domingo, 24 de janeiro de 2021

DIÁLOGO: MENINAS NA LINHA WWW - GILBERTO DIMENSTEIN E HELOISA PRIETO - COM GABARITO

 Diálogo: Meninas na linha WWW

            Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto

        Chatter: Oi!

        Mano: E aí? Tá em casa em pleno sábado à noite?

        Chatter: Eu tinha uma festa mas fiquei com preguiça de sair. Tá frio pra caramba. Melhor navegar.

        Mano: Eu não tinha nada pra fazer. Entrei num site idiota.

        [...]

        Chatter: Eu adoro filme de terror.

        Mano: Mas terror mesmo é ficar com a garota que a gente gosta. Cara, dá um branco, já me aconteceu.

        Chatter: Como foi?

        Mano: Era uma garota da minha escola, ela já foi embora, mudou de cidade. Eu ficava mudo, derrubava tudo, ou então falava sem parar.

        Chatter: É engraçado. Você é tímido.

        Mano: Eu não, é que eu gostava dela. Meu irmão disse que é assim mesmo. Gostou, travou. Tipo terrir.

        Chatter: O quê?

        Mano: Filme terrir, trash, terror do mais ridículo que existe.

        Chatter: Então eu acho legal, é divertido ver terror pra rir.

        Mano: Eu também. A gente compra os vídeos aqui em casa.

        Chatter: Me dá seu endereço.

        Sílvia: Oi.

        Mano: Oi.

        Chatter: Oi.

        Sílvia: Vocês querem conversar comigo?

        Chatter: Sobre o quê?

        Sílvia: Sobre a beleza do amor juvenil, o primeiro beijo, tão inesquecível, a delícia da primeira carícia. Me contem, meus jovens, me contem como foi...

        Mano: Tô fora!

        Chatter: Tô fora também!

        Sílvia: Mas não foi por isso que vocês entraram nesse chat? Para abrir-se por inteiro? Este é um espaço para confidências femininas! O cantinho certo pra descobrir tudo que se esconde no fundo do coração!

        Mano: Dona, me desculpe, pensei que Meninas na Linha era tipo revista Playboy, sabe como é...

        Chatter: Ei, Mano, é roubada, vamos embora, mas me dá seu endereço, me conte dos filmes...

        Mano: Cara, tá certo, meu endereço é Mano@swift.br e o seu?

        Chatter: Vou escrever mandando meu endereço.

        Mano: Vou esperar.

        Sílvia: Esperem, meus jovens, a confidência faz parte do amor...

        Mano: Bye, bye, tia. Obrigado e me desculpe...

        Chatter: Mano, espere, eu vou mandar o e-mail.

        Mano: Vou lá ver.

        Chatter@...

        Mano, aquela Sílvia do chat era igual à mulher do 0800: disque-estrela e descubra seu destino. Metralhadora de palavras.

        Parece que é tudo combinado, sempre a mesma coisa.

        Eu gosto de ler história de amor, mas tem que ser emocionante.

        Aqui em casa tem livro pra caramba porque minha mãe é professora de literatura e meu pai também gosta de ler, por causa da minha avó que também adora livros. Eu sei ler em francês e inglês, mas na minha classe o pessoal só pega gibi.

        Você gosta de ler? De escrever? De ficar em casa?

        Mano@...

        Ei, Chatter, cara, foi divertido fugir daquele chat. Confidências femininas, tá louco!

        Bom, eu gosto de livro de terror e mistério.

        Sou igual você, tenho um avô que lê sem parar. Ele se chama Hermano, como eu. É por isso que tenho esse apelido. Bom, tenho preguiça de escrever na escola, mas gosto de conversa virtual. Que mais?

        Ah, eu ficava bastante em casa, ultimamente tô preferindo a rua.

        Primeiro porque fiquei amigo do Pipoquinha, filho do pipoqueiro da escola. Cara, seu João Pipoca, o pai dele, faz uns desenhos de areia dentro de garrafinhas. É muito legal. Ele está me ensinando.

        E o Pipoquinha e eu estamos fazendo um rolimã. Parece skate, a gente vai pintar depois que terminar. A gente também gosta de bolinha de gude.

        Bom, a rua está muito melhor que a minha casa porque meu irmão, o Pedro, tá meio pirado. Cara, eu trocava muita ideia com ele, mas agora não dá mais.

