domingo, 16 de maio de 2021

CRÔNICA: RECADO PRO BOLSINHO DA CAMISA - LOURENÇO DIAFÉRIA - COM GABARITO

 CRÔNICA: RECADO PRO BOLSINHO DA CAMISA

                Lourenço Diaféria

 

Não sei como você se chama, garoto, mas te vi um dia atravessando o viaduto de concreto.

Caía chuvisco.

Teus cabelos estavam ensopados e a camisa de brim grudada no teu corpo magro e ágil como flecha disparada pelo arco do trabalho.
Você corria saltando no reflexo do asfalto molhado, como bolinha de gude rolada na infância.
Não deu tempo para perguntar teu nome. Tuas pernas finas tinham pressa. Você carregava a maleta de mão com fecho cromado, a dentro dela havia o peso da responsabilidade de papéis sérios e urgentes, que deveriam chegar a um ponto qualquer da Cidade, antes que se fechassem os guichês e portarias.
Outra vez te vi, garoto.
Fazia então um sol redondo e cheio pendurado no travessão do espaço.
Outra vez, teus cabelos úmidos de suor, a camisa de brim manchada, as calças rústicas mostrando a marca da barra que tua mãe soltou de noite, fio por fio, com um sorriso e um orgulho: - O moleque está crescendo!

Não sei como você se chama, garoto.

Te conheço de vista escalando os edifícios, alpinista de elevadores, abridor de picadas na multidão , ponta de lança rompedor nesta briga de foice que são as ruas da Cidade.

Garoto que cresce sob o sol e chuva carregando na maleta cheques, duplicatas, títulos, recibos, cartas, telegramas, tutu, bufunfa, grana e um retrato da menina que te espera na lanchonete.

Teu nome é: - gente.

Inventaram outro nome enrolado para dizer que você é garoto do batente.

Office-boy.

Guri que finta branco, escritório, repartição, fila, balcão, pedido de certidão, imposto a pagar, taxa de conservação, título no protesto e que mata no peito e baixa no terreno quando encontra os olhos da garota da caixa, que pergunta de modo muito legal:
– Tem dois cruzeiros trocados?

Moleque valente que acorda cedo, engole café com pão, fala tchau mesmo, vai pro ponto do ônibus ou estação, se pendura na condução, se vira mais que pião, tem sua turma, conta vantagem, lê jornal na banca, esquenta a marmita, discute a seleção, e depois do almoço bebe um refrigerante gelado e pede uma esfirra com limão.

E depois toca de novo a zunir pela Cidade, conhecido em tudo que é esquina, oi daqui, oi dali, até que a tarde chega e o garoto sai correndo de volta pra casa, vestir o guarda-pó, apanhar a esferográfica, enfiar os cadernos na sacola e enfrentar a escola, o sono, a voz do professor, o quadro-negro, a equação de duas incógnitas, depois de ter passado o dia inteiro gastando sola.

Guri, teu nome é: – gente

Menino de escritório, menino do batente, que agarra o trabalho com unhas e dentes, sem você a Cidade amanheceria paralisada como bicho enorme ao qual houvesse cortado as pernas.

Pois bem: este recado não é para ser entregue a ninguém, a não ser a você mesmo.

Se quiser, guarde-o no bolsinho da camisa.

Um dia, quando você estiver completamente crescido, quando tiver bigodes, telefones, papéis importantes para preencher, alguns cabelos brancos; e sua mãe não precisar (ou não puder mais) desmanchar a barra de suas calças que ficaram curtas; quando você tiver de dar ordens de serviço a outros garotos da Cidade, saberá que, para chegar a qualquer lugar, o segredo é não desistir no meio do caminho.

Mas não se esqueça de que as oportunidades não apenas se recebem ou se conquistam.

As oportunidades também devem ser oferecidas para que as pessoas pequenas saibam que seu nome é: – gente.

No futebol da vida, garoto, a parada é dura e a bola, dividida. Jogue o jogo mais limpo que você tiver. Jogue sério.

Não afrouxe se o passe recebido parecer longo demais.

Os mais bonitos gols da vida são marcados pelos que acreditam na força de seu pique.

Ponha esse recado no bolsinho da camisa, guri.

Um dia você descobrirá que a vida nem sempre é a conquista da taça.

A vida é participar do campeonato.

Vai nela, garotão!

  (Antologia da crônica brasileira – de Machado de Assis a Lourenço Diaféria. São Paulo: Moderna, 2005. p. 196-9.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.35-7.

