sexta-feira, 17 de outubro de 2025

CONTO: AS ORAÇÕES AO AR LIVRE - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: As Orações ao ar livre – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        Foram todos para o jardim, onde numerosas Orações costumavam passear ao sol. Dona Sintaxe apontou para uma delas e disse:

        — Vamos ver, Emilinha, se você sabe o que significa um grupo de palavras como aquele que ali está, junto ao canteiro de margaridas.

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        — Pois é uma Oração, está claro! Quem não sabe?

        — Você não sabe, Emília. Aquilo é mais que uma Oração — é todo um PERÍODO GRAMATICAL, composto de várias Orações.

        — Um Período é então um cacho de Orações — disse Emília. — Estou entendendo. A Oração é uma banana; o Período é uma penca de bananas.

        O rinoceronte gostou do exemplo e lambeu os beiços, enquanto Dona Sintaxe explicava que os Períodos se dividem em duas classes — PERÍODOS SIMPLES e PERÍODOS COMPOSTOS.

        — O Período Simples é o que... — foi dizendo Emília, mas engasgou.

        — É o que se compõe só de uma Oração — concluiu Dona Sintaxe.

          E o Período Composto é o que se compõe de duas! — gritou a boneca vitoriosamente.

        — De duas ou mais — corrigiu Dona Sintaxe. — Aquele que ali vai passando é um Período Composto.

        O tal Período Composto dizia o seguinte: Emília soltou o preso, mas não ganhou nem um muito obrigado.

        — Notem — observou Dona Sintaxe — que há duas Orações, governadas por dois Verbos — Soltou e Ganhou. Por isso o Período é Composto. A Conjunção Mas amarra a segunda Oração à primeira.

        — Estou vendo — disse Emília. — E aquele outro, perto do canteiro de cravos?

        — Aquele é um Período Simples, formado de uma só Oração: O Visconde está com medo. Repare que há um só Verbo.

        — E aquele outro lá perto do canteiro das dálias? — indagou Pedrinho, mostrando um Período que dizia assim: O rinoceronte, que é um sabido, está calado.

        — Aquele é um Período Composto que traz uma Oração pendurada em outra. Note que uma Oração não está ligada à outra, mas sim pendurada no meio da outra. Se sair dali não estraga o resto. Chama-se Oração INTERFERENTE.

        — Pendurada com que gancho? — perguntou Emília.

        — Com o gancho daquele pronominho Que. Notem que nesse Período Composto há duas Orações: (1) O rinoceronte está calado; (2) Que é um sabido. Mas esta última está apenas enganchada no meio da primeira, como numa rede, por meio do gancho do Pronome Que.

        — Que tem mesmo jeito dum ganchinho! — observou Emília, e todos concordaram, para não haver briga.

        — Vamos agora ver como estas Orações se classificam quanto ao papel que representam no Período — disse Dona Sintaxe. — Elas podem ser de três classes – COORDENADAS, PRINCIPAIS e SUBORDINADAS.

        E, para exemplificar, gritou na direção dum grupo de Períodos que estavam parados diante dum repuxo:

        — Aproxime-se um Período Composto que queira servir de exemplo! Depressa!

        Todo saltitante, destacou-se do grupo este Período: O pica-pau picou o pau e fugiu quando viu Quindim.

        — Reparem — disse Dona Sintaxe — que temos três Orações neste Período. Uma Coordenada, porque está ligada a outra Coordenada pela Conjunção E: O pica-pau picou o pau. E temos a segunda Oração, que é a Principal: E fugiu; e temos a terceira, que é a Subordinada, ou escrava da Principal: Quando viu Quindim. Sem estar ligada à Oração Principal esta terceira fica sem sentido, ninguém a entende. Mas ligada torna-se clarinha como água de pote; quem lê compreende logo que o pica-pau fugiu quando viu Quindim.

        — Oração Principal? — estranhou a menina.

        — Oração Principal é a que pensa que é independente mas não é, porque depende das outras para completar o que ela quer dizer. Aquela ali, por exemplo. Venha cá, Senhor Período!

        Aproximou-se um Período Composto que se lia assim: Quindim está com fome porque não encontrou capim por aqui.

        — Reparem. A Oração Quindim está com fome é a Principal, mas não fica bem, bem, bem, bem completa sem a outra: Porque não encontrou capim por aqui. Esta outra ajuda a completar a Principal. As Senhoras Orações Principais trazem sempre o Verbo no Modo Indicativo ou no Modo Imperativo, não se esqueçam.

        Dona Sintaxe despediu aquele Período e chamou outro.

        — Aproxime-se uma Oração na voz ATIVA! Depressa. Muito lampeira, destacou-se do grupo uma Oração que dizia assim: O gato comeu o pica-pau.

        — Que história de Voz Ativa é essa? — indagou Emília.

