terça-feira, 20 de novembro de 2018

SIMULADO - HUMANISMO - COM GABARITO

Simulado - Humanismo


01 – (FUVEST) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com a inesperado de cada situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor primeiro a relativizar a distinção entre Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares mais ridicularizadas e as mais severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo.

02 – Observe a afirmação abaixo:
        A Provença, região sul da França, chamada Langue d´Oc ou Languedoc, foi o berço das primeiras manifestações de uma lírica sentimental, a cantiga de amigo, de caráter cortês, refinada, que fazia da mulher o santuário de sua inspiração poética e musical.
Esta afirmação é verdadeira ou falsa? Justifique-a. 
      Verdadeira. Resposta pessoal do aluno.

03. Assinale a afirmação falsa sobre as cantigas de escárnio e mal dizer:
a) Os alvos prediletos das cantigas satíricas eram os comportamentos sexuais (homossexualidade, adultério, padres e freiras libidinosos), as mulheres (soldadeiras, prostitutas, alcoviteiras e dissimuladas), os próprios poetas (trovadores e jograis eram frequentemente ridicularizados), a avareza, a corrupção e a própria arte de trovar.
b) As cantigas satíricas perfazem cerca de uma quarta parte da poesia contida nos cancioneiros galego- portugueses. Isso revela que a liberdade da linguagem e a ausência de preconceito ou censura (institucional, estética ou pessoal) eram componentes da vida literária no período trovadoresco, antes de a repressão inquisitorial atirá-las à clandestinidade.
c) A principal diferença entre as duas modalidades satíricas está na identificação ou não da pessoa atingida.
d) Algumas composições satíricas do Cancioneiro Geral e algumas cenas dos autos gilvicentinos revelam a sobrevivência, já bastante atenuada, da linguagem livre e da violência verbal dos antigos trovadores.
e) O elemento das cantigas de escárnio não é temático, nem está na condição de se omitir a identidade do ofendido. A distinção está no retórico do “equívoco”, da ambiguidade e da ironia, ausentes na cantiga de maldizer.

04 – (FUVEST-SP) Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente: 
a) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas instituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas.
c) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com a inesperado de cada situação.
d) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor primeiro a relativizar a distinção entre Bem e o Mal.
e) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares mais ridicularizadas e as mais severamente punidas.

05 – Sobre o Humanismo, assinale a afirmação incorreta:
a) Teve como centro irradiador a Itália e como precursor Dante Alighieri, Boccaccio e Petrarca.
b) Retorna os clássicos da Antiguidade greco-latina como modelos de Verdade, Beleza e Perfeição.
c) Associa-se à noção de antropocentrismo e representou a base filosófica e cultural do Renascimento.
d) Denomina-se também Pré-Renascentismo, ou Quatrocentismo, e corresponde ao século XV.
e) Representa o apogeu da cultura provençal que se irradia da França para os demais países, por meio dos trovadores e jograis.

06 – (FUVEST) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente:
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) Representa o melhor do teatro clássico português.
c) Só escreveu peças e português.
d) Escreveu a novela Amadis de Gaula.
e) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.

07 – Complete: O Cancioneiro Geral contém:
      Cantigas trovadorescas.

08 – Leia com atenção o fragmento do Auto da Barco do Inferno, de Gil Vicente:
Parvo - Hou, homens dos breviários,
Rapinastis coelhorum
Et pernis perdigotorum
E mijais nos campanários.
        Levando em consideração as características do teatro vicentino, o que não é correto afirmar sobre o texto?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Escrito em linguagem próxima à atual.

09 – Cite duas características do teatro de Gil Vicente:
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Alegorias, fusão do religiosos com o mundano, crítico.

10 – Comente sobre a poesia palaciana. 
      Feita para ser lida, não mais acompanhada de música.

11 – (Fuvest-SP) “Coube ao século XIX a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica e comentada do Cancioneiro da Ajuda, por Carolina Michaelis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de conjunto do valiosíssimo espólio descoberto.” C. Primão. 
a) Qual é essa “primeira época lírica”?
     Trovadorismo.

b) Que tipos de composições poéticas se cultivaram nessa época?
     Cantigas trovadorescas.

12 – (MACK) Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo: 
a) Época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. 
b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época. 
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro Geral. 
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo assunto é religioso, desprovido de crítica social. 

