Crônica: Receita de viver
Pedro Bloch
Viver é expandir, é iluminar. Viver é
derrubar barreiras entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas
vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as nossas grades, ao
invés delas nos libertarmos.
Procuro descobrir nos outros sua
dimensão universal, única. Sou coletivo. Tenho o mundo dentro de mim. Um
profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até
nos vigaristas. Procuro desenvolver um sentido de identificação com o resto da
humanidade. Não nado em piscina se tenho o mar. Por respeito a cada ser humano
em todos os cantos da terra, e por gostar de gente — gostar de gostar — é que
encontro em cada indivíduo o reflexo do Universo.
As pessoas chamam de amor ao
amor-próprio. Chamam de amor ao sexo. Chamam de amor a uma porção de coisas que
não são amor. Enquanto a humanidade não definir o amor, enquanto não perceber
que o amor é algo que independe da posse, do egocentrismo, da planificação, do
medo de perder, da necessidade de ser correspondido, o amor não será amor.
A gente só é o que faz aos outros.
Somos consequências dessa ação. Não fazer… me deixa extenuado. Talvez a coisa
mais importante da vida seja não vencer na vida, não se realizar.
O homem deve viver se realizando.
O realizado botou ponto final.
Não podemos viver, permanentemente,
grandes momentos. Mas podemos cultivar sua expectativa.
Acredito em milagre. Nada mais miraculoso
que a realidade de cada instante.
Acredito no sobrenatural. O
sobrenatural seria o natural mal explicado, se o natural tivesse explicação.
Enquanto o homem não marcar um encontro
consigo mesmo, verá o mundo com prisma deformado. E construirá um mundo em que
a lua terá prioridade. Um mundo mais lua do que luar…
Pedro Bloch.
Entendendo a crônica:
01 – Qual é o principal
conceito sobre o viver que Pedro Bloch enfatiza na crônica?
Pedro Bloch
enfatiza que viver é expandir, iluminar, derrubar barreiras entre os homens e o
mundo, e compreender a dimensão universal e única dos outros.
02 – De acordo com o autor,
como as pessoas frequentemente confundem o amor na sociedade?
O autor afirma
que as pessoas frequentemente confundem o amor com amor-próprio, sexo e outras
coisas que não são amor genuíno, destacando a necessidade de uma definição mais
clara do amor.
03 – Qual é a importância que
o autor atribui à ação e à realização na vida humana?
O autor enfatiza
a importância da ação e da realização na vida, argumentando que o homem deve
viver se realizando e que o ato de realização é mais significativo do que
simplesmente "vencer na vida."
04 – O que o autor acredita
sobre a natureza dos momentos especiais na vida?
O autor acredita
que, embora não possamos viver permanentemente em grandes momentos, podemos
cultivar a expectativa desses momentos especiais.
05 – Qual é a visão do autor
sobre o sobrenatural na crônica?
O autor sugere
que o sobrenatural é, na verdade, o natural mal explicado, quando o natural
carece de uma explicação adequada, destacando assim a importância do
entendimento e da autodescoberta do homem.
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