        — Já irá saber — respondeu a Senhora Sintaxe, e voltando-se para a nova oraçãozinha: — Você está na Voz Ativa, não é assim? Pois então passe parada voz PASSIVA para esta boneca ver.                                      Incontinenti a oraçãozinha desmanchou-se toda para formar outra da seguinte maneira: O pica-pau foi comido pelo gato.

        — Muito bem! — aprovou Dona Sintaxe. O E para os meninos:

        — Notem que Pica-Pau, que é o Objeto Direto da primeira Oração, passou a ser Sujeito desta última, e reparem que o Sujeito da primeira (Gato) passou a ser Complemento.

        — Que Objeto Direto é esse, que apareceu aí sem mais nem menos? — berrou Emília.

        — Objeto Direto é aquilo que completa o sentido do Verbo diretamente. A gente pergunta ao Verbo: o quê? E a resposta é o tal Objeto Direto. O gato comeu o quê? O pica-pau. Logo, pica-pau é o Objeto Direto.

        — Que peste é a tal Gramática! — disse Emília. — Tem coisas que não acabam mais. Só sinto que, em vez de ter comido o pobre pica-pau, o gato não tivesse comido a Senhora Gramática, com todas estas damas que andam por aqui...

        Dona Sintaxe não ouviu e continuou:

        — Por meio destas passagens de Sujeitos para Complementos e de Complementos para Sujeitos é que as Orações passam da Voz Ativa para a Voz Passiva. Entenderam?

        Os meninos fizeram com a cabeça que sim.

        Durante toda a conversa Quindim manteve-se de parte, ouvindo com muita atenção as palavras da grande dama e aprovando-as com movimentos de chifre. Emília, que gostava de tirar a prova de tudo, foi ter com ele para lhe perguntar num cochicho:

        — Que acha desta senhora, Quindim? Sabe mesmo Gramática ou está nos tapeando?

        O rinoceronte riu-se filosoficamente.

        — Como não há de saber, Emília, se ela é a Sintaxe, ou uma das partes da própria Gramática? A Sintaxe dum lado e a Lexiologia de outro formam a Gramática inteira. Nunca duvide do que a Senhora Sintaxe disser...

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a analogia usada por Emília para explicar a diferença entre Oração e Período Gramatical, e qual é a definição de Período Simples e Período Composto, de acordo com o conto?

      Emília usa a analogia da banana para a Oração e a penca de bananas para o Período Gramatical.

      Período Simples: É o que se compõe de só uma Oração (e, consequentemente, um só Verbo).

      Período Composto: É o que se compõe de duas ou mais Orações (governadas por dois ou mais Verbos).

02 – No trecho, Dona Sintaxe apresenta um tipo especial de Oração que "não está ligada à outra, mas sim pendurada no meio da outra" e, se for removida, "não estraga o resto". Qual é o nome dessa Oração e qual "gancho" a conecta?

      O nome dessa Oração é Oração INTERFERENTE. O exemplo dado é: "O rinoceronte, que é um sabido, está calado." O "gancho" que a conecta é o pronominho Que.

03 – De acordo com Dona Sintaxe, quais são as três classes de Orações quanto ao papel que representam no Período Composto?

      As três classes são:

      Coordenadas: Ligadas a outra Coordenada, geralmente por uma Conjunção (ex: "O pica-pau picou o pau").

      Principais: Aquela que "pensa que é independente" e da qual as outras dependem para completar o sentido (ex: "E fugiu" ou "Quindim está com fome").

      Subordinadas: Também chamadas de "escrava da Principal", pois sem a Oração Principal "fica sem sentido" (ex: "Quando viu Quindim").

04 – Qual é o processo que a Oração na Voz Ativa passa para se transformar na Voz Passiva, e como Dona Sintaxe define Objeto Direto?

      A passagem de Voz Ativa para Voz Passiva se dá pela troca de papéis dos termos: o Objeto Direto da Voz Ativa passa a ser o Sujeito da Voz Passiva, e o Sujeito da Voz Ativa passa a ser o Complemento (Agente da Passiva).

      Objeto Direto é definido como "aquilo que completa o sentido do Verbo diretamente." A forma de encontrá-lo é perguntar ao Verbo: o quê? (Ex: "O gato comeu o quê? O pica-pau").

05 – Ao final do trecho, Emília pergunta a Quindim se ele acha que Dona Sintaxe "Sabe mesmo Gramática ou está nos tapeando?". Qual é a resposta do rinoceronte e por que ele não tem dúvidas sobre o conhecimento da Senhora?

      Quindim afirma que não há como ela não saber, pois ela é a Sintaxe, que é "uma das partes da própria Gramática". Ele conclui dizendo que a Sintaxe de um lado e a Lexiologia do outro formam a Gramática inteira.