Entendendo o texto

1. A crônica é um gênero textual que oscila entre literatura e jornalismo e, antes de ser publicada em livro, costuma ser veiculada em jornal ou revista.

Na crônica lida, o cronista dirige-se diretamente à personagem que é tema do seu texto.

a)   A personagem é uma celebridade ou uma pessoa comum, encontrada no cotidiano da cidade grande?

É uma pessoa comum, encontrada no dia a dia das grandes cidades.

 b)   O assunto é originário de situações circunstanciais comuns ou de uma situação especial?

De situações circunstanciais comuns, que dizem respeito ao cotidiano dos jovens que trabalham como office-boys.

2. A crônica é quase sempre um texto curto, com poucas personagens, e que chama a atenção para acontecimentos ou seres aparentemente inexpressivos do cotidiano. Na crônica lida, o cronista focaliza uma personagem comum na vida urbana.

a) O que chama a atenção do cronista nessa personagem?

O fato de a personagem, que é um jovem, estar sempre correndo, sob sol ou chuva.

 b)O cronista diz que inventaram para essa personagem um “nome enrolado”: office-boy. Essa personagem é focalizada pelo cronista como um ser individual ou como um ser coletivo?

Como um ser coletivo, como representante de todos os office-boys que circulam nas cidades grandes.

c)Em que lugares e em que períodos de tempo o cronista situa sua personagem?

 O cronista situa a personagem nos lugares nos quais ela circula – a sua casa, as ruas, os estabelecimentos onde cumpre suas tarefas, a lanchonete onde namora, a escola noturna, etc. – no decorrer de um dia; e, no final da crônica, imagina-a no futuro, em situação de chefia em uma empresa.

3. Em uma crônica, o narrador pode ser observador ou personagem. Qual é o tipo de narrador na crônica em estudo? Justifique sua resposta.

Narrador observador, pois ele não participa dos fatos que narra, embora se imagine falando com a personagem.

4. O cronista costuma ter sua atenção voltada para fatos do dia a dia ou veiculados em notícias de jornal e os registra com humor, sensibilidade, crítica e poesia. Ao proceder assim, quais dos seguintes objetivos o cronista espera atingir com seu texto?

a) Informar os leitores sobre um assunto.

b) Entreter os leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos.

c) Dar instruções aos leitores.

d) Tratar de um assunto cientificamente.

e) Argumentar, defender um ponto de vista e convencer o leitor.

f) Despertar no leitor solidariedade por um tipo humano.

 

5. Observe a linguagem empregada na crônica em estudo.

a) Como é retratada a vida da personagem: de forma impessoal e objetiva, isto é, em linguagem jornalística, ou de forma pessoal e subjetiva, ou seja, em linguagem literária?

De forma pessoal e subjetiva, em linguagem literária.

b)A crônica, quanto à linguagem, está mais próxima do noticiário de jornais e revistas ou mais próxima de textos literários?

Está mais próxima de textos literários.

 c) No diálogo imaginário que o cronista tem com sua personagem, há, no emprego das pessoas gramaticais, um desvio em relação à norma padrão formal. Veja:

“Não sei como você se chama, garoto, mas te vi um dia atravessando o viaduto de concreto.”

Como esse desvio pode ser explicado?

O emprego do pronome te em vez de lhe confere informalidade ao texto, contribuindo para a comunicação coloquial no diálogo fictício do cronista com o jovem.

c)O cronista emprega vários substantivos, sinônimos, para se referir à sua personagem. Quais são eles? E qual é, para ele, o substantivo que, de fato, corresponde ao nome do jovem?

Garoto, menino, moleque, guri/gente.

6. Ao retratar as andanças da personagem pela cidade, o cronista emprega um vocabulário relacionado ao campo semântico de um esporte.

a) Qual é esse esporte? Justifique.

 O futebol, de cujo campo semântico fazem parte expressões como “travessão”, “finta”, “mata no peito”, “bola dividida”, “jogo mais limpo”, “gols”, “campeonato”, etc.

b)Com que finalidade o cronista tem esse procedimento?

Estabelecer uma comparação entre a vida e o futebol, sintetizada na expressão “o futebol da vida”.

 7. Como a maioria dos gêneros ficcionais, a crônica pode ser narrada no presente ou no pretérito.

a) Que tempo verbal predomina na crônica em estudo?                                                            

O presente do indicativo.

b)Que efeito de sentido a escolha desse tempo verbal confere ao texto?

O de o leitor ser conduzido pelo cronista, envolver-se com os pensamentos dele e participar das cenas que ele descreveu.

