sábado, 14 de outubro de 2017

TEXTOS CURTOS COM DESCRITORES – ENEM – COM GABARITO

TEXTOS CURTOS COM DESCRITORES – ENEM – COM GABARITO

Leia o texto abaixo e responda às questões 01 e 02


Os índios descobertos pelo Google Earth

      Duas aldeias de índios que vivem isolados foram fotografadas pela primeira vez, na fronteira entre o Peru e o Acre. O sertanista José Carlos Meirelles, da Funai, havia encontrado ainda em terra vestígios de duas etnias desconhecidas e dos nômades maskos. Rieli Franciscato, outra sertanista da Funai, localizou as coordenadas exatas das malocas pelo Google Earth, programa que fornece mapas por satélite. Meirelles, que procurava os povos havia 20 anos, sobrevoou a área e avistou os roçados e as ocas. O avião assustou a tribo, que nunca teve contato com o homem branco. As mulheres e crianças correram, e os homens tentaram flechar o avião. A exploração de madeira no lado peruano pode ter estimulado a migração das etnias para o território brasileiro.

Época, n. 524, 02/06/2008, p.17.

01) De acordo com esse texto, o primeiro contato entre os índios descobertos e o homem civilizado despertou nos índios um sentimento de:
A) alegria.
B) dúvida.
C) raiva.
D) repulsa.
E) susto.

Descritor 1 - Localizar informações explícitas em um texto.

02) Esse texto aborda, prioritariamente, a:
A) migração de índios peruanos para o Brasil.
B) importância do Google Earth para a Funai.
C) exploração predatória de madeira no Peru.
D) diferença entre índios e homens brancos.
E) descoberta de novas tribos indígenas.

Descritor 9 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

Leia o texto abaixo e responda às questões 03 e 04


Luciana

   Ouvindo rumor na porta da frente e os passos conhecidos de tio Severino, Luciana entregou a Maria Julia as bonecas de pano, ergueu-se estouvada, saiu do corredor, entrou na sala, parou indecisa, esperando que a chamassem. Ninguém reparou nela. Papai e mamãe, no sofá, embebiam-se na palavra lenta e fanhosa de tio Severino, homem considerável, senhor da poltrona. Luciana adivinha a consideração: os donos da casa escutavam, moviam a cabeça e aprovavam: na cozinha, resmungando, arreliando-se, a criada preparava café. Às vezes na família repetia-se uma frase que tinha peso de lei.
      — Foi tio Severino quem disse.
      — Ah!
      E não se acrescentava mais nada.
      Luciana quis aproximar-se das pessoas grandes, mas lembrou-se do que lhe tinha acontecido na véspera. Mergulhou numa longa meditação. Andara com mamãe pela cidade, percorrera diversas ruas, satisfeita. Num lugar feio e escorregadio, onde a água da chuva empoçava, resistira, acuara, exigindo que pusessem ali paralelepípedos. Agarrada por um braço, intimada a continuar o passeio, tivera um acesso de desespero, um choro convulso, e caíra no chão, sentara-se na lama, esperneando e berrando. Em casa, antes de tirar-lhe a camisa suja, mamãe lhe infligira três palmadas enérgicas. Por quê? Luciana passara o dia tentando reconciliar-se com o ser poderoso que lhe magoara as nádegas. Agora, na presença da visita, essa criatura forte não anunciava perigo.
RAMOS, Graciliano. Luciana In: Contos. 4ª serie literária.(Org. Maria Silvia Gonçalves).
São Paulo:Nacional,1979. p.17-21. Fragmento.

03) Nesse texto, Luciana entrega as bonecas a Maria Júlia porque:
A) o pai não percebera sua presença.
B) o Tio Severino havia chegado.
C) a mãe lhe infligia umas palmadas.
D) a mãe conversava com visitas.
E) a amiga não tinha brinquedos.

Descritor 11 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

04) Esse texto é narrado por:
A) Tio Severino.
B) Maria Júlia.
C) Luciana.
D) alguém que testemunha os fatos.
E) alguém que está distante dos fatos.

Descritor 13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.


05) Qual é a ironia contida nesse texto?
A) A presença de uma única mulher entre homens.
B) As pessoas gostarem de sua rotina diária.
C) A menção comparativa entre humanos e ovelhas.
D) Cada pessoa conversar com as outras presentes.
E) Cada pessoa presumir que é a única consciente.