 

 

CRÔNICA: PELADA DE SUBÚRBIO - ARMANDO NOGUEIRA - COM GABARITO

 Crônica: Pelada de subúrbio

             Armando Nogueira 

        Nova Iguaçu, quatro horas da tarde, sábado de sol. Dois times suam a alma numa pelada barulhenta; o campo em que correm os dois times abre-se como um clarão de barro vermelho cercado por uma ponte velha, um matagal e uma chácara silenciosa, de muros altos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjErtfElsnAmz-29WHJDrYzNs-GBbvYYsIVMimPD5a0kuSIuvuHD6E_cPLcmJZUfn3qFvT0vNQWIUOq3toh2wIDgBB9QOuPuwPFOMkNfQPKrz0OEdvhXQ-VCrzLNmraeKu2ejOI8ZrsBJS09AMujMompGClVxlqxEBfdyNqdI1nR79JbICnA-cthOg0TCQ/s320/PELADA.jpg


        A bola, das brancas, é nova e rola como um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória.

        Um chute errado manda a bola, pelos ares, lá nos limites da chácara, de onde é devolvida, sem demora, por um arremesso misterioso. Alguns minutos mais tarde, outra vez a bola foi cair nos terrenos da chácara, de onde voltou lançada com as duas mãos por um velhinho com jeito de caseiro.

        Na terceira, a bola ficou por lá; ou melhor, veio mas, cinco minutos depois, embaixo do braço de um homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima. Era o dono da chácara.

        A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso, o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.

        No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha.

Armando Nogueira. In: O melhor da crônica brasileira.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 271.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a descrição do cenário em que se desenrola a partida de futebol?

      A partida acontece em Nova Iguaçu, em um sábado de sol. O campo é um "clarão de barro vermelho" e é cercado por uma "ponte velha, um matagal e uma chácara silenciosa, de muros altos".

02 – Qual o significado que a bola nova, das brancas, representa para os jogadores?

      A bola é vista como "um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória".

03 – Quem é a primeira pessoa a devolver a bola da chácara, e quem é a pessoa que a traz de volta na terceira vez?

      A primeira vez, a bola é devolvida por um "arremesso misterioso"; depois, por um "velhinho com jeito de caseiro". Na terceira vez, ela é trazida de volta por um "homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima", que era o dono da chácara.

04 – Qual é a atitude inicial dos jogadores (a "rapaziada") quando o dono da chácara entra no campo com a bola na mão?

      A rapaziada fica "meio assustada, ficou na defensiva, olhando", mas, depois que ele põe a bola no chão, eles "ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso".

05 – Qual é o ato surpreendente e violento que o dono da chácara comete, e qual é o resultado final desse ato no campo?

      Em vez de ser um gesto generoso, o homem tira um revólver da cintura e dispara seis tiros na bola. O resultado é que no campo, que foi "invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha".

 

 

CONTO: NA CASA DOS PRONOMES - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO- COM GABARITO

 Conto: Na Casa dos Pronomes – Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Chega de Adjetivos — gritou a menina. — Eu não sei por quê, tenho grande simpatia pelos PRONOMES, e queria visitá-los já.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihPiIZlWPSV6SmxjqcsJSXEaxE8ZPn8xSBAUsg-EjeKLxIc3RbuPhWvV0O8uvTrA_FdzVAhK-713G7VP5Pyi2xiwSHOipvUOW1ZY3TJnq_VS6H338qi2y8k9m2MRVNimO6nGbgqW7HhG_doiPek-_hS0-gntGPBmAJW4gXMwTgL9c46lX6k3txs3FDXIY/s320/PRONOMES.jpg


        — Muito fácil — respondeu o rinoceronte. — Eles moram naquelas casinhas aqui defronte. A primeira, e menor, é a dos Pronomes PESSOAIS.

        — Ela é tão pequena... — admirou-se Emília.

        — Eles são só um punhadinho, e vivem lá como em república de estudantes.

        E todos se dirigiram para a casa dos Pronomes Pessoais enquanto Quindim ia explicando que os Pronomes são palavras que também não possuem pernas e só se movimentam amarradas aos VERBOS.

        Emília bateu na porta — toque, toque, toque.           

        Veio abrir o Pronome Eu.

        — Entrem, não façam cerimônia.                              

        Narizinho fez as apresentações.                                     

        — Tenho muito gosto em conhecê-los — disse amavelmente o Pronome Eu. — Aqui na nossa cidade o assunto do dia é justamente a presença dos meninos e deste famoso gramático africano. Vão entrando. Nada de cerimônias.

        E em seguida:

        — Pois é isso, meus caros. Nesta república vivemos a nossa vidinha, que é bem importante. Sem nós os homens não conseguiriam entender-se na terra.

        — Todas as outras palavras dizem o mesmo — lembrou Emília.

        — E nenhuma está exagerando — advertiu o Pronome Eu. — Todas somos por igual importantes, porque somos por igual indispensáveis à expressão do pensamento dos homens.

        — E os seus companheiros, os outros Pronomes Pessoais? —  perguntou Emília.

        — Estão lá dentro, jantando.