 

POEMA: A IDEIA - AUGUSTO DOS ANJOS - COM GABARITO

 POEMA: A IDEIA

  Augusto dos Anjos


De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

 

Vem da psicogenética e alta luta

Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

 

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

 

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.27.

Glossário

centrípeta: que busca o centro.

constringir: apertar.

cripta: caverna, gruta.

encéfalo: cérebro.

molécula: a menor partícula em que uma substância pode ser dividida sem que ocorra perda de suas propriedades químicas.

mulambo: molambo; farrapo, indivíduo fraco.

nebulosa: nuvem de poeira e gás em suspensão no espaço sideral.

psicogenética: qualidade do que é a origem dos processos mentais ou psicológicos da mente e da personalidade individuais.

tísico: tuberculoso, fraco.

 

Entendendo o texto

 

1. A linguagem do poema surpreende e modifica uma tradição poética brasileira, em grande parte construída com base em sentimentalismo, delicadezas, sonhos e fantasias.

a) Destaque do texto vocábulos empregados poeticamente por Augusto dos Anjos e tradicionalmente considerados antipoéticos.

As palavras são: psicogenéticas, moléculas, encéfalo, laringe, tísica, centrípeta, paralítica

b) De que área do conhecimento humano provêm esses vocábulos?

Provêm da ciência, particularmente da Biologia e da Química.

 

2. O poema pode ser dividido em duas partes: na primeira, o eu lírico pergunta sobre a origem da Ideia; na segunda, apresenta uma resposta.

a) Na 1» estrofe, são empregadas uma metáfora e uma comparação para referir-se à Ideia. Quais são?

Metáfora: essa luz que sobre as nebulosas cai de incógnitas criptas misteriosas;

Comparação: como as estalactites duma gruta.

 

b) Como são a origem e o percurso da Ideia, conforme a descrição feita pelo eu lírico nas estrofes 2 e 3?

A Ideia origina-se da luta do feixe de moléculas nervosas, passa pelo encéfalo e chega à laringe.

c) Nesse percurso, a Ideia mantém-se como na origem ou sofre perdas?

Sofre perdas, pois o encéfalo a constringe e, ao chegar à laringe, encontra-se reduzida.

 

3. No último terceto, o eu lírico apresenta o momento em que a Ideia adquire forma.

a) Qual é o instrumento responsável por dar forma à Ideia?

A língua (órgão), responsável pela fala.

b) Nesse estágio, a Ideia é reproduzida em sua plenitude?

Não, pois a língua, órgão responsável pela fala (e pelo código), é frágil e inábil.

 

4. Segundo a concepção do eu lírico:

a) A Ideia tem uma origem material ou imaterial? Explique.

Material. Sua origem é bioquímica, nasce “do feixe de moléculas nervosas”

 

b) O vocabulário empregado pelo eu lírico está de acordo com essa concepção?

Sim. O eu lírico emprega o vocabulário da ciência.

c) Essa concepção retoma uma visão romântica do mundo interior do ser humano ou rompe com ela?

Rompe com a visão romântica de que o ser humano pode ser dotado de genialidade e de grande riqueza interior; a Ideia é vista como resultado da química do corpo humano.

 

5. Identifique no texto ao menos uma característica simbolista e outra naturalista.

A característica simbolista do texto está no emprego do termo Ideia com maiúscula, elevando-a a um conceito universal; além disso, há o desespero do eu lírico diante da impotência da língua para dar sentido a conceitos não prosaicos. A característica naturalista do poema encontra-se no cientificismo e na base bioquímica dos processos mentais.

 

 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

RELATO: BONJOUR, L'AMOUR - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO

 RELATO: Bonjour, L'Amour

                Martha Medeiros

Próxima parada: Barcelona. Pegamos um voo e tudo voltou a dar certo, estávamos em plena lua de mel. Ao aterrissar, fomos à esteira das bagagens e ficamos esperando. Esperando. Esperando. E  esperando estaríamos até hoje. Nada das nossas malas. Registramos o sumiço e nos despacharam para o hotel: "Quando encontrarmos, se encontrarmos, serão entregues lá", foi o que nos disseram - em catalão. Que ótimo. Eu não tinha nenhum kit de primeiros socorros na mochila.

Passamos o dia perambulando pelas Ramblas com a roupa do corpo. Compramos escova de dente, pasta, desodorante e umas camisetas para quebrar o galho, caso o pior acontecesse. Voltamos à tardinha  para o hotel e nada ainda das malas. Antes de sair para jantar com a mesma roupa imunda, aleluia, elas chegaram.

