segunda-feira, 26 de março de 2018

MÚSICA: LUA DO ARPOADOR - IVAN LINS E RONALDO M. DE SOUZA - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES): LUA DO ARPOADOR
                                         Ivan Lins


Lua do Arpoador
Lua do Arpoador
Lua Carioca
Lua que é sempre um show

Atrás da pedra emerge o Atlântico
Tão linda joia rara, corpo esplêndido
Faz quem te vê ter olhos de romântico
Felicidade em cada rosto atônito.

E o Rio ama em teu rastro de prata
Que no céu é um cinema
E que o mar é um poema
É paixão que entra em cena
Para as noites de Ipanema
Para as noites de Ipanema
Lua.

                 Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza. Lua do Arpoador. Intérprete:
                            Ivan Lins. Love songs: A quem me faz feliz. Abril Music, 2002.

Entendendo a canção:
01 – Quais são os elementos a que a Lua é comparada?
       Show, joia rara, corpo esplêndido, cinema, poema.

02 – O que a presença da Lua traz para a cidade do Rio de Janeiro??
       Um clima de romantismo.

03 – Justifique a acentuação das palavras a seguir.
         a) Atrás.
    Oxítona terminada em as.
         b) É.
     Monossílabo tônico.
         c) Atlântico.
     Proparoxítona.

04 – Que figura de linguagem há nos versos:
        “Lua do Arpoador
         Lua Carioca
         Lua que é sempre um show.”
      Anáfora.

05 – Cite as metáforas encontradas na canção.
      “... ter olhos de romântico / ... céu é um cinema / ... rosto atônito / ... mar é um poema / ... rastro de prata.”



FILME(ATIVIDADES): AS CRÔNICAS DE NÁRNIA - JOE JOHNSTON - SINOPSE E ATIVIDADES COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): As crônicas de Nárnia

Direção: Joe Johnston
Gênero: Aventura
Distribuidora: Sony Pictures
Orçamento: US$ 180.000.000 milhões


Sinopse
        Quando Eustáquio Scrubbs conta à amiga Jill Pole sobre sua fantástica aventura em Nárnia com seus primos durante as férias de verão, a garota reluta em acreditar nele apesar de ter percebido a grande mudança no comportamento do amigo, que antes era mal-educado e mesquinho, mas que desde a visita de seus primos Lúcia e Edmundo, tem sido cada vez mais gentil e compreensivo. Ao serem perseguidos pelos valentões da escola, Eustáquio pergunta à Jill se ela aceitaria pedir ajuda à Aslam, ela diz que sim e, por meio de um portão nos fundos da escola Jill vê Aslam, que lhe incumbe de lembrar de quatro importantes sinais, e então os dois garotos vão para Nárnia.
        O gênero textual crônica é uma narrativa que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano.
        As principais características de uma crônica são: narrativa curta com poucos personagens e linguagem simples. Uso da primeira pessoa e tempo cronológico determinado.

Entendendo o filme:

01 – Relate quem são as personagens principais do filme assistido e como acontecem as primeiras cenas do filme.
        Pedro, Suzana, Edmundo e Lúcia e eles estão fugindo de um bombardeio em Londres durante a 2ª Guerra Mundial.

02 – Comente sobre o que acontece quando Lúcia que, estava brincando de pique esconde com os irmãos, entra no guarda-roupa? Relate até o momento em que ela volta do guarda-roupa.
        As crianças estão brincando de pique-esconde, Lucia entra no guarda-roupa, e encontra um portal mágico que a leva para um mundo mágico de Nárnia, lá ela conhece o fauno Senhor Tumnus que a ensinou sobre Nárnia e sobre a Feiticeira branca que condenou Nárnia a viver para sempre no inverno.

03 – O que acontece quando Lúcia retorna de Nárnia?
      Ao retornar de Nárnia depois de muitas horas, os irmãos de Lúcia ainda estão contando para ela se esconder como se o tempo tivesse congelado. Ela fica surpresa por seus irmãos estarem praticando as mesmas ações de quando ela encontrou o mundo mágico. Ela conta tudo o que aconteceu para os irmãos, mas ninguém acredita na garota.