        À mesa do refeitório achavam-se os Pronomes Tu, Ele, Nós, Vós, Eles, Ela e Elas. Esses figurões eram servidos pelos Pronomes OBLÍQUOS, que tinham o pescoço torto e lembravam corcundinhas. Os meninos viram lá o Me, o Mim, o Migo, o Nos, o Nosco, o Te, o Ti, o Tigo, o Vos, o Vosco, o O, o A, o Lhe, o Se, o Si e o Sigo — dezesseis Pronomes Oblíquos.

        — Sim senhor! Que luxo de criadagem! — admirou-se Emília. — Cada Pronome tem a seu serviço vários criadinhos oblíquos...

        — E ainda há outros serviçais, os Pronomes de TRATAMENTO — disse Eu. — Lá no quintal estão tomando sol os Pronomes Fulano, Sicrano, Você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade e outros.

        — E para que servem os Senhores Pronomes Pessoais? —  perguntou a menina.

        — Nós — respondeu Eu — servimos para substituir os Nomes das pessoas. Quando a Senhorita Narizinho diz Tu, referindo-se aqui a esta senhora boneca, está substituindo o Nome Emília pelo Pronome Tu.

        Os meninos notaram um fato muito interessante — a rivalidade entre o Tu e o Você. O Pronome Você havia entrado do quintal e sentara-se à mesa com toda a brutalidade, empurrando o pobre Pronome Tu do lugarzinho onde ele se achava. Via-se que era um Pronome muito mais moço que Tu, e bastante cheio de si. Tinha ares de dono da casa.

        — Que há entre aqueles dois? — perguntou Narizinho. — Parece que são inimigos...

        — Sim — explicou o Pronome Eu. — O meu velho irmão Tu anda muito aborrecido porque o tal Você apareceu e anda a atropelá-lo para lhe tomar o lugar.

        — Apareceu como? Donde veio?

        — Veio vindo... No começo havia o tratamento Vossa Mercê, dado aos reis unicamente. Depois passou a ser dado aos fidalgos e foi mudando de forma. Ficou uns tempos Vossemecê e depois passou a Vosmecê e finalmente como está hoje — Você, entrando a ser aplicado em vez do Tu, no tratamento familiar ou caseiro. No andar em que vai, creio que acabará expulsando o Tu para o bairro das palavras arcaicas, porque já no Brasil muito pouca gente emprega o Tu. Na língua inglesa aconteceu uma coisa assim. O Tu lá se chamava Thou e foi vencido pelo You, que é uma espécie de Você empregada para todo mundo, seja grande ou pequeno, pobre ou rico, rei ou vagabundo.

        — Estou vendo — disse a menina, que não tirava os olhos de Você. — Ele é moço e petulante, ao passo que o pobre Tu parece estar sofrendo de reumatismo. Veja que cara triste o coitado tem...

        — Pois o tal Tu — disse Emília — o que deve fazer é ir arrumando a trouxa e pondo-se ao fresco. Nós lá no sítio conversamos o dia inteiro e nunca temos ocasião de empregar um só Tu, salvo na palavra Tatu. Para nós o Tu já está velho coroca.

        E mudando de assunto:

        — Diga-me uma coisa, Senhor Eu. Está contente com a sua vidinha?

        — Muito — respondeu Eu. — Como os homens são criaturas sumamente egoístas, eu tenho vida regalada, porque represento todos os homens e todas as mulheres que existem, sendo pois tratado dum modo especial. Creio que não há palavra mais usada no mundo inteiro do que Eu. Quando uma criatura humana diz Eu, baba-se de gosto porque está falando de si própria.

        — E fora os Pronomes Pessoais não há outros?

        — Há sim — disse Eu —, moram aqui na casa ao lado. Uns pobres coitados...

        Os meninos despediram-se do Pronome Eu para irem visitar os "coitados" da outra casa, muito admirados da petulância e orgulho daquele pronominho tão curto.

        — Parece que tem o presidente da República na barriga — comentou a boneca.

        E parecia mesmo...

        Na outra casa os meninos encontraram os Pronomes POSSESSIVOS — Meu, Teu, Seu, Nosso, Vosso e Seus com as respectivas esposas e com os plurais. Emília, que achava as palavras Meu e Minha as mais gostosas de quantas existem, agarrou o casalzinho e deu um beijo no nariz de cada uma, dizendo:

        — Meus amores!

        Depois encontraram os Pronomes DEMONSTRATIVOS — Este, Esse, Aquele, Mesmo, Próprio, Tal, etc, com as suas respectivas esposas e parentes. As esposas eram Esta, Essa, Aquela, Mesma, Própria, etc, e os parentes eram Essoutro, Estoutro, Aqueloutro, etc.

        — Muito bem — disse Narizinho. — Vamos adiante. Vejo alguns senhores muito conhecidos.

        De fato, mais adiante os meninos encontraram os Pronomes INDEFINIDOS, muito familiares a todos do bandinho. Eram eles: Algum, Nenhum, Outro, Todo, Tanto, Pouco, Muito, Menos, Qualquer, Certo, Vários, etc, com as suas respectivas formas femininas e os competentes plurais.

