sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

PROSA: TRANSPLANTE DE MENINA - TATIANA BELINY - COM QUESTÕES GABARITADAS

Prosa: Transplante de Menina
                    Tatiana Belinky

        Corria o ano de 1931.
        Aproximava-se a data do meu aniversário: eu ia completar (dez/onze/doze) anos. Lá em Riga, nossos aniversários eram comemorados com animadas reuniões, no meio de uma grande família: avós, tios e tias, muitos primos e primas, a casa toda (enfeitada/desarrumada/feia), teatrinho feito por nós mesmos, jogos, cirandas, cantorias. E muitos presentes, muitos bolos e doces, e principalmente muito carinho e (tormento/aconchego/tristeza). A cadeira do aniversariante, na cabeceira da mesa, era decorada como um trono, com grinaldas e enfeites de papel, a criançada toda endomingada, ostentando chapéus de penacho e coroas de flores de crepom, tudo confeccionado por nossas próprias mãos. Eram eventos festivos, aguardados com palpitante antecipação, e registrados em (cartões/bilhetes/fotografias) feitas com “explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos fechados, e a outra, de olhos arregalados...
        Mas os nossos primeiros aniversários no Brasil nem chegaram a ser comemorados, passaram “em branca nuvem”, em meio à afobação e aos mil problemas da grande mudança. Assim, o dia dos meus 11 anos não teve festa. Mas agora eu ia fazer 12, e estava na Escola Americana, e (morávamos/corríamos/saíamos) numa casa bastante espaçosa, e eu tinha uma porção de coleguinhas – e achei que já poderia recebê-los. Achei, mas não falei nada: a proposta de fazer uma festinha para mim partiu dos meus pais, e eu, claro, fiquei (pouco/muito/sem) contente. Eu deveria convidar alguns meninos e algumas meninas da minha classe, aqueles com quem me relacionava melhor, uns dez ou doze. (Mamãe/saída/quando) prepararia uma bonita mesa de doces e refrigerantes – uma extravagância, nas nossas condições econômicas. E eu e meu irmão faríamos a decoração com enfeites de papel, chapéus e bandeirolas, como fazíamos em lá em Riga. E eu teria minha primeira festa de aniversário no Brasil.
      Dito e feito. Escrevi até convites, com letra caprichada, em cartões com vinhetas (tristes/coloridas/coloridos) da minha própria lavra, e os entreguei aos colegas de classe, na escola, alguns dias antes do evento, encabulada e contente com a receptividade amável dos convidados.
        Quando chegou o dia – era um sábado, dia sem aulas na Escola Americana – preparei tudo, enfeitei a sala, me “enchiquetei” com o primeiro vestido e o primeiro par de sapatos (novos/novas/sujos) desde que chegamos a São Paulo, e esperei pelos meus convidados, ao lado da mesa toda decorada e cheia de guloseimas. Os convidados estavam demorando a chegar, mas já me haviam dito que no Brasil não se costuma chegar na hora, especialmente em festas – pontualidade também era “coisa de estrangeiros” –, então não me preocupei muito, apesar da natural impaciência. Só que a demora estava se prolongando, e uma hora depois da hora marcada ainda não chegara ninguém. Nem duas horas depois. E nem três. E a minha aflição aumentando, a angústia subindo como um nó na garganta, um aperto no coração...
        Resumindo, a triste e interminável tarde chegou ao fim, e (amanheceu/anoiteceu/saiu) sem que aparecesse um só dos meus convidados, nem um único! Frustração, decepção, rejeição – essas foram as minhas companheiras naquele malfadado (presente/aniversário/alegria) dos meus doze anos. Eu não era de chorar, e diante dos meus aflitos pais, que não sabiam o que fazer para me ajudar naquele transe amargo, eu não podia “dar parte de fraca”. Mas a noite, na minha cama, quando ninguém viu, (chorávamos/chorarei/chorei) muito, sufocando as lágrimas no travesseiro. E no ano seguinte eu não quis festa nenhuma.
      Este foi um dos grandes traumas de transição do meu primeiro ano no Brasil, na Rua Jaguaribe. Felizmente, foi também um dos últimos, senão o último, de tamanho impacto. Mas que me deixou uma “equimose” na alma, que custou muito a desaparecer.