13 – Assinale a incorreta:
a) A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). 
b) Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os trovadores. 
c) Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
d) As cantigas eram cantadas no idioma português, bem similar ao nosso português atual.

14 – Assinale com C as afirmações certas e com E as erradas.
(C) Cantigas de amor – Origem da Provença, região da França, trazidas através dos eventos religiosos e contatos entre as cortes. Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente de posição social superior, inatingível. Refletindo a relação social de servidão, o trovador roga a dama que aceite sua dedicação e submissão.
(C) Cantigas de amigo – Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o homem. O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de vista é feminino, mostrando o outro lado do relacionamento amoroso – o sofrimento da mulher à espera do namorado (chamado "amigo"), a dor do amor não correspondido, as saudades, os ciúmes, as confissões da mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente familiar, evidenciando o caráter popular da cantiga de amigo.
(C) Cantigas de escárnio – crítica indireta e irônica.
(C) Cantigas de maldizer – crítica direta e mais grosseira.

15 – Assinale V (verdadeiro) ou F (falso), após analisar as afirmações que se seguem sobre o Trovadorismo:
(V) A prosa medieval retrata com mais detalhes o ambiente histórico-social desta época. A temática das novelas medievais está ligada à vida dos cavaleiros medievais e também à religião.
(V) O marco inicial do Trovadorismo data da primeira cantiga feita por Paio Soares Taveirós, provavelmente em 1198, entitulada Cantiga da Ribeirinha.
(V) A vida do homem medieval é totalmente norteada pelos valores religiosos e para a salvação da alma. O maior temor humano era a ideia do inferno que torna o ser medieval submisso à Igreja e seus representantes. São comuns procissões, romarias, construção de templos religiosos, missas etc. A arte reflete, então, esse sentimento religioso em que tudo gira em torno de Deus. Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica.
(V) As relações sociais estão baseadas também na submissão aos senhores feudais. Estes eram os detentores da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder absoluto sobre seus servos ou vassalos. Há bastante distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a superioridade de uma sobre a outra.

16 – A canção associava o amor-elevação, puro, nobre, inatingível, ao amor dos sentidos, carnal, erótico; a alegria da razão (o amor intelectual) à alegria dos sentidos.
        A afirmação acima está correta ou incorreta? Justifique a sua resposta.
      Correta. Resposta pessoal do aluno.

17 – Leia o trecho que se segue e complete a lacuna com a expressão literária adequada do Trovadorismo em prosa:
      A Demanda do Santo Graal é a Novela de Cavalaria mais importante para a literatura portuguesa. Ela retrata as aventuras dos cavaleiros do Rei Artur em busca do cálice sagrado (Santo Graal). Este cálice conteria o sangue recolhido por José de Arimatéia, quando Cristo estava crucificado. Esta busca (demanda) é repleta de simbolismo religioso, e o valoroso cavaleiro Galaaz consegue o cálice.

18 – Leia a informação abaixo e responda às questões:
        Designa-se por Trovadorismo o período que engloba a produção literária de Portugal durante seus primeiros séculos de existência (séc. XII ao XV). 
a) Por que a estética literária se denomina de Trovadorismo?
      Porque é baseada nas composições criadas pelos trovadores, que construíam trovas.

b) O que é uma trova?
      Composição poética simples, utilizava a medida velha e esquema rímico xaxa.

c) Como se chamam -- de forma bem genérica – os cantadores medievais da época do trovadorismo?
      Bardos.

d) Como eram denominados os músicos que eram mantidos por uma corte; eram pagos por uma determinada corte, prestando-lhe serviços musicais?
      Menestréis.







ROMANCE: LUCÍOLA(FRAGMENTO) - JOSÉ DE ALENCAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

ROMANCE: Lucíola (fragmento)
        