Descritor 16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

O AVENTUREIRO ULISSES
           (Ulisses Serapião Rodrigues)

      Ainda tinha duzentos réis. E como eram sua única fortuna meteu a mão no bolso e segurou a moeda. Ficou com ela na mão fechada.
      Nesse instante estava na Avenida Celso Garcia. E sentia no peito todo o frio da manhã.
  Duzentão. Quer dizer: dois sorvetes de casquinha. Pouco.
      Ah! muito sofre quem padece. Muito sofre quem padece? É uma canção de Sorocaba. Não. Não é. Então que é? Mui-to so-fre quem pa-de-ce. Alguém dizia isto sempre. Etelvina? Seu Cosme? Com certeza Etelvina que vivia amando toda a gente. Até ele. Sujeitinha impossível. Só vendo o jeito de olhar dela.
      Bobagens. O melhor é ir andando.
      Foi.
      Pé no chão é bom só na roça. Na cidade é uma porcaria. Toda a gente estranha. É verdade. Agora é que ele reparava direito: ninguém andava descalço. Sentiu um mal-estar horrível. As mãos a gente ainda escondia nos bolsos. Mas os pés? Cousa horrorosa. Desafogou a cintura. Puxou as calças para baixo. Encolheu os artelhos. Deu dez passos assim. Pipocas. Não dava jeito mesmo. Pipocas. A gente da cidade que vá bugiar no inferno. Ajustou a cintura. Levantou as calças acima dos tornozelos. Acintosamente. E muito vermelho foi jogando os pés na calçada. Andando duro como se estivesse calçado.

MACHADO, Antônio de A. O aventureiro Ulisses. Contos reunidos.
São Paulo: Ática, 2002. p.122.

06) O enredo se desenvolve a partir da
A) elegância do personagem.
B) alegria do personagem.
C) fome do personagem.
D) cor do personagem.
E) penúria do personagem.

Descritor 7- Identificar a tese de um texto.


Coisas do mundo

      A juventude é realmente uma fase encantadora. Descobrir o mundo, experimentar, buscar novos horizontes, desvendar os mistérios da vida... Enfim, a primeira vez a gente nunca esquece! Seja lá qual for a novidade, é absolutamente inebriante esse momento da descoberta.
      As coisas que acontecem na adolescência ficam impressas na memória, na pele, na alma e, geralmente, nos remetem às melhores coisas do mundo.

PAULA, Maria. Crônica da revista. In: REVISTA DO CORREIO.
 2 mai. 2010, p, 37. Fragmento.

07) No trecho “os mistérios da vida...”, as reticências indicam uma:
A) comparação da vida com os mistérios.
B) definição do comportamento dos jovens.
C) definição dos encantos da vida.
D) referência aos mistérios da vida.
E) sugestão de continuidade da vida.

Descritor 17 - Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.


Patricinhas do skate

      De unhas pintadas e roupas da moda, elas enterram o estereótipo rebelde.
      Você já deve ter se deparado com uma delas. Estão sempre de unhas pintadas, cabelo arrumado, calça de cintura baixa e camiseta baby look. Nas mãos, o longboard – a versão mais comprida do skate tradicional. Sim, essas princesinhas estão se fazendo notar por aí. Por muito tempo, o visual das skatistas foi propositalmente desleixado. Usavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho. Agora, as novas skatistas têm cara de saudáveis, roupas limpinhas e pouca afinidade com as manobras radicais do skate. “Não é porque eu estou andando de skate que vou mudar meu estilo”, diz Mitzi Iannibelli, 18, que adora reggae e faz as unhas toda semana – “sempre quadradas e sem cutícula’’. Mitzi se diz adepta do estilo mulherzinha, que ela define como “short com a barriga de fora e camisa baby look’’. Recém-formada em estilismo, Amanda Assunção, 21, também critica o guarda roupa rebelde: “Aquelas roupas grunges não tem nada a ver. Não gosto de estar largadona’’, diz, ajeitando o colar de pedrinhas azuis no pescoço.
      O que se vê nas ruas já chama atenção das lojas especializadas. Na Kelly Connection, na Galeria River (Arpoador), de cada 10 skates vendidos, 7 são comprados por mulheres. “É impressionante como tem menina começando’’, diz Nathalia Despinoy, 29, dona da loja e skatista amadora. Segundo afirma, houve uma mudança notável no perfil das skatistas: “Elas têm um envolvimento menor com o esporte, não usam nada muito louco, nada grunge.’’
      As novas skatistas divergem de suas antecessoras até no gosto musical. Dead Kennedys e Pennywise já não têm mais lugar no porta-CDs, que guarda agora discos de Bob Marley, Billie Hollyday, Natiruts, Cássia Eller e Marisa Monte. Além do visual e da música, as longboarders têm uma relação menos profissional com o skate, em que a performance não é tão importante. Isabelle Valdes, 21, gosta de descer as Paineiras no seu long. Mas não faz pose e assume que só encara a versão light da descida. “Lá de cimão, eu ainda não tenho coragem’’, diz.
Jornal do Brasil. Disponível em:
<http://quest1.jb.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/2001/07/07/jordom20010707005.html>
Acesso em: 08 jul. 2001.