BELINKY, Tatiana. Transplante de menina: da rua dos Navios à rua Jaguaribe.
São Paulo: Moderna, 2003, p. 153-155. (Adaptado)
Entendendo a prosa:
01 – Leia o trecho a seguir: “[...] Eram eventos festivos, aguardados com palpitante antecipação, e registrados em fotografias feitas com “explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos fechados, e a outra, de olhos arregalados [...]”. Sobre o emprego dos tempos verbais no trecho apresentado, é possível afirmar que a palavra:
a)   “Eram” expressa uma ação concluída no presente.
b)   “Faziam” indica um fato rotineiro e ação passada.
c)   “Aguardados” indica um fato não habitual concluído no passado.
d)   “Sair” expressa uma ação corriqueira e concluída no presente. Habilidade Localizar uma informação explícita em um texto (notícia, relato de viagem, diário, crônica social ou crônica esportiva).

02 – Os primeiros aniversários no Brasil passaram “em branca nuvem” devido à:
a)   Ausência dos avós, tios e tias, primos e primas.
b)   Afobação e aos mil problemas da grande mudança.
c)   Extravagância, nas condições econômicas da família.
d)   Necessidade de convidar alguns colegas da escola.

03 – O uso do travessão em “[...] eu tinha uma porção de coleguinhas – e achei que já poderia recebê-los”, indica que o narrador está fornecendo ao leitor uma:
a)   Informação a mais.
b)   Explicação rotineira.
c)   Afirmação sem importância.
d)   Indicação de que está triste.

04 – No texto, a expressão “[...] nossos primeiros aniversários no Brasil nem chegaram a ser comemorados, passaram ‘em branca nuvem’” marca a:
a)   Alegria da família em promover uma festa de 12 anos
b)   Desilusão da menina em não comemorar seus 12 anos.
c)   Tristeza da aniversariante por não receber os parentes que moram em Riga.
d)   Decepção da garota por convidar somente alguns meninos e meninas da classe.

05 – Releia o texto, procurando nos parênteses as palavras mais adequadas para completa-lo.
      As palavras, na ordem, são: doze; enfeitada; aconchego; fotografias; morávamos; muito; mamãe; coloridas; novos; anoiteceu; aniversário; chorei.

06 – Explique por que esse texto não é uma receita, nem um manual, nem uma história em quadrinhos, nem uma poesia.
      O texto não apresenta “ingredientes e modo de fazer”, instruções para o funcionamento de um objeto, ilustrações e balões em quadrinhos nem versos.

07 – Que tipo de texto é este?
      É um texto literário, narrado “em prosa”.

08 – Explique o que significa:
·        Endomingada: roupas usadas aos domingos.
·        Passar em branca nuvens: não acontecer nada de importante.
·        Equimose na alma: marca, ferida.
·        Enchiquetei: fiquei chique.
·        Coisas de estrangeiros: costume de pessoas que vieram de outros países.
·        Dou parte de fraca: ficar triste, enfraquecer.

09 – Escreva uma frase ou um parágrafo que resuma o assunto do texto.
      É a história de uma menina que preparou uma festa de aniversário à qual nenhum colega ou convidado compareceu.

10 – Compare a festa de aniversário que as pessoas costumavam fazer em Riga e a festa de 12 anos da personagem.
      Em Riga os aniversários eram comemorados com festas animadas, teatro, cantorias, enfeites, presentes e, principalmente, muito carinho.
      A festa de doze anos da personagem foi preparada com cuidado e carinho (convites, doces e guloseimas, roupa, sapato), mas, na verdade, não aconteceu. Foi muito triste.

11 – Encontre os substantivos próprios presentes no texto. Que papel eles representam na narrativa?
      Os substantivos próprios são: Riga, Brasil, Escola American, São Paulo, Rua Jaguaribe. São substantivos que representam nomes de lugares, importantes para situar a narrativa da personagem.


10 comentários:

  1. Puxa mais se não fosse essas respostas eu taba ferrada agora a minha professora vai olhar e falar puxa essa menina sabe ho português puxa tudo certin ho vou dar logo des pra ela em portuguesa ksks

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  2. Eu vou ganhar nota 10 com essa resposta muito obg❤❤❤❤❤❤❤❤

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  3. Amei ia levar 0 sem essas respostas

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  4. Respostas
    1. Me ajudou bastante a responder atividades do 6.ano. Obrigado!

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