Reportagem: Futebol feminino é ato de resistência na periferia [...]
Mesmo
com a visibilidade trazida pela Copa, o futebol feminino continua refletindo a
desigualdade de gênero no esporte
“Não vai ter uma Formiga para sempre,
uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver.
Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim”. Essa foi a
fala da integrante da Seleção Brasileira Marta, melhor jogadora do mundo de
futebol, que fez um discurso emocionante na despedida do Brasil na Copa do
Mundo feminina, que aconteceu neste ano [2019], na França.
E o discurso emocionado de Marta
encerra a primeira copa do mundo de futebol feminino transmitida nos canais de
televisão. Além disso, algumas empresas deram direitos iguais aos seus
funcionário: folga para todos assistirem as partidas que a seleção brasileira
disputava.
E mesmo com toda a visibilidade trazida
pela Copa, o futebol feminino continua em desvantagem, refletindo a
desigualdade de gênero dentro do esporte. Salários infinitamente menores, menos
visibilidade, falta de patrocínio e a luta diária contra o preconceito.
E essa dificuldade vai piorando
conforme ela [vai] chegando nas periferias das cidades. Em São Paulo, no bairro
Jardim Castelo, nos campos que são alugados pelo equipes de várzea – nome
paulistano dado ao futebol amador – as mulheres ficam com a xepa.
Os campos só podem ser utilizados pelos
times femininos depois que os masculinos acabarem seus jogos. Os vestiários
ficam todos sujos com a passagens dos homens por lá. Além disso, os times
femininos encontram dificuldades em obter patrocínio, o mínimo que seja,
ficando impossível de investir em coisas básicas como estrutura, uniforme e até
mesmo água para a equipe.
A diretora da Liga Feminina de Futebol
Amador, Maria Amorim, conversou com nossa reportagem para contar como é a
realidade do futebol de várzea feminino. Segundo ela, é um “ato de
resistência”.
[...]
PUTTI, Alexandre.
Futebol feminino é ato de resistência na periferia. Assista ao vídeo. Carta
Capital, 9 ago. 2019. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/futebol-feminino-e-ato-de-resistencia-na-periferia-assista-ao-video/.
Acesso em: 11 maio 2020.
Fonte: Estações e
Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª
edição, São Paulo, 2020. p. 58-9.
Entendendo a reportagem:
01 – Você acha que a
resistência feminina acontece apenas nas corridas? Explique.
Resposta pessoal
do aluno.
02 – No trecho: “[...] nos campos que são alugados pelo
equipes de várzea – nome paulistano dado ao futebol amador – as mulheres
ficam com a xepa.”, as palavras destaque são regionalismos, isto é,
utilizadas em determinadas regiões dentro do território em que se fala uma
língua.
a) O que elas significam no contexto em que foram usadas?
Enquanto a palavra várzea
é usada para designar um campo de futebol utilizado por times de amadores; xepa é utilizada em referência às
últimas mercadorias expostas em uma feira livre, os alimentos que não foram
vendidos e que são oferecidos por preço mais baixo aos consumidores.
b) Elas são faladas na região onde você mora? Você as utiliza no dia a dia?
Resposta pessoal do aluno.
03 – Por que o futebol
feminino de várzea é um “ato de resistência”, segundo Maria Amorim, diretora da
Liga Feminina de Futebol Amador?
Segundo Maria Amorim,
o futebol feminino de várzea é um ato de resistência porque, apesar de todo o
preconceito machista enfrentado pelas mulheres, o qual resulta em ações como
usar o campo apenas depois dos homens, sujeitar-se a usar vestiários sujos
pelos jogadores e não ter patrocínio para comprar o básico para a equipe, ainda
jogam e reforçam que o futebol é também um esporte feminino.
04 – Considerando as
informações do texto, é possível afirmar que a resistência das mulheres vale
também para o futebol profissional? Por quê?
É importante que eles percebam que o
discurso de Marta, a jogadora mais premiada da história da FIFA até 2020,
questiona a atitude machista em relação ao futebol feminino e pede que as
mulheres se imponham no esporte. No texto, a frase “Salários infinitamente
menores, menos visibilidade, falta de patrocínio e a luta diária contra o
preconceito.”, destaca as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres no
futebol profissional.
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