) e de objetividade (terceira pessoa), ou seja, para apresentar o tema
de modo atual, fiel e exato na veiculação da opinião do especialista.
03 – Releia um trecho da entrevista.
“Sem
perspectivas para o fim do racionamento, a população do Distrito Federal terá
que se esforçar para reduzir o consumo. Situações de desperdício, como lavar
calçadas com água tratada, são inaceitáveis para o coordenador do curso de
Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Católica de Brasília e membro
titular do Conselho de Recursos Hídricos do DF, Marcelo Resende.”
Responda:
a) Quem é o entrevistado? Que cargo(s) ocupa?
Marcelo Resende, coordenador do curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária da Universidade Católica de Brasília e membro do Conselho
de Recursos Hídricos do Distrito Federal.
b) Por que a Agência Brasil o escolheu para a realização de entrevista?
Porque Marcelo Resende é especialista no tema
abordado na entrevista.
c) Sobre qual situação o especialista foi chamado para prestar esclarecimento e dar opiniões?
Sobre a crise hídrica no Distrito Federal e as
medidas tomadas pelo governo e pela população.
d) A qual parte da entrevista o trecho acima se refere?
Ao primeiro parágrafo, antes da parte em que há
perguntas e respostas.
04 – Analise o trecho a seguir.
Agência Brasil: O
que a população pode fazer?
Marcelo
Resende: Eu acho que nós somos um dos principais fatores do processo,
se a gente ajudar, eu acho que a gente vai passar com mais tranquilidade esse
ano. Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo mais
difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda.
Responda:
a) Como o texto está organizado?
Em perguntas, realizadas pela Agência Brasil, e
respostas do entrevistado Marcelo Resende.
b) Em sua opinião, como a repórter Mariana Tokarnia registrou e reproduziu tudo que o entrevistado falou?
Resposta pessoal do aluno.
05 – Releia os trechos a seguir, extraídos da entrevista, transcreva-os
e marque O para opinião e F para fato.
·
Tivemos um ano
mais uma vez atípico, com baixa precipitação. Esse é um dos grandes fatores do
que estamos passando. (F)
·
Precisamos,
sim, de novos mananciais, de novas alternativas de busca de água, mas eu vejo
que, ao mesmo tempo em que a gente tem que melhorar isso, temos que melhorar a
educação. (O)
·
Se a gente
tiver mais uma estação chuvosa ruim, em 2017, em 2018, a gente vai precisar de
novo recorrer a outras alternativas, como Corumbá e uma retirada mais contínua
do Lago Paranoá do que a que está prevista hoje. (F)
·
Tudo que está
sendo feito agora, em termos de obras, poderia ter sido feito de forma mais
planejada, há alguns anos atrás. Não precisaríamos estar passando por isso.
Mas, eu vejo que o risco de a gente ficar sem água é muito baixo. (O)
·
Eu acho que nós somos um dos
principais fatores do processo, se a gente ajudar, eu acho que a gente vai
passar com mais tranquilidade esse ano. (O)
06 – Segundo Resende, a crise hídrica de 2017 teve agravantes em relação
ao ano de 2015. Leia o trecho.
“Tivemos
um ano mais uma vez atípico, com baixa precipitação. Esse é um dos grandes
fatores do que estamos passando. Como os outros três fatores não foram
modificados nesses dois anos, as coisas pioraram. Os outros fatores são a busca
de novos mananciais, aumento da demanda e a baixa educação que temos sobre o
uso dos recursos hídricos.” Responda:
a) Quais são os quatro fatores que agravaram a crise hídrica em 2017?
Falta de chuva (baixa precipitação), a [não] busca
de novos mananciais (fonte de água), aumento da demanda (do consumo) e baixa
educação para o uso dos recursos hídricos.
b) Em sua opinião, por que “as pessoas com baixa educação para lidar com a água” são um agravante para a crise hídrica?
Resposta pessoal do aluno.
07 – Por que, segundo Resende, deve haver busca de novos mananciais?
Os mananciais existentes no Distrito Federal
(Descoberto e Santa Maria), mostraram-se insuficientes para abastecer a
população, em situação de baixa precipitação (falta de chuva). Assim, o governo
e a empresa responsável pelo abastecimento de água devem buscar novos
mananciais.
08 – O entrevistado afirma que a população deve aprender a usar a água
de forma consciente. Releia o trecho a seguir em que há a opinião dele sobre o
assunto.
“Agora, já estamos economizando, mas acho que precisa ser mais algo
mais difundido, as pessoas precisam colaborar mais ainda. [...] Eu sou
favorável a aplicação de multa para pessoas que estejam usando água tratada
para lavar calçada, lavar carro, porque isso não deveria ser feito, nem em
momento em que não houvesse crise. Eu acho que o cidadão tem que participar
mais ativamente e a ação de fiscalização é fundamental nesse processo [...]
Muitas famílias consomem muito acima do que deveriam e desperdiçam muita água
tratada com ações que poderiam ser feitas com água de reuso.” Responda:
a) De acordo com o entrevistado, quais são as duas ações que o cidadão pode fazer para colaborar?
Economizar água e fiscalizar o mau uso.
b) Na opinião do especialista, qual medida deve ser tomada em relação às pessoas que usam água tratada para lavar calçadas e carros?
Aplicação de multa para pessoas que estejam usando
água tratada para lavar calçada, lavar carro, mesmo em momento em que não haja
crise.
c) Pesquise na internet: Quais atividade do dia-a-dia podem ser feitas com água de reuso?
Resposta pessoal do aluno.
Muito obrigado 💗😍
ResponderExcluirObrigado ☺️
ResponderExcluirserio muito obrigado ❤
ResponderExcluirmto obgda d/ vdd <3
ResponderExcluirMuito obrigada
ResponderExcluir