        Você tem irmãos? Mora em prédio? Tem alguma mania maluca?

        Mano descobre o @mor. São Paulo, Senac/Ática, 2001.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p.126-130.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.casanadisney.com.br%2Fsites-blogs-bacanas-sobre-orlando-florid%2F&psig=AOvVaw1cz4jMxOqMgG7I8-hc-Gwk&ust=1611610296211000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjoqq3Cte4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o diálogo:

01 – O uso da Internet ainda provoca discussão. Mesmo você não seja um usuário da rede, com certeza tem uma opinião: conversar com alguém pela Internet é tão bom quanto fazer isso ao vivo? A Internet impede o contato entre as pessoas?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A Internet constitui um eficiente e rápido meio de comunicação e, sem dúvida, é válida como forma de ampliarmos conhecimentos e travarmos relações. Não substitui, entretanto, o contato pessoal.

02 – Você sabe o que é site, chat, e-mail? Reúna-se com seus colegas, pesquisem e registrem no caderno o que descobrirem.

      Site (pronuncia-se “sáiti”) quer dizer “sítio, lugar”. Sites são áreas dentro de um servidor de Internet que podem ser visitadas por usuários de computadores conectados à Internet. Para entrar em um site, é preciso conhecer o endereço dele, que geralmente tem esta estrutura: www.(nome do site).com.br – Chat (“bate papo”, em inglês), na linguagem dos computadores, significa “correspondência por escrito entre duas ou mais pessoas”. Equivale a uma conversa telefônica, porém feita por escrito. E-mail (abreviatura de electronic mail, “correio eletrônico”) é um tipo de programa usado em computadores para o envio de bilhetes, arquivos ou mensagens pela Internet. O termo também serve para indicar “endereço eletrônico”.

03 – O texto inicia com um breve cumprimento de Chatter e em seguida ele e Mano começam a conversar pela Internet. Você acha que eles já se conheciam? Justifique sua resposta.

      Deduz-se que eles não se conheciam, pois, ao saírem do chat, pedem um ao outro os respectivos endereços eletrônicos. Além disso, as perguntas revelam que eles desconhecem os hábitos e gostos um do outro.

04 – A certa altura, uma pessoa chamada Sílvia entra na conversa dos garotos. Eles quiseram conversar com ela? Por quê?

      Não quiseram. O assunto proposto por Sílvia, confidências femininas, não era o que Mano esperava encontrar naquele chat, e Chatter também o considerou uma roubada.

05 – É comum a opinião de que nas conversas pela Internet só se falam bobagens. Você concorda com isso? Na conversa que tiveram, Chatter e Mano contaram apenas coisas sem importância? Dê sua opinião, justificando-a com exemplos tirados das mensagens de um e de outro.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Chatter e Mano iniciam sua conversa em um chat chamado “Meninas na linha”. Pesquise em um dicionário os significados da palavra linha. Em seguida, converse com um colega e tentem explicar por que o nome do chat pode ser entendido de mais de uma forma, ou seja, é ambíguo.

      Linha: fio de fibras torcidas usada para costurar ou bordar; fio metálico para transmissões telegráficas ou telefônicas; serviço regular de transportes entre dois pontos; elegância, beleza do corpo; jogadores de ataque de um time; cada um dos traços horizontais de um papel.

07 – O português é a língua falada no Brasil. Entretanto, ele apresenta muitas variações, conforme a região onde é falado, o grupo social a que pertence o falante, a idade dele e o tipo de situação de comunicação. As personagens de “Meninas na linha WWW” usam uma variante da língua própria de sua idade. Identifique no texto e copie no caderno pelo menos cinco expressões que exemplifiquem essa afirmação.

      Possibilidades: “e aí?”; “tá frio pra caramba”; “ficar com a garota”; “cara, dá um branco”; “vcs”; “tô fora”; “é roubada”; “tá louco”, etc.

08 – Você já escreveu um bilhete ou uma carta para alguém?  Quando? Você tem o hábito de escrever cartas? Comente com seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Os assuntos tratados por Chatter e Mano por e-mail poderiam ter sido tratados, da mesma forma, por carta ou bilhete?

      Resposta pessoal do aluno.

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