                       José Alencar

        Apenas o médico saiu, ela olhou-me tristemente:
        -- Era o primeiro! Mas o tato das entranhas maternas, sejam elas virgens ainda, não engana. Nosso filho, Paulo, o teu, porque ele era mais teu do que meu, já não existe.
        À noite declarou-se a febre; uma febre intensa que a fez delirar. Foi então que conheci quanto eu vivia no seu pensamento: ela não disse no delírio uma só palavra que não se referisse a mim e alguma circunstância de nossa vida mútua, desde o primeiro dia em que nos encontramos.
        Pela manhã, depois de um sono curto e agitado, achei-a mais tranquila:
        — Tu me prometes, Paulo, casar com Ana!
        — Não tratemos disso agora, minha amiga! Quando ficares boa, tudo o que tu quiseres eu farei para a tua felicidade.
        — Mas essa promessa me daria tanto alívio agora!
        — Escuta, Maria, esse casamento nos tornaria infelizes a ti, à tua irmã, e a mim, que não poderia amá-la, mesmo por causa dessa semelhança! Tu viverias sempre entre mim e ela!
        — Pois bem, promete-me que se ela não for tua mulher, lhe servirás de pai.
        — Juro-te!
        Beijou-me as mãos:
        — Ela vai ter tanta necessidade de um pai!
        Os acessos da febre repetiram-se durante três dias, e sempre mais graves. Uma tarde em que o médico apresentou a Lúcia um remédio:
        — Para que é isso? perguntou ela com brandura.
        — Para aliviá-la do seu incômodo. Logo que lançar o aborto, ficará inteiramente boa.
        — Lançar! ... Expelir meu filho de mim?
        E o copo que Lúcia sustentava na mão trêmula, impelido com violência, voou pelo aposento e espedaçou-se de encontro à parede.
        — Iremos juntos! ... Murmurou descaindo inerte sobre as almofadas do leito. Sua mãe lhe servirá de túmulo.
        De joelhos à cabeceira eu suplicava-lhe que bebesse o remédio que a devia salvar.
        — Queres acompanhar teu filho, Maria, e abandonar-me só neste mundo. Vive por mim!
        — Se eu pudesse viver, haveria forças que me separassem de ti? Haveria sacrifício que eu não fizesse para comprar mais alguns dias da minha felicidade? Mas Deus não quis. Sinto que a vida me foge!
        A instâncias minhas bebeu finalmente o remédio, que nenhum efeito produziu. A febre lavrava com intensidade: eu já não tinha esperanças.
        — O remédio de que eu preciso é o da religião. Quero confessar-me, Paulo.
        Lúcia tomou os sacramentos com uma resignação angélica; e abraçando a irmã, disse-lhe:
        — Perdes uma irmã, Ana; fica-te um pai. Ama-o por ele, por ti e por mim.
        O dia se passou na cruel agonia que só compreendem aqueles que, ajoelhados à borda de um leito, viram finar-se gradualmente uma vida querida.”
                                                                                  Jose de Alencar
Entendendo o texto:

01 – UEGO Assinale V, para as afirmações verdadeiras, e F, para as falsas:
(F) Em “– Pois bem, promete-me que se ela não for tua mulher, lhe servirás de pai.” Neste período, evidencia-se um desrespeito às convenções gramaticais quanto ao uso do pronome oblíquo “lhe”, exemplificando assim um caso de próclise, que também ilustra a oralidade ou a espontaneidade da fala.
(V) É artifício da produção de textos o uso das reticências. Nesse texto em foco, elas foram usadas por duas vezes indicando então que o narrador imprime ao enredo a hesitação, a surpresa e estupefação da personagem ante a situação nova com que se defronta.
(V) O texto apresentado enquadra-se como narrativo-descritivo.
(F) Nos trechos: “– Queres acompanhar teu filho, Maria, e abandonar-me só neste mundo. Vive por mim!” e em: “O dia se passou, na cruel agonia que só compreendem aqueles...”, a palavra “” tem equivalente função morfológica (= classe de palavra) em ambas as situações.

02 – Este fragmento literário acima foi retirado de um romance. O que é um romance?
      Narrativa longa com apenas um núcleo.

03 – Defina os protagonistas.
·        Lúcia = apresentação direta, esférica, indivíduo.
·        Paulo = apresentação indireta, esférica, indivíduo.

04 – Defina o narrador e o espaço:
      Narrador-observador; espaço físico (quarto de Lúcia).

05 – Leia esta crítica ao livro:
        “Lucíola é um romance urbano, em que Alencar transforma a cortesã em heroína, esta purifica sua alma com o amor de Paulo. Ela não se permite amar, por seu corpo ser sujo e vergonhoso, e ao fim da vida, quando admite seu amor, declara-se pertencente à Paulo. É a submissão do amor romântico, onde a castidade é valorizada.”
Você concorda com essa firmação: JUSTIFIQUE a sua resposta.
      Sugestão: Sim. Porque ela prefere morrer a matar o fruto do amor dela e de Paulo.

