segunda-feira, 24 de julho de 2017

TEXTO: O HOMEM QUE SABIA SER LIVRE - FAUSTO WOLFF - COM GABARITO

 TEXTO:O HOMEM QUE SABIA SER LIVRE

 Fausto Wolff

    Leitores gentis têm escrito dizendo que gostariam de ser livres como eu. Sinto decepcioná-los, mas não sou um homem livre e não conheço nenhum homem livre. Venho, isso sim, tentando ser um homem livre desde minha mais remota lembrança. Aliás, se tivesse de adivinhar – pois a minha ignorância é de bom tamanho e posso afirmar apenas alguns axiomas que se sustentam por si mesmos –, diria que nossa função na Terra é a de tentarmos ser livres a cada milésimo de segundo, acordados e até mesmo quando adormecidos. A liberdade, porém, não é algo que se peça, não é algo que se compre, pela qual se implore, pois se existe alguém que pode dar liberdade este alguém também tem condições de tirá-la. Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.
         Para se conquistar certas liberdades, porém, precisa-se quebrar uma lei feita por alguém que não quer ver você livre. Estou há horas esperando por um telefonema sem poder sair do lugar: tenho de mudar de apartamento pois, de um tempo para cá, passei a ganhar menos dinheiro. E o proprietário do apartamento mais barato só espera até o fim da tarde. Veem? Não me pertenço e não tenho culpa de não me pertencer. É claro que poderia jogar todo para o alto e ir morar no mato. Nenhum homem é uma ilha. Ele é ele mais suas circunstâncias. No meu caso, eu e os compromissos que assumi, e se outros falharam comigo não é motivo para eu falhar com os que de mim dependem. Caso contrário, teríamos a barbárie vestindo Gucci e Armani.
         (...)
         A liberdade gera responsabilidade e com ela culpa. A liberdade está ligada indissoluvelmente ao caráter do homem e este é determinado biológica e socialmente. Erich Fromm (o grande pensador do século 20 e por isso desprezado por seus pares, uma vez que não se escondia atrás do palavrório acadêmico) achava que a psicanálise de Freud e a sociologia de Marx tinham a chave do futuro. Os dois grandes pensadores estão em aberto para a evolução humanística. Se eu pudesse, gostaria de promover um encontro num bar entre Marx, Freud e Fromm.
       Fromm talvez conseguisse explicar a Marx que o homem só pode ser feliz se parir a si mesmo, à sua personalidade; e a Freud que o homem, mesmo conhecendo a si mesmo, para ser feliz precisa ver uma sociedade que o respeite mais do que ao lucro, que respeite mais o ser que o ter. Depois disso só precisamos convencer aquela parte mínima da população mundial que nos escraviza e para a qual a liberdade é o próprio diabo. Isso porque a liberdade leva ao pensamento e o pensamento à descoberta da escravidão.
       (...)
                                                       (JB, 18/12/2005. Caderno B, p.4).

01) Segundo o texto, o homem que sabia ser livre era:
       a) Erich Fromm;      
       b) Marx;
       c) Freud;
       d) Stockman.
       e) O próprio autor.

02) Para o autor, a liberdade é algo:
       a) eterno;
       b) efêmero;
       c) real;
       d) ideal.
       e) necessário.

03) “Ele é ele mais suas circunstâncias.” Esta passagem é esclarecida no segmento:
       a) “Isso porque a liberdade leva ao pensamento e o pensamento à descoberta da escravidão.”;
       b) “Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.”
       c) “A liberdade gera responsabilidade e com ela culpa.”;
       d) “Os dois grandes pensadores estão em aberto para a evolução humanística.”;
       e) “Estou há horas esperando por um telefonema sem poder sair do lugar”.

04) Em “palavrório acadêmico”, o uso da expressão sublinhada:
       a) enaltece o discurso acadêmico;
       b) ressalta a menos valia do discurso acadêmico;
       c) revela a ineficácia do discurso acadêmico;
       d) indica a incoerência dos que se julgam sábios;
       e) critica o academicismo estéril.