04 – Qual é o segundo personagem que encontra Nárnia? O que ele encontra lá?
        Edmundo é o segundo a encontrar Nárnia. Lá a Feiticeira branca o conhece e oferece muitas coisas de interesse do garoto, mas em troca ele tem que levar seus irmãos até ela.

05 – O que acontece a Edmundo quando ele retorna a Nárnia trazendo seus irmãos?
      A Feiticeira Branca o mantém preso.

06 – Como é Nárnia? Descreva-a.
      Nárnia é um lugar bonito fantástico, porém muito gelada, por que a Feiticeira branca a condenou a viver em eterno gelo. Há poucos personagens o Leão que representa a sabedoria e o Sr, Tumnus que é um fauno muito camarada.

07 – Quem é Aslam?
      É o leão bondoso de Nárnia.

08 – O que você achou do filme?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Como o filme termina?
        Após os quatro irmãos vencerem a Feiticeira Branca, já adultos eles estão andando a cavalo sendo reis e rainhas de Nárnia encontram o portal (guarda-roupa) ao adentrarem caem no chão da casa onde viviam e voltam a ser garotos.

10 – Descreva uma cena do filme que retrata as características de uma crônica.
      As cenas de quando a Lúcia entra pela primeira vez no guarda-roupa e retorna depois de aparentemente muito tempo, no entanto seus irmãos estão praticando as mesmas ações, isso dá uma ideia de que o tempo foi cronologicamente delimitado. Há poucos personagens e a linguagem é simples.

11 – Qual era o desafio que o grupo de Aslam deveria enfrentar? 
      Derrotar a feiticeira para sempre. 

12 – Para conseguir esse objetivo, era necessário antes de tudo vencer um primeiro obstáculo. Qual era ele? E por que ele era tão importante? O que era imediatamente necessário para que se conseguisse isso? 
      Encontrar o campo onde se travava a batalha entre o exército de Aslam e a feiticeira e destruir sua varinha. 

13 – Qual a primeira imagem que Lúcia viu no campo de batalha? 
      Estava em desvantagem, com vários combatentes petrificados, e exausto de tanto lutar. 

14 – Qual era a situação do exército antes da chegada de Aslam? 
      Estava em desvantagem, com vários combatentes petrificados, e exausto de tanto lutar. 

15 – Qual era a arma mais importante do exército inimigo? Reescreva um trecho do texto que comprove sua resposta. 
      A vara mágica da feiticeira. "A feiticeira ia petrificando as nossas tropas. Nada havia que a detivesse. [...] Ele teve o bom senso de arrebentar a vara mágica [...]". 

16 – Quem foi astuto e perspicaz para neutralizar a principal vantagem do inimigo? De que forma fez isso? 
       Edmundo. Ele quebrou a vara mágica em vez de atacar a feiticeira diretamente como faziam os outros, inutilmente. 

17 – Edmundo conseguiu um feito característico de um herói? Por quê? 
       Sim. Porque conseguiu, com bom senso e astúcia, o que ninguém conseguira: destruir a arma que dava imensa vantagem ao inimigo, dando chance aos seus companheiros de ganhar a batalha. Emundo salvou seu exército de uma inevitável derrota. 

18 – Transcreva do texto o trecho em que Edmundo é premiado pelo feito heroico. 
       "Por isso mesmo, foi armado cavaleiro, em pleno campo de batalha.”

19 – No texto, há a presença de dois elementos mágicos. Identifique-os e comente sua importância para o desfecho da história. 
      A vara mágica era o elemento mágico que tornava a feiticeira invulnerável e sua destruição significou a derrota do mal; já o licor precioso que Lúcia recebera de presente de Natal é o elemento mágico do bem, pois salvou a vida de Edmundo. 


PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO - PEPETELA - COM GABARITO

PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO


        Houve um tempo anterior a tudo, há sempre, não é mesmo?
        Munakazi era dum kimbo próximo, há duas horas de marcha na chana para ocidente. Era um kimbo mais pequeno e mais pobre, retirado dos caminhos principais que cruzam a Munda. Ulume reparou nela em noite de festa. A rapariga estava sentada com outras à volta da fogueira, esperando aquecer dos tambores para o ritmo se soltar da pele dos ngomas e entrar nas pernas e mãos que não mais parariam. Os pés dela o atraíram. Ela sentava de joelhos unidos, mas um pé olhando o outro, os dedos grandes levantados. Dos pés subiu para os olhos iluminados pelo clarão da fogueira, grandes olhos melancólicos de antílope. As maçãs do rosto ligeiramente salientes, os lábios carnudos desenhados. Era bela, Munakazi. No próprio riso, na ansiedade da dança iminente, uma ponta de melancolia. Não pôde mais separar Munakazi e a melancolia. Ela falava, ria com as outras, mas uma parte estava dentro dela própria, sempre.
        Ulume era bem mais velho, casado com a Muari e tendo filhos já grandes, talvez mais velhos que a rapariga. A partir da noite em que seus olhos caíram sobre os pés convergentes de Munakazi, se encontraram mais vezes nas festas ou cerimônias rituais e ele a fitava com agrado. Apenas.
        Mas sucedeu a cena da granada, como um aviso dos antepassados. A granada vinha no ar e ele deitado nomeio do talude. A granada caiu a dois metros. Placado ao solo, encostou a cabeça na terra e pensou vou morrer. Não havia tempo para o medo. Olhou o céu pela última vez e então a imagem de Munakazi se recortou, nítida, na luminosidade do dia. Uma saudade imensa, saudade do que não acontecera. Ouviu a explosão, mais nada, mas continuou a ver Munakazi sorrindo para ele e lhe segredando porque não me procuraste, seria tua. E sofreu a perda definitiva de Munakazi. Nada sentia no corpo, não tinha sensações, só saudade era dolorosa.
        O sentimento de perda acompanhou-o, mesmo quando se apercebeu de continuar vivo. Difícil foi passar o atordoamento pela explosão tão próxima, recuperar o domínio dos sentidos, difícil foi compreender como não morrera. Mas o atordoamento e a perplexidade não tinham peso em face do peso de mil Mundas da saudade de Munakazi.
       Decidiu ali, sem ainda saber quanto estava ferido, Munakazi tem de ser minha. Não fazia senão seguir a sabedoria vinda de muito atrás, pois se alguém que pensa morrer tem saudade de uma mulher, então é inútil lutar contra esse amor avassalador, o mais sensato é conviver com ele. Sabedorias antigas trazidas por todos os cágados do mundo. E o Ulume respeitava os ensinamentos dos antepassados, resguardados nas mahambas que se enterram à entrada dos kimbos ou nas encruzilhadas dos caminhos, como respeitava os desejos dos espíritos que se forma como a areia se espalhava pelo chão e na ordem com que os objetos se posicionavam no cesto de adivinhação do tahi da Luanda. Nunca os seus lábios proferiram qualquer blasfêmia contra os antepassados, ou contra o espírito que agitava o vento. Como pode então desprezar ou mesmo ignorar o sinal evidente que a granada lhe deu? A sua decisão de ter Munakazi era irrevogável, ele sabia, e nós a partir de agora como vamos esquecer?

                   Pepetela. Parábola do cágado velho. Rio de Janeiro.
                                                         Nova Fronteira, 2005. p. 11-12.

Entendendo o texto:
01 – Ao lermos o texto de Pepetela, nota-se a riqueza poética presente nas descrições, nas reflexões e no sentimento da personagem Ulume. A partir da leitura e de suas observações, escolha uma palavra, expressão ou frase, presente ou não no texto, que sintetize a ideia principal de cada um dos cinco parágrafos.
     Resposta pessoal.