08) No trecho “Usavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho.”, o diminutivo é utilizado com o intuito de:
A) demonstrar ternura e afeto pelas garotas que se vestem desse modo.
B) fazer uma crítica às garotas que se vestem como rebeldes, mas não são.
C) identificar as patricinhas skatistas como sendo mais saudáveis e limpas.
D) indicar uma progressão de alguém novato para outro mais experiente.
E) referir-se ao tamanho das garotas.

Descritor 19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.


Entrelinhas

      Os quinze anos de Carol.

    Carol é uma menina do Rio de Janeiro, tem 15 anos e problemas típicos de sua idade. O livro relata as dúvidas e descobertas da garota sobre sexo, amor, menstruação, amizade e muitas outras coisas, além do drama que ela sofre por nunca ter namorado ninguém. Da Editora RGB: (0xx21) 2628-7148. Preço médio: R$ 15,50.

09) A expressão “além do”, que aparece em “... além do drama que ela sofre por nunca ter namorado ninguém.” introduz uma informação:
A) nova.
B) contraditória.
C) errada.
D) negativa.
E) inútil.

Descritor 15 - Estabelecer relações lógico conjunções, advérbios etc.

Texto 1


Entrevista com gari na imundice da cidade.

  Entrevista de propósito com um gari de São Paulo J. S., 35, baiano de Jacobina, há três anos veio de lá, onde era ajudante de pedreiro, e trabalha na varreção da cidade. O lugar, perto do Mercado Municipal, no centro, recendia a mijo e resto de comida.
 Pergunta: É humilhante esse trabalho de varrer rua?
      Gari: Não, eu não acho. É um trabalho e é honra. O pior é tirar dos outros, né? Roubar o dos outros é que feio. (...)
      Pergunta: Você trabalha sem luvas?
      Gari: Luvas eles dão. Mas eu não botei hoje porque está muito quente. Mas não dão é bota de borracha. Só esse sapatinho aqui, e a gente nessa água podre, pegando frieira. (...)
      Pergunta: O que você acha que deve ser feito para as pessoas não sujarem as ruas?
      Gari: É aí, olha. Que as pessoas sujam demais as ruas e não têm respeito por nós. Eu acho assim, o pessoal, esse Brasil nosso, eles acham que nós somos obrigados a limpar. A gente acabou de barrer ali, eles vão e sujam. Eu fico olhando assim. Eu digo: dona, eu acabei de barrer aí e a senhora vai sujar de novo bem aí? Eles dizem que a obrigação da gente é limpar mesmo. Eu acho assim, a imundície já é da casa deles pra rua. Porque, que a gente é assim uma pessoa fraca, de pouco dinheiro, mas a gente quer um copo limpinho pra tomar água e tudo. Porque a limpeza é bonita em todo canto, não é?

Folha de S. Paulo, 26 de agosto de 1997, 3º caderno, p. 2.
  
Texto 2


Cuidando do lugar em que se vive.

      Damos o nome de lixo a qualquer resíduo sólido proveniente de trabalhos domésticos, industriais, etc. Dentre os materiais que o compõem, estão o papel, o alumínio, o plástico e o vidro, entre outros, que demoram muito para ser absorvidos pela natureza, causando danos ao meio ambiente.
      Veja, no quadro a seguir, o tempo de decomposição de certos materiais:
Material                                   Decomposição
Lata de conserva                          100 anos
Plástico                                         450 anos
Alumínio                                        200 a 500 anos
Náilon                                            30 anos
Fralda descartável                         600 anos
Pneus                                             indeterminado
Tampa de garrafa                          150 anos
Madeira pintada                             13 anos
Filtro de cigarro                              1 a 2 anos
Papel                                              3 meses
Pano                                               6 meses a 1 ano

www.ibge.gov.br/ibgeteen. Disponível em www.klickeducacao.com.br.