05) “Venho, isso sim, tentando ser um homem livre desde minha mais remota lembrança.” A expressão sublinhada:
       a) reafirma as convicções atuais do autor;
       b) retoma e reafirma as convicções do autor;
       c) antecipa, de forma positiva, as convicções do autor;
       d) reforça afirmativamente as convicções do autor;
       e) contraria as expectativas dos que escrevem ao autor.

06) “...o homem, mesmo conhecendo a si mesmo...” Neste segmento, as palavras sublinhadas são respectivamente:
       a) advérbio e pronome;      
       b) conjunção e pronome;
       c) conjunção e advérbio,
       d) conjunção e pronome.      
       e) advérbio e conjunção.

07) “Caso contrário, teríamos a barbárie vestindo Gucci e Armani.” O trecho é um exemplo de:
       a) metonímia;
       b) metáfora;
       c) personificação;
       d) catacrese
       e) antítese.

08) Na passagem “Fromm talvez conseguisse explicar a Marx que o homem só pode ser feliz se parir a si mesmo, à sua personalidade...”, o sinal de crase:
       a) é obrigatório por estar seguido de expressão feminina;
       b) é facultativo por seguir-se de pronome possessivo.
       c) torna-se obrigatório em função da clareza do texto;
       d) é facultativo por se tratar de um objeto direto preposicionado;
       e) é facultativo porque o pronome possessivo está no feminino.

09) “A liberdade, porém, não é algo que se peça, não é algo que se compre, pela qual se implore, pois se existe alguém que pode dar liberdade este alguém também tem condições de tirá-la. Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.” Marque a alternativa que indica corretamente o número de ocorrências dos valores morfossintáticos da palavra “se”, no trecho em destaque:



pronome apassivador  pronome indeterminador    conjunção                       
 a)    1                                       2                                  2
b)      1                                       3                                 1          
 c     2                                        2                                  1
d)     3                                        1                                  1      
 e)     2                                        1                                 2            

AS QUESTÕES 10, 11 E 12 SE REFEREM AO TRECHO SEGUINTE:

        “Para se conquistar certas liberdades, porém, precisa-se quebrar uma lei feita por alguém que não quer ver você livre.”

10) O verbo quebrar é empregado com o mesmo significado que o do trecho em:
       a) Desobedeça-me e quebre a cara;
       b) Vá até a praça, quebre à direita e encontrará o endereço;
       c) Não quebre o que ficou acordado entre nós;
       d) O vidro da janela se quebrou;
       e) O time quebrou a sequência de vitórias do adversário;

11) Segundo a norma culta, o verbo conquistar:
       a) deveria estar flexionado no plural;
       b) poderia estar flexionado no plural;
       c) tem de ficar no singular, pois a partícula se é apassivadora;
       d) tem de ficar no singular, pois a partícula se é indeterminadora do sujeito;
       e) tem de ficar no singular, pois seu sujeito é oracional.

12) Na passagem, há:
       a) seis orações;
       b) cinco orações;
       c) quatro orações;
       d) três orações.
       e) duas orações.

13) “Nenhum homem é uma ilha”. Das alterações feitas na frase do texto, marque a que apresenta erro de concordância:
       a) Nenhum de nós é uma ilha;
       b) Cada um de nós não é uma ilha;
       c) Todos somos dependentes uns dos outros;
       d) Quais de nós são uma ilha?
       e) Qual de nós somos uma ilha?

14) Marque o par que não segue integralmente a relação estabelecida entre livre/liberdade:
       a) próprio/propriedade;      
       b) pena/ penalidade
       c) contrário/contrariedade;
       d) capaz/capacidade.
       e) boçal/boçalidade.

TEXTO II:

  
     

15) Dentre as prováveis causas da certeza da “conclusão estúpida” não se afigura:
       a) preconceito;      
       b) arrogância;
       c) ignorância;
       d) vergonha.
       e) intolerância.

16) A relação de sentido entre a imagem da menina e o seu nome se estabelece através de um processo:
       a) antitético;
       b) irônico;
       c) metafórico;
       d) hiperbólico.
       e) metonímico.

17) A palavra “como” indica:
       a) modo;      
       b) causa;
       c) intensidade;
       d) dúvida.
       e) certeza.


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