06 – Releia: “E o copo que Lúcia sustentava na mão trêmula, impelido com violência, voou pelo aposento e espedaçou-se de encontro à parede.” O termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para a frase, por:
a) empurrado.
b) largado.
c) jogado.
d) destruído.

07 – Assinale o item que caracteriza corretamente as narrativas curtas:
a) conto, crônica, romance.
b) conto, crônica, fábula.
c) lenda, fábula, saga.
d) romance, saga, novela.

08 – Assinale o item que caracteriza corretamente as narrativas longas:
a) conto, crônica, romance.
b) conto, crônica, fábula.
c) lenda, fábula, saga.
d) romance, saga, novela.

09 – O enredo desse trecho aproxima-se mais do item:
a) Tendo sua ilusão desfeita de que conseguiria casar seu amigo com sua amiga, Lúcia morre de desgosto.
b) Não podendo casar com Paulo, Lúcia tentara casá-lo com sua irmã.
c) A heroína, Lúcia, abandona todos na miséria ao morrer com seu filho.
d) Paulo não deseja que Lúcia tenha o filho, por isso pede que ela tome o remédio que a fará abortar.

10 – São personagens secundárias deste trecho em estudo:
a) Paulo e Ana.
b) Paulo e o médico.
c) Ana e o médico.
d) Paulo e Lúcia.



segunda-feira, 19 de novembro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): GAROTA DE IPANEMA - TOM JOBIM COM VINÍCIUS DE MORAES- COM QUESTÕES GABARITADAS

ATIVIDADES COM A Música: Garota De Ipanema


                                     Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor

                Composição: Antônio Carlos Jobim / Vinícius De Moraes

Entendendo a canção:
01 – Quais são as características física da moça de Ipanema?
      Ela tem um doce balanço e o corpo dourado.

02 – Segundo o eu poético o que faz a moça ter o corpo dourado?
      Tem o corpo dourado por causa do sol de Ipanema.

03 – Retire do texto as expressões que dão ideia de movimento.
      A garota andando com seu doce balanço.

04 – Por que o mundo fica mais lindo quando a garota passa?
      O eu poético está deslumbrado com a beleza da garota, com seu caminhar cheio de graça, por isso, diz isto.

05 – Quais as qualidades da garota que são mencionadas no poema?
      Que é linda, cheia de graça, tem um doce balanço ao caminhar, seu corpo é dourado de bronzeado no sol de Ipanema.

06 – Que figura de linguagem o eu poético usou no verso: “O mundo inteirinho se enche de graça”?
      Hipérbole.

07 – Na canção predomina a linguagem:
a)   Conotativa.
b)   Denotativa.

Agora, explique o que é conotação e denotação.
·        Conotativa = É a linguagem carregada de emoção, sentimento, sons. Não real.
·        Denotativa = É a linguagem verdadeira, real, informativa que não traz emoção ao interlocutor.

08 – Retire da canção três expressões com linguagem conotativa.
      Expressões: Cheia de graça / Doce balanço / O mundo sorrindo.

09 – Você já ouviu falar da Praia de Ipanema. Ela fica em que estado do Brasil?
a)   São Paulo.
b)   Santa Catarina.
c)   Rio de Janeiro.
d)   Paraná.

10 – Na terceira estrofe, que motivos deixam o “eu poético triste”?
      “Porque a beleza que não é só dele / Que também passa sozinha...”


