SIMULADO
DE PORTUGUÊS PARA O ENSINO MÉDIO – COM GABARITO
Leia o texto para as
questões de 1 a 5.
Vivemos mais uma grave crise, repetitiva
dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustração
cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição de
liderança oficial se reúnem em eventos como este, para lamentar o estado de
coisas. O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a
auto absolvição? É da história do mundo que as elites nunca introduziram
mudanças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos nos enganando se
achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam a motivação
para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa
ter. Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo
empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos
riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para meu desânimo, a soma do
faturamento das nossas mil maiores e melhores empresas, e chego a um número
menor do que o faturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a
Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos
irrelevantes como potência econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos
como população”.
01)
Dentre os períodos transcritos do texto, um é
composto por coordenação e contém uma oração coordenada sindética adversativa.
Assinalar
a alternativa correspondente a este período.
a) A
frustração cresce e a desesperança não cede.
b) O
que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a
auto-absolvição?
c) É
também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza suficiente para
distribuir.
d)
Sejamos francos.
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência econômica,
mas ao mesmo tempo extremamente representativos como população.
02) Considere as seguintes
afirmações sobre a palavra EMPOBRECIMENTO .
I) Nela ocorre o mesmo
prefixo que existe na palavra EMAGRECER .
II) O sufixo que nela ocorre
forma SUBSTANTIVOS a partir de verbos.
III) Ela é formada por
DERIVAÇÃO SUFIXAL. Quais estão corretas?
a)
Apenas I.
b)
Apenas II.
c)
Apenas III.
d)
Apenas I e III.
e) I, II e III.
03) “(...) as elites nunca
introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo.” O pronome
relativo em destaque na frase desempenha papel sintático de:
a) objeto direto.
b) sujeito.
c)
complemento nominal.
d) Objeto indireto.
e) predicativo.
04) “Aliás, é ingenuidade
imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo empobrecimento da elite.
É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza suficiente para
distribuir.” A oração em destaque no período acima é:
a) coordenada sindética.
b) principal.
c) subordinada adjetiva restritiva.
d) Subordinada
substantiva objetiva direta.
e) subordinada adverbial consecutiva.
05) Assinale a alternativa
incorreta quanto à classificação da oração subordinada substantiva em destaque.
a) “Mas que dizer do poeta numa prova
escolar?
Que ele é meio pateta (objetiva direta)
e não sabe rimar?”
b) “Mas ele desconhecia
Esse fato
extraordinário:
Que o operário faz a coisa (apositiva)
E a coisa faz o
operário.”
c) “[Tinha] medo que lhe dissessem
alguma coisa, que a olhassem muito.” (Completiva nominal)
d) “...com esses
cabelos brancos parece que não vou morrer...” (predicativa).
e) É preciso que se coma frutas e
legumes. (Subjetiva)
06) Em qual dos exemplos
abaixo está presente um caso de derivação parassintética?
a) Lá vem ele, vitorioso do combate.
b) Ora, vá plantar batatas!
c) Começou o ataque.
d) Assustado, continuou a se distanciar
do animal.
e) Não vou mais
me entristecer, vou é cantar.
07) "Conheci Madalena
que era boa em demasia... A culpa foi desta vida que me deu uma alma agreste.
Procuro recordar o que dizíamos. Terá realmente piado a coruja? Será a mesma
que piava há dois anos?”
(Graciliano Ramos, São Bernardo)
Em relação às orações
subordinadas em destaque no trecho acima, tem-se que:
a) todas são substantivas. d) três são
adjetivas.
b) duas são adverbiais.
c) todas são
adjetivas.
d) três são adjetivas.
e) duas são substantivas
08) Qual das palavras
retiradas do texto é formada pelo processo de derivação sufixal?
a) desesperança
b) desânimo.
c) irrelevantes.
d) faturamento.
e) ciclo.
09) Nos trechos:
“...nem um dos autores nacionais ou
nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major” e
“...o essencial é achar-se as palavras
que o violão pede e deseja” encontramos, respectivamente, as seguintes figuras
de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) catacrese e eufemismo.
e) metonímia e
prosopopeia.
10) Leia:
A cidade de Aparecida, onde foi
encontrada a imagem de Nossa Senhora, à qual são atribuídos muitos milagres,
fica intransitável na festa da Padroeira do Brasil, que ocorre no dia doze de
outubro.
Em relação aos pronomes relativos em destaque,
é correto afirmar que:
a) onde está empregado incorretamente,
pois ele não pode representar um lugar, espaço físico.
b) que está
corretamente empregado e representa o antecedente “festa da Padroeira do
Brasil”.
c) a preposição em deveria preceder o
que, por isso há erro no emprego desse pronome.
d) à qual está corretamente empregado e
representa o antecedente “A cidade de Aparecida”.
e) que poderia ser substituído por
“cuja”.