        — São umas palavrinhas muito boas, que a gente emprega a toda a hora — comentou Emília, sem entretanto beijar o nariz de nenhuma.

        Havia ainda os Pronomes RELATIVOS, quê servem para indicar uma coisa que está para trás. Eram eles: Que, Quem, O Qual, Cujo, Onde, etc, com as suas respectivas esposas e plurais. Quindim exemplificou:

        — O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado. Nesta frase, o Pronome Cuja refere-se a uma coisa que ficou para trás.

        De fato, o Visconde havia perdido a sua cartolinha na aventura com as Palavras Obscenas. Deixara-a para trás.

        — Continue, Quindim — pediu Emília, e o rinoceronte continuou.

        — Temos, por fim, os Pronomes INTERROGATIVOS, que servem para fazer perguntas. Todos usam um Ponto de Interrogação no fim, para que a gente veja que são perguntativos.

        E os meninos viram lá os Interrogativos: Quê? Qual? Quanto? Quem?

        Emília gostou de conhecer aqueles Pronomes. Ela era a boneca que mais trabalho dava aos Senhores Pronomes Interrogativos.

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – Como os Pronomes, assim como os Adjetivos, conseguem se movimentar no bairro, já que "não possuem pernas"?

      Eles só se movimentam amarrados aos VERBOS.

02 – Qual é a função essencial dos Pronomes Pessoais, de acordo com o Pronome 'Eu'?

      Eles servem para substituir os Nomes das pessoas. (Ex: Substituir o Nome Emília pelo Pronome Tu).

03 – Que Pronomes eram chamados de OBLÍQUOS, qual era a sua aparência física e que papel social eles desempenhavam na república?

      Eram os pronomes como Me, Mim, Migo, Te, Ti, Tigo, etc. Eles tinham o pescoço torto e pareciam corcundinhas. Desempenhavam o papel de serviçais (criadagem) dos Pronomes Pessoais.

04 – Cite três exemplos de Pronomes de Tratamento que estavam "tomando sol" no quintal da casa.

      Fulano, Sicrano, Você, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade (Três exemplos são: Você, Vossa Senhoria, Vossa Majestade).

05 – Qual era a origem histórica (evolução) do Pronome 'Você', e qual Pronome ele estava ameaçando expulsar?

      'Você' veio do tratamento Vossa Mercê, que evoluiu para Vossemecê, depois Vosmecê e, por fim, Você. Ele estava ameaçando expulsar o Pronome Tu.

06 – Qual é a razão pela qual o Pronome 'Eu' afirma ter uma "vida regalada" e ser a palavra mais usada no mundo?

      Porque ele representa todos os homens e todas as mulheres que existem, e como os humanos são egoístas, eles "babam-se de gosto" ao falar de si próprios, usando o Eu constantemente.

07 – Quais eram os cinco grupos de Pronomes encontrados na casa vizinha à dos Pronomes Pessoais?

      Pronomes POSSESSIVOS, Pronomes DEMONSTRATIVOS, Pronomes INDEFINIDOS, Pronomes RELATIVOS e Pronomes INTERROGATIVOS.

08 – Qual a função dos Pronomes Possessivos e qual foi a reação de Emília ao ver os Pronomes 'Meu' e 'Minha'?

      Eles indicam posse. Emília os achava os "mais gostosos" de quantos existem, então agarrou o casalzinho e deu um beijo no nariz de cada um.

09 – Qual é a função dos Pronomes Relativos, e qual o exemplo usado por Quindim para se referir ao Visconde?

      Servem para indicar ou se referir a uma coisa que está para trás (um termo já mencionado). O exemplo dado foi: "O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado."

10 – Como as pessoas conseguem identificar que os Pronomes Interrogativos são "perguntativos"?

      Todos os Pronomes Interrogativos usam um Ponto de Interrogação (?) no fim.

 

 

CONTO: O SUSTO DA VELHA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: O susto da velha – Emília no país da gramática

            Monteiro Lobato

        Dona Etimologia ficou uns instantes a olhar para a boneca, balançando a cabeça. Depois continuou:

        — Pois é isso. Substantivos, Adjetivos, Preposições, Conjunções e Interjeições podem ser formados sem a ajuda dos Sufixos, e sim com o emprego duma mesma palavra, mas dando a ela um sentido diferente. O Substantivo Narizinho, por exemplo, que é um simples Diminutivo, pode tornar-se Nome Próprio, como aconteceu aqui com esta menina. Chama-se Narizinho e, portanto, quem diz este nome está dizendo um Nome Próprio. Na frase: O narizinho de Narizinho é arrebitado, o primeiro narizinho é Substantivo Comum, e o segundo é Nome Próprio.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPAvtQtFfDltEYYNSMmgA4Rvac0pA3a5ZlgQn2iDewwgNyN86d8uYuteCAGznpdR8LSTLnxh09Z_SEJqLx_ujS3q8BbLjMhGBM8nN4A-2-TTKVIjWnLGUvjofT8IPoECaZqdQIRoAEnu3HdLf_ZmWYZqHIMupEpnE7IE3h5XCPzgmGdYiW97Nx_0NLDGk/s320/BEM.jpg