CONTO: EU ESTAVA ALI DEITADO - LUIZ VILELA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: EU ESTAVA ALI DEITADO
               
   LUIZ VILELA

        Eu estava ali deitado olhando através da vidraça as roseiras no jardim fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas venezianas do meu quarto e de repente cessava e tudo ficava tão quieto tão triste e de repente recomeçava e as roseiras frágeis e assustadas irrompiam na vidraça e eu estava ali o tempo todo olhando estava em minha cama com a minha blusa de lã as mãos enfiadas nos bolsos os braços colados ao corpo as pernas juntas estava de sapatos Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos deixe de preguiça menino! mas dessa vez eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada ela sentou-se na beirada da cama e pousou a mão em meu joelho e falou você não quer mesmo almoçar?
        Eu falei que não quer comer nada? eu falei que não nem uma carninha assada daquelas que você gosta? com uma cebolinha de folha lá da horta um limãozinho uma pimentinha? ela sorriu e deu uma palmadinha no meu joelho e eu também sorri mas falei que não estava com a menor fome nem uma coisinha meu filho? uma coisinha só? eu falei que não e então ela ficou me olhando e então ela saiu do quarto eu estava de sapatos e ela não falou nada ela não falaria nada meus sapatos engraxados bonitos brilhantes
        Ele não quer comer nada? escutei papai perguntando e mamãe decerto só balançou a cabeça porque não escutei ela responder e agora eles estavam comendo em silêncio os dois sozinhos lá na mesa em silêncio o barulho dos garfos a casa quieta e fria e triste o vento zunindo lá fora e nas venezianas de meu quarto.
        — Você precisa compreender isso, Carlos
        — Não posso, Miriam
        — Não daria certo
        — Não daria certo?
        — Nossos temperamentos não combinam
        — Não é verdade
        — Assim será melhor para nós dois
        Não Miriam não é verdade Miriam não é certo Miriam não pode Miriam não pode não pode! ó meu Deus não pode.
        Papai estava parado à porta pensei que você estava dormindo ele falou eu sorri que vento hem! ele falou e eu olhei para a vidraça e lá estavam as roseiras frágeis e assustadas, fustigadas pelo vento esse mês de junho é terrível ele falou ele estava parado no meio do quarto estava de paletó e gravata de pulôver esfregava as mãos eu vou lá no Jorge você não quer ir também? ele ficou olhando pra mim esperando não papai dar uma volta? não obrigado você vai virar sorvete aí dentro ele brincou e eu ri e ele riu e então ficou sério de novo esfregava as mãos fiquei com pena dele eu sabia que ele queria me dizer alguma coisa sabia quase o que ele queria me dizer mamãe devia ter dito a ele Artur chama o Carlos para dar uma volta e ele dissera isso mas agora era diferente era ele mesmo que queria me dizer alguma coisa e estava atrapalhado ficava atrapalhado quando queria conversar essas coisas com um filho e então esfregava as mãos não era por causa do frio Carlos eu sei o que você está sentindo ele falou Eu sei como é muito aborrecido mesmo mas há coisas piores sabe? eu olhei para ele e então ele abaixou a cabeça e de novo estava atrapalhado e de novo eu fiquei com pena dele eu sei que você gosta muito dela eu sei eu sei que isso é muito aborrecido mas ele olhou pra mim não se preocupe papai eu falei não precisa se preocupar não é nada eu sei mas você não almoçou eu estava sem fome pois é e então nós dois ficamos calados ele tirou o relógio do bolso e olhou as horas você não quer ir mesmo no Jorge? ele perguntou e eu falei que não então ele saiu do quarto escutei ele abrindo o portão e depois os passos dele na calçada o vento zunia lá fora eu estava olhando para os meus sapatos ela gostava deles assim engraxados bonitos brilhantes você é tão cuidadoso Carlos como gosto de você não pode calcular o tanto que eu gosto de você se te acontecesse alguma coisa se te acontecesse alguma coisa eu não sei o que eu faria mas não vai acontecer nada bem vai? Não vai não pode se te acontecesse alguma coisa acho que eu morreria eu gosto demais de você demais, demais.
        Fechei os olhos e contei até quinhentos e recordei os nomes de todas as capitais do Brasil e da Europa e recordei os nomes das dezenas de rios e dezenas de montanhas e deitei de bruços e deitei do lado direito deitei do lado esquerdo e deitei de bruços outra vez e pus o travesseiro em cima da cabeça e pus o travesseiro de baixo da cabeça e apertei a cabeça contra a parede e apertei mais ainda a cabeça contra a parede que ela doeu e então virei de costas outra vez e enfiei as mãos nos bolsos colei os braços ao corpo juntei as pernas abri os olhos e estava de novo olhando através da vidraça as roseiras frágeis e assustadas fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas venezianas de meu quarto.
                                                        (De no bar. Rio, Bloch, 1968.)
Glossário:
Fustigado = açoitado, castigado, maltratado.
Irromper = entrar com ímpeto, com violência, invadir subitamente.
Veneziana = persiana, janela com lâminas que formam frestas e escurecem o ambiente.
Zunir = movimentar-se produzindo ruído agudo, zumbir.