11) Assinale a alternativa em
que a conjunção subordinada adverbial destacada exprime ideia de condição.
a) “Quando chegou a hora, tive vontade
de desanimar.”
b) “Para que eu seja um bom escritor é
preciso que descreva Glória com precisão.”
c) “Mas minha
mãe diz que prefere [meu casamento], contanto que eu fique com o nome limpo.”
d) “Há vários dias ansiava por ele, como
um jovem adolescente espera o dia de ir ao cinema com a namoradinha.”
e) “Ainda que eu falasse a língua dos
homens, sem amor, eu nada seria”.
12) Observe:
I) Eu posso reclamar, estou na minha
razão.
II) Houve avanços na negociação entre
trabalhadores e empresários, a situação ainda não foi resolvida.
III) Apiedei-me da borboleta caída no
chão, tomei-a na palma da mão fui depô-la no peitoril da janela.
IV) Não desista de seus sonhos, eles são
plenamente realizáveis.
Assinale a alternativa com os tipos de
conjunções coordenativas que preenchem correta e respectivamente as lacunas das
frases acima.
a) explicativa,
adversativa, aditiva, explicativa.
b) aditiva, explicativa, adversativa,
adversativa.
c) adversativa, adversativa, aditiva,
explicativa.
d) explicativa, aditiva, explicativa,
adversativa.
e) aditiva, explicativa, adversativa,
adversativa.
13) Todas as orações
reduzidas destacadas são subordinadas adverbiais concessivas, exceto uma.
Assinale-a:
a) Não conseguiu realizar uma boa prova,
mesmo sabendo toda a matéria.
b) Ocupado com
tantos afazeres, não tenho tido muito tempo para o lazer.
c) Ela chegou rapidamente ao local da
festa sem conhecer direito o caminho.
d) Apesar de estar bastante ansiosa, a
professora fez uma louvável apresentação.
e) Mesmo fazendo de tudo, não consegui
convencê-la a voltar.
Leia:
Criança periférica rejeitada...
Teu
mundo é um submundo.
Mão nenhuma te valeu na derrapada.
Ao acaso das ruas –
nosso encontro. És tão pequeno... eu tenho medo. Medo de você crescer, ser
homem. Medo da espada de teus olhos...
(Cora
Coralina, Menor abandonado).
14) Quais são as figuras de linguagem
presentes nos termos destacados?
a) eufemismo e metáfora
b) metonímia e
metáfora
c) eufemismo e antítese
d) antítese e metonímia
e) metáfora e catacrese.
15) Observe:
I) “Enquanto eu invento e
desinvento “moda”. (Caetano Veloso).
II) “Esse alguém me diria:
“Desiste, essa busca é inútil”. (Paulo Vanzolini).
III) “E que essa vida entre
assim (...) Desvirginando a madrugada”. (Gonzaguinha).
IV) “Você se chama grã-fino
e eu afino tanto quanto desafino do seu tom”. (Caetano Veloso).
Quanto ao processo de
formação das palavras em negrito, assinale a alternativa incorreta.
a)
“Desinvento”, item I, é formada por “prefixação”.
b) “Desiste”,
item II, é formada por prefixação.
c) “Inútil” item II, é formada por
prefixação.
d) “Desvirginando”, item III, é formada
por prefixação e sufixação.
e) “Desafino” item IV, é formada por
prefixação.
16) Após a leitura dos
excertos abaixo e de suas comparações, podemos concluir que:
EXCERTO I
Esta [língua tupi]
é mui branda, a qualquer nação fácil de tomar (...): carece de três letras,
convém saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto porque
assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamente sem
terem, além disto, conta nem peso, nem medida.
Pero de Magalhães Gândavo – cronista
português do séc. XVI. História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente
Chamamos Brasil.
EXCERTO II
Ora sabereis que
a sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua
e escrevem noutra. (...) Nas conversas utilizam-se os paulistanos dum linguajar
bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro no vernáculo, mas não deixa de
ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas vozes do brincar. (...)
Mas se de tal desprezível língua se utilizam na conversação os naturais desta
terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem
Latino, de Lineu exprimindo-se numa outra linguagem (...), que, com imperecível
galhardia, se intitula: língua de Camões!
Mário de Andrade.