02 – Como é caracterizado o ambiente em que se passa o acontecimento com Ulume?
     Parece ser uma comunidade distante de um centro principal, mais pobre e menor.

03 – A partir dessa caracterização e de sua observação sobre o ambiente, pode-se afirmar que essa história se passa no Brasil? Por quê?
     NÃO. Pelo nomes e pela situação narrada, é provável que a ação se passe em outro país.

04 – O que desencadeou a ação de Ulume em procurar Munakazi para declarar-lhe o seu amor?
     A explosão da granada e a possibilidade de morrer sem ter declarado o seu amor.

05 – Descreva, com suas palavras, a forma como Ulume vê a imagem de Munakazi, na cena da granada.
     Resposta pessoal.

06 – Releia o texto e anote todas as referências que identificam as crenças africanas.
     É provável que os alunos façam referência a alguns elementos presentes no trecho a seguir: “E o Ulume respeitava os ensinamentos dos antepassados, resguardados nas mahambas... nas entranhas dos cabritos ou na forma como a areia se espalhava pelo chão e na ordem com que os objetos se posicionavam no cesto de adivinhação do tahi da Luanda.”

07 – Que estratégia você utilizou para conseguir responder a questão 6?
     O aluno pode fazer referência ao que ele observou a partir dos seus conhecimentos sobre as crenças africanas, conhecidas e/ou praticadas em várias partes do Brasil.

08 – Releia o final da cena:
       Como pôde então desprezar ou mesmo ignorar o sinal evidente que a granada lhe deu? A sua decisão de ter Munakazi era irrevogável, ele sabia, e nós a partir de agora como vamos esquecer?
     a) O que você interpretou dessa mensagem?
      Resposta pessoal.

     b) De que forma o leitor é convidado a participar da aventura de Ulume?
      No momento em que o narrador inclui o leitor como um conhecedor da história de Ulume e afirma ser impossível esquecê-la. Supõe-se, nesse caso, uma continuidade da leitura do romance.


TEXTO: O PAVÃO - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: O PAVÃO

   Lá em Copacabana havia uma família que morava em frente ao mar, numa casa linda de azulejo português e telha francesa. Era uma das últimas casas na praia, o resto já tinha vindo abaixo para construir edifícios de apartamentos.
    A casa ficava no meio de um jardim que era uma beleza: todo plantado de grama inglesa. E a família mandou buscar flor holandesa para plantar em volta. Depois botaram um muro bem alto a fim de ninguém espiar par dentro, e mais um pastor alemão preso numa corrente para latir e meter medo na hora de alguém entrar.
        Aí os amigos da família disseram que um gramado assim tão bonito precisava de um bicho lindo que nem pavão, andando pra cá e pra lá. Então puseram um anúncio no jornal dizendo assim:

               Precisa-se de um pavão para passear
               Na grama (inglesa) de um jardim, das
               8 às 22 horas. Casa de fino trato.
               Paga-se bem. Tel.: 255-3131.

        Seu Joca leu o anúncio no dia em que ia levar o pavão de volta ao zoo, donde o tinha roubado. E logo depois leu a notícia de um médico que andava fazendo uma operação legal no ouvido: quem era surdo ficava ouvindo até voo de mosca. A operação custava caro: seu Joca não tinha dinheiro. Aí, de repente, aconteceu uma coisa muito impressionante: o arrependimento de seu Joca começou a sumir. Pensava nas crianças que iam ver o pavão no zoo e resmungava:
        --- Tanto bicho lá pra ver, pra quê precisa ver o pavão também?
        E na hora em que o arrependimento sumiu todo, seu Joca pegou o pavão e os dois atravessaram a cidade.
        Quando seu Joca tocou a campainha da casa de Copacabana, o pastor alemão latiu, a família apareceu, ficou maravilhada com o pavão. Viu logo que ele era coisa estrangeira muito fina, perguntou quanto é que custava. Seu Joca bateu no ouvido para mostrar que era surdo, o dono da casa esfregou um dedo no outro. Seu Joca sabia que há gente que só gosta de coisa bem cara e então pediu um dinheirão pela ave. A família ficou entusiasmada com o preço, mas como o vendedor era pobre, ofereceram a metade, quem sabe ele topava? E seu Joca topou.
        Seu Joca e o pavão se abraçaram e nunca mais se viram.
        O pavão passeava no gramado o dia inteiro. Bem devagar. Lindo que só ele!  E o pastor alemão preso na corrente. Quando o pavão ia chegando perto, o cão desatava a latir. O pavão quase morria de susto; num instante aprendeu a não passear perto do cachorro. Um empregado trazia água e comida pros dois; depois sumia. A família ia viajar, sumia.