        O mesmo se dá com a avó dela, Dona Benta de Oliveira. Oliveira era uma árvore que dava azeitonas; com o tempo o uso mudou esse Substantivo Comum em Nome Próprio, muito empregado para Sobrenomes — e ficaram no mundo duas espécies de Oliveiras — a que dá azeitonas e a que dá Sobrenomes a muita gente.

        — É mesmo! — gritou o menino. — Agora estou vendo que a maior parte dos Nomes Próprios que conheço são Nomes Comuns "apropriados", que, em vez de designarem coisas, passaram a designar pessoas, como Leitão, Inocente, Rosa, Margarida, Esperança, Monteiro, Lobato, Quindim...

        — Do mesmo modo, muitos Adjetivos viram Substantivos, sem nenhuma mudança de forma — continuou a velha. — Brilhante, por exemplo, é um Adjetivo Qualificativo da coisa que brilha, mas se se refere ao diamante lapidado, vira Substantivo.

        O mesmo se dá com certos Pronomes, como o Pronome Tudo, que vira Substantivo na frase: O tudo é vencer. Também há pessoas de Verbo que viram Substantivos. Venda, que é a primeira e a terceira Pessoa do Presente do Modo Subjuntivo do Verbo Vender, vira o Substantivo Venda, com significação de ato de vender ou casa onde se vendem coisas.

        — Na venda do João Nagib, lá perto do sítio, quase que só há pinga, fósforo, bacalhau e sal... Que venda à-toa! — recordou Emília. — Nem bala de apito tem. Dona Benta não gosta que os meninos passem por lá.

        — Pare com isso, Emília, que você até envergonha a espécie — advertiu Narizinho. — Continue, Dona Etimologia, faça o favor.

        E a velha continuou:

        — E também Advérbios e outras Palavras Inflexivas viram Substantivos. Quando uma pessoa diz: A metade do queijo, o Advérbio Metade está virando em Substantivo.

        E também Substantivos viram Adjetivos, como nesta frase: Nova Iorque é uma cidade monstro. O Substantivo Monstro está nesta frase fazendo o papel de Adjetivo para indicar enormidade.

        E também Substantivos viram Interjeições, como nesta frase. . . Socorro! Uma fera africana acaba de invadir minha casa!...

        — Que cara feia ela está fazendo! — murmurou Narizinho, que não havia notado o súbito aparecimento do rinoceronte no fundo da sala.

        — Socorro! — continuou a velha a berrar, no maior pavor da sua vida. — Acudam-me!...

        Só então os meninos perceberam que ela não estava dando nenhum exemplo, e sim urrando de pavor. Puseram-se a rir — e isso ainda mais aumentou o pânico da velha, que supôs ser riso nervoso, desses que atacam certas pessoas quando o perigo é do tamanho duma torre.

        — Não se assuste, Dona Eulália! — gritou Emília. — Este paquiderme é mansíssimo, e até se chama Quindim, nome dum doce muito delicado. Medo de Quindim? Que bobagem! É a melhor criatura do mundo. Uma perfeita moça. Quer ver?

        — E Emília correu para o rinoceronte, sobre o qual trepou pela escadinha de corda que ele trazia pendente no costado — invenção de Pedrinho para facilitar a "montagem" do paquiderme, como ele dizia. A boneca deu jeito e logo se plantou, muito a cômodo, sobre o terrível chifre de Quindim.

        Está vendo, Dona Brites? Poderá haver monstro mais carneiro? Venha também. Não se vexe. Lá no sítio, Dona Benta e Tia Nastácia, quando não há gente grande perto para espiar, não saem do lombo de Quindim. Venha. Deixe-se de fedorências...

        Mas não houve meio. Dona Etimologia era a maior das medrosas, e para acalmá-la foi preciso que o Visconde afastasse dali o excelente paquiderme.

        A pobre velha queixou-se de sufocação no peito e teve de tomar um bule inteiro de chá calmante.

        — Ufa! Que susto! Enfim... Mas como ia dizendo. . . Que é que eu ia dizendo?... Sim, que as palavras derivam umas das outras de dois modos. Mas ele não chifra ninguém lá no tal sítio?

        — Nem mosquito — respondeu Emília. — Juro pela alma do Visconde.

        A velha assoprou três vezes.

        — Mas como ia dizendo, a Derivação das palavras faz-se por meio de Sufixos e Prefixos. Já falei nos Prefixos?

        — Um pouquinho só — disse Pedrinho.              