Entendendo o conto:
01 – O conto que você leu está centrado em uma personagem.
a)   Quem? Onde ela se encontra?
Carlos está deitado na cama, em seu quarto.

b)   Além do espaço ocupado por ela, que outros espaços são mencionados? O que o leitor sabe sobre eles?
O jardim, onde o vento zune fustigando roseiras “frágeis e assustadas”, e o cômodo onde os pais de Carlos almoçam.

c)   Quais são as ações realizadas por essa personagem ao longo da narrativa?
Carlos apenas se revira na cama, olha para os próprios sapatos ou para a vidraça e troca poucas palavras com os pais.

d)   Para você, qual a duração cronológica aproximada das ações?
Resposta pessoal do aluno.

02 – O sentimento predominante no texto é o de tristeza.
a)   Qual é o motivo do abatimento de Carlos?
Míriam, a namorada (ou noiva) de Carlos, decidiu separar-se dele.

b)   Carlos relembra dois momentos distintos que vivenciou com Míriam. Essas lembranças o ajudam a compreender sua situação atual? Explique.
Não, elas apenas justificam seu inconformismo, pois revelam uma contradição. A primeira lembrança mostra uma Míriam decidida e fria, que justifica vagamente a separação. A segunda, provavelmente mais antiga, mostra uma Míriam apaixonada (“se te acontecesse alguma coisa acho que eu morreria [...]”).

03 – Carlos não está em sintonia com as pessoas que o cercam, mas está em sintonia com o espaço, que, de certa forma, reproduz seu estado de espírito.
a)   Como está a casa de Carlos?
Quieta, fria e triste.

b)   Como está o tempo na tarde retratada?
Faz frio e venta.

04 – No conto predomina o espaço físico ou psicológico? Explique sua resposta.
      Predomina o espaço psicológico: os pensamentos, as emoções e as lembranças de Carlos são o núcleo do texto.

05 – A personagem principal do conto, presa em sua dor, desenvolve pensamentos obsessivos. Qual é a estratégia utilizada no texto para mostrar ao leitor que Carlos não consegue se libertar de certas ideias e imagens?
      A repetição intencional de algumas expressões, que mostra o pensamento de Carlos voltando sempre aos mesmos pontos.

06 – No último parágrafo do conto, o narrador-personagem relata os artifícios que utiliza para tentar desviar seu pensamento da separação.
a)   Quais são esses artifícios?
Ele conta até quinhentos, rememora nomes de capitais, rios, montanhas, pressiona a cabeça contra a parede.

b)   Eles se mostram úteis?
Não.

c)   Tentar esquecer uma decepção amorosa e não conseguir é uma experiência comum, com a qual praticamente todos os leitores conseguem se identificar. Que outras situações retratadas no texto podem remeter o leitor a vivências conhecidas?
A falta de apetite causada por tristeza; a mãe se preocupa, querendo que o filho coma; a dificuldade do pai em falar com o filho sobre sentimentos.




FÁBULA: O LOBO E O CÃO - MILLÔR FERANDES - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: O Lobo e o Cão
           Millôr Fernandes


        Encontrando-se um Lobo e um Cão num caminho, disse o Lobo:
        — Tenho inveja, companheiro, de te ver tão gordo, com o pescoço grosso e o cabelo luzidio; eu ando sempre magro e desgrenhado.
        Respondeu o Cão:
        — Se fizeres o que eu faço, também tu engordarás. Estou numa casa onde gostam muito de mim, dão-me de comer, tratam-me bem; e só tenho de ladrar quando sinto ladrões de noite. Por isso, se quiseres, vem comigo que terás outro tanto.
        O Lobo aceitou e lá foram. Mas no caminho disse o Lobo:
        — O que é isso, companheiro, que te vejo o pescoço esfolado?
        Respondeu o Cão:
        — Para que durante o dia não morda os que entram em casa, prendem-me com uma corrente. De noite soltam-me até de manhã, quando tornam a prender-me.
        — Não quero a tua fartura — respondeu o Lobo. — A troco de não estar preso, antes quero trabalhar e passar fome, mas ser livre.
        E dizendo isto foi-se embora.
        Moral da História: Não há prata nem ouro que valham mais do que a liberdade, e quem a estima faz o que fez este Lobo, que escolhe antes trabalhos e fome que perde-la. Comedores negligentes e sem préstimo não prezam ser livres, desde que comam o pão, e tais são representados nesta Fábula pelo Cão.
                                                                     Fábula de Esopo.
Entendendo a fábula:
01 – Quais são os personagens do Fábula?
      O lobo e o cão.