É uma experiência que nos faz avaliar o que realmente tem importância na vida. Eu não sofria pelo vestido que talvez nunca mais visse ou pelo sapato que havia usado só uma vez, e sim pelo sumiço de uma caderneta de anotações onde já havia registrado boa parte da viagem. E lamentava nunca mais colocar no dedo um anel pelo qual joalheiro nenhum daria um centavo, mas que para mim valia como se fosse um diamante da Tiffany. O anel havia sido da minha avó. Mas recuperei não só vestidos e sapatos, como o anel, a caderneta e o que mais a mala continha: tudo parte da nossa memória afetiva, que, no final das contas, é o que mais tememos perder pelo caminho. Depois de curtir o que Barcelona tinha para ser curtida, fomos de trem até Montpellier, na França, e lá alugamos um carro. Finalmente, o filé mignon da viagem. Adoro percorrer estradas desconhecidas e não saber onde vou dormir à noite. Nesse primeiro dia motorizados, saímos sem rumo e, depois de muito rodar, acabamos em Ramatuelle, um lugarejo escondido e charmoso num ponto alto da costa azul. Percorremos a pé suas ruelas, tomamos vinho e tentamos encontrar uma pousadinha  para ficar por lá mesmo, mas estava tudo lotado: a cidade era mínima, porém requisitada. Não nos restou outra alternativa a não ser voltar para o carro e seguir até Saint-Tropez. Vida dura.

Chegamos tarde e, por conta do cansaço, nos hospedamos no primeiro hotel que vimos, sem reparar que era megaluxuoso. Foi o que bastou para meu namorado se emburrar. Tinha cabimento gastar os tubos numa única noite? Não tinha. Mas vá explicar isso para uma mulher despencando de sono. No dia seguinte, Saint-Tropez nos deu as boas-vindas e desemburrou qualquer semblante. Dia de sol tropical. Mergulho. Caminhadas. Visual. Passamos um dia de magnatas e no fim da tarde pegamos a estrada de novo. Quando o sol começou a se pôr, estávamos na Route des Calanques, entre St. Raphael e Cannes, onde encontramos um casarão na beira da estrada, de frente para uma baía deslumbrante. Chamava-se L' Auberge Blanche, mas duvido que se encontre alguma referência no Google. Estacionamos e batemos à porta. Veio nos atender uma senhora de uns bem vividos 130 anos. Ofereceu para nós seu melhor quarto, no terceiro andar, milhões de metros quadrados de frente para o mar. Poderíamos ter dado uma festa de réveillon dentro do aposento.

MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela: relatos de viagem. Porto Alegre: L&PM, 2012. Edição e-book.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.181-4. 


ENTENDENDO O TEXTO

1.   No aeroporto de Barcelona, ao indagarem sobre as bagagens perdidas, os viajantes ouvem uma resposta em catalão, e a autora destaca essa informação graficamente no texto, isolando-a com um travessão no fim da frase (linha 9). É possível supor a razão de ela ter destacado essa informação desse modo?

  É possível supor que a autora dê esse detalhe (e o represente graficamente desse modo) com a intenção de mostrar que a língua catalã representou algum tipo de obstáculo na comunicação.

2. A resposta que receberam deixou ainda mais preocupados os dois viajantes. Que trecho dela revela incerteza com relação ao fato de encontrar as malas?

"[...] se encontrarmos" (linhas 7-8)

3.   Note que disseram a eles no aeroporto: "Quando encontrarmos, se encontrarmos, serão entregues lá" (linhas 7-

Por que fizeram questão de dizer "se encontrarmos"?

       Porque não tinham certeza de que as encontrariam, portanto condicionaram a entrega das malas no hotel à localização delas.

    4. Em sua opinião, qual é o sentido da expressão memória afetiva em: "[...] tudo parte da nossa memória afetiva, que, no final das contas, é o que mais tememos perder pelo caminho"? (linhas 29-31)

    Resposta pessoal. Sugestão: Se trata de lembranças de fatos, pessoas, objetos passados que têm importância sentimental. São lembranças traduzidas em afeto.

 5. No mesmo trecho indicado na questão 4, Martha Medeiros demonstra uma característica importante do tipo de viagem que gosta de fazer. Que característica é essa?

De viagens marcadas pela imprevisibilidade, pelo inesperado, etc., bem marcado no trecho "Adoro percorrer estradas desconhecidas e não saber onde vou dormir à noite." (linhas 34-35).