                   Lygia Bojunga Nunes. A casa da Madrinha, págs. 63-64.
                                                          Livraria Agir Editora, Rio, 1978.

Entendendo o texto:
01 – Em que cidade aconteceram os fatos narrados no texto?
      Os fatos aconteceram na cidade do Rio de Janeiro.

02 – Informe, com detalhes, como era a casa e onde estava situada:
      Era uma bonita casa de azulejo português e telha francesa. Erguia-se no meio de um belo jardim e era cercada por um muro bem alto. A casa ficava em Copacabana, em frente ao mar.

03 – Marque as afirmações verdadeiras, com referência à família de que fala a história:
      (X) Era uma família rica e de fino trato.
     (  ) Não gostava de viajar e, se o fazia, deixava a casa abandonada.
      (X) Apreciava muito (até demais!) coisas estrangeiras.

04 – Que sugestão os amigos deram à família para tornar o jardim mais sofisticado?
      Sugeriram que nele fosse colocado um pavão.

05 – Quem pôs o anúncio no jornal para conseguir o pavão?
      (   ) Seu Joca.
      (X)  A família.
      (   ) Os amigos da família.

06 – Seu Joca fez duas coisas ilícitas, isto é, proibidas, desonestas:
      Roubou o pavão do Jardim Zoológico.
      Vendeu uma ave que ele tinha roubado.

07 – Seu Joca arrependeu-se de ter roubado o pavão e quis devolvê-lo ao zoo. Copie a frase em que a autora afirma isso:
      Seu Joca leu o anúncio no dia em que ia levar o pavão de volta ao zoo, donde o tinha roubado.

08 – Que pretextos ou desculpas arranjou ele para justificar suas más ações e abafar o remorso?
      Ele estava precisando de dinheiro para operar o ouvido.
      No zoo havia tantos bichos para as crianças verem que o pavão não iria fazer falta.

09 – Seu Joca quis explorar o rico, pedindo muito dinheiro pelo pavão. Por quê?
      Porque ele sabia que há pessoas que só gostam de coisas caras.

10 – Destaque do texto frases que dão ideia da beleza do pavão:
      A família ficou maravilhada com o pavão.
      Lindo que só ele!