02 – O texto que você acabou de ler é:
a)   Uma crônica em que o autor trata de um assunto do dia-a-dia.
b)   Uma fábula, isto é, uma pequena história com ensinamento moral.
c)   Um conto de fadas.

03 – O lobo e o cão, sendo animais, são personagens do texto porque:
a)   Antigamente os animais falavam.
b)   Na história, eles agem, falam e raciocinam como se fossem pessoas.
c)   O texto fala sobre eles.

04 – O autor caracteriza o lobo como sendo um animal:
a)   Inteligente, sábio.
b)   Interesseiro, ganancioso.
c)   Preguiçoso.

05 – As respostas e os argumentos que o cão apresentou ao lobo:
a)   Foram respostas com fundamentos, válidas e justas.
b)   Eram sem fundamentos.
c)   Eram respostas que o lobo não conseguia entender.

06 – O autor quis sugerir no final da história, quando o lobo desiste de acompanhar o cão, que:
a)   A liberdade é o maior dos bens e o fundamento de todos os outros.
b)   Antes estar bem alimentado, mesmo que preso.
c)   O insensato que se satisfaz com uma refeição.

07 – Por que o lobo sentiu inveja do cão?
      Porque o cão estava tão gordo, com o pescoço grosso e o cabelo luzidio.

08 – Explique, com suas palavras, a moral da história.
      Resposta pessoal do aluno.


CRÔNICA:EXPERIÊNCIA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Crônica: EXPERIÊNCIA

                      Luís Fernando Veríssimo


        Uma vez fizeram uma experiência. Criaram um macaco dentro de uma jaula com dois bonecos que substituíam a mãe dele. Um era um boneco duro e frio, mas que lhe dava leite. O outro não dava leite, mas era quente e acolchoado como costumam ser as mães. Então assustavam o macaquinho para ver se ele corria para a mãe que o alimentava ou para a mãe que lhe dava colo. E ele invariavelmente corria para a mãe aconchegante. Acho que uma experiência parecida poderia ser feita não com macacos, mas com crianças, e não com mães mecânicas, mas com um livro e uma televisão. Uma experiência hipotética, claro; longe de mim su­gerir que se coloquem crianças em jaulas para assustá-Ias e testar suas reações. O que equivaleria à mãe que alimenta mas não dá ca­lor, o livro ou a televisão?
        Como ainda sou parcial a Gutenberg, gosto de pensar que uma criança pode receber tudo o que pre­cisa da televisão, mas que nada substitui o prazer tátil, o calor de um livro, e que sua relação com a informação impressa sempre será mais humana e atraente. Mas tenho a impressão de que a experiência me decepcionaria. Provocada a procurar a informação pelo meio que mais lhe dá prazer ou segurança, uma criança mo­derna a princípio me encheria de esperança dirigindo-se para um livro. Mas em seguida me desiludiria. Carregaria o livro até a fren­te da televisão e o usaria como um degrau para alcançar o botão da TV.
                      Luís Fernando Veríssimo. In: O Santinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

Entendendo a crônica:
01 – Marque a opção que poderia expressar a intenção do autor ao escrever esta crônica.
a)   Levar o leitor a refletir sobre a importância exagerada da televisão na vida das crianças atualmente.
b)   Informar ao leitor sobre uma importante experiência científica.

02 – Para descrever e diferenciar os bonecos que foram utilizados na experiência, o narrador utiliza antônimos. Localize esse trecho no texto e copie dele os dois pares de palavras antônimas.
      Duro e frio / quente e acolchoado (3ª e 4ª linha).

03 – Por que o resultado de uma experiência parecida, porém hipotética, realizada com crianças, sugerida na crônica, desiludiria o narrador?
      Porque ele acha que provavelmente as crianças optariam pela televisão, e não pelo livro.

04 – Qual é o título da crônica de Luís Fernando Veríssimo?
      O título da crônica é “Experiência”.

05 – Que outro título você sugeriria para esse texto? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Um teste diferente”.

06 – Releia o trecho abaixo.
        “Criaram um macaco dentro de uma jaula com dois bonecos que substituíam a mãe dele.”
A que substantivo a palavra dele faz referência?
a)   Mãe.
b)   Macaco.
c)   Bonecos.