 6. Releia este trecho e responda às questões seguintes.

[...] encontramos um casarão na beira da estrada, de frente para uma baía deslumbrante. Chamava-se L' Auberge Blanche, mas duvido que se encontre alguma referência no Google. (linhas 57-60)

a) Você consegue entender ou pelo menos deduzir o significado do nome da pousada?

Albergue Branco ou Pousada Branca.

b) Por que a afirmação de que talvez não seja possível encontrar referências no Google a respeito dessa pousada?

 Pelo relato, deve tratar-se de uma pousada fora do circuito das cidades turísticas, talvez mais intimista, mais reservada, pouco conhecida para figurar em roteiros ou guias turísticos.

7. Qual é o possível leitor do texto ou dos relatos de viagens em geral?

    Resposta pessoal. Em geral, leitores de relatos de viagens são pessoas que têm interesse em conhecer experiências vivenciadas por outros, têm interesse em conhecer o local sobre o qual se fala e, por isso, procuram informações emitidas por quem esteve pessoalmente nele.

As palavras no contexto

1. Releia: "Antes de sair para jantar com a mesma roupa imunda, aleluia, elas chegaram." (linhas 15-17)

a) Que sinônimo você escolheria para aleluia nesse trecho do texto?

    Oba!, Eia!, Que bom!, finalmente, por fim, etc.

b) Como você classifica gramaticalmente a palavra aleluia, empregada no trecho destacado acima?

     Resposta pessoal. Sugestão: A palavra é empregada como interjeição.

2.Releia este trecho prestando atenção à expressão em destaque:

Nesse primeiro dia motorizados, saímos sem rumo e, depois de muito rodar, acabamos em Ramatuelle, um lugarejo escondido e charmoso num ponto alto da costa azul. Percorremos a pé suas ruelas, tomamos vinho e tentamos encontrar uma pousadinha para ficar por lá mesmo, mas estava tudo lotado: a cidade era mínima, porém requisitada. Não nos restou outra alternativa a não ser voltar para o carro e seguir até Saint-Tropez. Vida dura. (texto 2, linhas 36-44)

a) De modo geral, como vive uma pessoa que leva uma vida dura?

 Vive arduamente, suportando dificuldades.

b) Considerando o contexto do relato, que efeito de sentido causa o uso de vida dura e como se chama esse uso?

O efeito de sentido que causa é a ironia, que ocorre quando o enunciador quer dizer exatamente o contrário do que está afirmando, afinal, pelo contexto, nota-se que não há nada de árduo nem dificultoso em seguir para Saint-Tropez.

3. Releia este trecho do texto, atentando para seu sentido.

Veio nos atender uma senhora de uns bem vividos 130 anos. Ofereceu para nós seu melhor quarto, no terceiro andar, milhões de metros quadrados de frente para o mar. Poderíamos ter dado uma festa de réveillon dentro do aposento. (texto 2, linhas 61-65)

O que é possível notar no modo como o enunciador faz sua descrição nesse trecho?

Há exagero na descrição ao falar da idade da senhora, do tamanho do quarto e ao afirmar que é possível comemorar nele o réveillon (que, de modo geral, conota um evento grandioso, com muitas pessoas reunidas). A senhora devia ter bastante idade, o quarto devia ser bem grande, mas não literalmente nas proporções informadas. Esse exagero constitui uma figura de linguagem chamada hipérbole.

 

RELATO: PRIMEIRA VEZ NA EUROPA - PARTE 1 - MARTHA MEDEIROS - COM GABARITO

 RELATO: PRIMEIRA VEZ NA EUROPA - parte 1

              Martha Medeiros

Era 1986 e eu tinha 24 anos. Andava angustiada, queria escapar da rotina e me enxergar de forma inédita, e viajar sempre ajuda - ao menos pra mim, que sempre considerei uma prática terapêutica. Então, depois de juntar dinheiro, negociar meu afastamento temporário do trabalho e fazer meu namorado (o mesmo com quem fui ao Rock in Rio) entender que eu precisava de um tempo sozinha, embarquei para Londres, onde minha melhor amiga estava morando, recém-casada.