TEXTO: TEMPORAL - LUÍS JARDIM - COM GABARITO

Texto: TEMPORAL

   A tarde anunciava chuva. Céu carregado, atmosfera abafada. Os meninos gritavam na rua, atrás das tanajuras e dos sebitos. As árvores, sacudidas pelo vento, remexiam-se contentes pela chuva que vinha vindo.
 Do lado do norte, as serras, arroxeadas pelo reflexo das nuvens, quase não se distinguiam destas, porque o escuro-acinzentado confundia tudo.
        Os homens na calçada olhavam o tempo. Meu avô disse:
        --- Aquela cai dentro de vinte minutos.
        --- E é de arrombar açude! – acrescentou o senhor que eu não conhecia.
        Mamãe gritou para o lado da cozinha:
        --- Corre lá no quintal, Ceição! Apanha depressa os lençóis da corda! Corre, corre, que aquela não tarda a cair!
        Corri para ajudar Conceição.
        Não sei por quê, as chuvas fortes sempre tiveram em mim a maior influência. Assanhava-se com elas. Dava-me vontade de correr, de gritar, de pular. Nunca compreendi bem, quando menino, por que mamãe se lastimava tanto nesses dias. Por eles eu me pelava, dava graças a Deus pelo transtorno doméstico que causavam.
        No quintal as folhas rugiam com o vento, dançando no ar em reviravoltas de brinquedo. Os passarinhos trocavam de lugar, procurando melhor agasalho sob ramos mais espessos. Um redemoinho arrastou uma fronha, assanhou a saia da Conceição, enchendo-lhe os olhos de ciscos.
        --- Me acode aqui, Pedrinho! – gritou ela, rindo, esfregando com as costas da mão a vista fechada.
        Soprei o olho do argueiro, ela o arregalou, espichando a boca para baixo.
        --- Saiam da chuva, meninos! gritou mamãe. – Isso faz mal! Bota um pano na cabeça, Pedrinho, senão tu te constipas!
        Era cada pingo grosso, pesado, que chegava a deixar buraco na terra fofa. Um relâmpago clareou, e o trovão respondeu com estalidos tremendos, seguidos do reboo perdido no espaço. Ouvia-se a zoada da chuva já perto.
        Mal entrávamos em casa, o aguaceiro caiu forte. Escureceu o mundo de repente. O relâmpago era um atrás do outro, e o trovão roncava de ensurdecer.
        Com meia hora a chuva tinha feito do quintal um rio. Todo alagado, perto de casa já não se via mais a terra. Na frente, a gente via, pelos vidros das janelas, a enxurrada correr barrenta de rua abaixo.

                         Luís Jardim. Maria perigosa, 2ª edição, págs. 46-47.
                                                        Editora José Olympio, Rio, 1959.

Entendendo o texto:
01 – O personagem narrador dos acontecimentos é:
(   ) Luís Jardim.         (X) Pedrinho.        (   ) Conceição.

02 – O que se descreve no texto se passou:
(   ) Junto de um açude.    (   ) No campo.   (X) Na cidade.

03 – Que sinais prenunciavam o temporal?
      Céu carregado e escuro, atmosfera abafada, vento forte.

04 – O texto sugere calma, quietude, silêncio, ou movimento, pressa, barulho, nervosismo?
      O texto sugere movimento, pressa, barulho, nervosismo.

05 – Qual é o parágrafo em que o narrador interrompe a descrição do temporal para falar da agitação e alegria que as chuvas lhe causavam?
      É o nono parágrafo.

06 – Ao se dirigir à empregada e ao filho, a mãe de Pedrinho usou o tratamento:
      (X) Tu.         (   ) Você.           (   ) O senhor, a senhora.

07 – O autor, às vezes, fala das coisas como se fossem pessoas. Cite uma frase do texto em que se nota isso.
      As folhas fugiam com o vento, dançando no ar.

08 – Encontre no penúltimo parágrafo um exemplo de afirmação exagerada pela emoção e o espanto.
      Escureceu o MUNDO de repente.           
                                     
09 – A frase “o trovão respondeu com estalidos tremendos” transmite-nos uma sensação:
      (   ) Visual.       (X) Auditiva.        (   ) Tátil.        (   ) Gustativa.

10 – Você acha que Luís Jardim conseguiu, através da palavra, transmitir uma impressão verdadeira e forte do temporal? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

  

POESIA: VIOLÕES QUE CHORAM... - CRUZ E SOUSA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

 Poesia: VIOLÕES QUE CHORAM...
            Cruz e Sousa

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites de solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.


Sutis palpitações à luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

(...)

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho,
Almas que se abismaram no mistério.

Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar à flor de espumas.
                                                                     CRUZ E SOUSA

Entendendo a poesia:

01 – Descreva o trabalho lexical (de vocabulário) desenvolvido em Violões que choram...
      O trabalho lexical em Violões que choram... se irmana perfeitamente ao trabalho fonológico (de sons). Ambos vão provocando novas relações no campo dos significados (semântico).

