Meninos e meninas que estão
saindo da infância e entrando na adolescência ainda gostam de brincar, mas,
muitas vezes, sentem vergonha disso e até brincam em segredo.
REPORTAGEM: O MISTÉRIO DOS BRINQUEDOS DESAPARECIDOS
Meninos e meninas que começam a sair da infância contam que ainda gostam de
brincar – mas em segredo. Responda rápido: boneca ou show da Avril Lavigne?
Carrinho ou videogame? Bola ou bate-papo na internet? [...] “Ou” é uma palavra
que quer dizer “alternância, exclusão, dúvida e incerteza”. É a palavra que bem
define uma fase vivida por meninos e meninas com nove, dez e onze anos de
idade, quando a boneca, a bola e o carrinho já nem sempre estão nas listas de
“melhores amigos”, mas ainda não foram parar no fundo do armário ou no quartinho
da bagunça. É quando a palavra “criança” já começa a ficar pequena para alguém
que esticou, mudou de preferências e começa a virar pré-adolescente, um ensaio
para a adolescência. É ser “meio-termo, nem criança nem adolescente”, define
Sophia, 10. E aí os objetos da infância – os brinquedos – até viram um segredo
guardado a sete chaves. Assim acontece com Dora, 9, dona da boneca Lili, um
presente da avó da menina, num tempo em que ela só gostava de bonequinhas. De
vez em quando, lá está ela brincando com a Lili, seu brinquedo de estimação.
Mas Dora conta isso meio baixinho: “Acho que não tenho mais idade para brincar
de boneca, eu fico com vergonha”. Para as amigas, ela explica que Lili é só
“enfeite” 01 05 10 15 .2. do quarto. “Eu não sei se elas [as colegas] ainda
brincam, vai que elas já pararam e só eu que brinco”, raciocina. Às vezes,
criança e, às vezes, mocinha, Clara, 10, gosta de “trocar roupinhas da boneca”
e curte o som de Avril Lavigne, cantora que arrastou a menina para seu primeiro
show de rock. “Não brinco mais que a boneca é minha filhinha, essas coisas, mas
gosto de escolher a roupa que ela vai usar”, explica. Gabriella, 11, conta que
as meninas de sua idade têm mesmo vergonha de falar que gostam de boneca porque
isso “é infantil”. Ela mesma diz que hoje prefere ficar conversando com as
amigas. Falando de quê? “Sobre... sobre... sei lá, às vezes, sobre meninos.” Já
Thiago, 10, diz que não tem vergonha de inventar corrida com os carrinhos que
coleciona. Coloca os carros em fila, faz barulho de motor em movimento: “Vruum,
vruum, vruum!”, e planeja: “Só vou deixar de brincar de carrinho com 12 anos,
aí vou estar mais velho”. A menina Ana, 9, explica um pouco como são essas
mudanças: “A gente vai crescendo e deixando os brinquedos de lado, porque
cansa”. “Quase adolescente” tem Dia da Criança O menino Kevin, 10, diz que a
vantagem de ser pré-adolescente – ou “um quase adolescente” – é ter ainda Dia
da Criança. Carrinho ou bonequinho de presente? Não, ele já encomendou para a
avó um game de futebol. Seu amigo de escola, Mathias, 9, está na mesma onda:
vai ganhar um videogame novinho. E não são só eles: Carolina escolheu uma
bolsinha, Sophia deseja um toca-MP3 e Thiago quer uma fita do Harry Potter.
Ninguém pediu brinquedo. [...] Gabriela Romeu.
Folhinha,
suplemento infantil do jornal Folha de S. Paulo, 8 de out. 2005. p.4-5.
A partir da leitura do Texto, “O
mistério dos brinquedos desaparecidos”, faça as questões a seguir.
1 - O Texto afirma que “Meninos e meninas que
começam a sair da infância contam que ainda gostam de brincar – mas em
segredo”. A origem de manter a brincadeira em segredo é:
A – ( ) a dificuldade de achar um lugar
calmo.
B – ( ) a preocupação de estragar o
brinquedo.
C – ( ) o medo de serem criticados pelos
amigos.
D – (X) o prazer
de ficar sozinho.
E – ( ) a má vontade de emprestar o
brinquedo.
2 - O verbo esticar, em “... para alguém que
esticou...” (l. 7), significa:
A – (X) trocar de posição.
B – ( ) mudar de lugar.
C – ( ) consertar a postura.
D – ( ) tornar-se maior.
E – ( ) ajeitar o corpo.
3 - De acordo com as informações contidas na
reportagem, só não se pode afirmar que:
A – ( ) a incerteza é uma das
características das fases vividas pelos meninos e meninas com idade entre 9 e
11 anos.
B – ( ) as aspas foram usadas com uma
única finalidade: reproduzir a fala dos entrevistados.
C – (X) o texto
revela que os “melhores amigos” dos jovens não ficaram esquecidos dentro dos
armários.
D – ( ) todos os entrevistados são
crianças de, no máximo, 11 anos de idade.
E – ( ) a expressão “segredo guardado a
sete chaves” é um exemplo de linguagem figurada.
4 - Em “E aí os objetos de infância – os brinquedos
– até viram...” (l. 10), o emprego do duplo travessão:
A – ( ) introduz uma explicação sobre o
termo anterior.
B – ( ) introduz uma descrição física.
C – ( ) separa o vocativo do resto da
frase.
D – ( ) estabelece uma ideia de
comparação.
E – (X) intercala a fala do personagem.
5 - “Seu amigo de escola,
Mathias, 9, está na mesma onda...” (l. 33) É correto afirmar que, de acordo com
a passagem acima, estar na mesma onda é:
A – ( ) fazer algo diferente da maioria.
B – (X) não pedir
brinquedo no Dia da Criança.
C – ( ) preferir as brincadeiras
infantis.
D – ( ) não aceitar a entrada na
pré-adolescência.
E – ( ) permanecer com atitudes que
caracterizam as crianças pequenas.
6 - Entre o mundo
das bonecas e o universo das mocinhas, ela já começou a frequentar espetáculos
musicais. A que menina referem-se as características acima?
A – ( ) Dora
B – ( ) Gabriella
C – (X) Sophia
D – ( ) Clara
E – ( ) Ana .
7 - O vocabulário destacado em cada frase a
seguir pode significar: somente, apenas ou sozinho(a). Em que opção ele assume
o último significado citado?
A – ( ) Ela só gostava de bonecas.
B – ( ) A boneca é só um enfeite.
C – ( ) Você só quer brincar de boneca?
D – (X) As amigas delas só falam sobre os
meninos.
E – ( ) Ele brinca e não se sente só.
8 - É correto afirmar que o
texto lido:
A – ( ) oculta o comportamento dos
pré-adolescentes.
B – ( ) desvenda e explica o mistério
anunciado no título.
C – (X) cria
ainda mais mistério para o leitor.
D – ( ) aponta o entrevistado Kevin como
o único que não vê vantagem em ser pré-adolescente.
E – ( ) mostra a igualdade de atitude dos
entrevistados Thiago e Dora, em relação aos brinquedos que possuem.
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