        — Pois os tais Prefixos são palavrinhas da mesma família que os Sufixos, mas que se colocam na frente. Isso de servir de cauda é especialidade dos Sufixos. Existem numerosos Prefixos, mas como estou muito nervosa, vou citar apenas alguns, como Sub, Intro, Ver, Sus, Com, os quais servem para formar palavras como Subdividir, Intrometer, Percorrer, Sustento, Compadre, etc. Uf! Que bicho horrendo! Aquele chifre pontudo no meio da testa...

        — Continue, dona! — berrou Emília. — Esqueça duma vez o fanico. Já está enjoando.

        A velha assoprou de novo, suspirou e disse:

        — Há ainda a formação de palavras por JUSTAPOSIÇÃO, quando duas palavras se ligam para exprimir uma terceira coisa. Guarda e Chuva, por exemplo, têm o sentido que vocês sabem; mas quando se justapõem, dão a palavra Guarda-chuva, que é coisa diferente, Bem-te-vi, Beija-flor, Corrimão, Pica-pau, Girassol e tantas outras, são formadas deste modo.

        — Saca-rolhas, Aguardente e Lambe-pratos, também — começou Emília, mas Narizinho impôs-lhe silêncio e a velha prosseguiu.

        — Há ainda a formação de palavras por AGLUTINAÇÃO, na qual uma das palavras perde um pedacinho para melhor fundir-se com outras, como essa Aguardente que Emília acaba de citar. Se houvesse apenas Justaposição, ficaria Aguaardente; mas a Aglutinação faz que desapareça um dos AA.

        E há, finalmente, a formação de palavras por HIBRIDISMO, em que entram vocábulos de línguas diferentes, como em Monóculo. Mono é palavra grega que quer dizer Um, ou Único; e Óculo é palavra latina.

        — Lá no sítio de Dona Benta — lembrou Emília — Mono quer dizer macacão. O Tio Barnabé, que mora perto da ponte, Dona Benta diz que é um verdadeiro mono.

        — Sei disso — declarou a velha, rindo-se —, mas em grego Mono significa único.

        — Único macacão?

        — Cale-se, Emília, por favor! — pediu a menina.       

        A velha continuou:

        — Se vocês quiserem visitar as palavras gregas usadas para a formação de vocábulos novos, espiem aquele cercado de arame. Lá estão todas.

        Os meninos correram ao ponto indicado, que era o curral onde a velha conservava as suas palavras gregas.

        — Xi!... Quantas!... — exclamou Narizinho. — E todas com papeleta no pescoço, para mostrar o que querem dizer em português.

        Estavam lá, entre muitas, as seguintes greguinhas: Geo (terra), que serve para formar Geografia, Geologia, Geometria, Geodésia, etc. E Micro (pequeno), que serve para formar Micróbio, Microscópio, etc. E Tri (três), que serve para formar Trigonometria, Trilogia, etc. E Zoo (animal), que serve para formar Zoologia, Zootecnia, etc. E Pan (tudo), que serve para formar Panteísmo, Panorama, etc. E Bio (vida), que serve para formar Biologia, Biografia, etc. E Rino (nariz), que serve para formar Rinoceronte.

        — Ora vejam só! — berrou Emília. — Quindim chama-se rinoceronte por causa do nariz. Rino é nariz. E Ceronte? Que será Ceronte? Veja se acha essa palavra aí do seu lado, Narizinho.

        Custou um pouco, mas acharam. Ceronte queria dizer chifre.

        — Pronto! — gritou Emília, radiante. — Rinoceronte significa nariz no chifre.

        — Ou chifre no nariz? — objetou Narizinho. — A tradução na ordem direta não dá certo, porque na realidade Quindim não tem nenhum nariz no chifre.

        Emília mostrava-se cheiíssima de si com as muitas coisas novas que ia aprendendo, e passou por lá mais de uma hora decorando palavras gregas para com elas formar outras diferentes. Súbito, gritou:

        — Já sei o seu nome em grego, Narizinho.

        — Como é?

        — Microrrino! Micro quer dizer pequeno, e Rino quer dizer nariz. Nariz pequeno é narizinho...

        — Mas por que chamam híbridas a estas palavras feitas só do grego? — indagou o menino. — Híbrido, que eu sei, é o burro e a mula, filhos de jumento e égua. Será que estas palavras são as mulas da língua? Vou perguntar à velha.

        Perguntou, e Dona Etimologia explicou que Híbrido queria dizer Mestiço de duas raças diferentes.

        — Então aquelas palavras do cercado não são Híbridas, e sim de puro sangue.

        — Perfeitamente — concordou a velha. — Um verdadeiro vocábulo Híbrido é o Monóculo, que já citei; como também Centímetro e Mineralogia, porque nos três casos metade da palavra é grega e outra metade é latina. Estas, sim, são as verdadeiras mulas da língua.

        Emília juntou uma porção de palavras gregas e latinas para fazer lá no sítio uma criação de palavras Híbridas. Entre elas levou Demo, que significa Povo; Odonto, que significa Dente; Tele, que significa Longe; Topo, que significa Lugar; Fono, que significa Voz — todas gregas.

