sábado, 31 de julho de 2021

TEXTO CIENTÍFICO: ENFRENTANDO A TEMPESTADE - ERIC R. OLSON - COM GABARITO

 Texto: Enfrentando a tempestade

Como pernilongos sobrevivem a colisões com gotas de chuva

 por Eric R. Olson

Imagine por um momento que você tem asas, assim como um inseto. Um dia, enquanto voa por aí, começa a ouvir os ruídos distantes de uma tempestade e, de repente, é atacado do alto: gotas gigantes

de água caem sobre você, algumas pesando tanto quanto um ônibus escolar. Você se contorce tentando escapar da investida, mas um desses orbes aquosos acerta bem no meio das suas asas e você vai em direção ao chão.

Para os pernilongos, esse cenário não é incomum. Quando uma tempestade aparece, eles precisam lutar contra gotas de chuva que têm quase seu próprio tamanho e uma massa 50 vezes maior que sua massa média (o equivalente à diferença entre um humano e um ônibus escolar).

Como os insetos enfrentam essas gotas da perdição é assunto de um estudo da edição dessa semana da Proceedings of the National Academy of Sciences. David Hu, professor de engenharia mecânica e biologia do Instituto de Tecnologia da Georgia, e sua equipe criaram métodos bastante heterodoxos para determinar como os pernilongos

sobrevivem a essas colisões. Usando uma câmera de alta velocidade, a equipe de Hu bombardeou pernilongos Anopheles com gotas d’água e registrou o resultado a quatro mil quadros por segundo (uma câmera comum registra apenas 24 quadros por segundo).

Eles descobriram que pernilongos são muito bons em lidar com gotas de chuva, mesmo quando recebem um golpe direto entre as asas. Por serem muito leves se comparados à gota de chuva, em vez de espalhar-se sobre o pernilongo a água o empurra para baixo. Como a velocidade da gota não muda muito, pouca força é transferida para

o animal. Compare isso com uma gota atingindo um inseto maior, como uma libélula; a gota se espalharia em suas costas, e a força resultante seria transferida para seu corpo. Além disso, o pernilongo

tem pelos hidrofóbicos no corpo e pernas dispersas, que produzem arrasto. Isso permite que o inseto fuja da gota antes de se deparar com um úmido fim.

No entanto, a equipe de Hu descobriu também que os pernilongos não estão completamente a salvo das forças produzidas durante a colisão com a gota de chuva. Quando entra em contato com o pernilongo, a gota o acelera rapidamente para baixo para equipará-lo a sua velocidade final, de nove metros por segundo. Isso acontece

em uma distância de apenas 10 mm, o que coloca enorme pressão sobre o corpo do inseto, equivalente a até 300 gravidades (2 942 m/s²). Em comparação, um piloto de jato de combate acelerando para fora de um loop experimenta apenas nove gravidades (88 m/s²).

Essa aceleração rápida produz o maior risco para os pernilongos: voar perto do solo. Quando atingidos por uma gota, eles aceleram emdireção ao chão com grande força e sem tempo suficiente para escapar. É aí que a aplicação prática da pesquisa de Hu entra em jogo: nos últimos anos, vimos a invenção de muitas aeronaves militares excessivamente pequenas, conhecidas como Micro Veículos Aéreos (MAVs, na sigla em inglês). Se esses veículos se tornarem pequenos como pernilongos, estarão sujeitos aos mesmos perigos que insetos voadores, incluindo tempestades.

 O vídeo feito por Hu pode ser visto em http://migre.me/9nGba.

Eric R. Olson é o editor e produtor residente de vídeos de Scientifi c American.

(Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/enfrentando_a_tempestade.html. Acesso em: 22/9/2015.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 3/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.59-61.

 

 Entendendo o texto

 1. A revista em que foi publicado o texto lido é especializada em assuntos de caráter científico.

Tem como objetivo, segundo ela própria, acompanhar o progresso da ciência e da tecnologia, divulgando pesquisas, invenções e tendências de desenvolvimento.

a)   Qual é o assunto principal do texto?

Um estudo a respeito de como pernilongos sobrevivem ao choque que sofrem ao serem atingidos por gotas de chuva.

 b)   Na sua opinião, o tratamento dado ao assunto é muito específico — portanto voltado exclusivamente para leitores cientistas —, ou é simples, tendo a finalidade de informar os leitores em geral? Justifique sua resposta.

É simples, pois tem em vista informar um público amplo e heterogêneo; assim, apresenta uma linguagem que não exige conhecimentos profundos de física.

 c) Qual é a principal finalidade do texto: expor um conteúdo científico de forma clara e objetiva ou persuadir o leitor, levando-o a adotar o ponto de vista do autor?