Macunaíma, cap. IX — “Carta pras Icamiabas”, 1928.
a) o comentário do cronista sobre a
língua e a cultura indígena contém uma ironia carregada de preconceito. Ao
contrário disso, não há ironia cultural, só linguística, no que Macunaíma diz
da Língua Portuguesa.
b) o cronista colonial observa a
ausência de três letras na Língua Indígena, F, L e R, para concluir daí, sem
nenhuma ironia, o estado de desordem em que viviam os aborígines. Também não há
ironia no que Macunaíma diz da Língua Portuguesa.
c) a visão do colonizador português, contida
no excerto I, é idêntica à do colonizado, expressa no excerto II. Ambos se
igualam na compreensão que revelam das diferenças linguísticas e culturais.
d) a ironia do colonizador (excerto I) desmerece a língua e a
cultura indígena. A ironia do índio Macunaíma (excerto II) ridiculariza a
colonização cultural dos brasileiros, quando escrevem numa suposta "língua
de Camões", latinizada e pomposa, que o próprio Macunaíma parodia em sua
carta.
e) o texto de Gândavo mostra uma
compreensão da cultura indígena incomum para a sua época, ao tratá-la com
respeito e seriedade, sem nenhum traço de ironia. O mesmo não se pode dizer do
texto de Macunaíma: carregada de humor e de deboche, sua carta não permite
nenhum conhecimento acerca da cultura brasileira.
17) Com relação aos gêneros
literários, é INCORRETO afirmar que, no gênero:
a) narrativo, o narrador pode ser
externo ou interno.
b) lírico, o
artista retrata criticamente a realidade.
c) épico, o autor se apega à
objetividade e à impessoalidade.
d) lírico, a tendência do escritor é
revelar as emoções que o mundo causou nele.
e) dramático, há ausência de narrador,
apresentando-se um conflito através do discurso direto.
18) O termo (ou expressão)
destacado que está empregado em seu sentido próprio, denotativo ocorre em:
a) “(...)
É de laço e de nó
De gibeira o
jiló
Dessa vida, cumprida a sol (...)”
(Renato Teixeira. Romaria. Kuarup
Discos. Setembro de 1992.)
b) “Protegendo os inocentes
é que Deus,
sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais."
(Maria N.
S. Carvalho. Evangelho da Trova. /s. n. b.)
c) “O
dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos mais
comuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumo
obrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas."
(Maria T. Camargo
Biderman. O dicionário-padrão da língua. Alfa (28),2743, 1974 Supl.)
d)
(O Globo. O menino maluquinho. Agosto
de 2002.)
e) "Humorismo é a arte de fazer
cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o
cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é
verdadeiramente trágico para se fazer."
(Leon
Eliachar. www.mercadolivre.com.br. Acessado em julho de 2005).
LXXVIII (CAMÕES,
1525-1580).
Leda serenidade deleitosa,
Que
representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro
e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo
e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser formosa;
Fala
de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso
nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor;
mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L.
Obra completa. Rio de Janeiro:
Nova
Aguilar, 2008.
SANZIO, R. (1483-1520).
A mulher com o unicórnio. Roma, Galeria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012.
19) A pintura e o poema,
embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do
mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos:
a) apresentarem um retrato realista,
evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no
poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na
apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos
adjetivos do poema.
c) apresentarem
um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados
pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito medieval da
idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos
adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal de
mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela
expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
LABAREDAS NAS TREVAS
FRAGMENTOS DO DIÁRIO SECRETO DE
TEODOR KONRAD NALECZ KORZENIOWSKI
20 DE JULHO
[1912]
Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe
uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou revista se
interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre
Stephen Crane. Ririam da sugestão. [...] Dificilmente encontro alguém, agora,
que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens
escritores que estão surgindo ele simplesmente não existe."
20 DE DEZEMBRO
[1919]
Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como
o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram dezenove anos desde que
Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London
Mercury resolveu celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que,
segundo eles, foi "um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo.
FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo:
Companhia das Letras,
1992 (fragmento).
20) Na construção de textos
literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao
empregar o enunciado metafórico "Muito peixe foi embrulhado pelas folhas
de jornal", pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em
questão, uma relação semântica de:
a) causalidade, segundo a qual se
relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a
consequência.
b) temporalidade, segundo a qual se
articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes
em questão.
c) condicionalidade, segundo a qual se
combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de
circunstâncias apresentadas na outra.
d) adversidade, segundo a qual se
articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação
argumentativa distinta e oposta à outra.
e) finalidade, segundo a qual se
articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo,
para uma ação e a outra, o desfecho da mesma.
SONETO
DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o
pranto
Silencioso e branco como a bruma.
E das bocas unidas fez-se a espuma.
E
das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento.
Que
dos olhos desfez a última chama.
E da paixão fez-se o pressentimento.
E do
momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente.
Fez-se de
triste o que se fez amante.
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo
próximo o distante.
Fez-se da vida uma aventura errante.
De repente, não mais
que de repente.
(Vinícius de Morais).
21) Releia com atenção a
última estrofe:
“Fez-se de amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura
errante
De repente, não mais que de repente.”
Tomemos a palavra amigo. Todos
conhecem o sentido com que esta forma linguística é usualmente empregada no
falar atual. Contudo, na Idade Média, como se observa nas cantigas medievais, a
palavra amigo significou:
a) colega d) simpático
b) companheiro
c) namorado
d) simpático.
e) acolhedor.
