O Bêbado e a Equilibrista -
Elis Regina
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil!
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar
ANÁLISE: "O
Bêbado e a Equilibrista" é uma das mais famosas músicas que berraram nos
ouvidos da covarde ditadura - mesmo "covarde ditadura" sendo
redundante, vale destacar - militar que assolou - e assombrou - o Brasil de
1964 a 1985. A música foi composta por Aldir Blanc e João Bosco e lançada no LP
"Linha de Passe", em 1979 e gravada por Elis Regina, voz que deu
forma à música e ficou conhecidíssima.
Como a doce adjetivação da esperança - equilibrista - existem muitas possibilidades para as geniais - e geniosas - metáforas de Aldir Blanc. Como a de que as "estrelas" seriam generais e "céu", a prisão. *
Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.
Henfil costumava encher os ouvidos do amigo de suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.
Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma linda melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir escreveu a música e fez uma singela homenagem ao rimar "Brasil" com "irmão do Henfil", esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilização, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse "Betinho", ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da "Ação da Cidadania".
Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado: "Mano velho, prepare-se! Agora nós temos um hino e quem tem um hino faz uma revolução!". Dito e feito!
Como a doce adjetivação da esperança - equilibrista - existem muitas possibilidades para as geniais - e geniosas - metáforas de Aldir Blanc. Como a de que as "estrelas" seriam generais e "céu", a prisão. *
Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.
Henfil costumava encher os ouvidos do amigo de suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.
Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma linda melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir escreveu a música e fez uma singela homenagem ao rimar "Brasil" com "irmão do Henfil", esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilização, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse "Betinho", ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da "Ação da Cidadania".
Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado: "Mano velho, prepare-se! Agora nós temos um hino e quem tem um hino faz uma revolução!". Dito e feito!
A campanha pela anistia irrestrita foi
a primeira movimentação nacional que obteve sucesso desde o início da sangrenta
ditadura militar no Brasil. Vários manifestos ocorreram no mundo inteiro,
inclusive a Conferência Internacional da Mulher, no México, que fez de 1975 o
Ano Internacional pela Anistia.
Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam "O Bêbado e a Equilibrista".
Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam "O Bêbado e a Equilibrista".
INTERPRETAÇÃO
1 – Qual é o nome da música?
E quem canta?
O Bêbado e a Equilibrista, por Elis
Regina.
2 – Quem são os compositores
da letra? Em que ano foi gravada?
A composição é de
João Bosco e Aldir Blanc, no ano de 1.979.
3 – A letra da música se
refere a que acontecimento?
Refere-se a época da “Covarde Ditadura”
no Brasil de 1.964 a 1.985.
4 – Qual foi a reação de Betinho
ao ouvir pela primeira vez a música cantada pela Elis Regina?
“Mano velho, prepare-se! Agora nós temos
um hino, e quem tem um hino faz uma revolução”.
5 – Em que ano Betinho
retornou ao Brasil? E como foi recebido?
Chegou ao Brasil em 1.979, foi recebido
com uma manifestação onde tinha umas duzentas pessoas e cantavam a música “O
Bêbado e a Equilibrista”.
6 – Segundo Aldir Blanc,
qual seria a interpretação para; “Equilibrista”, “Estrelas” e “Céu”?
- “Equilibrista” seria as pessoas que
conseguiram superar a “covarde ditadura”.
- “Estrelas” seriam os generais.
- “Céu” seria a prisão.
7 – Quando que o Herbert de
Souza (Betinho) tornou-se conhecido?
Nos anos noventa,
após a criação da “Ação da Cidadania”.
8 – Qual foi a primeira
movimentação nacional que se teve sucesso no Brasil?
Foi a Campanha pela Anistia Irrestrita.
9 – O Ano Internacional pela
Anistia foi realizada em 1.975; qual era o nome e onde foi realizada?
Foi a Conferência Internacional da
Mulher, realizada no México.
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