Havia umas 300 pessoas a bordo do avião, mas fui a única a ser revistada quando desembarquei no aeroporto de Heathrow - meu aspecto muçulmano me condena. Como não levava granadas na  bagagem, entrei no país sem mais perguntas. Minha amiga me esperava na área de desembarque. Depois de um longo abraço, pegamos o metrô e começamos a tagarelar dentro do vagão, sem ver o tempo passar. Quando saí da estação e pisei, de fato, na primeira rua a céu aberto do Velho Continente, a impressão que tive é que eu estava de volta à minha casa - era como se eu tivesse nascido em Londres. Até hoje não sei explicar o que faz com que sintamos uma identificação tão forte com um lugar e sintonia nenhuma com outro. O escritor Gustave Flaubert defendia a tese de que a nacionalidade de uma pessoa não deveria ser estabelecida por sua cidade de nascimento, e sim pelos locais pelos quais a pessoa se sentia atraída. "Meu país natal é aquele que amo, ou seja, aquele que me faz sonhar, que me faz sentir bem. Sou tão chinês quanto francês..." Naquele dia eu comecei a descobrir como se dava, na prática, essa amplitude informal de cidadania. Passava a me sentir tão londrina quanto porto-alegrense.

O apartamento da minha amiga era minúsculo, e eu não seria sonsa de atrapalhar o casal que estava praticamente em lua de mel, então aluguei um quarto na casa de uma inglesa meio maluca, a Daphne, separada e com quatro filhos: Gregor, Boris, Fiona e Phylis. Quarto franciscano, mas limpinho, banheiro no corredor. As refeições eu teria que fazer fora, mas podia usar a geladeira para guardar o que comprasse para consumo próprio. O bairro era Pimlico, perfeito. Tudo acertado, joguei minha sacola num canto e fui dormir, mas não dormi. Passei a noite em claro e em pânico: o que vim fazer na Europa sozinha? Vou perder meu emprego. Vou perder meu namorado. Vou me perder. Help, I need somebody.

A noite sempre foi madrasta com meus pensamentos. Quando acordei no dia seguinte, já não havia vestígio daquela garota medrosa. Tomei um banho e fui pra rua, e tudo começou. Pirei com Londres. Passava os dias em parques e museus, e o que mais gostava era de ver a movimentação das pessoas, aquela diversidade cultural, cada um na sua, com seu estilo. Uma metrópole vanguardista e ao mesmo tempo monárquica, uma contradição estimulante. Almoçava pizza, jantava um pedaço de queijo e caminhava uns 20 km por dia, ou mais. À noite, costumava sair com minha amiga e o marido dela, que, aliás, vivem atualmente em Porto Alegre e são meus melhores amigos até hoje. Em Londres, assisti no cinema o blockbuster do momento, 9 1/2  Weeks (Nove e meia semanas de amor), só se falava nesse filme, e o enredo prometia ser fácil o suficiente para eu entendê-lo sem a ajuda de legendas. E assisti ao musical Cats numa matinê cujo preço do ingresso era compatível com minhas posses. Foi quando confirmei que musical não é mesmo meu gênero teatral preferido. Cats me pareceu cafona e um tantinho enfadonho: sofri ao ouvir a música-tema, "Melody", com a mesma intensidade com que sofria ao ouvir "Feelings", do Morris Albert. Muito preocupados com a minha opinião, a trupe ficou em cartaz por 21 anos no New London Theatre.

Às vezes, quando o cansaço batia, ficava sozinha no meu quarto, escrevendo. Um dia a Phylis, que era a menorzinha da família, uns três anos de idade, me viu com um bloco e uma caneta na mão e pediu, com seu jeitinho encantador, para que eu desenhasse um "bear". Sorri e desenhei. Quando mostrei minha obra-prima para ela, a menina desatou a chorar. O que eu havia feito de errado? Até hoje me divirto quando lembro dessa história. Desenhei uma garrafa de cerveja. "Beer". Sempre tive muito jeito com crianças.

Dias depois, uma carioca chegou na casa e passou a dividir o quarto comigo. Não era de muitas palavras, mas mesmo assim a convidei para passar o fim de semana em Edimburgo, na Escócia. Ela resmungou um "ok", pegamos um ônibus e partimos numa viagem noturna de umas oito horas. Chegando lá, brrrrrrrr. Nunca havia sentido tanto frio na vida. A cidade era gelada, mas por outro lado estava acontecendo um festival de música e o clima era muito festivo nos parques e ruas. Me agasalhei e fui ao encontro da arte, mas a garota só queria saber de ficar trancafiada no bed & breakfast em que nos hospedamos. Se eu, que era do sul do Brasil, sofria com a baixa temperatura, ela, carioca, estava em estado de choque. Deve me amaldiçoar até hoje pelo convite. Quando voltamos a Londres, ainda passei uns três dias na casa da Daphne, até que começou a chegar mais gente, surgiu uma muambeira não sei de onde, e aí achei que o prazo havia esgotado pra mim. Juntei minhas coisas e parti. Nunca mais soube de ninguém dessa turma. Querida Phylis, espero que o trauma tenha passado. Te devo um ursinho.

MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela: relatos de viagem. Porto Alegre: L&PM, 2012. Edição e-book.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.177 a 180. 

ENTENDENDO O TEXTO

1. Logo no início do texto, há a seguinte afirmação:

[...] Andava angustiada, queria escapar da rotina e me enxergar de forma inédita, e viajar sempre ajuda - ao menos pra mim, que sempre considerei uma prática terapêutica. (linhas 1-4)

a)   Em sua opinião, o que significa "me enxergar de forma inédita"?

Resposta pessoal. Sugestão: Significa se perceber de uma maneira original, nunca vista.

     b) Quando você viaja, também tem esse objetivo?

         Resposta pessoal.

    c) De acordo com o texto, o que teria motivado a viagem da autora  a Londres?

       Ela estava se sentindo angustiada.

2. Que relação pode ser estabelecida entre ser a única pessoa a ser revistada no aeroporto e ter um aspecto muçulmano?

     Há uma relação de causa/consequência. A causa é ter aparência de muçulmano e a consequência, ser revistada. Pelo relato da autora, nota-se que, antes mesmo dos ataques terroristas às torres gêmeas de Nova York, em 2001, por muçulmanos, a partir dos quais os aeroportos têm revistado as pessoas de modo bem mais rigoroso que antes, principalmente as pessoas de origem ou de aparência árabe, as revistas já focavam esses passageiros.

3. Releia o seguinte trecho:

O escritor Gustave Flaubert defendia a tese de que a nacionalidade de uma pessoa não deveria ser estabelecida por sua cidade de nascimento, e sim pelos locais pelos quais a pessoa se sentia atraída. "Meu país natal é aquele que amo, ou seja, aquele que me faz sonhar, que me faz sentir bem. Sou tão chinês quanto francês..." Naquele dia eu comecei a descobrir como se dava, na prática, essa amplitude informal de cidadania. (linhas 25-33)

a) Você concorda com essa tese? Por quê?

Resposta pessoal.

b)   Em sua opinião, por que o conceito de cidadania foi empregado ao lado do conceito de nacionalidade?

Resposta pessoal. Sugestão: O conceito de cidadania está, geralmente, restrito ao país de nascimento. No caso do enunciador desse relato, ele também se sente cidadão inglês.

      c) Qual é o sentido da expressão e sim no primeiro período? Reescreva o trecho, substituindo essa expressão em destaque por apenas uma conjunção de sentido equivalente.

A expressão e sim tem o sentido de oposição, fazendo correlação com o não citado anteriormente no período; portanto, pode ser substituída pela conjunção adversativa mas.

 

RELATO: CORTONA, NOBRE CIDADE - FRANCES MAYES - COM GABARITO

 RELATO: CORTONA, NOBRE CIDADE

                Frances Mayes

Cortona merece quase sete páginas no excelente Blue Guide: Northern Italy. O autor conduz meticulosamente o turista ao longo de cada rua, salientando os pontos de interesse. A partir dos portões da cidade, são recomendadas outras excursões pelos campos da vizinhança. Cada altar lateral do duomo é descrito de acordo com sua orientação relativa aos pontos cardeais; de tal modo que, se por acaso a pessoa souber onde fica o leste, depois de viajar pelas estradas sinuosas, poderá saber sua localização e se guiar sozinha por todos os cantos. O autor chegou a identificar todos os quadros escurecidos na área do coro. Ao ler esse guia, mais uma vez fico assombrada com toda a arte, a arquitetura, a história em uma única cidadezinha no alto de um morro. Esta é apenas uma de centenas de antigas atalaias contra saqueadores, empoleiradas para os passeios pitorescos de hoje.

Agora que conheço um pouco este lugar, leio com percepção redobrada. O guia me leva à trilha à sombra de acácias ao longo da muralha interior da cidade, e me lembro imediatamente das modestas casas de pedra de um lado, da vista para o Val di Chiana, do outro. Vejo, também, o cachorro de três pernas que mora na casa que sempre tem cuecas enormes secando no varal. Vejo as cadeiras de assento de palhinha que todos os moradores desse esplêndido trecho da muralha trazem para fora quando vêm olhar o pôr do sol e marcar o ponto com as estrelas. Ontem, num passeio por lá, quase pisei num rato morto ainda mole. No interior de um dos portais que dá direto para a rua estreita, vi de relance uma mulher segurando a cabeça nas mãos, sentada à mesa da cozinha. Se estava chorando ou tirando um cochilo, não sei.