02 – De que forma acontece o envolvimento poético no texto?
      O envolvimento poético neste poema acontece graças a uma bem-estruturada repetição de consoantes (aliteração), principalmente na estrofe antológica: “Vozes veladas, veludosas vozes”.

03 – Comente o trabalho sonoro no poema, isto é, as aliterações ocorridas.
      O trabalho sonoro, realizado com as consoantes VZ e I, transmite musicalidade por meio das palavras. É importante observar que o recurso das aliterações foi empregado em todo o poema, e a quantidade de substantivos usados no plural é bastante significativa, sugerindo os sons do violão na sibilante S.

04 – Os elementos sensoriais – sons, cores e odores – constituem estímulos para a imaginação do poeta simbolista, que, a partir deles, desenvolve associações de ideias bem particulares. Nesse texto, que elemento sensorial serve de partida para o poema?
      Os sons dos violões que o poeta escuta ao longe, durante a noite.

05 – Com que são comparados ou associados os sons dos violões?
      A “soluços ao luar”, “choros ao vento”, “gemidos, prantos”. Destacar o tom triste e melancólico dessa associações, que revelam o estado de espírito do poeta.

06 – Os sons dos violões despertam que recordações no eu lírico?
      Recordações de outras noites, “noites de além, remotas”. Destacar que os sons dos violões trazem à tona, para o poeta, todo um mundo de sensações indefiníveis, mas tristes, fazendo vibrar em sua alma dolências adormecidas, saudades esquecidas.

07 – Considere agora o aspecto sonoro dos versos. Que trabalho de linguagem se destaca no texto? Por quê?
      A aliteração, que percorre praticamente todas as estrofes. Chamamos a atenção, em particular, para as estrofes 1, 4, 6 e 7.

08 – Em resumo: que características tipicamente simbolistas estão presentes nesse texto?
      Forte musicalidade, intensão de sugerir e não de descrever, acentuado subjetivismo.


09 – A linguagem simbolista caracteriza-se por ser vaga, fluida, imprecisa. Por isso, emprega abundantemente substantivos abstratos e adjetivos. Destaque das duas primeiras estrofes do poema:
a)   Alguns substantivos e adjetivos responsáveis por essa fluidez;
“... violões dormentes, mornos”; “... vagos contornos”; “... noites remotas”; “... visões ignotas”.

b)   Alguns versos que conotem algo indefinido, vago.
“... soluços ao luar”; “nos azuis da Fantasia bordo”.

10 – Na linguagem realista, a adjetivação é empregada com a finalidade de compor um painel objetivo do objeto. Observe os adjetivos empregados no poema. Eles contribuem para formar um painel subjetivo ou objetivo da realidade.
      Subjetivo, pois como característica do Simbolismo as poesias tem sentido vago.

11 – Em vez de nomear ou explicar objetivamente, a linguagem simbolista procura sugerir.
a)   O que sugere a aliteração do fonema /v/ da 7ª estrofe?
Musicalidade.

b)   Com base na 1ª e na 5ª estrofes e no título do poema, indique que sentimentos ou estados d’alma sugerem, na visão do eu lírico, os sons do violão.
Tristeza, melancolia e nostalgia.

c)   Ao se atribuírem aos violões características como “dormentes”, “chorosos” e “tristonhos”, que figura de linguagem se verifica?
Personificação.

12 – Para os simbolistas, uma das formas de expressar as sensações interiores por meio da linguagem verbal é a aproximação ou o cruzamento de campos sensoriais diferentes, procedimento denominado sinestesia.
a)   Que campos sensoriais o poeta aproxima nas três estrofes iniciais?
“Doce como o oboé, verdes como a campina”.

b)   Destaque da 7ª estrofe um exemplo de sinestesia.
“Veludosas vozes”.