TEXTO: Animais órfãos
adotam brinquedos para simular aconchego de mãe
Animais órfãos que são resgatados da natureza estão recebendo tratamento
diferenciado para serem reintroduzidos com mais segurança à floresta. Um grupo
de biólogos do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
descobriu que os filhotes conseguem encontrar, em animais de pelúcia, o mesmo
aconchego dos “braços da mãe”.
Diferente dos animais que são resgatados já na fase adulta e que
geralmente têm mais dificuldade para retornarem ao seu habitat, a estratégia de
uso das pelúcias visa oferecer um futuro normal para a vida silvestre dos
animais filhotes.
A analista e bióloga ambiental do Centro de Triagem de Animais
Silvestres (Cetas) do Ibama, Natália Lima, explica como ocorre essa adaptação.
“O filhote precisa do colo da mãe até conseguir andar com as próprias pernas. A
gente costuma vê-los sempre agarrados ao colo das mamães. Então, quando eles
são separados delas, filhotes ainda, eles sofrem muito. A pelúcia simula uma situação
maternal e esses pequenos órfãos se agarram a ela de uma maneira única”, disse.
“Assim como acontece na natureza, na situação em que os filhos desgrudam
das mães quando se sentem mais confiantes para andar sozinhos, nós estamos
tentando reproduzir a mesma situação aqui. Claro, os ursinhos de pelúcia não
substituem a mãe do animal, mas simulam, como se fossem uma mãe postiça”
acrescentou Lima.
A estratégia com animais de pelúcia já vinha sendo testada em outros
estados, como em centros de triagem de silvestres nos zoológicos do Rio de
Janeiro e São Paulo. Foi através desse estudo que um grupo do Cetas do Ibama
resolveu aplicar a ideia aqui, no Amazonas.
Atualmente o Ibama cuida de seis filhotes, desses, cinco usam os animais
de pelúcia constantemente, que são: uma preguiça real, um mico-de-cheiro, um
macaco parauacu, um macaco prego e um gato mouriço, todos com idades de três a
seis meses de vida.
Segundo informações do Ibama, O processo de reabilitação desses filhotes
leva em média sete a oito meses. Em caso de onças ou gatos silvestres, o prazo
pode levar de oito a nove meses, dependendo da imunidade do animal.
Outros animais
Diariamente o Ibama recebe animais silvestres de todas as idades e todas
as espécies. Só no ano passado, foram contabilizados 524 animais entregues no
instituto. A analista conta que, quando o processo de reabilitação acusa que o
animal não tem condições de voltar para a floresta, eles são destinados para
zoológicos.
“Geralmente quando o animal chega aqui já na fase adulta, é muito raro
que ele consiga se readaptar à vida silvestre, na floresta. Nesses casos, eles
são enviados para zoológicos que tenham estrutura para recebê-los com o maior
conforto, mantendo o contato com o ser humano”, disse.
Lima ressalta ainda que boa parte desses animais só conseguem sobreviver
com a presença de seres humanos. “Às vezes são animais que foram criados por
alguma pessoa e, não podendo mais criar, a pessoa devolveu. Nesse caso não é
mais possível introduzi-los em floresta”, salientou.
Doe ‘um animal a outro animal’
A campanha para doação de animais de pelúcia aos filhotes órfãos levados
para Ibama começou ainda no ano passado, mas de forma tímida, apenas entre os
funcionários do instituto. A arrecadação foi boa, a estratégia deu certo, então
o grupo do Cetas resolveu ampliar a ação e começar a divulgação nas mídias e
redes sociais.
No último dia 20 de janeiro, a campanha tomou força. Há pouco mais de
duas semanas de divulgação, o órgão já recebeu mais de 30 pelúcias, além de
lençóis, toalhas e outros objetos.
“A campanha superou todas as nossas expectativas, ouço bons comentários
pela atitude. Tem gente trazendo até o que a gente nem precisa e, neste caso, a
gente devolve, mas é bom saber que as pessoas estão sendo solidárias. Esses
animaizinhos são como crianças abandonadas e muitos conseguem enxergar isso,
fico feliz”, afirmou a analista ambiental do Ibama, Natália Lima.
A campanha continua por tempo indeterminado e quem quiser doar, basta
dirigir-se a sede do Ibama, na rua Ministro João Galvez de Souza, Km 1 BR-319,
Distrito Industrial.
Priscila Serdeira. Disponível em:http://acritica.uol.com.br/amazonia/manaus-amazonas-amazonia_0_1076892322.html.Acesso
em: 27 abr.2015.
Fonte: Livro - Para Viver
Juntos - Português - 6º ano - Ensino Fundamental- Anos Finais - Edições SM -
p.122/123/124.
PARA ENTENDER O TEXTO
1) Qual é o principal fato que a notícia relata?
A notícia relata o fato de animais órfãos estarem
recebendo um tratamento diferenciado para serem reintroduzidos com mais
segurança na floresta.
2)
As hipóteses levantadas antes da leitura do
texto se confirmaram?
Resposta
pessoal.
3)
Para explicar a estratégia utilizada pelo
IBAMA, a bióloga Natália Lima comenta sobre uma situação vivida pelos filhotes
na natureza. Qual é essa situação? E como é reproduzida pelo Cetas?
Na natureza, os filhotes precisam ser transportados no colo da mãe
até andarem sozinhos. No Cetas, para reproduzir essa situação de segurança e
aconchego oferecido pela mãe, os biólogos dão aos filhotes órfãos bichos de
pelúcia.
4)
Na notícia, há falas da bióloga Natália Lima,
do Ibama.
a)
Reproduza duas dessas falas.
“O filhote precisa do colo da mãe [...] se agarram a ela de maneira
única”; “Assim como acontece na natureza [...] uma mãe postiça”.
b)
Por que há a inserção dessas falas na
notícia?
As falas da bióloga dão credibilidade à notícia e oferecem explicações que ampliam o fato relatado.
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