        — Levo estas só — disse ela. — Palavras latinas temos lá muitas, naquele dicionário grandão de Dona Benta. Com estas já podemos fazer uma criação de Híbridos de primeira ordem.

        Pedrinho não quis ficar atrás e levou mais as seguintes, também gregas: Gastro, que significa Ventre; ídolo, que significa Imagem; Miso, que significa Ódio; Di, que significa Dois; Tetra, que significa Quatro — e mais umas quantas.

        — Quero ver quem cria Híbridos mais bonitos, se você ou eu — disse ele.

OBRA INFANTO-JUVENIL DE MONTEIRO LOBATO. Edição do Círculo do Livro. Emília no País da Gramática. As figuras de sintaxe. https://www.fortaleza.ce.gov.br.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com a explicação de Dona Etimologia, como o Substantivo Comum 'Oliveira' (árvore) se converteu em Nome Próprio/Sobrenome (Dona Benta de Oliveira)?

A. Pela adição de um sufixo que o transforma em nome de família.

B. Através da formação de palavras por Justaposição com o termo 'Dona'.

C. Por um processo de Hibridismo, misturando latim e grego.

D. Pelo uso que mudou seu sentido, empregando-o como sobrenome sem alterar sua forma.

02 – No exemplo 'O tudo é vencer', qual classe gramatical o Pronome 'Tudo' assume, conforme a explicação gramatical?

A. Advérbio.

B. Verbo.

C. Substantivo.

D. Adjetivo.

03 – A palavra 'Venda', que significa 'casa onde se vendem coisas', é citada como um Substantivo que se origina de qual outra classe gramatical, de acordo com Dona Etimologia?

A. Um Adjetivo Qualificativo.

B. Um Advérbio Inflexivo.

C. Uma conjugação (pessoa) do Verbo Vender.

D. Um Substantivo Comum no diminutivo.

04 – Qual fenômeno ocorre com a palavra 'monstro' na frase 'Nova Iorque é uma cidade monstro', quando ela é usada para indicar 'enormidade'?

A. Adjetivação (Substantivo → Adjetivo).

B. Substantivação (Substantivo Comum → Nome Próprio).

C. Aglutinação de palavras.

D. Derivação (Substantivo → Interjeição).

05 – A palavra 'Guarda-chuva', formada pela união de 'Guarda' e 'Chuva' sem que nenhuma delas perca um pedacinho, é um exemplo de qual processo de formação de palavras?

A. Derivação por Prefixos.

B. Justaposição.

C. Aglutinação.

D. Hibridismo.

06 – O que difere o processo de Aglutinação do processo de Justaposição, usando o exemplo de 'Aguardente'?

A. Na Aglutinação, as palavras devem ser de línguas diferentes, e na Justaposição não.

B. A Justaposição exige um Prefixo na primeira palavra, e a Aglutinação não.

C. A Aglutinação forma palavras que exigem hífen, e a Justaposição não.

D. Na Aglutinação, uma das palavras perde um pedacinho para melhor se fundir com a outra.

07 – Qual é a definição de um vocábulo 'Híbrido', de acordo com a explicação de Dona Etimologia ao menino Pedrinho?

A. Uma palavra formada apenas por radicais de origem grega.

B. Qualquer palavra composta formada por Justaposição ou Aglutinação.

C. Um vocábulo mestiço, formado pela junção de palavras de duas raças, ou seja, línguas diferentes.

D. Um neologismo criado por Pedrinho e Emília no Sítio.

08 – Baseado na etimologia das palavras gregas aprendidas, o que significa a palavra 'Rinoceronte', segundo Emília?

A. Chifre com vida (Ceronte + Bio).

B. Nariz no chifre (Rino + Ceronte).

C. Animal grande com quatro chifres (Di + Ceronte).

D. Um paquiderme de chifre pontudo (Ceronte + Pontudo).

09 – Com quais radicais gregos Emília forma o nome 'Microrrino' para Narizinho, e qual é o significado desse novo vocábulo?

A. Tele (longe) e Rino (nariz), significando 'nariz de longe'.

B. Mono (único) e Rino (nariz), significando 'nariz único'.

C. Micro (pequeno) e Rino (nariz), significando 'nariz pequeno' ou 'narizinho'.

D. Micro (pequeno) e Bio (vida), significando 'vida pequena'.

10 – Qual foi a causa do 'susto da velha' Dona Etimologia, que a levou a berrar e a precisar de chá calmante?

A. A dificuldade em explicar a diferença entre prefixos e sufixos.

B. A interrupção constante e as piadas de Emília sobre o macacão de Tio Barnabé.

C. A revelação de que Quindim, o rinoceronte, estava escondido no fundo da sala.

D. O susto nervoso causado pelo Visconde de Sabugosa ao falar sobre prefixos e sufixos.