MAYES, Frances. Sob o sol da Toscana. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 169-170.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p. 175. 

Entendendo o texto

1.Que impressões você tem de Cortona depois de ter lido o relato de Frances Mayes?

Resposta pessoal.

2.Podemos afirmar que o segundo parágrafo do texto de Frances Mayes só podia ter sido escrito por alguém que visitou Cortona e a conhece bem. Por quê?

A autora afirma que já conhece o lugar e relembra o que viu, dando detalhes.

3.Se você fosse o autor de um relato sobre sua cidade, o que contaria sobre ela para incentivar o turismo?

Resposta pessoal.

4. Reflita: na sua opinião o que levaria as pessoas a terem impressões diferentes sobre um mesmo lugar?

Resposta pessoal.

Sugestão: Por diversos motivos, como a preferência pessoal por certos tipos de lugares; os objetivos de cada um ao visitar um determinado lugar; a experiência bem-sucedida ou não que possa ter tido durante a visitação; entre outros.

 

POEMA: LADAINHA - CASSIANO RICARDO - COM GABARITO

 POEMA: LADAINHA

                     Cassiano Ricardo

Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de ilha de Vera-Cruz.

Ilha cheia de graça

Ilha cheia de pássaros

Ilha cheia de luz

 

Ilha verde onde havia

Mulheres morenas e nuas

Anhangás a sonhar com histórias de luas

E cantos bárbaros de pajés em poracés batendo os pés.

 

Depois mudaram-lhe o nome

Pra terra de Santa Cruz.

Terra cheia de graça

Terra cheia de pássaros

Terra cheia de luz.

 

A grande Terra girassol onde havia guerreiros de tanga

E onças ruivas deitadas à sombra das árvores mosqueadas de sol

Mas como houvesse, em abundância,

Certa madeira cor de sangue cor de brasa

E como o fogo da manhã selvagem

Fosse um brasido no carvão noturno da paisagem,

E como a Terra fosse de árvores vermelhas

E se houvesse mostrado assaz gentil,

Deram-lhe o nome de Brasil.

 

Brasil cheio de graça

Brasil cheio de pássaros

Brasil cheio de luz.

 

RICARDO, Cassiano. Martim Cererê. 12ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio/INL, 1972. p. 33.

 Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.154-5.

 

 

Glossário:

anhangá: espírito maléfico.

mosqueado: com manchas ou pintas escuras.

poracé: dança religiosa com que os tupis celebravam os principais acontecimentos de sua comunidade.

FONTE: Faifi/Arquivo da editora

Entendendo o poema

1.   A qual episódio da história do Brasil refere-se o texto?

         O poema refere-se aos três nomes principais que nosso país recebeu ao longo de sua história.

2.   O nome do poema é Ladainha. Pesquise o significado dessa palavra e procure explicar a possível intenção do autor ao dar esse título a seu texto.

Originalmente, ladainha é uma oração composta de várias invocações curtas e de respostas que vão se repetindo. No sentido figurado, é uma falação longa e cansativa, que se prolonga tratando sempre do mesmo assunto. Nesse contexto, em uma ladainha pode haver a repetição monótona e tediosa de queixas e recriminações. Considerando a atualidade do texto (em relação aos fatos que ele remonta), seu formato e conteúdo, pode-se afirmar que, figurativamente, trata-se de uma ladainha.

 

SONETO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 SONETO – (Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia)


   Gregório de Matos

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para a levar à praça e ao terreiro.

 

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres1,

Posta nas palmas toda a picardia,

 

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia.

 

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 41.

1. Na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros "homens nobres" [nota de José Miguel Wisnik].

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.150-1. 

Glossário:

cabana e vinha: significa casa e trabalho; desfeita.

picardia: pirraça; desfeita.

usura: desejo exacerbado de poder e riqueza; cobiça.

FONTE: Mauricio Pierro/Arquivo da editora

Entendendo o texto

1.Há uma ironia na primeira estrofe. Que ironia é essa?

A ironia repousa no fato de o eu lírico falar na grande quantidade de conselheiros, querendo dizer que não se tratava de conselheiros, mas de fofoqueiros.

2.O que você consegue entender do segundo verso da última estrofe?

O eu lírico afirma que só quem furta consegue sair da condição de muito pobre.

3. Qual é a caracterização da Bahia feita pelo poeta Gregório de Matos?

A descrição feita por Gregório de Matos é satírica, tem o objetivo de criticar a cidade da Bahia, e seu enunciador se coloca como um conhecedor das pessoas e dos costumes do local.