Expor um conteúdo de natureza científica de forma clara e objetiva.

2. Pelo fato de lidarem com assuntos ligados a áreas científicas do conhecimento, os textos de divulgação científica frequentemente fazem uso de uma linguagem em que há vocabulário e conceitos científicos. No entanto, observa-se neles o empenho dos autores em tornar acessíveis ao grande público os vocábulos e conceitos específicos do campo das ciências.

a) Releia o primeiro parágrafo do texto. Qual é a estratégia utilizada pelo autor para tornar o assunto acessível aos leitores leigos, isto é, que não têm conhecimentos específicos de física?

A sugestão de que o leitor se imagine um inseto sendo atingido por gotas de uma tempestade e a descrição do que lhe aconteceria nessa situação.

 b)No segundo parágrafo, o autor descreve como uma batalha o que ocorre com os pernilongos ao serem atingidos por gotas de chuva, metáfora que é retomada nos outros parágrafos. Identifique no texto palavras e expressões que comprovam o uso dessa estratégia.

“lutar contra gotas de chuva”; “gotas da perdição”; “bombardeou”; “golpe direto”; “úmido fim”; “quando atingidos”; “sem tempo suficiente para escapar”

 c) No último parágrafo, o autor se refere à utilidade dos estudos de David Hu. Em que a pesquisa pode ser útil?

 Na construção de microaeronaves, pois elas podem vir a ser tão pequenas que passariam a ficar sujeitas a problemas semelhantes aos enfrentados por pernilongos em meio a tempestades.

                                                            Pernilongo Anopheles esmagado por uma gota de ‡gua.

3. Observe a imagem acima e leia a legenda que acompanham o texto lido.

a) A imagem retrata algo corriqueiro ou inusitado? Justifique sua resposta com base nos elementos da imagem.

Retrata algo inusitado. A olho nu é impossível enxergar o que a imagem mostra: a desproporção entre o tamanho do pernilongo e o da gota de água que o atinge.

b)Deduza: Que papel desempenha a imagem que acompanha o texto?

O de despertar no leitor o interesse pela leitura do texto.

c)Na legenda “Pernilongo Anopheles esmagado por uma gota de água”, que acompanha a imagem, a escolha do verbo esmagar e sua associação com gota de água, apresentada como agente da ação, contribuem para chamar a atenção do leitor? Justifique sua resposta.

Sim, pois o verbo esmagar cria no leitor a expectativa de um agente de grande dimensão, pesado. A menção à gota de água como agente constitui, assim, uma surpresa, deixando o leitor intrigado e interessado em ler o texto.

4. A estrutura de um texto de divulgação científica não é rígida, pois depende do assunto e de outros fatores da situação, como: quem produz o texto, para quem, com que finalidade.

Apesar disso, normalmente o autor apresenta uma ideia principal ou tese, um conceito ou um ponto de vista sobre um conceito, e procura fundamentá-los com “provas” ou evidências, isto é, exemplos, comparações, resultados de experiências, dados estatísticos, relações de causa e efeito, etc. No texto “Enfrentando a tempestade”:

a)   O que o texto pretende explicar ao leitor?

Pretende explicar de que modo o pernilongo sobrevive às colisões com gotas de água numa tempestade.

 b)   O autor se propõe a defender alguma tese?

Não.

 c) Quais fatos o autor menciona para fundamentar suas explicações?

Dados gerais da pesquisa de David Hu, tais como pesquisadores envolvidos, instituição e área responsáveis, experimentos realizados, resultado das observações, etc., e conceitos da área da física, como força, velocidade, aceleração, gravidade.

5. Observe a linguagem empregada no texto.

a) Que tempo e modo verbais predominam quando o autor relata o estudo realizado pelos pesquisadores?

O pretérito perfeito e o modo indicativo.

b)E quando o autor comenta os resultados da pesquisa?

O presente e o modo indicativo.

c)Qual variedade linguística foi empregada?

Uma variedade de acordo com a norma-padrão.

d)A linguagem revela preocupação com a expressividade e a emotividade, ou é clara, objetiva e tende à impessoalidade?

É clara, objetiva e tende à impessoalidade.

e) Considerando-se o assunto e o veículo em que o texto foi publicado, pode-se afirmar que esse nível de linguagem é adequado à situação de comunicação? Por quê?

Sim, porque o texto é voltado para leitores interessados em assuntos científicos, que têm certa familiaridade com termos dessa área e dominam a norma-padrão.

 

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