22) Assinale a alternativa
incorreta a respeito das cantigas de amor.
a) O ambiente é rural
ou familiar.
b) O trovador assume o eu lírico
masculino: é o homem quem fala.
c) Têm origem provençal.
d) Expressam o desejo amoroso do
trovador por uma dama inacessível.
e) A mulher é um ser superior,
normalmente pertencente a uma categoria social mais elevada que a do trovador.
23) Sobre a poesia trovadoresca
em Portugal, é incorreto afirmar que:
a) refletiu o pensamento da época,
marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.
b) representou
um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais
baixos da sociedade.
c) pode ser dividida em lírica e
satírica.
d) em boa parte de sua realização, teve
influência provençal.
e) as cantigas de amigo, apesar de
escritas por trovadores, expressam o eu lírico feminino.
“Ai dona fea!
Foste-vos queixar
porque vos nuca louv’em meu trobar
mais ora quero fazer um
cantar
em que vos loarei toda via
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha
e sandia!”.
24) Assinale a afirmação
correta a respeito do trecho de João Garcia de Guilhade.
a) É cantiga
satírica.
b) Foi o primeiro documento escrito em
língua portuguesa (1189-1198).
c) Trata-se de cantiga de amigo.
d) Foi escrita durante o Humanismo
(1418-1527).
e) Faz parte do Auto da Feira.
25) Sobre Leonardo da Vinci,
é verdadeira afirmar que:
a) Foi o mais importante escultor e
poeta do Renascimento Italiano.
b) Foi um
importante pintor, escultor, cientista, engenheiro, escritor e físico do
Renascimento.
c) Foi um importante governante italiano
que patrocinou vários artistas e cientistas do período renascentista.
d) Foi um importante escultor e pintor
italiano do Renascimento, cuja principal obra é Pietá.
e) Foi um importante cronista e poeta
das Grandes Navegações.
26) Qual dos países abaixo é
considerado o berço do Renascimento?
a) França.
b) Itália.
c) Espanha.
d) Holanda.
e) Portugal.
TEXTO I:
Andaram na praia, quando saímos, oito ou
dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este
dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam
arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que
lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com
suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. A
carta de Pero Vaz de Caminha.
Porto Alegre: L&PM, 1996
(fragmento).
TEXTO II:
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL de Cândido
Portinari
27) Pertencentes ao
patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de
Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos,
constata-se que:
a) a carta de Pero Vaz de Caminha
representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras
brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas
nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte
acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta,
como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente
da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem
linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e
artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são
manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento
histórico, retratando a colonização.
28) Com base na Carta do
Achamento, de Pero Vaz de Caminha, considere as seguintes afirmações.
I) Na Carta, o escrivão
Caminha descreve o descobrimento de uma nova terra, chamando a atenção para a
beleza natural, a fertilidade, a cordialidade dos índios e as riquezas.
II) No texto, é possível
perceber um dos objetivos da expansão marítima de Portugal: catequização dos
gentios para a ampliação do mundo cristão.
III) A Carta, um dos relatos
que fazem parte da literatura informativa sobre o Brasil, é considerada mais um
documento histórico do que uma obra literária.
Das afirmativas acima,
pode-se dizer que:
a) apenas I está correta
b) apenas III está correta
c) apenas I e II estão corretas
d) apenas II e III estão corretas.
e) I, II e III
estão corretas.
CABELUDINHO
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela
me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de
ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me
fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está
fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de
sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de
uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas
palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra
feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não
disilimei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia a nossa
quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com
elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de
lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que
elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não
me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu
ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
BARROS, M. Memórias
inventadas: a infância.
São Paulo: Planeta, 2003.
29) No texto, o autor
desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre
os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de
ateu”, “desilimina esse” e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor
destaca:
a) os desvios linguísticos cometidos
pelos personagens do texto.
b) a importância de certos fenômenos
gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa.
c) a distinção clara entre a norma culta
e as outras variedades linguísticas.
d) o relato fiel de episódios vividos
por Cabeludinho durante as suas férias.
e) a valorização
da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem.
30) Leia.
Carta a uma jovem que, estando em uma
roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor
chamando-o “o senhor”: Senhora: Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de
peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem
de ninguém. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não
querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos
senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de
senhor, e bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de
minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o
território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no
meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste. Vi o muro e calei:
não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez
primeira.
BRAGA, R. A borboleta amarela.
Rio de Janeiro: Record, 1991.
A escolha do tratamento que
se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de
uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O
trecho que descreve essa violação é:
a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de
uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste”.
b) “A única nobreza do plebeu está em
não querer esconder a sua condição”.
c) “Só poderíeis ter encontrado essa
senhoria nas rugas de minha testa”.
d) “O território onde eu mando é no país
do tempo que foi”.
e) “Não é de muito, eu juro, que
acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira”.
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