10) Os Textos 1 e 2 têm em comum o fato de
A) contarem a história de um trabalhador da limpeza pública.
B) compararem os problemas que envolvem o lixo nas grandes cidades.
C) denunciarem o problema da poluição ambiental.
D) retratarem os processos envolvidos na decomposição do lixo
E) falar do lixo como um problema atual.

Descritor 20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.                                                                                                      Acesso em: 03/2002 Adaptado.



sexta-feira, 13 de outubro de 2017

TEXTOS CURTOS COM DESCRITORES PARA O 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

Leia o texto abaixo.
                



 SOUSA, Maurício de. Revista Magali,.n. 403, p. 86, 2006.

Questão 01
O fato que deu origem a essa história foi:
A) a curiosidade da mãe sobre o lugar onde estão os biscoitos.
B) a vontade da menina de comer biscoitos que estão em lugar alto.
C) o desejo da mãe de que a menina cresça rápido.
D) o lugar impróprio onde ficam os armários da casa.

DESCRITOR: - D10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

Leia o texto abaixo.


Covardia

      Passeavam dois amigos numa floresta, quando apareceu um urso feroz e se lançou sobre eles.
  Um deles trepou numa árvore e escondeu-se, enquanto o outro ficava no caminho. Deixando-se cair ao solo, fingiu-se morto.
  O urso aproximou-se e cheirou o homem, mas como este retinha a respiração, julgou-o morto e afastou-se.
  Quando a fera estava longe, o outro desceu da árvore e perguntou, a gracejar, ao companheiro:
      — Que te disse o urso ao ouvido?
      — Disse-me que aquele que abandona o seu amigo no perigo é um covarde.
TAHAN, Malba. Lendas do céu e da terra. 23 ed.
Rio  de Janeiro: Record, 1998. 

Questão 02
O amigo que estava na árvore desceu porque:
A) achou melhor também fingir-se de morto.
B) observou do alto um lugar melhor para esconder-se.
C) queria ajudar o amigo a livrar-se do urso.
D) viu que o urso já estava distante.

DESCRITOR: - D11 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

Leia o texto abaixo.

O diabo e a política

 Sempre que leio os jornais, lembro uma historinha que nem sei mais quem me contou. Naquela aldeia, todos roubavam de todos, matava-se, fornicava-se, jurava-se em falso, todos caluniavam todos. Horrorizado com os baixos costumes, o frade da aldeia resolveu dar o fora, pegou as sandálias, o bordão e se mandou.
      Pouco adiante, já fora dos muros da aldeia, encontrou o Diabo encostado numa árvore, chapéu de palha cobrindo seus chifres. Tomava água de coco por um canudinho, na mais completa sombra e água fresca desde que se revoltara contra o Senhor, no início dos tempos.
      O frade ficou admirado e interpelou o Diabo:
      — O que está fazendo aí nesta boa vida? Eu sempre pensei que você estaria lá na aldeia, infernizando a vida dos outros. Tudo de ruim que anda por lá era obra sua – assim eu pensava até agora. Vejo que estava enganado. Você não quer nada com o trabalho. Além de Diabo, você é um vagabundo!
      Sem pressa, acabando de tomar o seu coco pelo canudinho, o Diabo olhou para o frade com pena:
      — Para quê? Trabalho desde o início dos tempos para desgraçar os homens e confesso que ando cansado. Mas não tinha outro jeito. Obrigação é obrigação, sempre procurei dar conta do recado. Mas agora, lá na aldeia, o pessoal resolveu se politizar. É partido pra lá, partido pra cá, todos têm razão, denúncias, inquéritos, invocam a ética, a transparência, é um pega-pra-capar generalizado, eu estava sobrando, não precisavam mais de mim para serem o que são, viverem no inferno em que vivem.
      Jogou o coco fora e botou um charuto na boca. Não precisou de fósforo, bastou dar uma baforada e de suas entranhas saiu o fogo que acendeu o charuto:
      — Tem sido assim em todas as aldeias. Quando entra a política eu dou o fora, não precisam mais de mim.
CONY, Carlos Heitor, Folha online. 29 de nov. 2005. 

