Crônica: Saia foi feita para mulher…
Sérgio Belleza*
E calça para homem. No início dos anos
70, no auge da minha juventude em Jaguaquara, o Planeta Terra sofre mutações e
tudo vira pelo avesso! O rumo das coisas no mundo, especialmente no Brasil e na
Bahia, mudam, assustadoramente. É a década da alternativa, do fazer, de ser
diferente. A minha cidade exagera no consumo do novo, do moderno, sobretudo da
liberdade e da extravagância!
Aí aparece a minissaia e cai no gosto
das meninas! A moda pega e os jovens e os adultos, ficam todos boquiabertos!
Desde que vi uma garota desfilando com uma minissaia, nunca mais deixei de
admirar uma “belezura”, como se dizia, usando saia, sobretudo com 5, 7cm acima
do joelho. Com o passar dos anos, aprendi a contemplar a beleza de uma mulher
de saia e a sentir pequenos detalhes que proporcionavam um espetáculo de ilusão
aos meus olhos. Compreendi também que me embevecer com a beleza de uma mulher
na minúscula saia, era a capacidade de desejá-la sem perder a ternura e
respeito pela obra divina do Criador!
O ilustrador, cartunista e pintor
francês, Jean-Albert Carlotti (1909-2003), definiu a beleza da mulher como “o
somatório de todas as partes a trabalharem em conjunto de tal forma que nada
necessite ser acrescentado, retirado ou alterado… e isto és tu: a Beleza”. Carlotti
certamente tinha visto naquele momento uma linda mulher com uma saia acima do
joelho. Para mim, o belo não passa despercebido! Não admirar uma mulher com um
corpo harmonioso, belas pernas e de saia curta, é olhar um lindo jardim e nada
sentir! É como ver o infinito do mar, o nascer do sol, o recuar do entardecer,
o canto dos pássaros, o sorriso de uma criança sem sentir um aperto no fundo do
peito. Mesmo porque, a beleza das coisas existe no espírito de quem as
contempla de todo o seu coração!
Alguns
admiram, outros apenas enxergam a beleza das coisas, a beleza de uma jovem de
minissaia, de uma mulher de saia curta, ou uma senhora de saia. Quando meus
olhos e minhas palavras deixarem de expressar o que o meu coração sente,
prefiro morrer. Bob Marley dizia que alguns sentem a chuva, outros apenas se
molham. Sentir é vibrar, admirar, viver com intensidade, mas com naturalidade,
maturidade, e saber identificar os desejos ardentes do coração.
Saia foi feita pra mulher, e calça para
homem. Calça para homem dispensa comentários. Para a mulher a calça também fica
muito bem, porém requer imaginação. Saia é outra coisa.
A saia em seus diversos estilos traduz
elegância, sensualidade e beleza. Algumas em destaque há anos –
a “plissada” que dá um ar de vintage aos looks, a de “prega” um
ar fetichista; a “drapeada” mais ajustada ao corpo. E
ainda a de “babados” para as longevas. A “evasê” é ícone da Vanguarda
dos anos 60, utilizada por jovens e senhoras. A saia godê, típica
dos anos 1950 e 1980 e, usada nos dias atuais, é sinônimo de romantismo e
feminilidade. Ou a minissaia para desestruturar ainda mais o já combalido macho
latino-americano.
Num shopping, na rua, em qualquer
lugar, quando uma mulher passa de saia desfilando no palco da vida, ela expõe
por inteiro sua simetria entre a arte e o belo, é a própria extensão do
sublime. Em tempo ressalto – não devemos admirá-la ou elogiá-la por partes, é
necessária a harmonização circunspecta de todo o seu ser.
*Sérgio Belleza é
administrador, empresário, consultor e autor dos livros, Caminhado com Walkyria
e Ascensão e Queda de um Império Econômico. srsbelleza@bol.com.br / www.sergiobelleza.com.br.“
Entendendo a crônica:
01 – Onde e quando se passa a
crônica? Qual é o contexto temporal da narrativa?
A crônica se passa nos anos 70, na cidade
de Jaguaquara, Brasil, durante uma época de mudanças culturais e de moda.
02 – Qual é o tema principal
da crônica?
O tema principal
da crônica é a apreciação da beleza da mulher usando saia, destacando como a
saia é vista como um símbolo de elegância, sensualidade e beleza.
03 – Como o autor descreve sua
apreciação pelas mulheres usando saia?
O autor descreve sua apreciação como a
capacidade de admirar a beleza das mulheres de saia, observando pequenos
detalhes que acrescentam um toque de ilusão aos olhos, mantendo o respeito e a
ternura pela mulher.
04 – Quais são alguns estilos
de saias mencionados na crônica?
Alguns estilos de
saias mencionados na crônica incluem a "plissada", "prega",
"drapeada", "babados", "evasê", "godê"
e a "minissaia".
05 – Como o autor compara a
apreciação da beleza das mulheres à apreciação da natureza e de outras coisas
belas?
O autor compara a apreciação da beleza
das mulheres à apreciação da natureza e de outras coisas belas, enfatizando que
sentir a beleza é vibrar e admirar com intensidade, assim como se sentir ao
observar o mar, o nascer do sol, entre outras coisas.
06 – Qual é a mensagem final
da crônica em relação à apreciação da beleza das mulheres usando saia?
A mensagem final
da crônica enfatiza a apreciação da mulher usando saia como uma extensão do
sublime e a importância de admirá-la como um todo, em vez de focar apenas em
partes. O autor celebra a beleza e a feminilidade das mulheres de maneira
respeitosa e harmoniosa.
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