Questão 03

A política desgraça os homens mais que o diabo.
O argumento que defende essa ideia é:
A) “Você não quer nada com o trabalho. Além de Diabo, você é um vagabundo!”
B) “Trabalho desde o início dos tempos para desgraçar os homens e confesso que ando cansado.”
C) “Obrigação é obrigação, sempre procurei dar conta do recado.”
D) “Quando entra a política eu dou o fora, não precisam mais de mim.”
DESCRITOR: - D8– Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

Leia o texto abaixo.


Corda Bamba

      As duas vinham andando pela calçada – a Mulher Barbuda e Maria. De mão dada. A Mulher Barbuda usava saia, barba e uma sacola estourando de cheia; Maria, de calça de brim, um embrulho debaixo do braço, ia levando a tiracolo um arco enfeitado com flor de papel, quase do tamanho dela (não era muita vantagem: ela já tinha dez anos, mas era do tipo miúdo). Pararam na frente de um edifício. Barbuda falou:
      — É aqui, tá vendo? 225. – Olhou pra trás: – Foguinho! Ei!
      Foguinho estava parado na esquina tirando um coelho da meia: andava treinando pra ser mágico. Há anos que ele comia fogo no circo, mas agora tinha dado pra ficar de estômago embrulhado cada vez que engolia uma chama; tinha dias, que só de olhar pra tochas que Barbuda trazia, o estômago já se revoltava todo.
      — Olha só, fiz a mágica da meia! – gritou. Agarrou o coelho pela orelha e correu pra porta do edifício.
      Barbuda achava uma graça danada naquela história de Foguinho treinar mágica em tudo que é canto; deu um beijo nele:
      — Você ainda vai ser o maior mágico que já se viu por aí. Não é, Maria?
      Mas Maria continuou quieta; só apertou com mais força a mão de Barbuda.
NUNES, Lygia Bojunga. Corda Bamba. 20. ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1997. Virgula p.9. 

Questão 04
Qual era a opinião de Barbuda?
A) Achava que Foguinho seria um grande mágico.
B) Achava que Foguinho era um bom engolidor de fogo.
C) Pensava que Maria era muito miúda.
D) Pensava que Maria era muito quieta.

DESCRITOR: D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a este fato.

Leia o texto abaixo.


Brincadeira retrô

      Me lembro bem de quando era pequena e do quanto minha imaginação era fértil. Eu fui daquelas crianças que davam arrepios nos pais por conta das brincadeiras mirabolantes: a cama de casal que virava navio pirata, o sofá da sala que virava palco de teatro com direito a cortina de lençol e tudo mais... Toda vez que começava a me animar minha avó dizia: “Lá vem essa menina inventando moda”. Hoje vejo que esse era o jeito de brincar das crianças de antigamente. Não havia toda essa parafernália eletrônica, que toca música, anda, fala e não deixa nenhum espaço para a imaginação. Precisávamos inventar as nossas brincadeiras. Criança moderna não sabe brincar sozinha, tem sempre a babá, o computador, o DVD... Hoje tento incentivar meu filho a brincar assim também. Não é que eu vá jogar todos os brinquedos dele fora, mas com certeza ele vai aprender a se divertir com muito menos. Dá mais trabalho, faz mais bagunça, mas é infinitamente mais divertido.

POMÁRICO, Veri. Revista Gol, Editora Trip: s/l. s/d.

Questão 05
A autora desse texto defende que:
A) as brincadeiras das crianças de antigamente eram divertidas.
B) as brincadeiras de antigamente eram mais criativas que as atuais.
C) as maneiras de as crianças de hoje brincarem devem ser aceitas.
D) as crianças devem brincar com parafernálias eletrônicas.

DESCRITOR: D7– Identificar a tese de um texto.

Leia o texto abaixo.

No “Sossego”

      Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte.
      A casa erguia sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-a paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara de linha capinada; um carreiro, com casas, de um e de outro lado, saía da esquerda e ia ter à estação, atravessando o regato e serpenteando pelo plaino.
      A habitação de Quaresma tinha assim um amplo horizonte, olhando para o levante, a “Noruega”, e era também risonha e graciosa nos seus muros caiados. Edificada com desoladora indigência arquitetônica das nossas casas de campo, possuía, porém, vastas salas, amplos quartos, todos com janelas, e uma varanda com colunata heterodoxa. Além desta principal, o sítio do “Sossego”, como se chamava, tinha outras construções: a velha casa de farinha, que ainda tinha o forno intacto e a roda desmontada, e uma estrebaria coberta de sapê.

BARRETO, Lima. No “Sossego”. In: Triste fim de Policarpo Quaresma. SP:
                  Ática, 1996. p. 73. Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica. 


 Questão 06
No trecho “Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície...”, a expressão destacada indica uma circunstância de:
A) causa.
B) lugar.
C) modo.
D) tempo.

DESCRITOR: D15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.


Leia o texto abaixo.


Sebo

      — Moça, eu nunca pisei aqui. Preciso comprar um livro...
      — Qual? – ela perguntou. – Mistério, suspense, romance, ficção, livro didático, paradidático, ocultismo, religioso, de psicanálise, psicologia, médico, língua estrangeira, tradução, periódico, revista, tese, enciclopédia...
      Ela estava querendo me gozar. Pra falar a verdade, tinha um livro certo pra comprar sim... Mas não sei por que, me ouvi falando:
      — Quero olhar, escolher, ver o que gosto mais... Mas começar por onde? Lado direito, esquerdo, subo a escada em caracol? Preciso de “instruções” de trânsito aqui dentro. Tem muito livro aqui...
      — Esperava o quê? Múmias?
      Perdi a paciência.
      — Moça, eu quero saber onde posso achar um livro-lindo-maravilhoso-espetacular romântico para eu dar de presente...
      — Ah, para a namoradinha que só lê Revista Desejo... Já sei o tipo: frases doces, propostas delicadas, abraços, beijos, mais abraços, mais beijos, final feliz. Andar de cima, prateleira 15-A.
      Os preços que ficam na ponta da prateleira são indicados por letras, que ficam na contracapa do livro. Edições filetadas a ouro têm um outro preço...
      Ia dizer pra ela que... Mas achei melhor não falar nada. Dei-lhe as costas e subi a escada.

ANDRADE, Telma G.C. Mistério no sebo de livros.
São Paulo: Atual, 1995.

Questão 06
O que levou o personagem a ir a um espaço onde se vendem livros usados?
A) O fato de nunca ter estado num sebo.
B) O intuito de comprar um presente.
C) A curiosidade em visitar um espaço novo.
D) A intenção de levar algo para a amada.

DESCRITOR: D1 – Localizar informações explícitas em um texto.

 Questão 07

No trecho “... Moça, eu nunca pisei aqui. Preciso comprar um livro...”, a pontuação que finaliza o período sugere que o cliente sentiu-se:
A) empolgado.
B) explorado.
C) intimidado.
D) maravilhado.

DESCRITOR: D17 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.

Leia os textos abaixo.


Vestibular

Texto 1
   A reportagem “Vestibular. Vai mudar tudo, menos o mérito” (15 de abril) é muito boa. Como educador, espero que o novo Enem possa mensurar a capacidade dos candidatos a uma vaga nas universidades, contribuir para a necessária melhoria do Ensino Médio e fazer com que os candidatos ordenem todas as informações e cheguem a uma conclusão, com melhor capacitação intelectual e cultural.

Ruvin Ber José Singal - São Paulo, SP.




Texto 2
      Agradeço pelas informações claras e completas fornecidas pela revista sobre as mudanças do vestibular. Trabalho com orientação profissional em um colégio e utilizei a reportagem, assim como o site da publicação, nos grupos que coordeno. As mudanças são realmente necessárias e preservarão a qualidade do ensino das escolas brasileiras, sobretudo no Ensino Médio. Nossos jovens precisam ser estimulados a pensar!

Betina Andriani Felipe – Psicóloga e professora - Florianópolis, SC
Revista Veja. nº 16. São Paulo: Abril, 22 abr. 2009. p. 36. 

Questão 08
A respeito da reportagem sobre vestibular, as opiniões dos leitores são:
A) antagônicas.
B) cautelosas.
C) complementares.
D) inconsistentes.

DESCRITOR: D21 – Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

Leia o texto abaixo.


Direitos da criança e do adolescente

      Toda criança e o adolescente tem direito à proteção e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas.
      Toda criança e o adolescente tem direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas.
      Toda criança e o adolescente tem direito a ser criado e ser educado no seio de sua família.
      Toda criança e o adolescente tem direito à educação. Visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa.
      Toda criança e o adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos como adequados a sua faixa etária.

Texto adaptado do ECA/CEDCA-GO:2002.
 Questão 09
Usando o termo “Toda” no início de cada frase, o texto:
(A) enfatiza a ideia de universalidade.
(B) estabelece independência com o termo “criança”.
(C) estabelece maior vínculo com o leitor.
(D) faz uma repetição sem necessidade.

DESCRITOR: D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.